O momento mais memorável, que causava uma determinada nostalgia ultimamente, era quando eu e Jack fugia das aulas, e íamos para uma loja de discos antigos novos e usados, dez quarteirões do instituto, e o mais legal é que poderíamos ouvir de tudo pagando, cada, cinquenta centavos. A nossa música favorita de dois meses seguidos era da banda “A-Flock-Of-Seagulls-I-Ran.mp3”, ela causava um efeito eufórico e energético. Ele sempre tentava fazer rimas, e dançava graciosamente, tentando animar meu ser escuro. Por cima da canção, ele tirava todo o peso e responsabilidade enquanto treinava esgrima, seu pai queria um campeão olímpico, Jack, queria ser uma celebridade. Ria bastante de suas piadas, mesmo sem graças, segurava meu rosto, e quando rolava algo, sempre afastava. Tinha medo. Ele era além de um rosto bonito. Tinha talento e por onde passava deixava marcas importantes. Ninguém esqueceu dele. Continuando o medo…
Medo de perder… E acabei perdendo…
Pensando no passado, sentei-me para assistir algo interessante, junto com sobrinho da minha madrasta, ele era uma criança chatinha. Mas para ficar quieto, tinha que assistir. Não importava o que era. E para minha surpresa, jamais imaginaria que um desenho poderia trazer minhas lembranças, tocou a música de Jack. Minha música. Por um momento, parei para entender o que estava acontecendo, e comecei a cantar enquanto o personagem corria sem direção. O menino, apenas riu, e começou a dançar sem entender minha energia. Cansados, esquecemos que éramos inimigos.
- Essa música é minha. - Eu disse para ele. O menino apenas riu novamente sem queixar-se.
Subitamente, meu ar ficou pesado quando vi uma ligação.
- Hey, preciso conversar contigo pessoalmente. - Ele foi objetivo. Mesmo sendo uma ligação, parecia que seu fantasma se encontrava por trás de mim, sussurrando com toda sensualidade, e aquilo fez surgir calafrios. E não queria ir… Mas meu espírito carnal, queria. - Traga comida… Aqui, eu devolvo o dinheiro. Tchau…
- Tchau…
Não esperou responder. Mas não ousei, estava estática com sua ligação. Apesar dos dias anteriores terem sidos importantes para aplicar a prática do amor-próprio, e ter evitado o fumo e bebida, não queria recair. Todos pareciam inúteis para minha recuperação. E também não poderia negar de vê-lo, era nele que imaginava o toque daquele que jamais será meu.
***
- Não senti o gosto de cigarro… Parou de fumar?
- Temporariamente. Estava pensando em voltar para meu país de origem, e tentar os exames nacionais lá. Quero ter uma vida legal… Essa não é legal… - Tentei argumentar, mas era impossível. Sinto falta do Mark antigo antes de JinYoung. Ele conversava comigo, e sempre estava do meu lado, e entendia meus problemas, hoje, só pensa nele mesmo, fala nele mesmo, fala no Park o tempo inteiro, aquilo gerava um ódio, gastura em meu estômago. Jae beijava meu pescoço, e apertava meu corpo contra o dele, tinha mais força, e me forçava afastar, era em vão, então aceitei suas carícias por um momento, mas minha mente dizia: Corra! Formulava uma pergunta: O que é felicidade? Cravando minhas unhas em suas costas, sentia a maciez de sua pele quando alisava. Quando ele tentou beijar-me na boca, evitei, virei meu rosto para o lado esquerdo, acabou que tocou seus lábios úmidos em minha bochecha.
- O que está acontecendo? Tá evitando?
- Não é isso… - Fiquei tonta.
- Ah, tá… É, sente-se, vou buscar algo forte para beber.
- Não quero. - Neguei, ajeitando minha roupa, e depois meus cabelos.
- Por quê? - Ele perguntou caminhando até a pequena cozinha.
- Estou bem assim. - Sentei na cama, e senti cheiros de outras mulheres.
- Anda bastante estranha, Sunny, a estrangeira. Não me diga que virou testemunha de jeová.
- É, estou tentando evitar as coisas negativas e que causas problemas.
- Eu sou negativo? - Jaebum jogou os copos de plásticos no chão, e seus olhos ficaram negros, a feição calma, ficou séria. Temi, e pedi ajuda por dentro, e mesmo parecendo corajosa, minhas mãos tremiam e suavam enquanto ele se aproximava como uma tempestade.
- Não… Talvez… - Falei respirando fundo.
- Você hesitou, eu senti.
- Não, não.
- Sim. Escuta… - Ele sentou ao meu lado. - Não gosto de relacionamentos sérios, pois eu sei que não daria certo, e você sabe muito bem disso. Eu e você, nascemos para sermos livres.
- Mas quem pediu em namoro? - Perguntei.
- Você. Geralmente mulheres quando ficam assim do nada, é por que querem alguma coisa.
- Eu não quero nada de você. - Levantei da cama. Peguei minha bolsa, segurei a leveza de couro. - Isso acaba hoje. Agora devolve meu dinheiro!
- Um soco no estômago doeria menos.
- Acha que sou boba?! Acha que sou fraca só porque andava bêbada, e você se aproveitava de mim para enfiar seu pinto, ter alguém para ferrar nos finais de semana?! Isso acaba aqui!
- Escute, sua merdinha. Quem você pensa que é para falar comigo desse jeito?
- Toque em mim, e você tá morto… - Esperava uma surra. Esperava uma surra… Eu esperava… Mas ele pegou a carteira, tirou a quantidade maior que gastei, e entregou em minhas mãos.
- Ah, tudo bem, tudo bem. Vai se arrepender!
- Oh, com certeza!
***
Partir de hoje seria apenas eu. Seguir meus próprios pensamentos sensatos, e que acho correto sem precisar de ninguém. Estou cansada de ser terapeuta de namorado mimizento. Cansada de ser a filha que engole uma garrafa de álcool junto da família, ao invés de conversar amigavelmente para a voltar às raízes. Independência, o que isso deve significar de hoje em diante para mim? Abro a galeria do meu celular, e vejo as fotos de Mark e JinYoung na biblioteca. Mesclo as duas fotos, e seguro para ver as opções, a primeira é a lixeira, a segunda… Compartilhar. Seria muito óbvio compartilhar com meu e-mail, e meus dados. Eu precisava ser mais esperta. Lembrei de um primo que mora na Austrália, ele é engenheiro da computação, nas horas vagas um mestre em computadores, hacker que você respeita. O que significa entender apenas um lado? Jae disse que arrependeria. O que ele realmente queria dizer? Esse arrependimento? Ninguém nunca olhou para mim. Ninguém. As pessoas sempre entram, pegam o que precisam e vão embora.
Meu celular vibrou, e era Jae. Resolvi não atender, mas ele começou a insistir.
- Eu sei que fiz tudo errado.
- Jaebum, vou desligar.
- Espera!
- Sim?
- Gosto de ti.
- Aham, entendi. Não dá certo… Eu falei uma vez que sou livre, nasci para ser livre.
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