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História I'm Never Letting You Go - Eu Te Amo, Jasper Quartz


Escrita por: RafaelaRuna

Notas do Autor


Oiii de novo *u*
Segundo capítulo do dia! E a continuação das tretas!
Espero que o anterior não esteja muito confuso xP Pirei mesmo nas ideias kkkkk
E aqui eu vou jogar tretas em vocês de forma bem maldosa mesmo. Mas tudo vai acabar bem e fazer sentido depois, eu prometo <3
Digam o que acharam! Adoro os comentários de vocês :3
Kisses :****

Capítulo 12 - Eu Te Amo, Jasper Quartz


Ela ficou visivelmente arrasada. E não era para menos. Eu fiquei parada na frente de um espelho por horas, a abandonei na festa de uma pessoa que ela não conhece direito e ainda me recusei a contar o que estava errado. A missão de nos amarmos parecia cada vez mais difícil, por mais que eu tivesse a subestimado a princípio.

 - Gente, venham aqui! Estamos jogando Verdade ou Desafio! – Ametista, sentada numa rodinha no chão com nossas amigas, convidou.

 Ela se aproximou do grupo sem hesitação, arrumando um lugar para si entre a irmã e a Sheena. Não olhou para mim, nem chamou para que eu me sentasse com ela. Ficou claro que estava chateada e queria me dar um gelo...e como poderia culpa-la por isso?

Me sentei ao lado de Rubi e de uma das irmãs da Pérola, Blue Pearl. Estava acanhada, e a julgar pelo olhar preocupada de Safira, ao lado de sua amada, ela percebeu.

Antes que começássemos o jogo, uma garota chegou, acompanhada pelos mordomos da anfitriã. Era idêntica às primas de Rubi que vi anteriormente, porém não me lembrava de ter visto aquela em particular. Seria difícil não reconhecer, haja vista que ela usava um olho tampado por um curativo vermelho.

 - Prima? Só chegou agora? – Rubi chamou por ela, que bufou antes de se aproximar de nós.

- As minhas irmãs idiotas já foram embora? – A garota se sentou entre eu e Rubi, me empurrando, e questionando-a.

- Já faz tempo. Logo depois do bolo.

- Ah, miseráveis! Elas prometerem que me esperariam!

- O que houve?

- Meu olho sangrou, como sempre.

- Eu imaginei mesmo.

Olhei a garota, que parecia bem mal humorada...até colocar os olhos na Jasper. Ela sorriu instantaneamente, o que me deu vontade de esgana-la. Sujeitinha atrevida!

- Ah, parabéns, Pérola. – Ela finalmente se lembrou a razão de estar ali, cumprimentando a aniversariante.

- Obrigada, Ruby! Vai participar da nossa brincadeira imatura? – A anfitriã, simulando um sorriso calmo, respondeu. Descobri que a prima da Rubi se chama Ruby...que confusão devem ser as reuniões de família delas.

- Claro! Não sabia que a Jasper estaria aqui!

- Você a conhece?

- Eu e minhas irmãs a assistíamos desafiar nossa prima na pista de skate, nos velhos e bons tempos da escola. Ela não mudou nada...

- Suas irmãs tentaram conversar com ela durante a festa inteira. Infelizmente ela estava ocupada.

- Ela não seria boba de dar atenção para aqueles trambolhos.

Com um riso sarcástico, a jovem, muito parecida com Rubi, firmou seu lugar entre eu e ela. Olhei com ódio para ela, que nem percebeu.

- Já que sou a aniversariante, vou começar. – Pérola anunciou, girando uma garrafa vazia no chão, bem no centro da nossa rodinha.

Consegui me distrair da audaciosa Ruby por alguns instantes, ao constatar que a boca da garrafa foi apontada para Peridot, e o fundo para Yellow Pearl.

- Verdade ou desafio? – Perguntou a irmã de Pérola, com um sorriso direcionado à pequena nerd.

- Verdade. - Peridot deu um leve toque em seus óculos, empurrando-os contra sua face pálida.

- Minha irmã me disse que você colecionava insetos antes de se mudar para o seu atual apartamento. É verdade?

- Sim. Eu tinha a maior variedade de espécies de joaninhas da cidade.

- Que nojo! Vai saber por onde aquelas micro patinhas rastejaram! - Ametista contorceu suas feições de nojo, mostrando a ponta da língua.

- Elas são fascinantes. Adorava quando elas hibernavam ou faziam casulos... - Peridot suspirou, em nostalgia. Ela realmente tinha uma coleção assombrosamente grande de insetos.

- Eca, Dot! Gire a garrafa e vamos mudar de assunto!

