1. Spirit Fanfics >
  2. (Im)perfeição. >
  3. Capítulo 04: Por trás da rebeldia.

História (Im)perfeição. - Capítulo 04: Por trás da rebeldia.


Escrita por: Miss_Byun

Notas do Autor


Allllou!! Chegay <3
E aí, prontos para saberem o que aconteceu com o irmão do Sehunnie? :x
Amanhã é aniversário da Laystar, então esse capítulo é um presente adiantado para ela <3 felicidades meu anjo, obrigada por sempre me apoiar em minhas fics, desde o começo <333

Capítulo 4 - Capítulo 04: Por trás da rebeldia.


Fanfic / Fanfiction (Im)perfeição. - Capítulo 04: Por trás da rebeldia.

“Por ser culpado da morte do meu irmão.” – Aquela frase ecoava pela mente de Lu Han que ficou aturdido olhando para o maior.

 

“C-Como assim...?”

 

“Eu acho que não quero falar disso... Eu estava bem... Sabe...”

 

“Talvez contar isso para alguém te faça bem.” – Lu Han comentou e inconscientemente levou suas mãos até o rosto de Sehun, impedindo que ele fugisse de seu olhar e de suas perguntas.

 

“L-Lu Han... É melhor não.”

 

“Sehun...” – Chamou passando confiança, mesmo que por dentro estivesse confuso e nervoso. Novamente se via preocupado com outro, sem saber ao certo o motivo para isso.

 

“Tocar nesse assunto não é bom...” – Murmurou com a voz que começava a ficar arrastada. Tentava fugir do olhar firme que o chinês lhe lançava, mas sempre acabava se perdendo no alívio e consolo que aqueles olhos passavam.

 

“É por causa dele que você acabou vindo pra cá, não é?” – Disse com mais determinação enquanto acariciava a bochecha do mais novo e continuava a sustentar o olhar.

 

“Droga...” – Murmurou e fechou os olhos com força, tentando controlar as lágrimas que queriam se formar. Ficou alguns minutos assim, sem dizer mais nada, apenas respirando fundo como se tentasse se controlar, e Lu Han passou o tempo todo ali, deixando a água cair por entre eles enquanto acariciava o rosto do coreano. – “Meu irmão morreu três anos atrás...” – Começou, porém empacou.

 

“Sim...”

 

“Nós dois tínhamos acabado de completar 15 anos... Quando tivemos uma discussão.”

 

“Discussão... Sobre o que?”

 

“Sobre uma menina da escola.” – Riu torto. – “Mas não me olhe assim... Não era porque eu estava interessado na namoradinha do meu irmão. Na verdade... Naquele tempo eu já tinha dúvidas sobre minha sexualidade...” – Coçou a nuca.

 

“Então por que discutiram?” – Lu Han perguntou, se envolvendo na história.

 

“Porque a menina disse que estava com o irmão errado... Que gostava de mim e sem que eu pensasse em uma resposta direito, ela já estava me beijando! Meu irmão viu e ficou puto de raiva. Não falou comigo o dia todo!”

 

“E ai?”

 

“Bem, eu tentei conversar e disse que era idiotice dele ficar com raiva de mim, porque eu não gostava dela como também não gostava de garotas. Mas ele continuou brigando comigo falando que esse meu papo de ser gay era para pegar a namorada dele... Eu fiquei muito puto com ele, porque eu tinha realmente me aberto pra ele e contado minhas dúvidas, o que eu não tinha feito pra ninguém e ele simplesmente ignorou e ainda me acusou de algo que eu não tinha feito por causa de uma menina que ele conhecia há meses! E eu era o irmão gêmeo dele!”

 

“Entendo... Eu ficaria com raiva também...”

 

“Então ele sumiu e só voltou de noite para pegar um casaco. Eu perguntei aonde ele ia, e ele disse que participaria de um racha com uns amigos dele do time de basquete...” – O timbre de Sehun foi ficando mais carregado e tenso, os olhos começaram a piscar constantemente e com força, evitando que as lágrimas aparecessem.

 

“Hm...”

 

“Eu disse para ele não ir, mas ele falou que não tinha que ouvir um irmão traidor.” – Comentou suspirando. – “Então...”

 

“Então?”

 

“Eu falei que era bom ele ir mesmo e que ia adorar quando o pai e mãe dessem um castigo nele por isso, que eu ficaria rindo...” – A voz começou a embargar e as mãos de Sehun que seguravam a cintura de Lu Han começaram a tremer. – “N-Não quero continuar Lu Han...”

 

“Ele não voltou, não é?” – Lu Han perguntou com dor no coração ao ver o mais novo se curvar e enterrar o rosto no seu pescoço. Soluços começaram a preencher o boxe do banheiro, fazendo o coração de Lu Han doer ainda mais.

 

“N-Não. E a culpa é minha...”

 

“O que? Claro que não, Sehun!”

 

“É sim! Eu sou culpado! Eu falei que ele poderia ir!”

 

“Você que colocou a ideia na cabeça dele de participar de um racha?”

 

“Não...”

 

“Foi você quem dirigiu o carro?”

 

“Não, eu nem estive lá!”

 

“Como pode ser culpa sua?”

 

“Eu tinha o dever de evitar! De fazê-lo ficar em casa, de ter contado para os meus pais e impedido ele de ir! Mas eu o deixei ir mesmo sabendo que era perigoso porque eu queria me vingar... Queria ver nossos pais brigando com ele e o colocando de castigo... Só pensei em mim! E perdi meu irmão!”

 

“Você pode ter sido idiota, mas não é culpado, Sehun!”

