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História Império Alpha - Briga de rua


Escrita por: Lyinni e Kachan_

Notas do Autor


O capítulo tá pegando fogooo

Nosso lobo precisa de um calmante, é isso. E de umas sessões de terapia.

Capítulo 9 - Briga de rua


Com um olhar arisco para tudo à sua volta, um lobo esgueirava-se pelo interior de uma enorme mansão, sentindo o calor dos fracos raios solares que vinham da janela do final do corredor. Estava perto do pôr do sol, e a luz alaranjada o tornava uma bela visão, quase podendo comparar-se às pinturas exibidas ao longo das paredes.

A mansão parecia tão vazia. Um silêncio tranquilo pairava ali, já que boa parte dos empregados havia sido dispensada para passar o Natal com suas famílias e amigos. Os que restaram estavam nos andares abaixo daquele, com certeza andando de um lado para o outro, preparando o lugar para a reunião familiar que aconteceria em poucas horas.

Era dia vinte e quatro de dezembro, a véspera. Meia-noite, o casal humano, junto das filhas e mais alguns amigos, iriam todos sentar à mesa para comer e festejar. E só com essa informação, aquele lobo não queria passar mais nenhum segundo dentro daquela casa.

Naruto estava brincando lá fora, provavelmente. Era a única forma de explicar o porquê da mansão estar tão calma.

Desde dias atrás, quando Naruto acordou a todos da casa com aquele repentino surto, todo mundo começou a prestar mais atenção no híbrido de raposa. Não sabiam explicar o porquê dos gritos e do choro, mas procuravam não questionar muito. Sabiam o quão estressante deveria ser para alguém ter que dar desculpas sobre seus problemas emocionais para estranhos, portanto, não o pressionavam sobre nada. 

Pelo menos isso serviu para arrancar Sasuke dos holofotes. Ele detestava sentir toda a atenção dos Senju em si. Sabia bem que Tsunade o temia, e que Jiraya queria chegar perto e iniciar uma conversa toda vez que se viam. Sasuke odiava isso.

Não queria humano algum chegando perto demais. Não queria conviver com humanos, não queria se envolver, não queria conversar, não queria nem sequer sentir o cheiro humano. Tinha ódio por qualquer coisa que viesse de humanos.

Ele desceu as escadas com as mãos enfiadas nos bolsos das calças surradas que vestia, o tempo todo de cabeça baixa. Passou em frente a vários cômodos, ao lado de empregados que carregavam bandejas.

Com feições temerosas, os empregados se afastavam do lobo. Já haviam percebido o perigo que ele podia representar, com seu pavio curto e as presas afiadas.

Um pequeno sorriso se formou nos lábios dele, mesmo que por poucos segundos. Gostava disso, da sensação de ser temido. De ser respeitado. 

Pela primeira vez, eram os humanos que o temiam, e não o contrário. Não poderia haver satisfação maior.

Os seguranças tinham recebido ordens para não deixá-lo sair em hipótese alguma, para evitar que arranjasse mais intrigas pelas ruas. E também para protegê-lo, segundo a senhora Senju. 

Mesmo um híbrido alfa jamais tentaria caçar briga com aqueles seguranças. Além de estarem em maior número, eram todos grandes e robustos, e tinham armas em seus cintos. Eram treinados para proteger a mansão. Nem Sasuke, com toda sua autoconfiança, seria idiota ao ponto de tentar bater de frente. 

Tinha anos de experiência na Anbu. Furtividade era tudo!

Com tais pensamentos, o moreno atravessou o imenso pátio na parte de trás da mansão, incluindo o jardim, com todas aquelas árvores nuas,e os arbustos sem folhas. 

O muro era altíssimo, mas nem se comparava às muralhas da Anbu. Nada que ele não pudesse superar.

Circulou bastante a área, disfarçando sempre que suas orelhas caninas captavam movimento. 

Próximo ao muro, tinha uma árvore muito alta, e foi ela o que o lobo utilizou para dar seus pulos.

