História Imagine Uchiha Madara - A guardiã

Acho que no fundo só temos medo de perder aquilo que nunca conquistamos, e uma parte de mim sentia que isso poderia acontecer, porque magoar alguém que só queria seu bem e que o único erro foi te amar? Não faz sentido...

- Ele não disse mais nada? - sinto os olhos de ambos em cima de mim enquanto me disfarço em lágrimas, minha voz está embargada.

Hashirama: Não... - a voz dele parecia estar a quilômetros de distância.

Tudo bem...

- Pode me fazer um favor? - encaro Hashirama.

Hashirama: O que quiser. - seu semblante é sério, talvez queria passar a segurança que não tenho, talvez meu erro tenha sido esse, encontrar o conforto em alguém inconstante, porque tudo soa tão dramático agora? Eu sou mesmo uma tola. Retiro o colar do meu pescoço, e em seguida tento remover o anel do meu dedo que por algum motivo insiste em não sair, talvez minhas mãos estejam inchadas ou só estou relutando em não fazer...

- Devolva isso... - não consigo olhá-lo, percebo que hesita em pegar os objetos.

Hashirama: Tem certeza? Eu nem sei o que dizer...

Tobirama: O desgraçado é mesmo um covarde!!! - esbraveja dentro da sala, segundos depois um barulho estrondoso de madeira se estilhaçado me chama atenção, quando olho vejo a mão dele sangrando e a mesa estilhaçada no meio. - Eu vou matá-lo!

Eu concordo ao menos teve coragem de falar diretamente comigo...

Hashirama: Ninguém vai matar ninguém! - grita, ele quase nunca altera o tom de voz, isso significa que ele está tão estressado quanto o irmão.

Tobirama: Você acha isso justo!? Primeiro ele toma um acordo que não deveria ser dele, não cumpre com o combinado e ainda a abandona grávida?

Hashirama: Tem que haver uma explicação...

Tobirama: Eu vou caça-lo como nukenin, como o traidor que ele é!

Hashirama: Isso não é sobre você!!!

Tobirama: Nem sobre você! - sinto os dois chakras se elevando dentro da sala.

- Já chega!!! Parem. Não vale a pena... - me levanto e vou em direção a porta.

Tobirama: Pra onde vai, me deixe acompanhá-la... - apenas aceno com a cabeça e abro a porta.

Durante o caminho nada mais é dito, o vento sopra frio, o dia está nublado, sinto algumas gotas de água e nem sei mais se são lágrimas ou a neblina da chuva que está por vir, o que me difere delas? Das mulheres que foram perdidamente apaixonadas por ele, Hanabi, Ya e tantas outras que se quer fiquei sabendo da existência, agora sou exatamente como elas, frustrada e magoada, não deveria ter largado tudo e saído de casa, deveria ter esperado outro casamento forçado com alguém aleatório. Não deveria ter deixado ele entrar tão facilmente na minha vida, como eu fui burra, afinal de contas era pra ser uma união de interesses, uma via de mão dupla...



(...)



Tobirama: O que vai fazer agora? - talvez sentar em posição fetal e chorar até desidratar?

Paramos na entrada do distrito.

- Eu acho que vou pra casa... - seu semblante é de preocupação.

Tobirama: Tudo bem, eu acompanho você.

- Não, pra minha casa, minha terra, meu país. - me olha surpreso.

Tobirama: Não pode ir embora...

- Não quero ficar aqui na casa dele, nas terras dele, sobre o domínio dele, se quer tenho a cidadania de um morador de Konoha.

Tobirama: Vamos conversar em outro lugar - segura em minhas mãos enquanto olha ao redor e percebo que várias pessoas do clã Uchiha observam e cochicham, vontade de mandar todo mundo ir se fuder! Em um piscar de olhos ele nos teletransporta dali, quando noto estamos em uma pequena casa no meio da floresta.