 

“Eu devia ter pedido pra ele ficar, Lu Han. Não fiz nada disso... Na manhã seguinte eu acordei rindo imaginando ele levando um esporro dos meus pais, mas quando fui até a sala minha mãe chorava desesperadamente...” – Sehun apertou mais o corpo de Lu Han junto ao seu como se pedisse abrigo e refúgio para a dor que sentia. – “Meu pai perguntou se eu sabia do paradeiro do meu irmão, eu falei que ele tinha ido para um racha e perguntei se os dois já tinham brigado com ele...”

 

“E?”

 

“Meu pai me bateu falando que se eu sabia era para ter impedido e ter chamado meus pais... Que meu irmão estava morto por causa do meu egoísmo.” – O corpo de Sehun foi enfraquecendo e ele se ajoelhou no chão, enterrou seu rosto em suas mãos e foi aumentando seu choro.

 

“Isso... É um absurdo! Um pai não deve falar isso em um momento tão difícil!” – Lu Han comentou, ajoelhando-se na frente do coreano e retirando suas mãos de seu rosto. – “Olhe pra mim...”

 

“Meu irmão sempre foi mais querido do que eu... Pelo meu pai.” – Suspirou. – “E ele tinha razão afinal...”

 

“Não tinha! Você não tem culpa nisso...”

 

“Mas eu me sinto culpado... E toda vez que eu penso em sorrir e ficar bem... Eu sinto que não devo... Porque eu devo sofrer as consequências do meu egoísmo. Eu me sinto injusto com meu irmão...”

 

“Isso é idiotice! Você está se enterrando junto com seu irmão, Sehun!” – Lu Han falou firme. – “Eles não ficariam felizes se nos vissem assim!”

 

“Eles?” – O mais novo perguntou confuso, porém o outro apenas pigarreou nervoso e disfarçou.

 

“Ele... Seu irmão... Ele não gostaria de te ver assim.”

 

Sehun abaixou a cabeça e ficou chorando ajoelhado no chão do banheiro, sentindo as mãos de Lu Han acariciarem seus ombros; palavras não foram trocadas por alguns minutos, até o chinês voltar a iniciar um diálogo.

 

“O que aconteceu depois da morte de seu irmão?” – Perguntou com a voz baixa, desceu suas mãos até as costas do mais novo e ficou acariciando o local, tentando passar força e carinho para o coreano.

 

“Eu entrei em depressão. Fui caindo cada vez mais... Experimentei pela primeira vez drogas e bebidas, não tinha mais diálogo em casa, não tinha mais amigos...”

 

“Foi morrendo junto com seu irmão...” – Completou e viu Sehun manear positivamente a cabeça.

 

“Até que, um ano depois da morte dele, meus pais se separaram.” – Comentou olhando fixamente para a água que escorria pelo ralo do boxe. – “E eu me senti mais culpado ainda. Eu havia estragado a minha família. E toda vez que olhava para meus pais... Me sentia assim... Culpado.”

 

“Vocês não conseguiram lidar com a perda que sofreram... Não jogue tudo em cima de você mesmo. Pare de assumir culpas que não existem.”

 

“Hm...”

 

“Por que disse que seu pai gostava mais do seu irmão?”

 

“Meu pai ama música... Quando era mais novo ele tinha uma banda, mas teve que largá-la para trabalhar com algo mais... Concreto. Ele pediu ajuda financeira para meu avô e abriu uma loja de instrumentos musicais e uma escola de música. Em pouco tempo ambos os negócios cresceram e conquistaram muita clientela... E eu e meu irmão crescemos nesse mundo de música.” – Suspirou. – “Minha mãe tem um salão, mas dava aula de canto na escola do meu pai... Ela e meu irmão se apresentaram em duetos em várias atrações culturais da minha cidade, e em algumas dessas apresentações eu os acompanhava tocando piano.” – Suspirou mais uma vez. – “Éramos felizes... Lu Han. E eu estraguei tudo.”

 

“Não estragou nada, Sehun!” – Repreendeu o mais novo. – “Você abandonou a música depois da morte de seu irmão?”

 

“Eu nunca fui muito ativo na música. Amo música, amo tocar violão e principalmente tocar piano... Mas quem era o musicista de casa junto com meu pai... Era meu irmão. Por isso os dois eram mais próximos. A minha paixão não foi bem recebida pelo meu pai...”

 

“Qual a sua paixão?”

 

“A arte. Eu amava desenhar, pintar, esculpir... Mas desde que meu irmão morreu, eu também abandonei isso... Porque o sonho do meu irmão foi interrompido, então interrompi o meu também.”

 

“Sehun...” – Levou sua mão até o rosto do maior, secando-o, mesmo que em vão, pois a água que caía do chuveiro encharcava seu rosto. – “Você está vivo! Tem que parar de se punir... Porque não teve culpa alguma e mesmo se tivesse... Três anos se autopunindo já foram suficientes!”

 

“Você não entende... Ele era meu irmão gêmeo! Éramos unidos desde a nossa concepção! Ele era meu suporte, meu melhor amigo... E morreu! Eu poderia ter evitado, e devia ter evitado, mas não fiz nada! Eu me senti... Sem mim. Éramos unidos... O que um fazia o outro fazia... Ele interrompeu a vida dele...”

 

“E você acha que deve interromper a sua?! Acha que é isso que ele gostaria que acontecesse?” – Perguntou, porém Sehun não o respondeu. – “Nunca tive um irmão gêmeo, então não vou entender a relação que tiveram... Mas mesmo quando são gêmeos... São duas pessoas ali... Duas pessoas diferentes, com sonhos, ideais, medos, pensamentos, desejos diferentes! Você não tem que podar seus sonhos porque os do seu irmão foram podados com a morte dele, e também não tem que assumir essa culpa inexistente pelo resto da sua vida!”