Firme com as garras dos pés e das mãos, ele começou a escalar o tronco sem dificuldade. Habilidoso, ele não demorou para chegar ao topo. 

Calculou a distância com os olhos, conseguiria pular. Depois, bastava usar as garras para deslizar até a metade do muro, pelo outro lado, quando poderia soltar-se e cair de pé, fora dos limites da mansão. 

Na pior das hipóteses, despencaria e quebraria o pescoço.

— Você não vai fazer o que eu acho que você quer fazer, né? — Soou aquela mesma voz feminina e já conhecida por ele, lá embaixo.

Ele respirou profundamente. Era como uma maldição, as pessoas sempre apareciam para perturbá-lo nos piores momentos.

Abaixo dele, a gata dos Senjus estava de braços cruzados e cabeça erguida, encarando-o com alguma irritação. 

— Quer quebrar o pescoço? Se quer, está no caminho certo. — Esbravejou ela, com as orelhas baixas em sua clássica demonstração de impaciência. 

Ele passou as mãos pelos cabelos compridos, repetindo seu sagrado mantra de cada dia. Não mostre suas presas para uma ômega, não mostre suas presas para uma ômega, não mostre suas presas para uma ômega… 

Como ela tinha chegado ali de repente?! 

— Eu não sou igual a você, que pisca e já tá caindo de cima de qualquer lugar alto. — Respondeu a ela, ácido.

Lá no chão, ela teve que segurar um sibilo.

— Olha aqui! — Apontou um dedo para ele, exibindo a garra perfeitamente pintada de rosa claro. — Foi só uma vez! Eu não costumo cair daquele jeito, foi má sorte! 

Ele arqueou uma das sobrancelhas. 

— Essa desculpa de má sorte não é só uma desculpa pra sua falta de habilidade? — Provocou, sem sorrisos. — Pensei que gatos soubessem usar as garras pra se segurar.

— Eu sei que tenho um bom equilíbrio, não preciso provar nada para alguém como você. — Levou as mãos à cintura, esnobe. — E eu iria cair de pé, de qualquer jeito.

— Uma gata fajuta como você? Duvido. 

— Não ligo se você duvida. — Ela emitiu com convicção e uma face cheia de maturidade, aproximando-se mais da árvore para encará-lo. — Sai daí de uma vez, você não vai pular o muro.

O moreno estalou a língua no céu da boca. 

— Que irritante… 

— É sério! — Ela ressoou. 

Com os olhos entediados, ele a observou sem muito cuidado. Estava vestida feito uma boneca, pra variar. Sobretudo cor-de-rosa com botões pretos, legging marrom, cachecol, botas e um laço vermelho na cabeça. Típico de uma patricinha metida a besta. 

E ainda tinha aquele rosto corado e cheio de determinação. 

Ela o lembrava alguém, só não sabia ao certo quem. 

— Eu não te devo explicação nenhuma, mete o pé daqui antes que a humana… 

Ela o cortou.

— Esquece a minha mãe! — A gata bateu pé, e os pelos da sua cauda tornaram-se arrepiados. — Eu sei que você está pensando em fugir. Já te adianto que não vai adiantar, nossa casa é cercada por seguranças vinte e quatro horas por dia, desiste.

A indignação bateu com força. Isso significava que estava preso lá, com uma porção de caras armados circulando o local o dia todo? Sem folga? 

— Isso é uma prisão?! — Rosnou, sem controle. Não para Sakura, para si mesmo.

— Desculpa, mas você tem que entender que está em estágio de observação. E… depois daquela confusão com o Kakashi, é melhor você ficar bem longe de encrencas por um tempo. Se a polícia te pegar de novo, você está frito!

Ela passou os dedos pelo próprio pescoço, como se simulasse uma decapitação. 

O lobo gemeu como se sentisse dor, e bateu as palmas em seu próprio rosto. Estava tão bravo, era como se o mundo fizesse questão de conspirar contra ele.

