Estava na biblioteca da escola com minha amiga, Victória. Tentando ler a biografia do Leonardo da Vinci, algo que era impossível com Tori reclamando toda hora.
— Você só lê livros e escuta "Monart", nem parece que é minha amiga — ri por ela ter pronunciado o nome errado.
Desvio meu olhar do livro para Tori.
— Primeiro, é Mozart — ri. — E segundo, não são apenas livros, são biografias, você devia ler uma. É como uma revista de fofocas, só que mais íntimo — voltei o olhar para o livro.
— Eu passo. Você não quer fazer alguma coisa divertida, ou sei lá, só sair da biblioteca? — perguntou, encarando os livros.
— Abriu uma nova galeria de arte ali na esquina, topa? — sorri, mostrando o celular com a notícia.
— Arte, arte, arte — bufou. — Não entendo porque gosta tanto desse da Vinci, Picasso ou sei lá o que.
Nos levantamos. Guardo a biografia na minha bolsa e coloco a mesma nas minhas costas.
— Vai ir comigo ou não? — pergunto enquanto nós saímos da biblioteca.
— Tá eu vou, o que eu não faço por você, amiga — me olhou e eu sorri.
Saímos da escola e caminhamos em direção à galeria, que o GPS do meu celular nos indicou onde é. Ao chegarmos, uma mulher ruiva com sardas sorri para nós.
— Bem-vindas à galeria, sou Aline.
Nós cumprimentamos ela.
— Nós temos vários setores por aqui. 'Fotos', 'Desenhos à mão', 'Esculturas', entre outras — ela aponta para alguns corredores. — Também, os artistas estão por aqui. Se gostarem de alguma arte, deem um 'oi'.
Aline nos deixa a sós e logo vai conversar com um casal, que acabou de entrar.
Eu estou animada para ver as obras dos novos artistas. Entro em um corredor qualquer e Tori me acompanha. Aqui é incrível, tem quadros muito lindos, mas um me chamou a atenção. Ele parece ter sido desenhado à lápis e dos lados tem algumas pichações.
— Nossa, será que eles não viram que vandalizaram essas paredes? — Tori perguntou, incrédula, me fazendo gargalhar.
— Aqui os artistas podem se expressar, apesar de eu nunca ter visto isso antes — ela fez uma cara de entediada — Qual é? Vai me dizer que não achou alguma obra bonita? Olha esses grafites, a pessoa que fez isso tem muito talento — disse olhando para os grafites.
— Obrigado — uma voz masculina falou atrás de mim — Se você quiser, eu posso lhe mostrar o meu estúdio — me virei, era um homem muito lindo de cabelos pretos e olhos cor de mel.
— Eu adoraria — sorri e ele correspondeu.
— Você é o...? — disse Vitória, me fazendo lembrar que ela estava do meu lado.
— Zayn. Zayn Malik. E vocês são...? — nos encarou.
— Solteiras — disse Tori, piscando para ele, que riu e me encarou, me fazendo corar — Mas me diz uma coisa, todos os artistas são gatos iguais a você? — perguntou, sorrindo enquanto eu abaixava a cabeça, ainda corada. Zayn riu.
— Só os novos, que estão naquela sala ali — disse apontando para uma porta. Tori simplesmente correu até lá, como se eu não existisse, me deixando sozinha com ele.
— Desculpa pela Tori ser assanhada — disse rindo ainda de cabeça baixa, sem coragem para encará-lo. — Sou S/N.
— Tudo bem, já me acostumei com os assédios que recebo — ele fala em tom convencido, o que me faz revirar os olhos. — É um prazer.
Me viro de costas para ele e continua admirando seu trabalho. Logo, ele está do meu lado, olho para o mesmo de canto e percebo que ele está me olhando sorrindo. Me viro para ele, que abaixa a cabeça e sorri com a língua entre os dentes. UAU!
— Mas então, você veio aqui para ver as obras ou para paquerar? — disse rindo, rio também.
— Ver as obras, deixo a parte de paquerar com a Tori — aponto para a sala, onde minha amiga entrou e volto a olhar para os seus grafites — Não estava mentindo quando disse que tem talento. Eu realmente adorei — sorri.
— Obrigado, vindo de alguém como você, é um elogio e tanto.
— Alguém como eu?
— Linda.
