História Imagine JungKook - Apology - Cansada

Tive apenas um minuto de consciência, quando as minhas pálpebras levitaram automaticamente e senti o meu corpo ficar pesado e dolorido. 

― Vai ficar tudo bem. ― JungKook apertava a minha mão com força, estávamos dentro de uma ambulância de acordo com o teto e o banco. 

 Sentindo cócegas com o nebulizador em meu rosto. Arregalei os meus olhos em um susto, havia uma enfermeira com uma pinça enorme na mão. Eu estava assustada, observando o rosto perturbado do garoto ao meu lado e o barulho ensurdecedor da sirene do carro. Aquele barulho era música de fundo para a minha dor, quanto o meu ventre formigava e doía, quanto era assustador observar o soro pingando devagar. 

Desmaiei novamente com um último chacoalho na maca. 

o o o

― Eu sou um idiota ― ainda estava de olhos fechados, franzindo o cenho, tentando distinguir de quem era aquela voz. A minha mente estava vazia, totalmente branca, as minhas pálpebras estavam pesadas. ― Pabo, pabo!!

Mais uma vez franzi o cenho, até que consegui abrir os olhos e ser atingida por uma claridade anormal. Uma claridade em que tudo se compactava desfocado. Um desespero emergiu: estava morrendo, era isso? 

Aos poucos vou sentindo uma dor no meu ventre, mais leve do que a anterior, surgir e o aperto de antes afrouxar. O aperto que JungKook deu na minha mão. Encontrava-me numa sala branca por completo, uma máquina à  minha direita traduzindo os meus batimentos em ondas sonoras (estava em 89). O mesmo soro pingando irritantemente, olhei para baixo e eu estava com uma roupa que parecia avental. Era azul. Continuava com o nebulizador refrigerando o meu nariz, a única  coisa de diferente de antes é que estava em uma cama e com veias furadas por tubos conectados. Algo similar a um pregador estava no meu dedo. Até agora continuava com a cabeça deitada na almofada.

Olhei para Jung, que estava sentado em uma cadeira próxima à cama e com a cabeça afundada nos braços cruzados. Os seus ombros tremiam, a sua respiração vinha arqueada.

― Se eu tivesse ao seu lado você não sofreria tanto, ________. ― Movi a minha cabeça para o lado, sentindo a minha boca seca e uma fraqueza. Jung continuava de cabeça baixa, chorando horrores.

― Jung...Kook ― tentei formar o seu nome, mas sentia uma moleza extrema. JungKook levantou a cabeça com pavor no rosto, os seus olhinhos brilhavam vermelhos e a sua boca tremia. Ele se aproximou de mim, derramando mais uma lágrima, e depositou um beijo na minha testa fazendo-me fechar os olhos. ― O... que aconteceu? ― Perguntei, um pouco grogue e tentando decifrar tudo.

Nesse momento, não existia raiva nem nada demais, o desespero de pensar em nunca mais vê-lo dispersou tudo isso. Queria saber como ele estava, queria reparar as coisas entre nós.

― Durma, por favor, vou chamar Yoongi para lhe explicar tudo. Descansa. ― Kook acariciou o meu rosto e saiu do cômodo relutante, dando uma última olhada entre a porta para me checar.

Depois de dois minutos, sentindo sono ao encarar o soro pingando lentamente, dois minutos que pareciam séculos, um Yoongi com olheiras e descabelado adentra em um vento acompanhador. Sentou-se ao meu lado, pigarreando e evitando olhar para mim.

― Pode me explicar? ― Indaguei para ele, enquanto Kook entrava e fechava a porta com cuidado. Ficou em pé, observando o meu interesse. 

― Kook não me deixa explicar tudo... ― disse em um suspiro longo.

― Yoongi ― sibilou Kook atrás dele, Yoongi ignorou-o e fitou a minha barriga coberta pelo lençol.

Revezei em olhar para Jung e o médico várias vezes, tomei uma decisão:

― Não sou um bebê, Kook ― apenas em falar este epíteto, senti a minha garganta fechar. Engoli em seco percebendo que não teve nenhum efeito, mas senti o clima pesar. ― Tenho o direito de saber, por favor... ― implorei.

― Yoongi, não fala agora... ― Jung avançou passos moderados até ele, enquanto o médico decidia. Ele falava como se eu não estivesse ali. ― Ela precisa descansar, precisa de não ter estresse.

― A decisão é dela, não posso fazer nada. ― Yoongi continuava calmo, mas apertava as suas mãos em nervosismo.

― Dá para me dizerem? ― Continuava confusa e fraca, tentando tirar forças do universo para falar.

― Lá vou eu... ― Yoongi respirou mais fundo, remexendo-se na cadeira e desarrumando o seu cabelo com uma mão. ― Você estava com um tumor, ele ficou grande demais... provavelmente o tumor foi culpa do médico que te operou. Deve ter mexido aonde não devia... ― fiquei horrorizada, em estado de choque. Jung escondia o seu rosto na mão, andando em círculos como se tivesse ouvindo pela primeira vez. Yoongi tentava não olhar para mim, olhando para as suas próprias mãos. ― Tivemos de tirar o seu útero... mas você terá que tomar remédios. 

― Espera... ― fiquei sentada na cama em um susto, com os olhos abertos. Senti a minha barriga doer. Yoongi deitou-me.

― Não faça isso, os pontos ainda são recentes... além do mais, só faz um dia que está em coma. 

― E-Eu fiquei em coma? ― Jung saiu do cômodo, como se não tivesse aguentando o que estava vendo. O meu coração parou, a minha respiração vacilou. As minhas palavras tinham dificuldade de se posicionarem na fila ordenada. ― Tiraram o meu útero... c-como? ― Os meus olhos enxeram. ― E-Eu... E-Eu...

―  Deixe tudo comigo, _________. ― Yoongi tentou tranquilizar-me, mas a minha mente não conseguia digerir. ― Deve estar cansada, sim? Aqui... ― Pegou um copo d’água e um comprimido... ― Tome ― acenou com a cabeça enquanto as lágrimas caiam.

Não sabia se chorava de felicidade ou de tristeza. Apenas não sabia.