Não aguentaria passar nem mais um minuto ali dentro. Precisava sair, se desvencilhar daquela gente, sentir novos aromas. Precisava de distância. 

— Sasuke?...

Ele a ignorou, focado demais em praguejar o mundo inteiro. Mentalmente, já tinha proferido mais de mil palavrões diferentes, dos mais inofensivos aos mais sinistros.

Em um salto, ele estava de volta ao chão, caminhando para a direção oposta a dela.

Os olhos felinos fitaram os pés dele, descalços naquele gelo. A pele já estava se tornando até um pouco avermelhada. 

— Você é louco ou o que?! Vai colocar um sapato! — Exclamou, correndo um pouco atrás dele.

— Não me enche o saco! — Ele gritou no mesmo tom. — Eu vivia andando descalço na Anbu, sapato é coisa de humano!

— Você vai ficar doente! 

— Já tô acostumado, merda! — Se virou para olhá-la na cara. — Vai atormentar a vida de outro, praga! 

Assim que ele parou, de frente para ela, a gata quase bateu a cabeça no peito dele, de maneira toda desajeitada. 

— Doente… — ele murmurou, vendo-a tropeçar e por pouco não cair com o traseiro na neve — que isso, tu deve ser a gata mais atrapalhada que eu já achei.

— Fica quieto! 

Ela inspirou e expirou várias vezes, em tentativas de analisar as próprias palavras. Enquanto isso, ele permaneceu parado na frente dela, à espera da explosão. 

Ao invés de explodir, o semblante foi acalmando-se aos poucos. Ela manteve as orelhas baixas, só que desta vez, não por raiva, mas sim para deixar claro que estava assumindo-se como a pacifista ali.

— Por favor… eu não quero ser chata — "já tá sendo", ele pensou — mas você tem que entender que essa é a regra. O Kakashi já falou com você sobre isso, não é? — Segurou as mãos atrás do próprio corpo, inclinando-se mais em direção ao moreno. — Híbridos selvagens não podem andar pela rua, Sasuke. É proibido. Você traria muitos problemas se… fosse para lá… ainda mais sozinho… 

Ele já sabia disso. E não se importava nada.

— Quer ir parar em uma cela? — Ela quase sussurrou.

Ele mordeu o lábio inferior, com um risinho maléfico. 

— Aí que tá, gata. Eu passei toda minha vida em uma cela. Não ia ser muito diferente pra mim. — Despejou, com um ar intimidador e odioso, cada vez mais perto. Havia escárnio em sua voz.

Ela abriu a boca e emitiu algumas bufadas, desviando seus olhos vez ou outra, sem saber como responder.

— São… São duas situações diferentes… — começou de novo, com os lábios trêmulos e as mãos confusas — aqui não é a Anbu… Você… Você não está preso… 

— Ah, eu não tô preso? — Soltou uma risada zombeteira. — Cê acha que eu não tô preso?

Ela apreciou, mesmo assustada, enquanto ele deslizava a língua sobre os próprios dentes caninos, afiados e grandes. 

— Eu só posso sair na merda da rua… pra andar… se tiver a porra de um humano junto… — dava ênfase nos xingamentos, os pronunciava com mais força, cheio de rancor — … e não para por aí! — Riu mais uma vez. — Só com focinheira!... E ainda tem a porra desse muro… Esses caras do inferno… 

Precisou virar o rosto para não rosnar para ela.

Toda a inveja que ele sentiu por ela certa noite, quando conversaram na árvore, retornou. 

Sakura era uma híbrida de gato: uma gata doméstica. Um bichinho de estimação, um troféu caro e bonitinho que os humanos ostentavam orgulhosamente. 

A dona Tsunade e senhor Jiraya deviam tê-la comprado por alguns milhões quando ainda era uma filhotinha. Arrancado-a dos braços dos pais biológicos, só para terem o prazer de exibir sua híbrida de estimação: uma gatinha perfeita, linda, bem vestida, educada, que só falava quando lhe era solicitado, e que as pessoas ao redor enxergavam como uma coisinha fofa e adorável, uma bonequinha sem vontades próprias. 

