(S/N)
Durante a tarde o clima pesado passou em um piscar de olhos, sua surpresa ao ter aparecido em casa não tinha sido esperado por minha parte e vê-lo abatido foi ainda mais preocupante. Não tive muita reação e deixei com que minha intuição falasse alto, quando aí decidiu desabafar comigo sobre tudo que havia prendido dentro de seu peito e caramba... Eu não sabia o que dizer.
Chocada com tamanha bagunça que estava sua vida tentei transparecer firme para ele quando na verdade estava pasma e sem palavras por dentro. Como as pessoas podiam ser tão crueis quando é levado pela ganancia, esquecendo das consequências de seus atos e trazendo infelicidade para quem deveria dar amor e carinho, poderia parecer loucura pensar desta forma mas se Taehyung não tivesse outras alternativas para ocorrer eu o entenderia de ter escolhido logo o pior caminho. O da babaquice e das bebidas.
Recusava pensar que em sua vida toda teve que aturar gente tão nojenta no mesmo teto, tem pessoas que são exsessões nessa história mas isso não era relevante agora. Taehyung definitivamente precisava de uma pessoa para que pudesse ter a confiança de tê-la consigo para quando realmente precisar, alguém com que pudesse contar sem medo e definitivamente eu seria essa pessoa. Já havia decidido isso no mesmo momento em que o beijei apaixonadamente, vendo no ato o quanto amava aquele garoto e como esse sentimento esta assustadoramente crescendo dentro de mim cada dia que passa.
Fiz o que podia de melhor mesmo sendo horrível em dar conselhos, dei meu total apoio e força e decidir mudar completamente de assunto para anima-lo, aos poucos reparando em seu semblante tristonho foi desaparecendo aos poucos durante um papo discontraido. Diria que o bolo em que comemos durante esse tempo foi praticamente um remédio para que tudo voltasse a fluir bem, o tive certeza quando começou a se soltar mais.
– Está chovendo? – franzi as sobrancelhas quando ouvir ruídos característicos perto da janela.
Me levantei da cadeira para olhar o lado de fora, observando o movimento da chuva começar a ficar mais forte.
– Não estava com cara que iria chover hoje. Estranho... – Taehyung disse logo atrás.
Apoiei minhas mão na mármore da pia ainda de olho no lado de fora.
– Está virando quase uma tempestade, será difícil para você ir pra casa agora. – virei o rosto o suficiente para fita-lo, vendo-o se acomodar descaradamente mais na cadeira com seu modo desleixado.
– Não acho ruim essa ideia. – deu de ombros. – Pra falar a verdade até gostei dela. – piscou para mim.
Ignorando a sua indireta voltei para mesa onde peguei meu prato sujo e fiz um gesto com o seu prato.
– Irá comer mais?
– Não.
– Passa aí. – estendi a mão quando estendeu o prato sujo e voltei pra pia.
– Já que não tenho outra escolha a não ser ficar por aqui, tem algo em mente para fazermos? – ouvir sua pergunta de longe enquanto lavava nossa louça, identificando o seu famoso tom de quem iria aprontar algo.
– Não tem muita coisa para fazer aqui em casa, no máximo assistir um filme na sala. O que acha?
Terminando de enxaguar o último talher esperei por sua resposta que não chegou tão logo, o que achei estranho por poucos segundos. Colocando no escorredor senti duas mãos encaixarem em minha cintura rodando minha barriga carinhosamente, um selar demorado foi depositado em meu pescoço amostra e uma respiração quente bateu nos poucos fios soltos do meu coque frouxo balançaram, um arrepio gostoso tomou meu corpo e o aperto de seu braço em volta de mim ficou mais forte. Pelo canto dos olhos pude vê-lo se aproximar e um beijo demorado em minha bochecha esquerda fez meu rosto esquentar, olhei para ele e acabei me derretendo ainda mais assim que seu sorriso quadrado brilhante pareceu ainda mais lindo de perto.
Sorri de volta para ele um pouco envergonhada por não estar esperando tal ato naquele momento, e como se não bastasse como havia deixando-me apenas em algo pequeno sem graça ele me solta algo que faz meu coração acelerar.
