– Ayumi?
Ela franziu o rosto, fitando sua colega por um instante e pedindo licença para ir ao banheiro.
Andou até lá, fechando a porta, e levando novamente o celular à orelha.
– Sasuke? Aconteceu alguma coisa? – Ela perguntou, ouvindo-o ofegar do outro lado. – Você está bem?
– Hm… Não… Não foi comigo… A Sakura… – Ele parou de falar. – Ela se machucou.
– O que houve? Vocês ainda estão na escola? – Ela olhou as horas no relógio em seu pulso.
– Ela tá sangrando… – Ele arquejou, e ela levou a mão ao cabelo, o puxando levemente, fechando os olhos. – Ayumi, eu me sinto tão estranho… Eu não sei o que está acontecendo…
– Sasuke, respira… – Ela disse, tentando se manter calma. – Vocês ainda estão no colégio?
– Sim… Na enfermaria. – Falou, com a voz rouca, depois de um longo suspiro. – Acho que se ela não acordar vão levar ela pro hospital… Eu não posso ir lá… Não com ela.
Ela franziu o rosto, se sentindo ligeiramente angustiada pela situação.
– Como ela se machucou, Sasuke? – Ela disse, tentando não continuar com aquilo, saindo do pequeno cómodo e indo diretamente vestir o seu casaco.
Trocou um olhar com a amiga, como se dissesse que depois a explicaria.
– Ela estava correndo… E caiu. – Respondeu ele, soando ligeiramente confuso.
– O quê? Por quê ela estava correndo?
Ele ficou quieto, em silêncio.
– Você não tem algo a ver com isso, não é? – Ela perguntou, parando de andar bruscamente. – Isso foi sua culpa, Sasuke?!
– Não, não… – Ele respondeu, rápido, com a voz um pouco trémula. – Eu não sei. – Sussurrou.
– Você já ligou pra mamãe?
– Não, ela está no trabalho, e, por favor, Ayumi, não faz isso. – Ele pediu, como se implorasse.
Ela estranhou, mas nada disse.
– Tudo bem, eu estou indo.
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– Saky…? – Ela ouviu alguém a chamar, e parou de se balançar no brinquedo.
Ela fitou Sasuke, secando o rostinho com a manga da camisa, baixando as íris verdes para algo no seu colo.
O moreno se aproximou, se sentando no balanço ao seu lado e olhando para ela, triste por vê-la chorar.
– Por quê está chorando, pequena cereija?
A pequena envolveu o animalzinho entre as mãos gorduchinhas e mostrou ao de olhos negros.
– Ele tá machucado… – Ela passou o dedo suavemente pela cabeça do filhotinho de cachorro no seu colo. – E a mamãe dele d-deixou ele… – Ela secou rapidamente a lágrima que escapou de seu pequeno olho.
– Não chore, Saky… – Ele disse, fazendo um pequeno bico, levando a mão até o rosto da menor e tirando os fios roséos que tapavam seu olho.
Sakura tinha apenas seis anos, enquanto que o Uchiha estava prestes a fazer sete.
Sasuke levantou seu rosto e depositou um pequeno selinho em seus pequenos lábios rosados, como sua mãe fazia algumas vezes quando ele estava triste.
– Que tal levarmos ele lá pra dentro? A mamãe pode ajudar... – Ele pegou o cachorrinho e o acariciou, tendo cuidado com a patinha machucada.
Sakura pegou o filhote de volta, o abraçando delicadamente. O cachorro lambeu seu rosto, e ela sorriu minimamente, fazendo as ruguinhas aparecerem no cantinho dos seus olhos.
– Ele gosta de você… – Sasuke sorriu junto à ela. – Você pode ser a mamãe dele…
Sakura abriu os olhos, ofegando e gemendo dolorida para o forte latejar na sua cabeça.
Ela encontrou as mesmas ónix negras do seu sonho quando olhou para o lado, tentando se sentar.
Ela definitivamente não estava esperando por Sasuke levantar e ajuda-la a fazer aquilo, na verdade, não esperava nem que ele estivesse ali, mas ele fez, sendo muito cuidadoso e mal a tocando.
– Eu… Vou chamar alguém… – Ele disse, meio nervoso, andando rapidamente até a porta do cómodo.
Sakura olhou ao redor, tentando entender o que tinha acontecido.
Ela lembrava da biblioteca, e… Do que Gaara tinha feito... E isso a fez se encolher na cama, ao lembrar da mão do Alfa a tocando, abusivo, totalmente nojento. Mas ela não se lembrava o que aconteceu depois disso.
Ela lembrava também de Sasuke, sério e os punhos cerrados, observando Gaara a agarrar, sem fazer nada, enquanto todos os outros riam.
Ela se sentia uma tremenda idiota. Porque realmente acreditou nele.
E ela sentiu muita raiva por Sasuke não ter reagido e cumprido sua parte do trato.
Seu corpo começou a esquentar gradativamente, e ela ofegou, trincando o maxilar e pondo as pernas para fora da cama.
Sasuke passou novamente pela porta com uma enfermeira atrás de si e Sakura o fitou, sentindo o rosto quente, seu coração acelerou.
– Dá o fora daqui, Sasuke. – Ela disse de olhos fechados, irritada.
– O quê? – Ele parou de andar, franzindo a testa.