Em outras palavras, Sakura era tudo que os humanos desejavam em um híbrido: fraca, ingênua, bonita, inofensiva e obediente. E era por isso, por ser tão submissa e por ter a sorte de nascer ômega e felina, que ela podia ir e vir para todo lugar. Nenhum humano a temeria ou enxotaria, como fariam com ele. Mesmo com "donos", ela era livre. 

Livre de uma forma que Sasuke e Naruto jamais seriam.

Os punhos dele estavam tremendo. Sentia-se prestes a entrar em colapso! 

— Eu vou sair, e você não vai me impedir. Ah, não vai… não vai mesmo… — Ele nem parecia mais o mesmo.

Naqueles olhos negros, ela encontrou insanidade e desespero para escapar. 

Seu coração quebrou, porém, ela ainda assim deu passos para trás, para se afastar da aura ameaçadora que emanava. 

De verdade, ele não iria machucá-la. Estava descontando o ódio nas próprias mãos, com os punhos cerrados, cravando as garras nas próprias palmas até que as juntas ficassem brancas e sangue começasse a brotar.

— Calma! — Ela pediu e ergueu as mãos em sinal de paz. — Relaxa! Vamos… Vamos fazer o seguinte… 

— Seguinte é o meu cacete! — Ele praguejou em alto e bom som, o suficiente para espantar todos os pássaros que estavam por ali perto.

Ela engoliu em seco.

Era uma coração mole mesmo. 

— Eu te deixo sair, okay? Pode sair! — Exclamou, agitada para acabar com aquela discussão de uma vez. — Vai!… tem… te-t-tem uma saída pelos fundos, eu te mostro… 

O lobo apertou os olhos, em clara desconfiaça.

— Vai me ajudar? — Questionou.

"A mamãe vai me matar."

— Só se você me prometer que vai voltar cedo. — Exigiu ela, com toda a astúcia que ainda lhe restava, o que só o fez encará-la torto. — … Você vai voltar, não vai?

Ele revirou os olhos.

— Eu não vou abandonar o meu irmão, inteligência rara. 

Ele passou raspando pelo ombro dela. Sua postura era a de um foragido da lei.

A rosada deveria impedi-lo, mas não iria.

Ele tinha razão. Ela não possuía o direito de privá-lo da liberdade. E nem a lei. Os humanos no alto não faziam a menor ideia de como deveria ser a vida sofrida de um ex híbrido da Anbu, e de como a ânsia pela liberdade poderia ser dolorosa. 

Aquela gata, que passou toda sua infância cercada por humanos ricos e bem vestidos, com todos os luxos e mimos que alguém poderia algum dia sonhar, não tinha o direito de negar a liberdade de um lobo crescido em cativeiro. Ela não podia julgá-lo, teria enlouquecido se houvesse passado por tudo que ele passou. Seria outra pessoa, uma pessoa que, assim como ele, teria a frieza da morte no olhar.

Sakura o guiou por corredores, passando por lugares que não tinha mostrado a Naruto. Cômodos ocultos no fundo da mansão, mais vazios que o resto, maiores e gélidos. 

Aquela casa era um misto de corredores que pareciam não ter fim, e cômodos maiores que salões de baile. Um verdadeiro labirinto luxuoso.

Uma escada para um andar abaixo. Eles percorreram um caminho estreito, sem nem usar a lanterna do celular dela. Era uma espécie de quarto do pânico, ou um porão cheio de teias.

— Aqui — ela destrancou uma porta acima deles — é como uma saída de emergências. Não têm seguranças vigiando ali. Eu acho.

O lobo assentiu, e passou com facilidade pela porta, subindo uma escadinha curta. Ele deu de cara com o frio da noite, os flocos de neve salpicando seus cabelos pretos.

— Vou deixar a portinha destrancada pra você.

