História I'm Ômega! - Acordo

Sakura se espremeu mais contra a parede, com medo de se machucar.

Ela escutou o segundo baque e comprimiu os lábios um contra o outro, escondendo o rosto com as mãos.

Na terceira pancada, a tranca da porta estalou alto e ela bateu com força contra a parede, abrindo.

Sakura deu um pequeno grito, sentindo um dos seus braços começar a arder, gradativamente.

Ela abriu os olhos, vendo Sasuke vir rápido em sua direcção, com uma expressão meio que preocupada no rosto.

Ele pegou no seu pulso, puxando-a para a pia e ligando a torneira rapidamente, deixando a água lavar o pequeno filete de sangue que escorria.

Sakura tentou entender o que tinha acontecido. Talvez a tranca tivesse a cortado na hora que se quebrou, mas ela não conseguia raciocinar direito, ou sentir dor.

Sasuke estava atrás dela, segurando seu antebraço com uma das mãos e a outra pressionando o corte, seus braços ao redor do corpo da menor.

Sakura se sentiu estranha, por estar apenas de toalha e por ter tanto contacto corporal com ele. O calor do corpo dele chegando ao seu em milésimos de segundo.

A respiração pesada dele bateu em seu pescoço e uma onda de arrepios subiu pela sua espinha, fazendo suas pernas bambearem por um instante.

Sakura arquejou e arregalou os olhos, pondo a mão livre na beirada da pia e empurrando o maior para trás com o próprio corpo.

Sasuke mais uma vez, estava sobre os malditos instintos e quando ele percebeu o sangue também no rosto de Sakura, imediatamente a palavra “AJUDAR” surgiu como um despertador na sua mente.

Era incontrolável. Normalmente, era bem fácil de se manter quieto quando aquela situação surgia com qualquer outra pessoa. Ele conseguia ignorar. Mas quando se tratava da rosada, ele simplesmente agia.

Sakura tentou afasta-lo, sem entender, assustada com as pupilas dilatadas do Alfa fixadas em seus ferimentos.

Ela também viu pelo espelho o sangue manchando sua bochecha e orelha, vindo do corte na lateral da sua cabeça, mas sabia que não era nada muito importante. Havia sido apenas por causa do banho. Aquele machucado estava quase cicatrizando, mas ainda sangrava.

Antes que Sakura pudesse reagir, Sasuke começou a pressionar sua cabeça com uma toalha, segurando seu rosto com uma mão para que ela não se movesse.

– Sasuke… Me solta… – Sakura tentou sair de perto dele, mas ele não parecia escutar, concentrado naquilo. – Sasuke! – Sakura olhou em seus olhos, quando ele a fitou. – Eu estou bem!

Ele soltou o ar, bruscamente, fixando os olhos nos de Sakura e se afastando ligeiramente, tirando as mãos do seu rosto.

Ele assentiu, deu as costas e saiu do banheiro, desconcertado, passando pela porta do quarto rapidamente.

Sakura ofegou, passando a mão por cima da pequena protuberância logo a cima da sua orelha. Ela pegou a toalha que Sasuke segurava antes e colocou por cima, pressionando levemente.

Colocou o braço em baixo de água mais uma vez e desligou a torneira logo após.

Ela se dirigiu ao quarto, encostando a porta dele da melhor forma que pôde e logo correndo para vestir uma roupa.

Não queria que Sasuke a pegasse despida, se resolvesse entrar ali sem aviso outra vez.

Ela secou o cabelo com a mesma toalha de antes e o penteou com os dedos para trás, deixando-o solto.

Ouviu um barulho de algo caindo vindo da cozinha e puxou o ar profundamente, tomando coragem para ir até lá.

Ela abriu a porta, resmungando baixinho porque ela rangeu tão alto que Sakura sabia que Sasuke havia escutado. Andou pelo corredor sem fazer barulho, apenas observando o barulhinho de chuva ao fundo, que ela sequer havia percebido antes.

Ela foi na direcção da cozinha devagar, para pensar em como ia falar com ele.

Sasuke estava de costas para ela, parado. Ela esperou que ele virasse, mas ele não o fez. Quando ia o chamar, Sasuke começou a falar, repentinamente.