 

“Eu sempre me senti culpado pelo que aconteceu com minha família e toda vez que pensei que deveria superar... Eu me sentia culpado por... Pensar em ser feliz. Já que ele não poderia ser feliz mais...”

 

“Você não tem culpa de nada e nem terá culpa se você se libertar dessa dor. Tanto é que sua mãe quer que você se liberte, que seja feliz. Ela já perdeu um filho... Não deixe que ela perca outro!”

 

“Eu...” – Abraçou o corpo do mais velho e novamente enterrou seu rosto no pescoço dele, chorando descompassadamente. – “Não sei o que fazer, Han... Não sei lidar com essa dor, não sei fazer essa culpa passar... Eu só faço aquilo que encontrei para esquecer... Esquecer tudo. Então eu bebo, eu fumo, eu saio de casa e fico dias dançando, transando... Eu me perdi... E não sei se conseguirei me encontrar... Por mais que eu queira me encontrar. Eu quero ter lembranças dos meus momentos felizes com meu irmão, sem me lembrar depois da dor de perdê-lo e sem sentir essa maldita culpa!” – Foi despejando tudo em cima de Lu Han, mostrando para o chinês o quanto sofreu ao guardar aquilo tudo para si.

 

“O que você deve fazer antes de tudo é chorar tudo que tem vontade de chorar... Depois você tem que se permitir lembrar-se de seu irmão, ser feliz com as lembranças e não se deixar cair pela dor. Não deixe a dor vencer, Sehun...”

 

“Sempre que a dor vem... Eu a faço sumir provisoriamente com besteiras. Como é a minha vontade agora...”

 

“Vai lidar com ela de cara limpa e mandá-la embora de uma vez.”

 

“Não sei se consigo...”

 

“Consegue... Eu... Eu sei que no começo a gente pensa que vai ser impossível, mas somos capazes de aguentar sim!” – Respirou fundo e fechou os olhos, torcendo para não se arrepender do que ia dizer. – “E por saber disso, eu... Eu posso te dizer que estarei com você se precisar...”

 

“Meu pai desistiu de mim tem tempo, minha mãe está desistindo. Até eu desisti... Você também irá...”

 

“Não vou! E nem deixarei você desistir por completo! Você terá um mês me aguentando, e acredite, não vou te deixar em paz nesse tempo. Não deixarei você ter recaídas... Não deixarei você desistir. Eu posso ser bem chato se eu quiser.”

 

“Estou vendo.” – Comentou rindo soprado. Abraçou mais ainda o corpo de Lu Han junto ao seu e soltou o ar dos pulmões com lentidão, sentindo o chinês se arrepiar com o choque de seu sopro em sua pele. – “Obrigado, Han...”

 

“D-De nada, Sehun.”

 

“Sehunnie...”

 

“Hm?”

 

“Me chame de Sehunnie... Han...” – Sussurrou próximo ao ouvido de Lu Han. – “Me sinto bem quando me dão colo e me chamam de Sehunnie...” – Riu ao levantar o rosto e olhar envergonhado para o outro.

 

“Que manhoso!” – Ditou rindo, mas ao ver o outro ficar mais envergonhado apenas se deu por vencido. – “Ok! Se-Sehunnie...” – Falou baixinho, acariciando os fios castanhos do coreano.

 

Ambos ficaram em silêncio, com Lu Han acariciando as costas de Sehun e fazendo-o se acalmar enquanto a água quente do chuveiro lavava o corpo e alma dos dois... Levando para longe todas as sujeiras do passado que ficaram impregnadas por mais tempo do que deveriam...

 

× × × ×

 

“Pronto. Está disfarçado.” – Sehun comentou mostrando o espelho para que Lu Han visse seu pescoço. – “Uma maquiagem digna de k-idol!” – Falou convencido.

 

Depois que terminaram o banho, Lu Han foi até seu quarto se trocar e quando voltou para o quarto do coreano, sentou-se no chão e ficou a mercê das técnicas de maquiagem do mesmo. Demorou apenas alguns minutos para Sehun cobrir o roxo marcado no pescoço do chinês, e, durante todos esses minutos, ninguém ali comentou sobre a conversa trocada no banheiro.

 

“É... Você é bom nisso.” – Comentou rindo. – “Não vai passar?”

 

“Não... Eu estou pensando em algo.”

 

“Que algo?”

 

“Se seu pai me visse com esse roxo, ele surtaria não é?”

 

“Muito.”

 

“E se eu falasse que... Consegui sair de casa no meio da noite e arrumei esse roxo na rua?”

 

“Ele... Surtaria mais ainda. Certamente te controlaria o tempo todo...” – Falou arqueando uma sobrancelha. – “Você quer isso para quê?” – Perguntou desconfiado.

 

“Porque... Se ele não puder cuidar de mim... Você poderá.” – Piscou e riu ao ver Lu Han revirando os olhos e sorrir de jeito jocoso.

 

“Eu posso pedir para ficar com você nesse quarto. Dormindo na outra cama e cuidando para que você não aprontasse mais... E não fugisse mais de casa.” – Disse com um risinho provocante nos lábios.

 

“Aham... Acho que temos uma boa ligação mental, porque você entendeu exatamente o que eu queria.”

 

“Se isso não der certo, você vai se ferrar à toa.” – Riu. – “E outra, você não sabe se eu quero ficar com você o tempo todo... Sabe?”

 

“Sei.” – Disse confiante. – “Você pode não ter confirmado, mas eu sei que quer ficar perto de mim desde o começo.”

 

“Pois EU não sei disso. Só vou aceitar porque quero cobrar a minha vez sendo ativo.” – Disse sério e se levantando. – “Só por isso.”