Ele resmungou e saltou para fora. 

No segundo em que ouviu o som dos pés nus afundando na neve, Sakura se arrependeu. Quando descobrisse, sua mãe a mataria!

Mas ela não precisaria descobrir.

Tsunade era uma mulher esperta, se daria conta da falta de Sasuke num instante!

Ou talvez não. 

— Tô frita, ela vai ver nas câmaras… — Concluiu, por fim, enquanto seus cabelos voavam por causa do vento que adentrava.

Sasuke saiu sem ao menos um casaco e sem sapatos, ostentando as garras dos pés. O quão resistente ao frio um híbrido de lobo cinzento poderia ser?

Ela fechou a porta sem trancá-la, como prometido.


Por volta das onze horas da noite, os seguranças abriram os enormes portões de barras de ferro, e um minuto depois, a governanta da mansão, Mito, abriu a porta principal para dar as boas-vindas aos convidados. 

— Boa noite. — A ruiva cumprimentou com gentileza, dando espaço para que a dupla entrasse. — Sejam bem-vindos.

Era Kakashi, em seu elegante terno preto e gravata azul marinho, e uma morena em um formoso vestido preto e estola branca e peluda sobre os ombros. 

— Boa noite. — A dupla desejou em uníssono, ambos com sorrisos calmos.

— Kakashi, Shizune! — Lá vinha a senhora Tsunade, trajando um belíssimo vestido verde esmeralda, com uma estola preta sobre os ombros, bem parecida com a da morena. — O que houve? Não iriam chegar mais cedo? 

— É que ele me deu uma carona, mas o trânsito estava terrível. — A morena explicou, e em seguida, apressou-se para abraçar a amiga. — Feliz Natal! 

A loira deu uma risada feliz, retribuindo o carinho. 

— Ainda não, só depois da meia-noite!

Atrás de uma parede, Naruto espiava, com uma expressão insegura.

Sentiu o cheiro da humana de longe. Mesmo ele, que costumava ser tão extrovertido, sabia que humanos eram como um jogo de azar: nunca se era garantido se seriam bons ou maus. E mesmo que ele tivesse em mente que a tal Shizune não poderia machucá-lo ali dentro nem se quisesse, o medo ainda o dominava sempre que olhava para aquele novo rosto.

Ela era uma mulher muito bonita, parecia ser jovem, gentil, e tinha um sorriso muito carismático. Mesmo assim, todo cuidado era pouco. 

— Algum problema? — Jiraya perguntou por trás dele, o dando um susto.

O raposo deu um pulo e virou-se depressa para o humano mais velho, rindo sem graça. 

— Não, não… Nada não… 

— Então, bora lá cumprimentar o pessoal. — Convidou, carismático. — Aquela lá é a Shizune. Ela trabalha pra Tsunade, mas você não a viu na última semana porque ela andava de férias. O Kakashi tá lá também, viu? Vai ser tranquilo, a gente só vai sentar e comer. Ninguém vai te obrigar a beijar a mão da Shizune. — Brincou, bagunçando os cabelos loiros do raposo com uma das mãos. — E se te deixa mais seguro, o velho Butsuma não vai comer com a gente. O cara já tá dormindo numa hora dessas. 

O raposo concordou e seguiu Jiraya em direção à dupla recém-chegada, mesmo tímido. 

— E aí. — Kakashi o cumprimentou com um tapinha nas costas, e um sorriso acolhedor. — Se adaptando bem, Naruto?

— Oh, esse é o famoso Naruto? — A morena levou uma das mãos ao peito, honrada. — A senhora Tsunade falou muito de você! 

Ele forçou um sorriso. Suas orelhas estavam caídas. 

— Mas veja só, é um rapaz bonito demais da conta! — A morena falava, aproximando-se, divertida. — Hinata e Sakura que se cuidem, não é? — Brincou.

— Ah, que isso… — ele murmurou.