– Okay… – Ele disse, se virando com um copo de água na mão. – Desculpa.

Ele jogou algo na boca. Que Sakura julgou ser um comprimido, bebendo a água logo em seguida.

Por um segundo, ele franziu o rosto para o gosto ruim, e abaixou os olhos para a menor, apontando para o braço dela.

– Isso aí. Foi sem querer. – Ele explicou, estalando a língua e dando de ombros, achando que Sakura não havia entendido.

Ele se virou para pegar mais água da jarra em cima da bancada, e Sakura assentiu, mesmo que ele não estivesse vendo.

– Hm… Tudo bem, mas o que… O que você queria falar comigo? – Ela perguntou, desconfortável, começando a sentir o novo corte latejando levemente.

Sasuke ergueu o indicador de uma das mãos para Sakura, simbolizando para ela esperar um segundo. Bebeu toda a água do copo em poucos goles e respirou profundamente quando acabou.

Ele odiava tomar qualquer tipo de remédio. Principalmente pelo gosto dele.

– Eh… Os professores… Pediram para avisar que vai ter prova na próxima semana. – Ele disse, e Sakura franziu a testa, porque ela já sabia daquilo.

– Yeah… Obrigada. – Ela murmurou, envolvendo os braços em volta de si mesma. – Era só isso?

– Ah… – Ele parou por um segundo, desviando o olhar para o lado. – Você sabe que os meus pais não vão deixar você ir, não sabe?

Sakura fechou o rosto, cruzando os braços e dando um passo para trás.

– Eles não podem me impedir… – Murmurou baixinho, fitando o chão, acuada.

Sasuke assentiu, se encostando em uma das bancadas e cruzando os braços, igual a Sakura.

– Você vai acabar apanhando de novo…

– E-eu não vou… – Ela tentou falar, sem conseguir formular uma frase.

Onde Sasuke queria chegar com aquilo?!

– E além disso, aqueles caras também podem entrar lá… – Ele continuou, fitando o tecto. – E com certeza vão adorar te encontrar.

Sasuke não parecia “desafiado”, como ficava quando queria irritar Sakura, ele só parecia querer alguma coisa.

– Eu preciso fazer as provas. – Ela fitou Sasuke, meio indignada. – Eles não vão estar lá. Tem seguranças em toda parte.

– Que são Beta. A maioria deles. – Sasuke pegou a jarra e andou até a geladeira, a deixando lá dentro.

– Escuta! – Ela o cortou, antes que falasse mais alguma coisa. – Onde você quer chegar?!

– É só que… Nós podemos ter um acordo… – Ele se sentou à mesa, tirando o celular do bolso e digitando algo por um segundo.

– Um acordo? – Sakura ergueu uma das sobrancelhas, ligeiramente com medo do que ele proporia.

– Você ainda é boa em Matemática, não é? – Ele fitou a menor, com o rosto sério, esperando ela responder.

Sakura deu de ombros e assentiu, murmurando um “acho que sim” baixinho.

– Nossas provas de Física e Matemática são na segunda. – Ele disse, com a voz rouca, criando uma tensão no ar. – Se você me ajudar com essas matérias, eu te ajudo com os caras que querem te machucar.

– Você tá brincando?! – Ela perguntou, encarando o Alfa, tendo quase certeza de que era uma pegadinha idiota.

Sasuke negou com a cabeça, em silêncio. Ele não sabia se fazer aquilo era a coisa certa, mas seus instintos diziam que sim.

– Como acha que as pessoas vão reagir se souberem disso? – Ela perguntou exasperada, franzindo o rosto.

– Eles não vão saber. Você não pode falar para ninguém sobre, nem para a sua namoradinha. – Ele disse, provavelmente se referindo a Hinata.

Sakura revirou os olhos, trocando o peso do corpo de perna e o observando, quieta.

Sasuke voltou a digitar no celular, dando um tempo para Sakura pensar sobre.

– Eu não sei… – Ela sussurrou, pensativa. – Você vai mesmo cumprir sua parte?

– Se eu realmente conseguir entender os conteúdos… – Deu de ombros, sem fita-la.

Sakura respirou fundo.

– O que você precisa entender?