 

“Aham, sei.” – Riu e se levantou em seguida. – “Eu vou conseguir fazer você falar que me quer. Porque só falta você confirmar com palavras... Já que suas ações estão confirmando.”

 

“Se eu te chutar bem no saco vou confirmar o quê?”

 

“Que é estressado e não a pessoa calma e paciente que veio conversar comigo no primeiro dia aqui.” – Respondeu fazendo uma careta antecipada de dor que fez Lu Han se segurar para não rir. – “Mas a sorte é que... Eu sei cuidar de gente estressada.”

 

“Que ironia você falando isso, sendo que quando é estressado fica bem chato...”

 

“Ignoremos essa parte e vamos para a parte que eu cuido do seu estresse.”

 

“E como faria isso?” – Perguntou arqueando uma sobrancelha e sorrindo torto.

 

“Assim.” – Disse levando suas mãos até a cintura de Lu Han e o puxando para um beijo mais calmo e casto do que todos os anteriores. – “Mais calmo?” – Riu de jeito sapeca.

 

“Não.” – Puxou o rosto do mais novo pelo queixo e iniciou outro beijo.

 

“E agora?” – Perguntou roçando seus lábios aos do mais velho.

 

“Não. Acho que o problema é você, que me irrita muito...” – Falou com implicância.

 

“Estou ferrado, vou ter que arrumar outro jeito para te acalmar.”

 

“Acho que o melhor é ir dormir, é o melhor que nós dois podemos fazer.” – O chinês respondeu se afastando de Sehun. – “Espero realmente que ninguém tenha ouvido nada... Meus pais com certeza não ouviram, porque o mundo pode acabar que eles não vão acordar. Agora minha irmã...”

 

“Eu acho que ela também não ouviu, por causa da distância que os nossos quartos ficam...”- Comentou olhando para a porta. – “Bem, dormir é realmente o melhor que eu faço, porque o cansaço está voltando...” – Comentou olhando para a cama e sentindo uma vontade inexplicável de pedir para o mais velho dormir com ele. Obviamente Lu Han negaria, uma vez que o chinês nem deveria estar ali. – “Bem, boa noite.”

 

“Boa noite. Ah! Amanhã fala para o meu pai que arrumou a chave para sair de casa no porta-chaves de cachorrinho, é onde deixo a minha... Diz que me viu a guardando lá.” – Respondeu e se virou, saindo do quarto. Mas antes que passasse pela porta, sentiu os braços de Sehun rodearem seu corpo.

 

“Obrigado...” – Falou baixinho, e Lu Han apenas balançou a cabeça e se afastou dos braços de Sehun, saindo do quarto definitivamente.

 

Caminhou alguns passos curtos e logo já estava abrindo a porta de seu quarto. Entrou com cautela, não ascendeu à luz e fechou a porta atrás de si. Com lentidão foi se dirigindo para sua cama, puxou o cobertor e deitou a cabeça no travesseiro macio. Ficou naquela posição por alguns minutos, com os olhos abertos fitando a luz precária do luar iluminar parcialmente seu quarto. Mil coisas passavam em sua mente.

 

“O que eu estou fazendo?” – Perguntou baixinho para o nada. – “Por que eu pareço um bipolar quando o assunto é esse moleque? Por que eu me envolvi com ele assim sendo que horas atrás eu o xingava por ter me chantageado?” – Suspirou. – “Sim, eu me interessei por ele quando coloquei meus olhos em cima dele; o achei atraente e sexy, mas isso nunca quis dizer muita coisa pra mim... Foi difícil dar aqueles cortes nele, mas eu precisava dar para que ele não descobrisse sobre mim...”

 

“Até cheguei a pensar que se ele descobrisse seria bom, pois poderia saciar minha curiosidade e vontade sobre ele... Mas definitivamente eu não imaginava que ia tomar esse rumo! Eu fiquei completamente irritado com ele quando me chantageou... E mais irritado ainda quando descobri que ele não falava sério, porque eu queria transar com ele! E agora... Conhecendo a pessoa por trás de toda aquela máscara de rebeldia... Eu... Me deixei levar! Por que inferno eu prometi que o ajudaria?!” – Levou as mãos até o rosto. – “Merda... Eu não quero me envolver com ele!” – Levou as mãos até a coberta e cobriu o corpo todo. – “Mas o foda é que eu sei que eu não quero me envolver, mas quando estou perto dele me deixo levar... Porque... Eu sei como é essa dor, e sei como é passar sozinho.”– Suspirou. – “É, é isso. Eu me comovi com a situação toda... Que merda, hein, Han?”

 

Retirou o cobertor de cima de sua cabeça, se remexeu na cama e bufou, soltando com raiva o ar por sua boca. – “É somente por um mês e se pelo menos eu conseguir fazê-lo se ocupar para esquecer-se de usar aquelas porcarias... Será bom.” – Disse por fim. – “Melhor ir dormir porque ainda tenho que mentir para o Jongin amanhã, falando que o Sehun aceitou pacificamente não contar nada para meus pais...” – Suspirou. – “Tenho que parar de me envolver com pessoas mais novas, elas dão muita dor de cabeça...” – Murmurou antes de finalmente fechar os olhos e se forçar a dormir, já que era bem tarde.

 

× × × ×

 

“EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ FEZ ISSO!” – Lu Han ouviu essa frase sair alterada do quarto ao lado e rapidamente despertou de seu sono. Pulou da cama e foi até o armário, abriu a porta e ficou de frente para o espelho se arrumando e se certificando de que não dava para notar o roxo em seu pescoço.

 

Saiu correndo do quarto não querendo perder o momento certo daquele esporro que seu pai dava em Sehun, para poder oferecer a proposta que ambos pensaram juntos na noite anterior.