– Minha namorada tem o sorriso mais lindo do mundo.
Demorei pra raciocinar o que tinha acabado de falar, foi tão espontâneo escutar aquilo vindo dele que soltei uma risadinha por conta de sua fofura. Virei-me de frente para o mesmo sem desprender suas mãos de mim e joguei meus braços em volta de seu pescoço, sem pensar duas vezes selei nossos lábios calmamente.
Sem saber que era agoniante ou boa a sensação de meu coração palpitando fortemente contra meu peito me entreguei por completa, deixando com que a velocidade de nossas bocas fossem sem pressa aproveitando a forma como se encaixava perfeitamente um no outro. A língua foi introduzida um tempo depois sem deixar o clima romântico ser apagado mas inserindo um toque há mais em nossa afobação, Taehyung prendeu-me entre ele e a mármore da pia e pressionou seus quadris em mim, agarrei os fios de seus cabelos e em um instante fui suspensa em seu braços.
Taehyung colocou-me sentada na mesa afastada dos objetos e alimentos, seu corpo debruçou um pouco contra meu corpo fazendo-me ficar um pouco inclinada também, passou as mãos prolongadamente sobre minhas coxas e subiu alguns minutos depois para o quadril, invadindo a minha pele por baixo da camiseta fina pressionando os dedos ali. Meu pescoço agora era o seu alvo, sua língua quente fazia um percurso em minha lateral arrancando minha razão de uma vez, apertei seus ombros pelas ondas elétricas por todo meu corpo e arfei contra seu ouvido quando pressionou novamente seu quadril em mim acertando o centro de meu prazer.
Um pouco tonta com nossos amassos praticamente empurrei o peito de Taehyung pra longe assim que escutei a porta da entrada de casa sendo aberta:
– Filhaa! Cheguei!
Desesperada sai rapidamente em cima da mesa, Taehyung tentava se controlar em rir não alto enquanto me recompunha ajeitando a camiseta em meu corpo.
– Quem imaginaria que ia chover em um tempo desses, acabei me atrasando. – disse toda afobada ao entrar na cozinha e parou quando notou a presença do garoto ao meu lado.
Ficamos calados por um tempo sem o que dizer.
– Éééé... Lembra do Tae mãe? – pigarreei quebrando o clima esquisito.
– Claro, já faz um tempo que não te vejo rapaz. – soou simpática mas não deixando de estar surpresa com sua presença.
– É bom ver a senhora também. – Taehyung curvou-se um pouco sem graça pela situação.
– Desde quando está aqui? – olhou para o relógio ainda confusa.
– Taehyung apareceu por conta da chuva mãe. – arranjei a desculpa mais esfarrapada do planeta apenas para não cortar meu pescoço depois por ter ficado tantas horas com um menino sozinha em casa.
– Ah sim! Entendi. Acho que terá que esperar mais um pouquinho, como pode ver quase que peguei a pior parte da tempestade. – riu ao mostrar suas roupas com partes molhadas.
– Não tem nenhum problema eu esperar aqui?
– Não sou doida de manda-lo ir embora nesse tempo, fique o quanto quiser a casa é sua.
Nesse exato momento ela direcionou seu famoso olha, aquele que eu sabia que teria que lhe explicar tudo que havia acontecido ali. E eu definitivamente devia isso a ela já que não é de meu costume trazer pessoas para casa, no máximo Sulli que já estava acostumada.
Despedindo dela dizendo que ficaríamos vendo filme no meu quarto – sabendo que a sala seria tomada completamente por ela – subimos para o outro andar, a primeira coisa que Taehyung fez ao entrar no cômodo foi se jogar na minha cama e começar a rir igual a um doido.
– Essa foi quase! – expeli entre dentes baixo para ele fechando a porta.
– Eu não acredito que sua mãe ia nós ver quase trasando na mesa dela. – olhou para mim ainda rindo.
– Aquilo nem era para ter acontecido okay! Seu Kim Taehyung!
O mesmo ficou apoiado aos cotovelos e me soltou o sorrisinho mais sacana que podia:
– Então por que não me parou?