>> Autora POV <<



Tobirama a acompanha para dentro da pequena casa, a passos lentos ela entra, seu semblante é de tristeza e ele se quer sabe dizer como se sente ao vê-la assim. Ao entrar ele a guia em direção a um sofá de dois lugares onde se senta e a puxa para seus braços.

Tobirama: Não quero que pense muito nisso, nem no que vai fazer agora, apenas coloque pra fora, deixe sair... - ela entendeu o que ele quis dizer, mas não o fez, apenas permaneceu imóvel com o olhar fixo no chão. - Eu sei que o ama, e por muito tempo isso me incomodou porque eu nunca achei ele merecedor de nada, mas não precisa regredir e voltar pro seu país, você construiu uma vida aqui, conquistou amigos, tem um trabalho... se não quer voltar pra casa dele tudo bem, venha morar comigo, more conosco até se sentir bem, ou sozinha se preferir, mas não vá embora... Não quero que se sinta sozinha, até porque não está, eu estou aqui e sempre estarei como era pra ser desde o início - a cada palavra dita ele a aperta um pouco mais em seus braços - Serei o que precisar que eu seja, o que quiser, amigo, pai, marido ou simplesmente nada, mas não sairei do seu lado - as declarações soavam mais como palavras de conforto, mas no fundo ambos sabiam que não era só isso - Eu faço o que você quiser que eu faça... - depois disso ela começou a soltar lágrimas mais grossas, seu choro ecoava pela sala e segundos depois se ouvida ao redor da casa, o choro da dor de ter um coração partido, Tobirama nunca se sentiu assim por ninguém, mas quando a olhava sabia que a única pessoa que poderia fazer isso com ele, seria ela.

Os dias seguintes foram assim, chorando nos braços dele por incontáveis horas, ter ele por perto tornava a dor mais suportável, pois ele sempre tinha algo reconfortante para dizer, a pesar de ela achar que nada ocuparia a lacuna aberta em seu coração, aos poucos a rotina foi voltando, depois de passar algumas semanas com os Senju achou melhor voltar pra "casa" não porque amava muito aquele lugar, mas porque Yuki ia visitá-la todos os dias e pedia para que ela retornasse, em resumo a maioria das pessoas não sabiam o que dizer, fora tudo tão repentino e inesperado. Em pé do lado de fora do quarto dele, não consegue entrar e ao seu lado Izuna apenas observa em silêncio.

Kaori: Vou ficar no quarto de hóspedes... - diz se virando pra ele.

Izuna: Eu carrego suas coisas pra lá. - força um sorriso, e então ela se dirige para o outro cômodo.

Yuki: Está ansiosa? - diz parado na porta.

Kaori: Para que? - abre os braços enquanto ele corre e a abraça gentilmente acariciado sua barriga.

Yuki: O casamento do tio Hashi e da tia Mito... - ela começa a pensar e nota que ele tem razão.

Kaori: Eu havia esquecido...

Izuna: Você vai? - olha para a barriga enorme de oito meses dela.

Kaori: Vamos fingir que não está me achando inválida - semicerra os olhos.

Izuna: Não estou, mas vai ser cansativo... - coça a cabeça.

Kaori: Eu sei, mas não ficarei para a festa.

Izuna: Os móveis do quarto dos bebês chegam semana que vem.

Kaori: Já não era sem tempo... - Izuna se aproxima e se abaixa fazendo um carinho ao lado do seu filho.

Izuna: Não vejo a hora de tê-las aqui. - sorri.

Kaori: Eu espero que você saiba trocar fraldas - ele faz uma cara de nojo e Yuki ri.



(...)



Durante a madrugada enquanto ela não consegue dormir Jaya começa a estabelecer uma conversa.

Jaya: Está pensando nele de novo... - Kaori se assusta com o pensamento da Deusa.

Kaori: Não estou...

Jaya: Está mentindo pra si mesma.

Kaori: Então você fala? - o tom de seu pensamento é irônico.

Jaya: Está fugindo do assunto, o fato é que você o ama.

Kaori: Vou dormir!

A deusa ri.

Jaya: O amor é a pior das desgraças, nos faz acreditar em um futuro irreal.

