História I'm Not A Human (Imagine Min Yoongi) - Adeus Mimi; Nove vidas

Mimi On

Olho ao redor, procurando a velha.

— Eu tenho certeza que a vi por aqui. Ela está se escondendo de mim.

Desvio de alguns humanos e entro em uma rua movimentada.

Minha barriga ronca mais uma vez e suspiro, desanimada.

Tenho que encontrar ela e voltar para o apartamento do Yoon. Ele já deve estar preocupado comigo, achando que eu realmente sou uma suspeita e fugi.

Se bem que isso não importa mais.

Assim que eu encontrar a velha Shing e me tornar uma gata. Eu ser suspeita ou não, não importará mais.

A única coisa que quero, é tirar aquele olhar triste do Yoon e vê-lo sorrir, como antes.

Tenho certeza que ele resolverá esse caso sem mim. Ele já faz isso há anos. Minha presença como Mimi-humano-fêmea, não é importante. E sim, a Mimi felina.

Ela sim é necessária na vida do Yoon e só agora, eu consigo perceber isso.

Eu fui muito tola ao pensar que poderia viver um romance com ele.

Tudo não passou de um delírio, que durou bastante tempo. Mas agora já chega!

Vou voltar a ser eu mesma, voltarei a ser a Mimi que é amada. E logo essa confusão de sentimentos, irá desaparecer.

Até porque, eu nem teria chance contra aquela Wendy. Mesmo ela sendo uma barata tonta, ele gosta dela. Aish!

Mas espere só, quando eu for uma gata novamente, vou fazer com ela, tudo o que não pude.

Se ela acha que viverá um mar de rosas quando chegar na minha casa... Ah! Mas ela está muito enganada.

Agora que sei que o Yoongi nunca irá me trocar por ela. Quando for a Mimi felina, terei passe livre para fazer da vida dela uma vida de rato.

Vou acabar com as coisas dela! Bolsas, roupas... Tudo!

Aquela Wendy irá comer na minha pata. Eu mal posso esperar.

Assusto-me, ao pisar em falso no chão. Então, volto à realidade.

Eu estou procurando a velha Shing.

Entro em um beco vazio. Olho para a rua movimentada mais uma vez e concluo que não há ninguém atrás de mim.

Acho que encontrarei aquela velha por aqui. Por algum motivo desconhecido, ela não gosta de humanos.

Vai entender.

— Senhora dos gatos. — Faço uma careta. — Que cheiro é esse? — Tapo o nariz. — Cheiro de... ração estragada, há mil anos. Eca!

Corro pelo beco para chegar logo ao outro lado.

E assim que chego, assusto-me por entrar em um terreno baldio. Achei estivesse indo para outra rua.

Mas esse beco não dá para outra rua? Onde estou?

E o pior... Quem são esses gatos? Por que aqui está cheio deles? Parece um exército.

Todos estão sentados, em um enorme círculo. E eu estou no centro.

— O que será agora? Um sacrifício? — Olho ao redor, tendo o olhar de todos os meus antigos camaradas, sobre mim.

Antigos camaradas, apenas porque são felinos. Porque, na verdade, eu não conheço nenhum deles.

Sendo sincera, eu nunca me dei bem com nenhum gato. E eu não faço a menor ideia do porque, principalmente, com as felinas.

Elas sempre me olhavam com olhar de desgosto.

Sendo a Mimi felina, ou a Mimi-humano-fêmea, elas nunca gostaram de mim.

— Oh, velha Shing! Cadê você?

— Estou aqui. — Olho ao redor, procurando, mas não a vejo.

— Aqui... aonde?

— Aqui, bobinha.

— Você é um gato por acaso? — Encaro cada um, esperando uma resposta, mas não vem. — Oh, aparece. Eu preciso falar com você!

— Mas quanta pressa. Pisou no rabo de algum gato por acaso?

De repente, um gato cai do céu, em pé, bem em minha frente.

Ergo o olhar para cima e vejo a velha flutuar, de cabeça para baixo, como se estivesse com os pés colados em algo no ar.

— O que você está fazendo aí? Gatos tem asas e eu não sabia?

— Não seja boba, menina. Sou um gato por acaso?

— Bem, você tem tantos. — Faço referência ao exército na minha frente. — Que eu não me surpreenderia caso você se fosse um. — Ela ri.

— Você é mesmo uma menina boba.