Amigável de uma forma que Naruto nunca tinha visto antes, Tsunade Senju chamou a todos para irem se acomodar na sala de estar, enquanto não dava meia-noite.

No corredor, a gata da casa juntou-se a eles, cumprimentando os hóspedes com beijinhos no rosto. 

— Ei, Sakura — a mulher mais velha ali puxou o braço da filha de repente, e sussurrou: — Você viu o Sasuke? Ele não aparece desde hoje à tarde. 

O rosto da felina se tornou mais vermelho que um morango maduro. Detestava mentir para sua mãe, Tsunade tinha uma política severa quanto a mentiras.

Sakura… 

— Não vi ele. — Mentiu, rezendo aos céus para que ele voltasse antes do amanhecer. — Ele não gosta de pessoas, deve estar trancado no quarto. 

— Mesmo assim, vá chamá-lo. Daqui a pouco é a ceia, ele com certeza vai querer comer.

"Ela vai ver nas filmagens, ela vai saber que eu deixei ele sair, que eu deixei um lobo selvagem sair por aí sozinho e sem focinheira…"

— A-a-ah… Não, não… ele já comeu… 

— Mas você não disse que não o viu? 

— E… E eu não o vi… Quero dizer, eu vi ele, sim… ele roubou uma coxa de galinha e vazou pro quarto, tava todo irritadinho… 

A loira arqueou uma das sobrancelhas, mas aceitou a desculpa.

— Está bem. — Deu um pequeno sorriso, enquanto ajeitava a franja da híbrida com os dedos. — Você lavou o cabelo uma hora dessas? É tarde.

— Eu precisei, ele tava um sebo. 

— Hum, não repita isso. Lavar o cabelo tarde da noite faz mal, é a hora que mais esfria. — Deslizou a mão pela lateral do rosto dela.

A rosada ronronou, meiga.


A ceia se passou muito bem.

Quando o relógio carrilhão soou as badaladas da meia-noite, todos sentaram-se ao redor de uma mesa toda decorada, com talheres de ouro, taças de cristal e os mais refinados pratos de porcelana.

O raposo logo arrancou aquela máscara de timidez, falando pelos cotovelos, falando até com o vento, tagarelando sobre todos os assuntos possíveis, ao ponto de deixar todos tontos. Conversou mais do que escutou, sabe lá Deus de onde tirava tanto assunto. 

Estava encantado com tanta comida. Nunca tinha visto nada igual, nem mesmo naquelas televisões ferradas que os capangas da Anbu tinham. Aquilo era o ápice do luxo! Iria sobrar comida até demais!

Quando ele pensou que não conseguiria comer mais nada, chegou a sobremesa. Com certeza, ele estava comendo por todos aqueles anos em que passou fome.

Enquanto degustava, sentiu uma pontada de culpa. Enquanto estava ali, devorando tudo que via pela frente sem limites, seus filhotinhos estavam passando fome na Anbu. Gaara e Karin também.

Aquilo destruiu seu apetite, quase o fez querer colocar pra fora tudo que tinha engolido.

— Um brinde! — Jiraya ergueu a taça de vinho. — Ao Naruto e ao Sasuke, que estão sãos e salvos com a gente! 

Com as orelhas erguidas, sem entender, Naruto ficou boquiaberto enquanto todos erguiam seus devidos copos para brindar. Shizune, Kakashi, Tsunade e Sakura, suas taças de vinho. Hinata, sua tacinha de água. 

— Um brinde! — Disseram numa só voz.

Depois de comer mais do que aguentavam, Sakura arranjou um jeito de escapar do olhar atento de Tsunade, e colocou música alta para que todos pudessem se divertir mais um pouco.

Dançaram até altas horas. Quando eram quase quatro horas da madrugada, Shizune e Kakashi riam sem parar. Decidiram dormir ali, cada um em um quarto de hóspedes. 

Pronta para cair na cama e dormir, a coelha da casa subia as escadas quando alguém passou por ela na correria, e a velocidade era tão grande que a pobrezinha chegou a rodopiar e cair sentada sobre um degrau.