Kaori: Não diga...

Jaya: Saudades de quando vocês humanos me respeitavam e beijavam meus pés.

Kaori: Engraçadinha...

Jaya: Tenho um presente pra você.

Kaori: Espero que seja um sonífero, preciso dormir ou vou acordar mais inchada do que já estou.

Jaya: Está quase completa, amanhã saberá.

Kaori: O que é? - segundos depois a Deusa não responde.

Kaori: Fala sério!



(...)



O dia amanhece e a princesa é acordada pelas janelas sendo abertas subitamente, enquando seus olhos tentam se acostumar com a claridade consegue ver perfeitamente a silhueta dele abrindo as cortinas, a visão dura apenas dois segundos quando se sobrepõe a visão de Tobirama.

Kaori: Tobi... ?

Tobirama: Está atrasada! Estamos atrasados... esqueceu que somos padrinhos? - o homem faz uma expressão de preocupação.

Kaori: Primeiramente bom dia, segundo isso são modos de acordar uma princesa e pior ainda uma princesa grávida!?

Tobirama: Vamos, baixinha...

Kaori: Eu odeio você e essa sua mania de querer chegar nos lugares antes de todo mundo. - se levanta resmungando e vai em direção ao banheiro e começa o seu banho.


>> Autora OFF <<



Estou em frente ao espelho terminando de escovar meus cabelos pacientemente, estou pronta só falta calçar algo confortável, meu vestido é em tom azul bebê, seu tecido é leve e ele é longo, a maquiagem é suave, eu e Mito escolhemos juntas as cores das roupas dos padrinhos em tons pastéis, Tobirama está usando um terno da mesma cor que eu, mas a gravata é preta, e me pergunto se ele conseguiria ficar feio usando um saco de lixo, sorrio com o pensamento.

Tobirama: Você sabe que a Mito vai nos matar se não chegarmos a tempo não é?

- Porque não me ajuda a calçar as sandálias? - ele bufa e pega a caixa em cima da cama e se abaixa as colocando delicadamente nos meus pés.

Tobirama: Mais alguma coisa, vossa majestade?

- Por enquanto é só.



(...)


Durante o trajeto até a capela observo as ruas principais arrumadas, flores brancas e vermelhas enfeitam o lugar, por um minuto penso que Hashirama queria fazer um casamento duplo, talvez demore mais para esquecer alguém totalmente...


Tobirama: Ele não vem... - sou puxada para a realidade.

- O que? - estamos na entrada da capela e algumas pessoas já estão lá, inclusive o Hashirama que está lindo de morrer, o contrate da sua pele morena com o tom branco do terno deixou ele ainda mais atraente, sem duvidas Mito é uma mulher de sorte, estou feliz por eles.

Tobirama: O traidor.

- Melhor assim. - caminhamos e vejo que ele já está com os olhos marejados, se posicionamos ao seu lado no altar, ele me abraça e depois ao irmão.

Tobirama se aproxima de mim sussurrando algo.

Tobirama: Sabia que há boatos de que trocou o Uchiha por mim?

- Bom, assim fico fico taxada como vadia e não como abandonada - nos dois rimos.

Minutos depois o silêncio se instala na capela e uma música com uma melodia romântica começa a tocar, a passos lentos usando um lindo vestido branco ela entra, o branco do véu contrasta com seus lindos cabelos ruivos, ela está incrivelmente linda, Hashiarama está encantado, os olhos dele transmitem amor, consigo sentir as lágrimas descerem em meu rosto, Tobirama me cede um lenço enquanto segura minha mão.

Tobirama: Podia ser o nosso... - e pela primeira vez eu imagino essa possibilidade...

- Não me casaria com alguém tão mau humorado. - ele ri. A lembrança que Madara me mostrou aquele dia, de uma família feliz era mentira, eu não consigo esquecer de nada, nenhum dia, nem como seus olhos me olhavam com admiração, nem como ele me olhou com frieza quando partiu...