 Seguindo as instruções da companheira, Peri girou a garrafa, que desta vez selecionou Jasper para propor a situação embaraçosa para Rubi. Por serem amigas de longa data, imaginei que aquilo resultaria em algo interessante...e claro que aproveitei para trocar olhares com a linda militar, que me ignorou. Realmente eu a magoei...

- Verdade ou desafio? – Seu olhar, me evitando, focou na vítima.

- Verdade. – Rubi escolheu, cruzando os braços.

- É verdade que você foi apaixonada pela motorista da van escolar?

- SÉRIO ISSO?

- Sim ou não?

- Por que quer me fazer pagar mico na frente da Safira?

- Você pediu, agora aguente!

- Ah! Droga! Sim, eu era apaixonada pela motorista da van mesmo! Satisfeita?

- Muito.

Todas riram da situação, exceto eu. Continuava tentando encontrar os olhos de Jasper para lhe transmitir que eu sentia muito através deles e tirar o peso da culpa do meu peito. Era terrível ver a minha tigresinha me evitando.

 Rubi girou a garrafa novamente, que parou na Sheena, sendo desafiada pela Ametista. A garota abriu um sorriso maquiavélico com isso.

- Verdade ou desafio? – Ela olhou com expectativas para a moça de cabelos rosa.

- Desafio. – Sheena sorriu com a própria ousadia. Seria o primeiro desafio da noite.

- Te desafio a encontrar um nariz de palhaço que caiba no nariz a sua namorada.

- Amor, me desculpa... mas vou ter que passar essa.

Sheena olhou solenemente para Pérola, que rangeu os dentes para a desafiante. Ela não acreditava no que fora proposto, e mais ainda no riso descontrolado da garota de vestido estrelado.

Enquanto a pequena preenchia o salão com seu riso contagiante, a Ruby se aproximou da minha estimada vizinha, que já me olhava com preocupação. Ela sabia que eu estava incomodada com a forma que ela se referia à Jasper.

- Ela continua maravilhosa. – Ruby não falou muito alto, no entanto ouvi cada palavra por estar bem ao seu lado.

- Não achei que ainda se lembraria dela. Se soubesse que você continuaria com esse fogo todo, nem teria... – Minha amiga tentou salvar a situação, no entanto a prima dela parecia disposta a continuar.

- Como esqueceria desse mulherão? Olha que pernas...que peitos...que lábios! Eu beijaria cada pedacinho dessa coisa tesuda!

- Ruby, cala a boca! Ela está em outra! E a garota dela está...

- E daí? Faço ela largar a tal garota em cinco segundos!

 Cerrei os punhos, me contendo para não voar no pescoço dela. Imaginei a cena dela com a minha Jasper, tocando-a em lugares que nem mesmo eu ainda tive chance. E o sentimento de ser traída foi duplicado dentro de mim, apesar da Jasper estar tentando ajudar a irmã a desengasgar, de tanto que riu.

Quando olhei a Rubi, que contou para Safira o que acabou de acontecer, as duas me encaravam com preocupação. Enquanto isso, a garota ao meu lado permaneceu secando a Jasper.

- Desculpe. Ela é minha prima. – Fiz leitura labial na minha vizinha, que estava sendo confortada por Safira. Imaginei que deveria ser uma situação constrangedora para ela.

- Miserável... – Dei de ombros, cochichando para a garota ao meu lado, que estava tão concentrada na militar que nem ouviu. Ela parecia conseguir bloquear todas as minhas tentativas de exprimir minha fúria.

 Eu estava no meu limite. O controle se esvaiu por meus dedos, e uma sensação sufocante tomou conta de mim. Fechei os olhos por um instante, e quando os abri, tentando me recompor, eu estava na frente do espelho novamente.

Ouvi vozes difusas ao meu redor, pareciam fracas e distantes. Reconheci que eram de Rubi e sua prima.

- Queria ter a sorte do vestido dela. Seria capaz de ganhar na loteria. – Ruby comentou, como se estivesse ao meu lado, apesar de eu estar completamente só naquele banheiro.

- Prima, o que está... – Minha amiga, cuja voz denotava preocupação, possuía seu timbre trêmulo.

- Aliás, eu tenho mais sorte ainda, por que sou quem vai tirá-lo.

Queria esgana-la mais ainda por isso, porém estava mais preocupada com o que estava acontecendo comigo. Meu ouvido zumbia, e reparei que o chão estava repleto de água. Repentinamente, com um estrondo, o espelho quebrou, erguendo toda a água do chão por um segundo e libertando um grito lancinante, gutural, quase animalesco. Era a minha voz, distorcida e assustadora.

“ELA É MINHA!”

