História Imagine Kai - Capitulo 25

KAI

Não espero Marcos falar e saio do apartamento correndo em direção ao meu carro.

Acelero para o hospital, pulando lombadas e sinalizações. Quando chego mal tranco o carro e já corro para dentro do hospital e encontro o resto do pessoal, todos assustados e perdidos.

- Kai!- Sana pula ao me vê.

Olho para o chão.

- Onde ela está?- pergunta Chen.

- Ela... Marcos mandou ela para Londres.- digo e meus olhos ardem.

- Ele o quê?- grita vó Edith surgindo do meio do pessoal.

- Ele a mandou para lá. Ainda hoje ela estava aqui, fui em casa tomar banho e quando estava saindo ele me disse que ela estava a caminha de lá.- digo sentindo meus olhos cada vez mais cheios de lágrimas.

Vó Edith passou por mim como um vulto e saiu do hospital.

Zico se aproximou de mim e eu não consegui me segurar. Abracei ele e chorei. Eu sabia que não devia ter voltado para casa!

Depois de me acalmar me sento e respiro fundo.

Sem avisar ninguém eu vou para casa e passo por Marcos indo direto para o meu quarto.

Pego uma pequena mala e coloco coisas necessárias para dois dias. Pego a mala e desço as escadas.

- Vai aonde, Kai?- Marcos pergunta após eu ter aberto a porta e estar prestes a sair.

- Londres!- digo e bato com força a porta do apartamento. Ele não vai me impedir de trazer a S/ap de volta!

MARCOS

Ele não vai conseguir chegar até ela.

LIGAÇÃO ON

- Ele está indo para Londres.- digo.

- Ele está o quê?- ele praticamente ruge.

- Kai acabou de sair de casa dizendo que vai para Londres. Com certeza vai atrás de S/n.

- Ok.

- Ok? Ele vai atrás dela e você diz “OK”? Eu espero que esse “ok” não seja sinal de fumaça, porque se você matar meu filho eu transformo a sua vida num inferno!- rujo.

- Não vou matá-lo. Fique tranquilo.

- Acho bom mesmo.

LIGAÇÃO OFF

KAI

Chego ao aeroporto e compro a passagem para o primeiro voo rumo a Londres.

Depois de alguns minutos despacho a minha mala e meu voo é chamado.

“ Atenção passageiros do voo 2775 com destino a Londres, primeira chamada para o embarque. Favor comparecer no portão 9. “

Me levanto rápido da poltrona e caminho em direção ao portão indicado.

Entro no avião e procuro meu assento e assim que o encontro me ajeito.

Pronto, Kai. Agora se acalma. Serão longas horas de voo e não tem nada que você possa fazer para mudar isso, então se acalme.

Fico com a cabeça abaixada e os olhos fechados por um longo tempo, até que ouço uma voz familiar me chamar.

- Kai?

S/N

Acordo e sinto que não estou no meu quarto e nem no quarto do hospital. Olho ao redor e percebo que estou em um quarto com um designer diferente.

- Oh meu amor!- minha mãe se aproxima sorrindo.

- Mãe, onde estamos? Cadê o Kai?

- Sshii. Não se preocupe, meu bem. Kai está bem e onde estamos você descobrirá em breve. Mas você precisa descansar.- ela diz e eu a encaro desconfiada.

- Mãe, onde estamos?- pergunto pausadamente.

- Estamos... Estamos em Londres.

- O quê?- grito.

Meu pai não seria capaz de me mandar para cá só por causa do Kai, seria?

- Meu amor, se acalma. Você vai ficar aqui por um tempo só para fazer um intercâmbio, seu pai pensou que faria bem para o seu futuro.

- E ele não me pergunta se quero? Tipo... Eu agradeço por pensarem no meu futuro, mas como sabem que eu queria isso, ainda mais agora?- pergunto nervosa.

- Filha, se estiver falando do Kai, fique tranquila, ele virá te visitar. Quanto a isso fique despreocupada.

- Não! Não é só isso! Eu acabei de perder meu filho, meu psicológico ainda está abalado. E mais, como vou me virar aqui? Eu tinha o básico do básico do inglês na escola e até eu aprender e me acostumar com a comunicação deles eu vou...

- Sshii. Eu estarei com você, meu anjo. Mamãe está aqui para te proteger e te ajudar. Está bem?!- ela diz afagando meus cabelos, tentando me acalmar.

Suspiro.

- Ok.

Ela sorri para mim e eu sorrio de volta.

- Sério mesmo que Kai vem me ver?- pergunto esperançosa.

- Sério mesmo!- ela diz sorrindo.

Sorrio também e me ajeito na cama.

Então me lembro e meu sorriso some. Meu filho. Sei que eu sou totalmente nova para ter um bebê, mas do mesmo jeito, era uma vida.

Deve ser incrível saber que um ser está se desenvolvendo dentro de si. Um presente que Deus deu e uma oportunidade dada por Ele de aumentar a felicidade da família e trazer mais uma vida ao mundo quem sabe...para fazer a diferença?!

Sei que crianças dão trabalho, requer cuidados e muito mais, mas eu queria! Infelizmente não foi possível, eu só espero que isso não me prejudique no futuro.

Respiro fundo algumas vezes tentando acalmar o coração com a tristeza que me invade. Mesmo querendo esquecer eu não consigo. Fico tentando imaginar como essa criança nasceria. Puxaria a mim ou a Kai? Seria menino ou menina? Que nome eu e Kai daríamos?

São perguntas que por enquanto eu não vou saber a resposta.

Fecho meus olhos e penso em Kai. O que será que ele faz agora? Será que está pensando em mim.

KAI

Levanto a cabeça e não acredito em quem eu vejo.

- Como vai, Kai?- me pergunta sorrindo.

- Bem, e você?- pergunto me fazendo indiferente ao assunto.

- Bem também. Vai fazer o que em Londres?- ela me pergunta.

Não confio nela o bastante para dizer, na verdade não é “O Bastante” simplesmente não confio.

- Passeio.- respondo apenas.

- Ah! Ótimo! Eu também!- ela diz e solta uma de suas risadas ridículas e falsas.

- Nossa! Que máximo!- digo sem ânimo, olhando para janela.

- Poderíamos ficar juntos durante a viajem, né?!- ela diz toda eufórica.

- Não!

- Ah, Kaizinho, qual é!

- Não me chame de Kaizinho!- rujo olhando para ela.

- Tudo bem. Não chamo.- ela diz levantando as mãos em rendição.

Viro meu rosto para janela novamente e volto a pensar na minha pequena.

Se Evelyn não estava em casa e nem no hospital é porquê...Ela foi junto! Ela disse que cuidaria dela! Disse que ficaria de olho e que eu poderia confiar nela.

Ela blefou.

Eu sou muito burro mesmo.

- Sim, Kai a gent...

- CALA A BOCA, NITA!