Hashirama: Eu nunca imaginei que uma mulher tão linda fosse aceitar se casar com um cara como eu - fala sério, ele não tem espelho em casa? Todos riem - brincadeiras a parte, eu nunca imaginei que seria tão feliz como sou ao seu lado, você é a personificação da bondade de uma força maior na terra, é meu poço de calmaria, prometo te amar até meus últimos suspiros, prometo te honrar e te respeitar em qualquer lugar que eu for, pois você sempre estará no meu coração, com você sinto que sou completo, obrigado por me dar o privilégio de ser pai de um filho seu, te amo agora e para sempre. - Mito está chorando por debaixo do véu e tenho a plena certeza que estou com a maquiagem toda borrada agora.

Mito: Kami, agora estou feia - diz soluçando e todos riem. - Eu sou a mulher mais feliz do mundo por estar com você, eu te amo. - foram as únicas palavras que ela conseguiu dizer entre um soluço e outro. Não sei quem chora mais, Hashi, eu ou ela.


O conselheiro então da início a cerimônia.

Conselheiro: Senju Hashirama, promete amá-la, respeitá-la e se preciso for sacrificar a sua vida pelo bem da família que agora está construindo, na visão dos que estão presentes aqui e acima de nós?

Hashirama: Sim, eu prometo. - diz sorrindo alegremente.

Conselheiro: Uzumaki Mito, promete amá-lo, respeitá-lo e se preciso for sacrificar a sua vida pelo bem da família que agora está construindo, na visão dos que estão presentes aqui e acima de nós?

Mito: Sim, eu prometo.

Conselheiro: Pelo poder a mim concedido, eu vos declaro marido e mulher, que missão de vida de vocês seja um exemplo de companheirismo para as gerações futuras. O amor é sinônimo de sacrifício e muita vezes de dor, mas o que seríamos de nós sem o amor? Viva aos noivos! - enquanto as pessoas aplaudem e gritam eles trocam as alianças e selam o compromisso com um beijo, eu e Tobirama assinamos o grande livro e saímos para fora da capela, as pessoas os cercam e é impossível cumprimentá-los.


- De zero a dez o quanto estou feia? - digo fungando, ele me olha de um jeito fofo.

Tobirama: Feia não seria a palavra certa...

- Você tá muito abusado!

Tobirama: Está parecendo um panda. - abre um sorriso.

Depois de muito esperar resolvi ir embora, a recepção dos noivos demoraria muito, caminhando de longe vejo Tauz sentando em um banco, tento passar de fininho desapercebida mas não consigo.

Tauz: Vem do casamento? - ele parece triste.

- É.

Tauz: Como foi? - me sento no banco ao seu lado.

- Lindo...

Tauz: Imagino.

- Onde está sua sangue suga real?

Tauz: Sei lá...

- Ah.

Tauz: E o seu velho babão? - eu rio.

- Babando outras por ai.

Tauz: Acho que temos o dedo podre.

- É, já escolheram o nome pro bebê? - pergunto sem tanta curiosidade, nos últimos meses mal se falamos.

Tauz: Não, não é meu... - diz em um tom triste.

- Ah - ninguém imaginaria isso.

Tauz: Você já?

- Mais ou menos, bom eu preciso ir. - me levanto.

Tauz: Ei, estamos de boa?

- Não sei... - continuo caminhando.


Chego em casa e subo direto pro quarto.

~ Pronta?

- Você tem que parar de fazer isso!

~ Medrosa, é por isso que tenho que cuidar de você.

- Vai me adotar agora? - começo a rir

~ Vá até o espelho e toque a superfície. - caminho até lá e toco o meu reflexo, alguns segundos se passam e sua superfície está líquida? Minha mão entra até o pulso e sinto outra mão a segurar no susto puxo a minha e um corpo atravessa o espelho como se fosse uma espécie de portal. É um mulher e está despida.

- Eu... você... e-eu... - olho pra minha mão e o espelho e em seguida pra ela sem entender nada.

~ Sou Jaya, a sua guardiã.

Quê!?


Continua...