Os pedaços do espelho caíram no chão, e desmaiei imediatamente. Ao abrir os olhos, como se nada tivesse acontecido, eu estava de volta. O problema foi a circunstância em que me encontrei, tão de repente.

Eu estava sobre a Ruby, socando-lhe repetidas vezes. A cena de quando bati em Bismuth e Pérola, sem a menor noção do que estava fazendo, se repetiu. Mas dessa vez foi pior...dessa vez não era eu.

Meu punho já estava respingado com sangue, e mesmo assim eu ainda estava processando o que acontecera. Todas as presentes estavam em pé, chocadas, olhando a cena.

- SOCORRO! ME SOLTA! EU NÃO SABIA QUE VOCÊ É NAMORADA DELA! - Ruby gritou, assustada e com lágrimas em seu olho visível.

Aquela frase bateu com força no fundo do meu peito. Não, eu não sou namorada da Jasper. A Ruby, tecnicamente, podia flertar com a Jasper...e nem isso ela estava fazendo. Estava apenas comentando com a prima seus desejos, por mais perversa que tenha parecido para mim.

E pensar nisso fez eu me sentir traída...traída de novo. E aquele flashback, que se tornara real de novo, partiu o meu coração.

- Lápis, larga ela! O que deu em você? - A voz de Pérola soou distante, e mesmo assim obedeci.

 Recuei, levantando e observando-a ser erguida por Rubi, Safira e Pérola. Sheena apareceu com uma caixa de primeiros socorros, e as Pearls arrastaram um sofá para perto do epicentro do acontecimento.

- Você vai se arrepender muito disso, sua magrela! – Ruby sibilou friamente para mim, sendo depositada pelas outras sobre o sofá.

 Me virei de costas, incapaz de olhar o que fizera. Eu sabia que não tinha culpa, todavia não existia uma forma de explicar isso a ninguém, no máximo para a Safira. Num caso remoto para Peridot...

A movimentação ao meu redor pareceu estar em câmera lenta, e eu não conseguia interpretar nada. Estava confusa, perdida, assustada...e com uma sensação de libertação. Era como se o espelho ter se quebrado simbolizasse que a outra Lápis se foi. Ela, provavelmente por ter cruzado o limite entre eu e ela, foi obrigada a recuar e me deixar em paz até a missão ser concluída. Finalmente!

- Você tem noção do que fez? As irmãs dela vão querer me matar! - Rubi estava, do nada, bem na minha frente. Ela parecia querer me esganar, no entanto a presença de Safira ao seu lado a acalmava.

- Mas a sua prima também abusou da paciência dela.  - A delicada jovem de vestes azuis lembrou-a, com seu timbre de voz firme e calmo.

- Ela não sabia que a Jasper tinha alguém!

Respirei profundamente, me sentindo culpada. A festa havia chegado ao fim por minha causa, assim como a brincadeira e o clima de confraternização. Eu havia chateado uma amiga...afinal, por pior que tenha sido o comportamento da Ruby, continuava sendo uma prima, enquanto eu sou apenas uma amiga. Era óbvio que ela defenderia a prima.

- Me desculpe, Rubi, por ter batido nela. – Abaixei a cabeça, sentindo o meu coração se apertar.

- Ao menos acabou, não é? Toda essa confusão? – Safira interceptou a conversa, aparentemente ciente da ruptura que ocorrera entre eu e a Lápis antiga.

- Sim...finalmente.

Respirei em alívio, até a anfitriã se aproximar de mim. Sua feição demonstrou uma carranca terrível, de decepção e incredulidade. Transformei o aniversário dela em um circo...

- Nunca mais te chamo para uma festa minha. – Alertou, cruzando os braços, como se esperasse uma explicação.

- Pérola, me perdoe por ter arruinado a sua festa. Eu sinto muito e...acho melhor eu ir embora. – Olhei no fundo de seus olhos claros.

- Também acho.

Ela deu as costas para mim, voltando suas atenções à figura ferida. Safira e Rubi fizeram o mesmo, um pouco mais imparciais ao que aconteceu.

As presentes rodearam o sofá em que Ruby estava, aguardando a ambulância, com exceção de Peridot, Ametista e Jasper. Esta, cujo olhar desolado recaiu sobre mim, me fez perceber que aquela havia sido mais uma das minhas gafes da noite. Eu a convenci que sou uma descontrolada, lunática e ciumenta em apenas uma noite.

- Com licença. - Anunciei, antes de correr, cabisbaixa, para fora dali.

O som de meus passos desajustados preencheram o longo corredor até a minha saída da mansão. Do lado de fora, respirei o puro ar fresco da noite, que revitalizou meu corpo. Já era um começo, apesar da minha mente estar fervilhando.