 

Espera, se eu não quero me envolver com ele... Talvez eu deva simplesmente ignorar esse plano... Se eu concordar em ficar com ele todas as noites... Será impossível não me envolver demais, não é? – Pensou ao parar no meio do corredor, uns três passos de distância da porta do quarto de Sehun. – Mas eu disse que concordaria... Bem, dizer não disse, mas dei a entender que sim... E eu fiz a infeliz promessa de que ficaria com ele... E o ajudaria a vencer essas fraquezas. – Suspirou antes de entrar no quarto. – Sinto que estou seguindo um caminho arriscado demais... E eu não quero isso... – Pensou enquanto caminhava até seu pai que estava vermelho de raiva e dizia coisas como confiança ser tudo e também gritava que sentia vontade de expulsar Sehun de casa.

 

“O que aconteceu pai?” – Perguntou forçando preocupação.

 

“ESSE... Esse moleque inconsequente conseguiu fugir de casa. Não sei como, mas ele conseguiu sair para curtir a malandragem da rua! Ele transou em um beco, Lu Han! Com uma desconhecida!” – Esbravejou e Lu Han virou seu olhar para Sehun, abismado com a história que o mais novo havia inventado.

 

“Em um beco? Com uma desconhecida?” – Perguntou arqueando uma sobrancelha.

 

“Uma desconhecida chata que não parava de me importunar querendo algo comigo...” – Comentou risonho.

 

“Ah... É?”

 

“Você viu, meu filho?! Esse menino... Ele destruiu toda a confiança que eu estava construindo com ele!”

 

“Pai...” – Levou a mão até o ombro do mais velho. – “Ontem eu vim conversar com ele e o vi exaltado querendo se drogar... Ele me contou que qualquer lembrança sobre seu irmão o faz ficar... Confuso e perdido. E ontem todos nós vimos que ele realmente ficou assim... Nós sabíamos que não conseguiríamos transformá-lo na primeira semana...”

 

“Eu sei! Mas ele precisa de limites!”

 

“E terá... Acho que deve ser vigiado... Mais ainda.” – Comentou, sentindo um frio no estômago ao pensar que diria aquilo, sentindo como se estivesse selando seu caminho. – “Eu acho que o senhor deve vigiá-lo mais no restaurante e eu farei o mesmo na Casa de Chá... Não o deixarei um minuto... Por isso, até acho que deveria dormir aqui com ele... Para cuidar que ele não fuja mais no meio da noite...”

 

“Hm...” – O velho murmurou. Levou a mão até o queixo e começou a alisar a região, ficando pensativo. – “Eu posso trancá-lo no quarto...”

 

“A-Acho que é melhor ficar cuidando dele... Ele não veio para ser um prisioneiro, não é?” – Tentou convencer o mais velho, sentindo seu estômago se embrulhar de nervosismo.

 

“Tudo bem pra você?”

 

“Tudo.”

 

“Eu vou ficar tendo uma babá o tempo todo?”

 

“Você pediu por isso!” – Lu Han falou sério e viu o olhar zombeteiro de Sehun para si. – “E terá que se esforçar para recuperar a nossa confiança.”

 

“Exatamente!” – O Sr. Lu confirmou. – “Eu acho isso uma boa ideia... E também não o deixarei ter regalias como estava deixando... Ele ficará no restaurante o dia todo comigo, e não terá descanso!”

 

“Concordo com isso também pai... Ocupando a mente ele vai parar de pensar nessas besteiras.” – Comentou risonho e viu Sehun lhe fuzilar com o olhar.

 

“Está tudo bem para você... Dormir nesse quarto de novo?” – Perguntou com cautela.

 

“A-Ah, está sim.” – Respondeu nervoso, despertando a curiosidade de Sehun.

 

“Bem... Se for assim... Tudo bem. Você ficará de olho nele por mim quando eu não puder!” – Falou firme. – “E o senhor, nada de regalias... Até recuperar minha confiança! E não quero saber de você atendendo mal hoje na Casa de Chá!” – Disse mais sério ainda, saindo a passos irritadiços do quarto e puxando a porta com força para fechá-la.

 

“Concorda em me deixar trabalhando mais, uh?” – Sehun perguntou irritado assim que o mais velho de todos saiu.

 

“Aham... Minha vingança por ter me chantageado... E por ter falado que transou com uma desconhecida que estava louca para te dar.”

 

“Humpf...” – Murmurou risonho ao se levantar e tentou roubar um beijo do mais velho, porém este se desvencilhou.

 

“Vá tomar o seu banho, que hoje você vai pra Casa de Chá comigo. Irei te ensinar sobre a Cerimônia do Chá.”

 

“Alguém está chato hoje...” – Sehun comentou revirando os olhos e indo para o banheiro, deixando Lu Han sozinho em seu quarto.

 

“Não abaixe a guarda, Lu Han. Não abaixe demais a guarda...” – Sussurrava para si mesmo enquanto ia para seu próprio quarto.

 

× × × ×

 

Rir. A vontade de Sehun era de rir, mas ele se segurou para não irritar Lu Han e também não piorar sua fama naquele programa, já que a equipe estava naquela salinha confortável filmando o desenvolvimento do rapaz com a tranquilizante Cerimônia do Chá que o filho mais velho dos Lu estava ensinando.

 

“Primeiro de tudo, vamos aprender o nome de todos os materiais.” – Lu Han começou.

 

“Tem mais nome do que xícara e bule?” – Sehun perguntou arqueando a sobrancelha de maneira curiosa e sentiu o olhar irritado de Lu Han o fuzilar. – “Desculpe, continue.” – Revirou os olhos ao dizer.