– Você mentiu pra mim! – Ela se levantou, indo até o Alfa, levantando o rosto, encarando-o. – Você mentiu! De novo! – Socou seu peito, sem se importar mais se teria alguma "consequência". – Como pôde? – Ela perguntou, indignada. – Eu gastei meu final de semana inteiro com você! E você disse que me ajudaria.
– Eu disse que te ajudaria com os caras que queriam machucar você. Aquilo foi uma brincadeira!
– Não foi uma brincadeira. – Ela disse. – Ele estava me tocando! – Falou entre dentes.
– Ele só queria assustar você. – Ele falou, desviando o olhar.
– Isso soa tão nojento quando ele. – Ela falou, olhando Sasuke com indignação. Afastando-se dele. – Ele me machucou!
– Não, Sakura. Você se machucou. – Sasuke andou na direcção dela, com o rosto sério, fazendo a menor recuar simultaneamente. – Ele estava brincando com você, você machucou ele e se machucou…
– Você é um babaca. – Ela o interrompeu. – Meu Deus, você é tão idiota. – Cobriu o rosto com as mãos, voltando a se sentar na cama. – Eu confiei em você…
– Sakura, eu não tenho culpa de você não conseguir lidar com uma…
– Sasuke, sai daqui! – Ela gritou, tampando os ouvidos com as mãos, o interrompendo.
Sua cabeça latejou fortemente e ela sentiu uma forte tontura por alguns segundos, enquanto Sasuke berrava alguma coisa que ela se negava a ouvir, na sua frente.
Alguém passou pela porta e Sakura levantou os olhos. Viu Sasuke dar as costas e puxar Ayumi pelo braço, saindo rapidamente dali.
Sakura se sentiu sufocada.
A enfermeira se aproximou dela, tentando ajudar com o ferimento na sua cabeça. Sakura se levantou, se desculpando e andando rapidamente para fora do cómodo.
Ignorou totalmente Sasuke e Ayumi parados no corredor e andou rapidamente na direcção contrária, sem olhar para trás, nem quando a mais velha a chamou.
Ela andou até a biblioteca, indo furtivamente até onde sua mochila estava antes. Ela não a achou em lugar algum. Respirou profundamente, tentando se acalmar.
Saiu de lá, e correu para a saída, inventando para o porteiro uma desculpa de que tinha autorização para ir ao médico. E saiu.
O ónibus da escola só sairia perto do meio dia, então não podia contar com ele. Ela não tinha dinheiro para o táxi. Todo dinheiro que tinha só dava para o seu lanche e infelizmente estava na sua mochila.
Ela ignorou o que vinham lhe dizendo durante a semana sobre não andar sozinha. E foi pelo mesmo caminho que encontrara com os Alfas no outro dia.
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– O que custava você ter mandado ele parar, Sasuke?! – Ela perguntou, fitando o irmão no banco de carona ao seu lado.
– Ayumi, não tinha motivo para isso…
– Sasuke… A mamãe já te contou pelo que a Sakura está passando? – Perguntou, se virando para ele, mas sem deixar de prestar atenção na estrada.
– Eu sei…
– Não, você não sabe! – Ela apertou o volante com força. – Sabe o que passou na TV, sobre aqueles homens terem machucado ela? – Sasuke assentiu, sem fitá-la. – Não foi só aquilo. Aqueles homens tentaram estuprar ela, Sasuke.
Ele prendeu o ar nos pulmões, olhando para a irmã de olhos arregalados, sem falar coisa alguma.
– Por que eles fariam isso? – Murmurou baixinho depois de um tempo, vendo ela trocar a marcha do carro. Um incómodo subiu em seu peito.
– Eu não sei. – Ela suspirou. – Mas ela tá bem mal com isso. E você deveria entender que esse tipo de coisa, mesmo que seja realmente uma brincadeira, não é legal, okay?
Ele suspirou, olhando pela janela para tentar encontra-la naquela rua.
Já tinham ido até os Mitsashi, e passado pela outra rua procurando por ela, mas nada da rosada.
Por causa do horário, as ruas estavam quase totalmente vazias, e mesmo assim, não haviam a encontrado.
– Ah, droga… – Ele virou o rosto para a Beta, olhando na mesma direcção que ela.
Havia alguém na calçada, sentada, encostada à parede. Eles souberam imediatamente de quem se tratava, por causa do cabelo rosa, e do tamanho do seu corpo.
Ela estava completamente encolhida, com as mãos protegendo sua cabeça, e Sasuke pode notar que ela tremia ligeiramente.
Eles saíram do carro, correndo até o outro lado da rua. Ayumi se abaixou ao seu lado, e a chamou, balançando-a levemente.
Sakura abriu os olhos verdes marejados, se encolhendo ainda mais.
– Eu n-não consigo andar… – Ela gaguejou, ao tentar falar, uma lágrima atravessou seu rosto. – Minha cabeça… – Deixou um pequeno soluço escapar, puxando levemente os fios curtos do seu cabelo.
Sasuke não conseguiu chegar perto dela, olhando para o outro lado, se encostando num poste.
Ele não conseguia respirar direito.
Sentia uma sensação de fraqueza que apenas piorava ao escutar o choro da menor.
Pela primeira vez, ele sentiu o peso da culpa.
Talvez se tivesse dito à Gaara para parar, Sakura não teria se machucado. Ele odiava a ideia de que, por um erro seu, Sakura estava ferida, sofrendo.
Doía saber que, novamente, a culpa era toda sua.
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