Percebi três figuras me seguindo, e eu já sabia bem quem eram. E tinha certeza que tentariam me apoiar para diminuir o que fiz. Talvez até para justificar.

- Cara! Que surra foi aquela? Você praticamente voou na fura-olho babaca! Tem que ser muito descolada para bater assim em alguém! - Ametista se pendurou em meus ombros, quase me derrubando com seu peso.

- Ela foi mesmo muito insolente! Ainda bem que só tem um olho, porque senão estaria ainda mais de olho na Jasper! Defendeu bem sua dama armário, Lazuli. - A loirinha tentou soar engraçada, no entanto somente Amy rira dela. Eu pude, somente, abrir um sorriso cordial.

O silêncio de Jasper, atrás delas, estava me assustando. Ela se afastou do casal e caminhou para perto de uma árvore, na qual apoiou a cabeça ao pender seu corpo para trás. A acompanhei até lá, e o casal alface entendeu que seria uma conversa em particular. Elas foram até a fonte, bem no centro da baia de entrada da mansão, onde fizeram pedidos e admiraram a lua.

 Quando cheguei próximo da militar, que me olhou com desconfiança, pressenti que seria censurada. Meu coração doeu...eu não queria perde-la.

- Por que fez aquilo? - Ela tentou não parecer agitada, no entanto eu sabia que estava. Seu olhar nunca mente.

- Me desculpe. Ela estava falando de você de uma forma promíscua! – Expliquei, tentando convencê-la. Me encolhi diante de seu olhar pasmo, petrificado em mim.

- Preferia que tivesse xingado ela, ou algo assim. Bater em alguém não parece algo que você faria...

- Eu sei. Tenho estado meio fora de mim ultimamente.

- Me pergunto se a garota por quem eu me apaixonei é quem você é de verdade. A garota por quem me apaixonei mandaria uma pirralha que anda com o olho tampado para o hospital?

 - Não.

Minha resposta a fez suspirar pesadamente. Seus olhos dourados deixaram a tensão que a tomou extravasar, me contagiando. Me percebi chorando, assim como ela. Aquele clima de término estava nos matando.

 - Por que fez aquilo, Lápis? – Questionou em um fio de voz, como se torcesse para que eu não tivesse ouvido, embora seus olhos clamassem por uma resposta.

- Tive medo que ela flertasse com você. – Confessei no mesmo volume, enxugando os olhos dela, na ponta dos pés.

- Acha mesmo que ela é concorrência?

- Tenho muito medo de te perder...e acabei passando dos limites. Prometo que nunca mais farei isso de novo.

- Me perder para a Ruby? Claro que não! Ela é ameaça para quem a não ser para a própria dignidade?

- Mas ela ia tentar alguma coisa!

- Se ela tentasse, bastava deixar bem claro que sou comprometida.

- Mas você não é comprometida.

- O que?

- Nós não temos nenhum vínculo ainda.

- Acha que eu quero estar com mais alguém além de você? Isso não é um vínculo?

- Eu não sei.

- Por que você não confia em mim?

- Não é de propósito...desde que revi a Bismuth estou tendo flashbacks de quando flagrei ela me traindo. Essa sensação não sai de mim, Jasper.

- Nunca te dei motivo algum para se sentir assim. Eu não sou como ela.

Comecei a chorar com mais intensidade. Uma dor desesperadora se alastrou por meu peito. Eu não queria perde-la...e mesmo assim não conseguia deixar de me sentir traída.

- Tinha ver o que a Ruby estava falando, Jasper. Eu não posso suportar isso...eu não sei lidar com esse medo de tudo se repetir. – Tentei me justificar novamente, segurando suas mãos entre as minhas.

- O que quer dizer? – Seus olhos se arregalaram, e sua face exibiu uma insegurança que nunca vi antes nela.

- Eu gosto muito de você, e sei que poderíamos ser incríveis juntas. Só que estou cansada desse medo de você partir o meu coração...

- Nunca faria isso, minha pequena.

- Eu já ouvi isso antes, e ainda consigo ver o quanto estava enganada. Não quero ficar desconfiando, atacando qualquer pessoa...

- Não...por favor.

- Sinto muito, mas acabou.

 Soltei suas mãos perante a minha última palavra, me afastando lentamente dela. Sua face, estupefata, em um completo choque. Fui eu quem a magoei, no final.

- O que você sente por mim não é suficiente para te convencer a ficar? - Sua voz deixava bem claro que ela mal tinha condições de perguntar. Desviei o olhar, tentando me convencer a não conforta-la e que seria melhor assim.