 

Uma bandeja de madeira marrom foi empurrada para frente de Sehun, com alguns utensílios de cerâmica branca.

 

“A Coréia, a China, o Japão... São países onde a cultura do chá é muito presente. Em todos existem a presença da Cerimônia do Chá, ou Ritual do Chá, cada uma com sua peculiaridade.” – Lu Han recomeçou a falar. – “Eu ensino as Cerimônias dos três países, mas te passarei apenas a coreana.”

 

“Certo.”

 

“Durante a Dinastia Joseon, a família real Yi realizava o “ritual do chá”, uma cerimônia que se destinava a ser feita em qualquer dia enquanto que o “ritual especial do chá” se reservava para ocasiões concretas, distinção que não acontecia nos outros países, até onde sabemos. Ensinarei uma cerimônia simples, pois existem cerimônias que podem durar até duas horas...”

 

“Quê?” – Perguntou incrédulo, mas se calou ao ver o olhar irritado de Lu Han, de novo.

 

“Então... As ferramentas.” – Lu Han retomou. – “Nós temos as xícaras de chá; chagwan é a chaleira, o sokwoo, o chasi, chatak, chaho, twaesoogi, chagun e o pires.” – Disse apontando para cada peça enquanto ia nomeando-as. – “Como estamos em quatro e irei fazer quatro xícaras, colocarei quatro porções de água... Nós não usamos medidas, então para sabermos a quantidade certa fazemos tudo no olho.”

 

“Hm...” – Sehun murmurou olhando fixamente para os movimentos de Lu Han.

 

“Está quente, então segure com o paninho, chagun, embaixo e segure em cima também do Sokwoo, certo?”

 

“Sim.”

 

“A paz dessa cerimônia vem com tudo, até mesmo o barulho da água... Feche os olhos e sinta a paz que o barulhinho da água pode te trazer.” – Falava despejando a água quente. – “O importante é o som, ele te mostrará que está fazendo certo.”

 

“Esse som é lindo.” – A voz de Jongin se pronunciou ao lado de Sehun. – “Eu adoro essa cerimônia, sempre me deixa de alma limpa.”

 

“Fico feliz em saber disso, Jongin.” – Lu Han comentou sorrindo. – “Pode abrir os olhos agora, Sehun.”

 

“Ah... Desculpe.”

 

“O próximo passo é colocar a água da chaleira na xícara, para aquecê-la e enquanto ela estiver aquecendo, vamos colocar o chá na chaleira e adicionaremos água quente, para cozinhá-lo. Ele ficará cozinhando na chaleira por dois minutos.”

 

“Dois minutos, certo.” – Falou baixinho, prestando atenção em tudo ao seu redor, fazendo Lu Han comentar mentalmente como o mais novo ficava fofo quando se concentrava.

 

“Depois eu passo a água que usamos para esquentarmos as xícaras para o twaesoogi; o próximo passo é colocar o chá nas xícaras, seguindo da direção de quem prepara o chá para a direção do convidado.” – Explicava e fazia, tendo todos seus movimentos observados por Sehun. – “Passe as xícaras para os seus convidados. Para beber, segure o pires com a mão esquerda e pegue a xícara com a direita, colocando-a na palma de sua mão.” – O chinês ensinou, e sorriu ao ver Sehun concentrado fazendo o que lhe foi dito. – “E então, como está?”

 

“Muito... Bom. Muito bom mesmo.” – Falou sorrindo de forma angelical, causando uma sensação estranha em Lu Han. De repente passou em sua mente que ele queria aquele tipo de sorriso mais vezes no rosto de Sehun.

 

“B-Bem... É importante te ensinar algo que você já deve até ter percebido nesses dias aqui... Os chás coreanos possuem vários sabores, podendo ser amargos, doces, adstringentes, salgados e “azedos”, com vários graus diferentes conforme a preparação das folhas ou a dureza da água. A preferência ao se consumir o chá é o mais fresco quanto possível. Cada região produtora de chá aqui na Coreia tem um destes sabores como característico. Por exemplo, o chá produzido na Ilha de Jeju tem um caráter mais salgado devido aos ventos vindos do mar.”

 

“Hm... Eu não sabia disso.” – Sehun comentou mostrando interesse.

 

“Bem, agora... Mostre o que aprendeu. Prepare um chá para mim, minha mãe e Jongin.”

 

“C-Certo. Posso só pegar um bolinho de arroz antes?” – Pediu infantilmente, fazendo os demais rirem.

 

“Pode Sehunnie.” – Comentou rindo, porém quando percebeu como havia chamado o maior ficou sério novamente. Sério e envergonhado.

 

O mais novo pegou o doce que estava à sua frente e depois começou a fazer os passos que lhe foram ensinados, vez ou outra olhando para o mais velho, pedindo mudamente por um sinal de que estava fazendo certo ou não.

 

“Você está indo bem, Sehun.” – Lu Han comentou sorrindo.

 

O mais novo suspirou e continuou o que fazia. Quando terminou ficou olhando Lu Han tomando o chá preparado por si, esperando que o mais velho desse o veredicto final.

 

“Ficou delicioso, Sehun. Aprendeu bem sobre como preparar um chá.” – Lu Han sorriu de maneira doce fazendo Sehun ficar admirando aquele sorriso por um tempo.

 

× × × ×

 

“Então, eu vi no começo você ficando com vontade de rir.” – Lu Han comentou quando estava sozinho com Sehun na salinha, ambos arrumando as coisas da cerimônia. Jongin, sem vontade de deixar Lu Han, saiu para atender na Casa de Chá junto com a Sra. Lu, e a equipe do programa saiu para esperar Sehun voltar para a loja e servir as pessoas.