Um silêncio vergonhoso se instala sobre nós e Zayn coça a nuca, envergonhado.
— Me desculpe, saiu sem querer — ele pede e concordo. — Então... Você também desenha? — perguntou, me olhando.
Sorrio e levo uma mecha de cabelo para trás da orelha.
— Não. Bom, eu já fiz aulas de Arte, porém desisti. Sou tão péssima que nem o Leonardo da Vinci conseguiria me ensinar a desenhar — ele sorriu de lado e passou a língua nos lábios, os molhando e me fazendo olhar descaradamente para o local.
Se você estiver tentando me seduzir, está dando certo.
— Leonardo da Vinci? Gosta dele? — perguntou, parecendo surpreso.
— Sim, adoro "Mona Lisa" e "A Última Ceia"— sorrimos.
— Nunca conheci uma garota como você — o clima volta a ficar estranho e quando ele nota, tenta mudar o assunto. — Se quiser posso tentar te ensinar a desenhar — dei de ombros.
— Não precisa perder seu tempo, vai ser um desastre total — dei risada, imaginando como ficariam meus desenhos.
— Qual é? Você não pode desenhar tão mal assim.
— Você duvida do meu não-talento para desenhar? Me arrume um papel e um lápis, se prepare para se assustar — brinco e Zayn ri.
— Tive uma ideia. A galeria fecha daqui vinte minutos, me espere e eu te levarei ao meu estúdio.
— Você pode ser um assassino ou um estuprador — falo e Zayn gargalha.
— Confie em mim, não vou fazer nada até você pedir — piscou para mim e saiu andando normalmente.
Vou em direção a sala que o Zayn apontou e encontro Tori em um canto se agarrando com um garoto. Reviro os olhos e volto a ver as obras.
Haviam se passado vinte minutos e nesse pouco tempo, Tori já tinha ido embora com um garoto, que nem ela sabe o nome e eu estava agora em frente à galeria, esperando Zayn.
— Olha se não é a garota mais linda que eu já vi — Zayn chega e por pura graça, olho para trás.
— Está mesmo falando comigo? — pergunto e ele sorri.
Zayn pega minha mão e me leva para trás da galeria, onde fica o estacionamento.
— Aqui está minha querida moto — ele disse, apontando para uma linda moto preta. — Faria a honra, de me acompanhar? — estende um capacete para mim, depois de colocar o seu.
Sorrindo, coloco o capacete e respondo:
— Claro.
Me apoio em Zayn e subo na moto, apoiando as mãos na sua cintura. Ele dá risada.
— Não precisa ter medo, já te disse que não vou fazer nada até você pedir.
Ele pega minhas mãos e as colocam em seu peitoral. Suspiro de leve e desço minha mão lentamente, sentindo seus músculos se enriquecerem com meu toque. Desta vez, quem suspira é Zayn. Subo minhas mãos novamente.
— Não provoca — ele apenas diz isso e começa a conduzir a moto.
O vento bate contra meu corpo e uma sensação de leveza me atinge. Penso em soltar minhas mãos, mas isso seria suicídio. Desço minhas mãos e me arrepio ao encostar as pontas de meus dedos no abdomen nu de Zayn. Percebo que com a velocidade, sua camisa levantou um pouco.
Chegamos ao estacionamento de um prédio, descemos da moto e entramos. Zayn cumprimenta o porteiro e eu apenas sorrio para o homem, que me olha surpreso. Isso é algo bom, mostra que ele não traz mulheres para cá.
Entramos no elevador, onde uma melodia quebrou o silêncio entre nós, Zayn aperta o número sete. Após sairmos, encontramos uma senhora, que nos olha de olhos arregalados.
Sorrindo, comento quando já estamos longe da senhora:
— Seus vizinhos deviam achar que você é gay — Zayn me olha sorrindo.
— Possivelmente, por isso todos estão nos olhando porque pela primeira vez em minha estádia aqui, eu estou acompanhado de uma mulher, uma bem bonita aliás — pisca o olho e eu sorrio.
Ele destranca a porta e entramos no seu apartamento.
— Bem-vinda a meu humilde apartamento, senhorita S/N — riu. — Fique a vontade, se quiser tirar a roupa.
— Não, obrigada — sorri, corando.
— Me siga, lady — esticou a mão para mim, a peguei e ele entrelaça nossos dedos.