O meu silêncio pareceu um mistério até mesmo para mim. As palavras de Bismuth sobre eu abandona-la vieram à tona. Maldita Bismuth...gostaria de nunca tê-la encontrado de novo. Talvez eu e a Jasper tivéssemos conseguido superar nossas desconfianças se não fosse pelo reencontro.

- Eu abri o meu coração para você...e você faz isso comigo? E eu achando que você era a minha garota... – Ela limpou os olhos com o dorso da mão, borrando sua maquiagem e saindo apressada de lá. Tirou seus sapatos de salto, e foi embora da mansão com eles em mãos, ignorando o fato de seu carro estar no estacionamento.

Fiquei olhando-a enquanto ela se afastava. Chorei inconsolavelmente também, incrédula que eu perdi a Jasper por uma sucessão de bobagens no mesmo dia. Tudo estava tão bem antes...

Me assustando, Peridot e Ametista se aproximaram de mim. Elas pareciam entender que o término aconteceu, porém não o motivo dele.

- Terminou com ela? – Peridot cobriu a boca com as mãos, sacudindo a cabeça em negação.

- Como eu poderia levar isso adiante se nem consigo lidar com o meu passado? Estou em crise! – Gritei, observando seus olhos verdes se contraírem. Não queria descontar minha frustração nela, mas acabei descontando. Esperava que ela pudesse me perdoar depois.

- Isso de novo?

- Sim, por que? Vai me dar sermão?

- Lazuli, você é retardada? Você terminou com a Jasper por razões banais?

- Não enche!

- Qualquer idiota percebe que você gosta dela!

- Eu gosto mesmo! Mas vai passar daqui a algum tempo! O que os olhos não veem, o coração não sente!

- Para começo de conversa, o que os olhos não veem está fora do intervalo do espectro visível, e isso não tem nada a ver com o coração! Depois, amor não é gripe! Não passa daqui a alguns dias!

- Não vou ouvir conselhos de uma fracassada feito você! Esperou anos para uma garota que se enturma até com um poste notar que você existe!

Senti um soco me derrubar no chão. Peridot estava estática, no mesmo lugar de antes. Era Ametista quem estava com o punho levantado.

- A Dot merece uma amiga bem melhor que você, sua revoltadinha mimada! E a Jasper também! Ainda bem que largou ela! – A baixinha gritou comigo, puxando os cabelos platinados em sinal de fúria.

 - Ametista? – Estranhei sua atitude. Ela, que é sempre tão light quando se trata de levar as coisas a sério, estava insanamente irritada.

- Parabéns, você fez merda com as minhas duas pessoas favoritas no mundo!

Me acanhei. Era verdade...eu magoei a querida irmã dela, de quem ela tentou se aproximar por anos, e a garota de quem ela gostava, em situação semelhante. Eu fui horrível para Jasper, Peridot e, indiretamente, ela.

- Amy, tudo bem. Depois que ela se acalmar irá se desculpar pelo que disse, é sempre assim. – Peridot a abraçou, acalmando-a. Amy chorou em seus braços, aflita pelo estado que deixei a irmã.

- Certo, Dot...pelo menos você não vai se sentir abandonada esta noite. Já a Jasper... – Ela sussurrou para a loirinha, que a abraçou mais forte.

As duas ficaram trocando frases doces e abraços por mais algum tempo, enquanto eu observava, caída no chão. Já estava arrependida pelo que fiz, pelo que disse...eu queria poder voltar no tempo e me impedir de terminar com a Jasper.

Logo Rubi e Safira saíram da mansão, e um motorista trouxe o carro da militar, para nós irmos embora. Ametista o dirigiu, com minha amiga nerd ao seu lado. No banco de trás, me sentei no canto, com Safira ao meu lado e Rubi na outra ponta. Houve um silêncio mortal durante o trajeto todo...até que eu decidi interrompê-lo.

- Vocês estão certas, eu sou uma idiota. Me desculpem. – Comentei, desabando em prantos outra vez.

- Claro que estamos! – Peridot aceitou momentaneamente, orgulhosa por eu ter levado seu conselho em consideração.

- Beleza. – Ametista fora um pouco mais relutante, porém demonstrou-se amistosa às minhas palavras.

- Ok... – Rubi ainda se mostrou magoada, todavia ela não ter urrado comigo já demonstrou que estava digerindo os acontecimentos recentes.

- Lazuli, em nome do maldito Kakaroto, por que você dispensou a mulher dos seus sonhos por causa do que a Bismuth fez, como se uma coisa tivesse a ver com a outra? – A pequena nerd indagou, olhando para mim pelo retrovisor.

- Já disse que sou idiota. – Me afundei no banco confortável, reafirmando o que dissera anteriormente.

- Eu deveria te jogar num bueiro, Lazuli!