 

“Foi engraçado ver você com uma roupa tradicional e as expressões zens do Jongin e da sua mãe.” – Sehun confessou. – “Tive vontade de rir sim, mas depois eu gostei. Realmente é relaxante e traz uma paz...”

 

“Sim... Que bom que conseguiu perceber isso.” – Lu Han falou contente.

 

“Eu percebi outra coisa...”

 

“O que?” – Perguntou curioso, olhando diretamente para o mais novo que secava com cuidado as porcelanas.

 

“Você não é fachada... Sabe... Você é assim... Só omite uma parte sua para sua família... Mas é aquele rapaz dedicado, calmo... Bem nem todas às vezes é calmo...” – Riu implicante, vendo Lu Han revirar os olhos. – “Mas... Você é motivo para se ter orgulho, porque você é essa grande pessoa...” – Comentou com um sorriso enigmático.

 

“O-Obrigado, Sehun.” – Agradeceu sem jeito.

 

“Eu acho que entendo porque você esconde dos seus pais...”

 

“Acha?”

 

“É mais fácil... Não tem muitos problemas, eles acreditam sempre em você, te apoiam... É algo que eu perdi da minha família...”

 

“Você não perdeu isso da sua família porque é gay... Sehun.” – Suspirou. – “Mas porque escolheu caminhos meios tortos...”

 

“Minha mãe me disse isso uma vez... Ela disse que não se importa que eu goste de um cara e escolha ele para ficar comigo... O que a incomoda é que eu fique trocando de pessoa toda noite...”

 

“Viu?” – Comentou e depois uma expressão de pânico se assumiu em seu rosto. – “Sehun... Você usa camisinha quando transa com essas pessoas não é? P-Porque ontem nós não...”

 

“Eu uso.” – Disse sorrindo. – “Sou inconsequente, mas ainda tenho um fiozinho de juízo. E se quiser ver... Eu tenho os exames que eu fiz alguns dias antes de vir pra cá. É regra do programa a gente fazer um exame antes de ir para a família porque eles não querem colocar ninguém em risco... Só se a família aceitar sabendo de todas as condições.”

 

“E-Entendi...”

 

“Você também usa camisinha, né?”

 

“Tirando ontem, só fiz com camisinha... Até quando namorava.”

 

“Hm, você namorou? Com quem?”

 

“Não lhe interessa...” – Disse fazendo uma careta.

 

“Eu posso contar sobre minha vida e você não pode contar sobre a sua?” – Perguntou com manha.

 

“Ok, ok... Mas aqui não é o lugar para esse tipo de conversa.” – Bufou. – “Vamos terminar isso para voltarmos a atender na loja...”

 

“Certo... Mas eu vou cobrar isso quando chegarmos em casa.”

 

× × × ×

 

Sehun atendeu melhor a clientela da Casa de Chá. Estava mais paciente, arriscando um meio sorriso aqui e ali para algumas senhoras, opinando sobre o gosto de chá e até bancando o grande conhecedor, falando que na Coréia existiam vários tipos de chás.

 

“Usando o que eu te ensinei para conquistar as senhoras, Sehun?”

 

“Só quero garantir a clientela.” – Comentou rindo e depois piscando para o menor.

 

“Idiota.” – Murmurou revirando os olhos e iria ofender mais o coreano, porém viu a câmera focar nele então o mandou ir trabalhar.

 

× × × ×

 

“Aaaah estou cansado.” – Comentou entrando na cozinha, vendo Lu Han fazer mais doces típicos coreanos. – “Posso pegar um?”

 

“Não.”

 

“Somente um?”

 

“Não.”

 

“Unzinho!”

 

“Pega logo!” – Revirou os olhos enquanto que Sehun ria. – “Deveria era me ajudar...”

 

“Decorando os doces?”

 

“Sim... Você tem que fazer florzinhas com essa massa rosa e colocar em cima do doce. Aquele ali você apenas faz um saquinho verde e joga o gergelim por cima... Consegue?” – Perguntou com tom desafiador, sorrindo de canto.

 

“Olha... Tem uns três anos que eu não esculpo ou modelo... Mas acho que isso será mole pra mim. E ainda faço mais rápido que você.”

 

“Duvido.”

 

“Certo. O que eu ganho se eu vencer a aposta?”

 

“O que você quer?”

 

“Hmm...” – Murmurou pensativo, olhando de maneira despudorada para o menor.

 

“Não nesse estilo...”

 

“Droga...” – Reclamou com um biquinho infantil. – “Eu quero... Eu quero um bolo pra mim. De graça, claro.”

 

“Passa-fome pão duro.”

 

“Heeeey!”

 

“Qual recheio?”

 

“Hm... Qual você indica?”

 

“Meu favorito é o de creme de manteiga com oreo...”

 

“ESSE!”

 

“Certo, valendo um bolo... Jongin!” – Falou mais alto para atrair a atenção do rapaz, que preparava chá em um balcão distante. – “Cronometre quem vai decorar os doces com menor tempo.” – O moreno veio sem muita vontade, pois estava emburrado com Lu Han por não ter lhe dado tanta atenção e começava a ficar com raiva de Sehun, que parecia estar roubando a atenção de Lu Han.

 

“Com a vontade que ele está vindo... Eu já ganho.” – Sehun comentou risonho e levou um olhar feio de Lu Han, que sussurrou:

 

“Ele está irritado com você.”

 

“Ele sabe que nós...?”

 

“Não!”

 

“O que estão cochichando?” – Jongin perguntou ao se aproximar.

 

“Que você está lerdo hoje.” – Sehun comentou dando de ombros e ouviu o moreno bufar, mas o ignorou. – “Bem, vamos lá. Fazer florzinhas, né?”