– Porque simplesmente não dava?! – soltei sarcástica soando obvia.
– Você tava gostando por isso não fez nada para me parar.
– Como tem tanta certeza assim? – soltei caminhando em direção a escrivania pegando o notebook.
– Ei! – chamou e olhei para ele – Eu sempre sei. – piscou em minha direção.
– Idiota. – ri sem aguentar o tamanho de seu ego, negando com a cabeça – Vamos lá o que vai querer assistir? – sentei na cama bem ao seu lado levantando a tela do notebook e ligando o aparelho.
– Tanto faz, não vou assistir mesmo. – soltou chegando próximo ao meu colo para inalar meu cheiro, recuei quando sentir arrepios com ele perto e o empurrei de leve.
– É sério vai. Minha mãe tá daqui.
– Tudo bem. – sorriu abraçando minha cintura e chegando mais perto de meu corpo – Um filme agitado, de preferencia um que me deixe acordado. – brincou.
Demorando alguns minutos para em fim procurar algo que ambos nós dois gostássemos passamos o resto da tarde naquela calmaria, deitada em seu peito trocamos carinhos pequenos tentando não passar sobre isso. Taehyung carinhosamente mexia em meus cabelos e de vez em quando alisava minhas costas enquanto estava agarrada em seu tronco, e desta forma passamos a tarde.
~~.~~
O dia seguinte eu voltei para a rotina velha que incluía acordar cedo para o colégio, fazendo minha higiene e vestindo meu uniforme como de costume passei as primeiras aulas focada na explicação do professor, ou ao menos tentando eu diria. Meus pensamentos voavam longe em coisas pequenas ou apenas ao nada e quando dei por mim, o intervalo chegou rapidinho.
– Preciso falar com você. – falei baixo perto suficiente para que me escutasse.
– Sobre? – questionou confuso.
O gramado do campo estava mais alto do que dá última vez, geralmente Sulli e eu passávamos o intervalo todo isoladas de todo mundo e adoramos a visão do céu daqui. As vezes esquecíamos do tempo e atrasávamos muito para voltar na sala, quando isso acontecia só voltamos pra aula assim que trocava os professores, o que quase nos rendeu a uma bela bronca um dia desses.
Sentados no chão protegidos pela sombra da árvore, seria ali que passaria o tempo de novo.
– O que queria me falar ______?
– Ah... – pigarreei esquecendo que a parte mais difícil seria agora – Por onde eu começo mesmo?
– Espera. Se for o que estou pensando pode parar de graça.
– No que está pensando? – perguntei.
– Taehyung já me disse que estão juntos.
Hã?! Como assim?!
– Q-quando isso? – balbuciei em um colapso mental.
– Foi uns dias atrás, encontrei com ele quando estava voltando pra casa e como ele estava de carro me deu uma carona.
Taehyung não tinha carro e ele já falou que detestava dirigir o do seus pais, então só queria dizer que teria sido no mesmo dia em que me declarei a ele que até acabou levando-me pra casa de carona, provavelmente quando estava voltando pra sua casa.
Conter o riso soprado pela forma que estava realmente empolgado com nosso relacionamento que não pensou duas vezes antes de dizer para JungKook ao encontra-lo de primeira havia me deixando sem jeito. Definitivamente era uma boba quando se tratava dele.
– Inacreditável! – neguei com a cabeça ainda com o sorriso no rosto.
– Era essa a novidade mesmo?! – ergueu as sobrancelhas em deboche – Bem previsível.
– Ainda não acredito que ele não me disse que tinha lhe contado, devo desconfiar agora que contou para todas as pessoas que via pela frente sobre nós dois. – brinquei.
– Esse é Taehyung.
Gargalhamos.
– Se já sabe então não precisava ficar formulando uma resposta curta e rápida sobre como isso foi acontecer. – soltei aliviada.
– Eu imaginava que esse dia ia chegar, ninguém provoca tanto uma garota e nem a garota cria tanto ódio pelo garoto sem ter outra coisa rolando.
– Como pode ter certeza disso? – franzi o cenho olhando-o em julgamento.