Concordei mentalmente com ela. A Jasper estava arrasada, e o pior foi que as minhas atitudes nem fizeram sentido. Eu a queria de volta...assim poderia explicar todo aquele mal entendido...ou pelo menos tentar, afinal como explicaria que quem fez aquele monte de besteiras não fui eu?

 Quando Ametista parou o carro na frente do apartamento, me despedi dela e das outras, subindo apressadamente. Entrei no apartamento e corri para o meu quarto, onde troquei de roupa, me atirei na cama e descarreguei minhas emoções.

Abafei meu choro desesperado no travesseiro. Logo senti pequenas áreas molhadas do tecido azul da fronha se alastrando, em decorrência das lágrimas que teimavam a ser derrubadas sobre ele.

 Passei várias horas assim, sofrendo horrores, e mandando dúzias de mensagens para o Whatsapp da Jasper, infinitos SMS’, muitas ligações...porém o celular dela parecia estar desligado. Talvez ela quisesse um tempo para si...

Após mais um pouco de choro sobre o travesseiro, vi uma sombra se aproximar da entrada do meu quarto. Era Peridot, apoiada no batente da porta, com as mãos nos bolsos canguru de seu moletom verde escuro. Também havia se trocado.

- Hey, tonta. Como está? – Ela entrou no cômodo, abrindo a janela para a luz entrar. Já havia amanhecido, e eu nem sequer percebi.

- Viva, eu acho. - Limpei meus olhos inchados com as mãos. Elas estavam doloridas pela surra que dei em Ruby.

- Tem certeza?

- Não.

- Olha, Lazuli...desde que te conheço, já vi você fazer cada besteira! Mas as que você fez com a Jasper conseguiram superar todas! Principalmente terminar com ela.

- Não precisa jogar na cara! Já me arrependi tanto...

- Aquela garota abusada estava tão longe da sua brucutu! Provavelmente sabia que não conseguiria nada com ela. Então você pegou realmente pesado na questão da surra e tudo o mais.

- Sua sinceridade é mesmo comovente!

- Mas o que você deveria ter feito depois era explicar para a Jasper que você tem medo de perdê-la da mesma forma que perdeu a Bismuth, especialmente porque você gosta muito mais dela, a quer na sua vida e não sabe mais viver sem ela. E que tudo isso é muito maior que seu respeito por deficientes oculares.

- E o que isso mudaria?

- Ela entenderia que você está insegura e te ajudaria a superar isso. Assim você se convenceria que ela não te trairia e se perdoaria por ter exagerado com a olhuda. Gente na neura faz coisas bem ridículas assim.

Dei de ombros. Para mim, nada daquilo adiantaria. Eu já havia estragado tudo de uma forma imperdoável.

 A Jasper provavelmente não iria querer me ver nunca mais. Ignoraria todas as minhas tentativas de procura-la, pediria para a Amy nunca mais falar dela para mim, ou qualquer coisa do gênero. Parecia tudo realmente perdido.

- Olhe para mim com essa cara de chulé! - Peridot se sentou na beirada da minha cama, arrancando o travesseiro de meus braços e o arremessando sobre o armário.

- Não importa! Já estraguei tudo mesmo. Eu a perdi, ela não deve querer me ver nunca mais. - Expliquei, vendo sua imagem desfocar pelas lágrimas em meus olhos.

- Então prefere se arrepender do que chegar nela e dizer "eu te amo, Jasper, me desculpe por ser uma boboca sem escrúpulos" e aí beijar ela até a boca cair?

- "Eu te amo" não é algo forte demais?

- Acha que é?

- Eu não sei...acho que nem entendo bem o que é essa coisa toda de amar. E se entender, sou péssima nisso! Olha como eu resolvi as nossas diferenças: terminando com ela!

- Se "amar" fosse definido pelos seus sentimentos pela Frankestein platinada, como seria?

- Diria que...

- Que?

- Amar é como ter um oceano inteiro dentro do peito. É querer me derramar sobre ela, e ludibria-la com a minha vastidão. É querer envolvê-la, afagar seu corpo e ludibriar seus sentidos, embora tenha que ser cuidadosa para não sufoca-la com a minha afeição. É ter medo que esse oceano de sentimentos a assuste, e a carregue para longe mim. É também querer que ela mergulhe nas minhas profundezas, desvende meus mistérios e se fascine com os meus segredos. É saber que uma hora é preciso que ela me traga de volta para a superfície, senão ficaria eternamente hipnotizada com sua beleza de sereia. É precisar que ela esteja feliz para que eu possa respirar, senão afundo para domínios que o sol de seus olhos nunca alcança. E, acima de tudo, é ter medo que ela tenha vindo apenas para molhar os pés...