 

“E as trouxinhas verdes perfeitas. Como sou gentil, deixarei você ser o primeiro. E aí eu tenho que terminar em menos tempo que você...”

 

“Certo.” – Sehun comentou rindo torto. Pegou a massinha rosa e começou a modelar uma flor, com delicadeza, cuidando para que todos os traços ficassem perfeitos.

 

Os dedos do rapaz eram tão ágeis que Lu Han se perdia nos movimentos. Em questão de poucos minutos, Sehun havia decorado todos os doces com rosas, e já fazia as trouxinhas verdes para os outros. A habilidade dele era como se tivesse crescido fazendo isso.

 

“Terminei!”

 

“Como você... Fez isso?”

 

“Eu não sei nada de doces... Mas acho que trabalhos manuais são meus fortes.” – Riu vangloriando-se. – “Qual meu tempo, Jongin?”

 

“Cinco minutos.”

 

“Tem menos de cinco minutos, Lu Han.” – Disse e riu ao ouvir o outro soltar um muxoxo.

 

O chinês também fazia com maestria a decoração dos doces e muita rapidez. Quando terminou tudo olhou com olhos pidões para Jongin, esperando que ele avisasse seu tempo.

 

“Você fez de propósito?” – Jongin perguntou.

 

“Por quê?”

 

“Cinco minutos.” – Respondeu sem vontade.

 

“Isso me faz perder o bolo?”

 

“Empatamos... Eu ganho algo e você ganha algo.”

 

“O que você quer?”

 

“Você esculpe, não é?”

 

“Acho que ainda sei sim...”

 

“Quero que esculpa nos meus bolos. Eu não sou muito bom para esculpir certas coisas... Como pessoas, por exemplo...”

 

“Que confeiteiro meia boca!” – Disse rindo e levou um docinho na testa. – “Auch! Doeu!”

 

“Bem feito! Enfim... Eu quero que trabalhe junto comigo... Caso eu venha gostar das suas esculturas de doces.”

 

“Certo. Em casa eu te mostro o que posso fazer. Farei uma escultura linda.” – Riu convencido e viu Lu Han revirar os olhos.

 

“Agora vá trabalhar. Aproveite e volte ao trabalho levando esses docinhos para o casal que pediu.”

 

“Tem um a menos, o que você tacou na minha testa.” – Murmurou irônico e gargalhou quando Lu Han lançou um olhar mortal para si. Saiu da cozinha ostentando um sorriso.

 

“O que aconteceu?” – Jongin perguntou, fazendo Lu Han se sobressaltar.

 

“Hein?”

 

“Vocês dois... Eu imaginava que depois dele flagrar aquilo entre a gente... Fosse te chantagear e essas coisas... Mas parece que se uniram mais!”

 

“Eu já te contei que ele não me chantageou nem nada... E que ele prometeu não contar sobre o que viu.”

 

“E isso fez com que vocês se aproximassem assim?”

 

“Nós dois vamos conviver juntos por um mês, queria que vivêssemos brigando? Ainda mais com ele sabendo meu segredo?”

 

“N-Não... Mas...” – Um bico formou-se em seus lábios. – “Eu acho que estou com ciúmes.”

 

“De quê?”

 

“Ora, Lu Han! De você com ele!”

 

“Jongin... Nós dois não temos nada para você ter ciúme de mim... Desde o começo eu falei que isso não seria uma relação séria, que qualquer um poderia continuar sua vida, ficando com quem quisesse e tudo mais. Nós não temos um relacionamento sério...”

 

“Eu... Sei.” – Respondeu tristonhamente.

 

“Então... Esquece isso de ciúmes. E controle seus hormônios para mais ninguém nos pegar no flagra.” – Murmurou sério e quando se virou viu Sehun encarando os dois, que conversavam bem próximo um do outro naquela cozinha.

 

“Desculpa incomodar os dois, de novo.”

 

“Não estávamos fazendo nada.” – Lu Han falou às pressas, porém parecendo calmo. – “Jongin, vá para o balcão junto com minha mãe, ok?”

 

“C-Certo.” – Falou contrariado, saindo da cozinha com olhos irritados para Sehun.

 

“Ele percebeu que algo aconteceu com a gente?”

 

“Certamente. Até ontem eu quase não ia com a sua cara e hoje você não me deixa em paz...”

 

“Como se você não estivesse gostando disso.” – Riu e recebeu um tapa no braço. – “Se ele estiver com muito ciúme, pode dizer para ele que eu não me importo com algo a três.”

 

“Como é?” – Lu Han perguntou levantando uma sobrancelha, sentindo-se inexplicavelmente irritado com aquela afirmação.

 

“Estou brincando! Não vou me meter no meio de vocês... Mais do que já me meti. Não precisa ficar com ciúmes do Jongin...”

 

“Sehun, não estou pra brincadeira, vá pra loja atender, ok?”

 

“Ih...” – Murmurou saindo de perto.

 

“Você não pode ter falado sério, Oh Sehun... A três?!” – Murmurou irritado. – “E por que eu estou tão irritado assim?!” – Esbravejou consigo mesmo. – “Argh! Esses dois vão me enlouquecer!”


Notas Finais


BOOOOMM, descobrimos o que aconteceu na vida do Sehunnie! Vocês se culpariam no lugar dele? Eu não sei se me responsabilizaria, mas... não posso dizer porque não vivi a situação. É algo complicado demais perder alguém, ainda mais perder um irmão gêmeo :cccc
Enfim, um pouco do Sehun a gente conheceu, agora só falta vir à tona o passado do Luhan, que a cada capítulo mostra que tem mais do que a sua homossexualidade para revelar pra gente :x
Espero que estejam gostando! Nos vemos no próximo <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...