Subimos as escadas e ele me guiou até uma porta mais afastada. Ao abrir a porta, ao ver muitos auto-retratos dele e de outras pessoas, tem coloridos e em preto e branco. Ele me arrasta para dentro e eu sorrio.
— São minha família — apontou. — E alguns amigos. Gostou? — perguntou, ficando atrás de mim.
— Meu Deus, eu adorei. Você tem muito talento, Zayn — sorri, sincera.
— Obrigado, mas agora, eu já te mostrei os meus desenhos. Me mostre os seus — sussurrou no meu ouvido.
— Nem se eu quisesse, eu joguei tudo fora.
— Tive uma ideia — foi até uma estante, abriu a gaveta e pegou um lápis e um caderno — Você vai desenhar pra mim, agora — sorriu.
— Se prepare para o desastre — me sentei em um banco e pensei no o que desenhar —Vou desenhar um coelho.
— Nossa, que demora só pra desenhar um coelho — Zayn revirou os olhos.
— Para de reclamar, Zayn. Já terminei — virei meu desenho pra ele. — O que achou?
Ele olhou o desenho e gargalhou alto.
— Não ri, seu palhaço — falo séria — Eu disse que não sabia desenhar — falei, rindo.
Guardo o caderno e o lápis no lugar onde estavam e olho para Zayn, que já estava vermelho de tanto rir.
— Isso mesmo, ria da minha desgraça — o empurro de leve.
— Parece que o coelho pegou fogo — ele disse enquanto gargalhava.
Fiquei esperando ele parar de rir. Depois de alguns minutos ele se recompôs
— Fazia tempo que eu não ria tanto — disse, me encarando.
— Ria de mim, como todo mundo — bufo, me sentando novamente no banco.
— Calma, gatinha. Não queria te magoar, eu... — o interrompi.
— Mas magoou — fiz beicinho.
— Tudo bem, vou te recompensar — se aproximou de mim.
— Como? — disse e ele me levantou do banco.
— É só pedir — se aproximou de mim, deixando nossos rostos quase colados. — Eu sei que você quer.
— Me... beija — falo pausadamente e nossos lábios são colados com força por Zayn.
Faziam três meses que eu ia na casa do Zayn, e tenho que admitir que ele é um ótimo professor/namorado. Acho que posso o chamar assim, óbvio, ele não me pediu em namoro, mas não acho necessário.
Cheguei na casa do Zayn e não o encontrei na sala como sempre. Subo as escadas e descubro que ele está tomando banho. Entro no seu estúdio e encaro a misteriosa porta, que estava entre-aberta, sempre quis entrar lá para ver o que tinha lá, Zayn me dizia que era o banheiro, mas eu não acredito porque vivia fechado. Caminhei em direção a porta e empurrei a mesma, fico chocada com o que vejo. Sou Eu. O Malik me desenha, tem os meu olhos na parede, a minha boca em um papel, tem uma versão hilária minha de "Mona Lisa" e muito mais. Sinto mãos em minha cintura me causando arrepios, virei minha cabeça e encarei Zayn.
— Zayn, o que é tudo isso? — perguntei.
— Retratos da pessoa que me faz enlouquecer só com um olhar. Eu te amo tanto e sei que você me ama, apesar de não admitir. Eu sou louco por você, seus lábios são tão chamativos e seus olhos me transmitem uma paz — ele sussurrou no meu ouvido.
Me viro completamente pra ele, olho em seus olhos, que estão brilhando e sem dizer nada, o beijo. Sua língua pede passagem e eu cedo. Minhas mãos voam para seu pescoço e o puxo mais para baixo enquanto suas mãos apertam minha cintura com força. Me separo dele, ainda deixando nossos rostos próximos e sorrio.
— Ainda não achei uma aliança tão bonita quando você, mas mesmo assim...Quer namorar comigo? — ele pergunta, sorrio, concordando.
— Claro que eu quero. Eu te amo, Zayn Malik — sussurro, roçando meus lábios nos dele.
— Não tanto quando eu te amo — ele também sussurra.
Nos beijamos de novo e desta vez, eu peço passagem com a língua. As mãos de Zayn desce para minha bunda e a aperta. Puxo seus cabelos e suspiramos juntos. Nos soltamos novamente e o abraço, sem segundas intenções, ele retribuiu. Ficamos ali, juntos. Oficialmente agora.
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