 Ao término do meu discurso, respirei fundo, com ainda mais lágrimas deslanchando por meu rosto. Peridot apenas revirou os olhos e esperou pela minha conclusão.

- Você tem razão. Eu amo a Jasper! – Exclamei, sentindo uma onda de incentivo emergir do meu peito e se espalhar pelo meu corpo. Eu preciso reconquista-la!

- Parabéns, gênio, por finalmente ter notado. – Ela assentiu de uma forma pacata, como se fosse a coisa mais evidente do mundo.

- O que eu faço agora?

- Fale isso tudo para ela. Grandes chances desse seu discurso de Shakespeare aquático pós-apocalíptico conseguir trazer a Jasper de volta.

 Sorri com a ideia, pela primeira vez em algum tempo. Senti, no fundo do coração, que não estava tudo perdido. Ainda havia salvação...eu ainda poderia ter a minha amada Jasper de volta.

- Obrigada, sua bostinha alienígena. Não sei o que faria sem você. - Eu a abracei fortemente, a surpreendendo, por ser uma coisa que raramente fazemos. Não somos muito afetivas uma com a outra, no entanto eu me senti muito grata por ter aquela coisinha chata e irritante em minha vida. Era a melhor amiga que eu poderia desejar.

- Tanto faz. Tonta. – Ela me afastou de si, levantando da minha cama em sobressalto ao olhar o horário no relógio da minha escrivaninha.

 - O que foi?

- Preciso ir antes para a cafeteria. É melhor eu me apressar.

- Por que?

- Vou surrupiar sachês de açúcar. Os nossos estão acabando e eu não vou pagar por coisas que posso ter de graça. Então tenho que chegar antes de todos os fregueses para ninguém ver.

- E você fala isso com essa normalidade impressionante?

- Algum problema?

- Muquirana sem noção de carteirinha.

Ela ignorou, jogando um dos bichinhos de pelúcia, que Jasper ganhou para mim no cais, na minha direção. Apertei-o com força, lembrando do adorável sorriso dela ao ganhar para mim.

- Vá atrás dela. – Peridot reforçou, antes de sair.

Amadureci a forma que abordaria a Jasper em minha mente, planejando cada detalhe em poucos minutos. Eu tinha pressa para reencontra-la, e iria a qualquer lugar que fosse preciso para dizer que a amava.

Estava radiante com a ideia de finalmente conhecer esse conceito de amor. Eu me senti verdadeiramente livre, estranhamente...suspeitava que esse sentimento tivesse feito a Lápis antiga ir embora. A missão está concluída. Talvez por isso eu estivesse vendo tudo com mais clareza.

Foi então que ouvi gritos coléricos de Peridot, vindos da rua. Estavam carregados de dor, medo e mais dor. Senti um aperto no peito e um pressentimento ruim. Me lembraram os gritos dela quando Bismuth lhe bateu...não poderia estar acontecendo de novo, ao menos não essa parte da história. Aquilo tudo não poderia estar fadado a se repetir com a Peridot também.

 Nunca corri tanto na minha vida quanto para chegar rapidamente até o térreo. Saí do apartamento e desci as escadas feito um raio. Assim que cruzei a recepção e fui até o portão, vi uma pequena multidão se aglutinar ao redor de alguma coisa.

Afastei as pessoas, e a imagem que chegou até meus olhos foi uma covardia com as minhas emoções fragilizadas: a minha melhor amiga estirada no chão, coberta de sangue dos pés à cabeça.

Me atirei ao chão, segurando-a em meus braços. A chacoalhei de um lado para o outro, gritando seu nome, porém sem resposta. Seu estado inconsciente indicava que seus agressores continuaram surrando-a mesmo após seu desmaio.

 Após eu insistir em acorda-la, seus olhos finalmente se abriram. Ela cuspiu um pouco de sangue, que caiu sobre meu pijama, porém não me importei. Apenas pedi que alguém chamasse a ambulância, e fui informada que já havia sido feito.

- Lazuli, é você? Não consigo ter certeza sem meus...oh, óculos.  – Ela murmurou, com a voz descompassada. Sua dor era tão intensa que ela começara a chorar.

- Fique calma, Peri, a ambulância já está vindo. - Pude sentir lágrimas aflitas emergirem em meus olhos. Me senti impotente por ver minha melhor amiga naquele estado deplorável e não poder fazer nada a respeito.

- Que bom...mas é a Amy que eu quero que chame. Preciso muito dela comigo também...

- Claro. Vou ligar para ela agora mesmo.

- Diga no hospital que ela é minha namorada, e você minha irmã. Senão eles não vão permitir que entrem para me visitar.