— Na verdade, eu sou uma gata. E é por isso que estou aqui. — suspiro. — Eu cansei dessa vida. Eu não quero mais estar nesse corpo, ter essa aparência e viver assim. Eu quero voltar a ser uma gata!

De repente, cada um dos gatos, estouram, como se fossem um balão. Fica apenas uma fumaça branca no lugar. E isso acontece com todos eles.

— Que bizarro. — Estranho. — Gatos fazem isso também?

— Então, você não quer mais ser uma humana? — Desvio o meu olhar para o lado, e lá está ela.

Diferente da outra vez, ela está descuidada.

Cabelos desgrenhados aos ventos, usa uma roupa velha e rasgada, e agora cheira estranho.

— Ah, sim... Eu quero voltar a ser eu mesma.

— Mas que menina tola! — dita. — Será que você não percebeu ainda?

— Percebeu... o quê? — Franzo o cenho.

— Você não notou nada diferente em si mesma?

— Ah, lógico. Meu corpo é totalmente diferente do que eu tinha antes, né. Agora eu ando sobre pernas, não tenho um rabo... e minhas mãos...

— Você se adaptou bem demais no mundo dos humanos. Conseguiu comer a comida deles sem problemas, fez as mesmas coisas que eles fazem, e ainda age como eles.

— Eu vivo com um humano há anos, velha Shing. É claro que eu faria essas coisas bem.

— Você é desatualizada.

— Desatu... o quê?

— Esquece. — Nega com a cabeça. — Apenas me siga.

— Te seguir? Aonde? Para quê? Olha, eu estou com fome, e preciso voltar para o Yoon. Ele está muito preocupado comigo.

— Você quer dizer, com a Mimi que é um gato, não é? — Me dá as costas e segue por uma estrada

— É, isso mesmo. Por isso estou aqui. — A sigo.

— Então, você não quer mais ser humana, porque a sua vida é difícil?

— Hum, também. Mas não foi você que mal acordou e foi acusada de matar um humano. — Abraço o meu corpo. — Aquele momento foi assustador.

— É, eu vi.

— Viu?

— É claro. Eu sei de tudo o que acontece com você.

— Aliás, eu nem sei o porque você me transformou. Eu não pedi nada.

— A vida é cheia de caminhos tortuosos, que nos leva a...

— Velha Shing, eu não quero saber disso. E não tenho muito o que falar. Você sabe como eu estou vivendo. Chega de enrolação e me transforma logo!

— Eu vi os cartazes que ele espalhou pela cidade atrás de você. Está o maior bafafá no reino dos gatos.

— O que você disse?

— Sem mais conversa. Isso não vem ao caso agora. O importante é: você não pode mais ser um gato.

— O quê? Por quê?

— Antes de você saber de tudo, espero que saiba, que eu nunca tive intenções ruins. Eu apenas quis te salvar. — Cessa os passos.

Engulo em seco.

— Me salvar? Salvar do quê? De quem? — Cesso os passos também, próxima a ela.

— Mas agora, eu não posso mais fazer isso. — Vira de frente para mim. — Agora você é quem deve dar um jeito.

— Mas do que você está falando?

— Os gatos têm sete vidas e nem sempre caem de pé. Mas você, conseguiu nove, e em todas às vezes, foi alguém diferente. Mas essa é a sua última vida, Mimi. Quando te encontrei naquele beco, não foi por acaso.

— Mas do que você está falando? Nove vidas? Eu mal vivi uma.

— Felizmente, ao te salvar, eu fiquei livre. Livre da culpa e preocupação que carregava. Espero que você possa me entender.

— Eu juro que estou tentando, mas você não fala coisa com coisa.

— Eu não posso te transformar em uma gata, porque você não tem mais vidas.

— Mas o que isso tem a ver? Eu não tenho mais vidas? Eu sou um zumbi? Ai, minha senhora dos gatos! Tipo aqueles do filme que o Yoon assiste?

— Eu...

— Não! Eu sou como outros humanos! Eu não sou um zumbi!

— É claro que você não é um zumbi! Me escuta antes. — Coloco a mão sobre o peito.

— Ai, que alívio. Levei um belo susto.

— Você não tem mais vidas, e eu não posso te dar uma. É contra as regras. Além disso, você deve continuar sendo uma humana, porque é isso o que você é.

— Só porquê eu passei um dia assim?

— Não. Por que você nasceu e cresceu como uma humana. Você não é uma gata.

— Eu... — Arregalo os olhos. — Não sou uma gata?

Continua...