– Sou um bom observador e os dois cabeças duras são meus melhores amigos, acho que já é uma justificativa boa certo?! – respondeu e eu dei de ombros.
– Até que pode ser.
Eu estava preocupada em revelar isso para ele justamente pelo mesmo saber que eramos como gato e rato, na minha cabeça ele acharia estranho essa mudança brusca mas como sempre virou motivo de suas piadas bobas. Mas ainda sim estava surpresa pelo Taehyung ter contado para ele tão cedo assim, mas de certa forma estava agradecida por isso porque poderia ser pior caso precisasse contar por mim mesma.
Parando aos poucos nesse assunto uma coisa de repente veio a minha mente e não saiu durante os minutos em silêncio que teve entre nós dois a ponto de me deixar agoniada.
– JungKook. – não aguente e o chamei.
– Hum?
– Preciso te perguntar isso eu não aguento mais. – soltei ficando ajoelhada – Esteve falando esses dias com Yoongi?
JungKook claramente ficou incomodado com minha pergunta, e eu sabia que era por conta de estar perguntando sobre um ex.
– Estive... Por que?
– É que... Esses dias eu encontrei com ele de novo e digamos que não foi numa situação muito boa.
– Me explica isso direito _____ – disse interessado trocando de posição ficando agachado com o apoio das pernas.
Suspirei.
– Ele tinha um roxo e cortes na cara e estava furioso, não pensei duas vezes em ir até ele quando sair de uma mercearia, perguntei se tinha sido aquele ogro que encostou nele de novo e ele confirmou pra mim.
– Como assim?! – JungKook estreitou os olhos.
– Ele fez alguma coisa errada Kook... Ele disse que tinha dado o troco desta vez, e eu não paro de pensar na provável merda que tenha feito por conta de perder a cabeça de novo. – soltei preocupada demais para não demonstrar nenhum interesse ou de amargura.
– Mas ele pode ter feito nada, já pensou nisso?
– Sim mas... – abracei meu corpo – Estou com um mau pressentimento desde aquele dia.
JungKook crispou os lábios bagunçando os cabelos.
– Aquele idiota não pode ter feito nada demais, me recuso a querer imaginar o pior dele, mas Yoongi-hyung voltou muito mudado. – suspirou pensativo.
– Se tiver contato com ele chame-o para conversar, tenta tirar alguma coisa dele.
– Sim claro! Irei fazer isso. – piscou atordoado – Mas não tenho certeza que ele irá me contar alguma coisa _____.
– Obrigado. Tomara que não seja nada para se preocupar...
JungKook analisou-me por um tempo que só foi quebrado assim que o sinal tocou. Levantei com certa preguiça de voltar pra sala e bati no tecido da saia.
– Temos que ir. – bufei.
– Espera!
Cessei os passos e virei para trás, JungKook em um movimento rápido levantou-se do chão repetindo o mesmo ato que o meu só que em suas calças – retirando o que estava sujo – e colocou-se ao meu lado.
– Ainda gosta do hyung?
Ao ouvir aquilo acabei engasgando com uma corrente de ar.
– Ei! – pôs suas mãos em minha costas afim de ajudar – Calma aí.
Engoli em seco assustada com a pergunta:
– Como me pergunta isso se sabe que estou com Taehyung? – questionei indignada.
– Você pode muito bem estar com uma pessoas ainda gostando de outra. – soltou simplista e eu fiquei pasma – Não respondeu a pergunta. – ergueu uma sobrancelha.
– Eu gosto sim Kook, mas não do jeito que está pensado. Não como antes.
JungKook permaneceu fitando-me como pensasse se poderia confiar naquela afirmação ou se deveria ficar com o pé atrás. Durou poucos segundo e ele voltou pra sua postura normal.
– Beleza. – foi tudo que disse.
Praguejei mentalmente por não transparecer firmeza em minhas palavras, não estava esperando uma pergunta daquelas. Mas no fundo eu ainda me importava com Yoongi só que da maneria que me preocuparia com meus amigos ou familiares, eu amava Taehyung e seria difícil que esse sentimento desaparecesse principalmente por conta de um amor passado.
Porque o que já passou... Passou e eu decidir seguir em frente de outra maneira.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.