- Pode deixar. E...sabe quem fez isso com você?

- As irmãs da Ruby. O alvo era você, mas parece que elas nos confundiram.

- Como? Somos tão diferentes...

- Mas elas são tapadas, e não viram qual de nós bateu na olhuda.

- Mesmo assim...

- Devem ter combinado que bateriam na garota que estava usando vestido verde...e elas não te viram, então pensaram que fosse eu. E devem saber que a garota que bateu na irmã delas é vizinha da Rubi.

- Porque usei um vestido verde na festa. Peri, me desculpe! Jamais imaginei que isso aconteceria...me perdoe!

- Apenas ligue para a Ametista. O que eu tiver que te xingar, farei isso com ela.

- Tudo bem. Eu mereço...

- E avise no trabalho sobre o que aconteceu. Nos darão dias de folga.

- Avisarei.

- Ah! E vá atras da Jasper! Sem desculpas desta vez.

- Eu prometo.

A ambulância chegou em seguida. Entrei no veículo com ela, e a acompanhei até o hospital. Cuidaram dela no trajeto, e ao chegar lá começaram a fazer exames. Fiquei aguardando notícias na sala de espera.

Uma enfermeira me entregou os óculos dela, que estavam caídos dentro da roupa, pelo que parece. Até as grossas lentes de vidro sofreram avarias durante o ataque, estando uma delas trincada, e a outra suja com algumas gotas de sangue.

Enquanto eu tentava aceitar que ela se feriu gravemente por minha causa de novo, Ametista chegou na sala de espera discretamente, o que já era preocupante vindo dela. Ela não hesitou em andar até mim, e se sentou na cadeira ao meu lado.

Ela não parecia estar muito melhor que eu. Sua face jovial estava abalada. Acredito que a minha também estivesse, depois de tudo.

- Oi, Lápis. Obrigada por ter me avisado. Sabe onde ela está? – Me perguntou num tom calmo e modulado. Ela, definitivamente, não estava nada bem.

- Oi, Ametista. Honestamente, eu não sei. A última coisa que me contaram foi que ela faria uma bateria de exames. - Expliquei, um pouco tensa em falar com ela pela questão do nosso desentendimento da noite anterior e, principalmente, pela forma que me comportei com a Jasper. Amy, por outro lado, estava tão preocupada com Peridot que deixara tudo para lá.

- Então foram as Rubys, com exceção da olhuda, as responsáveis por isso?

- Foram.

- Que malditas! Acabo com elas!

- Eu tenho uma ideia melhor.

- Qual?

- Denuncia-las para a polícia.

- Cara...você é muito maligna! Eu gosto disso! Mas não vai dar problema por você ter batido na irmã delas e tal?

- Se der, só lamento. Quero que aquelas desgraçadas paguem pelo que fizeram com a Peri.

- Estou com você nessa.

Vi um entusiasmo discreto brilhar em seus olhos. Parecia aliviada pela violência que Peridot sofreu não passar batida. Elas seriam devidamente punidas.

Ela apanhou seu celular do bolso, e vi que conversava no Whatsapp com alguém. Pescocei para ver se era a Jasper, no entanto eu não conhecia a pessoa em questão. Foi menos frustrante saber que ela estava ausente das atividades relacionadas ao celular do que se estivesse me ignorando de propósito.

- Ela está muito triste também. Sei que está com vontade de perguntar. - Ametista me antecipou, com um sorriso falsamente sereno no rosto.

- Me desculpe. Prometi que não magoaria sua irmã. - Minha consciência pesou. Eu realmente me odiava por ter terminado com a Jasper.

- Ainda dá tempo de consertar as coisas.

- Acha que ela me perdoaria?

- Você ama ela?

- O que?

- Você ama a minha irmã? Sim ou não?

- Amo. Muito.

- Ela não é de sair dizendo o que sente, mas sei que ela também te ama. Então claro que tem jeito!

- Obrigada, Ametista. Saber disso foi a melhor coisa que me aconteceu ultimamente.

- Assim que dermos uma lição nas Rubys, vá atrás dela. Ainda acredito em vocês duas.

Ametista me abraçou como se fosse uma irmã que eu nunca tive. Ou, como a Peridot diria, uma cunhada. Ela é uma ótima pessoa, e fiquei feliz por ela estar comigo naquele momento.

Após nos separarmos, voltamos a nossos devidos lugares, e continuamos aguardando notícias da nossa nerd favorita. Assim que soubéssemos como ela está, iríamos à delegacia. Ninguém no mundo poderia ferir a Peridot, e nos mostraríamos isso para as Rubys da forma mais amarga. 


Notas Finais


Por favor, me conte o que achou *o*
Kisses :***


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