Só teve tempo de assistir a um raio dourado desaparecer no corredor. 

— Hã, mas… — ela ficou ali parada e boquiaberta, sem saber ao certo o que dizer. 

Se levantou. E como um flash, o raio dourado voltou, e de novo, a coelha foi ao chão. 

Atrás do raposo, vinha a senhora Senju, brava — e até um pouco embriagada —, em passos pesados e com a postura endurecida.

— Naruto! — Ela gritou, indo atrás dele. 

Hinata agitou suas longas orelhas de coelho, frustrada. Ao ficar de pé, analisou bem antes de passar, olhando para os dois lados como se fosse atravessar a rua.

No caminho para seu quarto, encontrou uma cena no mínimo esquisita: o lúpus, sentado sobre o assento de uma grande janela com vista para a noite, ouvindo a bronca da senhora Senju em completo silêncio, com as orelhas baixas.

— Você vai parar de correr por aí igual um fedelho! Olha que horas já são, todo mundo quer dormir! — Tsunade brigava, com um dedo apontado para o rosto dele. — Eu vou te dizer pela terceira vez: nada de correria dentro de casa! Você vai acabar quebrando tudo desse jeito! Quer correr? Vai correr na rua, lá no pátio! Aqui dentro, não! Entendeu, Naruto? 

Ele encolheu os ombros e assentiu com a cabeça, sem olhá-la nos olhos. Não tinha coragem. 

Para um híbrido nascido na Anbu, a palavra de humanos ainda pesava demais.

— Ótimo! — Finalizou. 

A coelhinha virou a cabeça de lado, de modo que suas orelhas ficaram meio dependuradas para a esquerda. 

Era quase bobo o quão fácil aquele alfa lúpus conseguia ficar feliz, bravo e triste, tudo de uma hora para outra. Mesmo com uma bronca de Tsunade, a coelhinha não achava que Naruto fazia o tipo que se importava com broncas. Muito pelo contrário, ele dava pinta de moleque serelepe que desafiaria autoridades.

Sua mãe passou ao seu lado, e quando ela sumiu sem olhar para trás, Hinata aproveitou a oportunidade para puxar assunto.

Ela precisava ser mais sociável, segundo Sakura. 

Tomar coragem e iniciar um diálogo não iria matá-la!

— Com licença — Chamou-o atenção. — Posso me sentar aí? 

Ele ergueu as orelhas e a encarou com alguma desconfiança, mas moveu a cabeça para cima e para baixo, sem se importar muito.

Ela se sentou ao lado dele, só a alguns centímetros de distância.

Se esforçou para não encarar muito os arranhões que ele tinha no rosto, quase fundindo-se aos três risquinhos que tinha em cada bochecha — marcas de nascença, talvez. Aquele híbrido de raposa, na noite de seu delírio, tinha causado cortes no próprio rosto com as garras. Já estavam quase cicatrizadas — incrivelmente, ele possuía uma regeneração rápida —, mas ainda eram uma amostra do ponto em que a insanidade era capaz de chegar.

— Eu posso… fazer uma pergunta? — Estava sentada ao lado dele, mas não o encarava.

Ele piscou sem entender, e a olhou com curiosidade.

A achava meio estranha.

— Não… Sim, mas, ei…! — Ele riu, meio sem graça com todo aquele porte. — Não precisa falar assim comigo não.

Foi a vez dela olhá-lo em confusão. 

— Assim como?

— Assim, é… chique, sei lá, pode falar normal comigo! — Falava, inocentemente.

Hinata não entendeu. Com que tipo de educação aquele rapaz estava acostumado a lidar? Ela não havia proferido nada demais. Não havia feito nada além de ser educada, e garantir que ele estaria confortável com a presença dela tão próxima.

— Mas eu estou falando normalmente… — balbuciou.

— Cê tá? — Ele indagou, achando-a cada vez mais estranha. Ela parecia ser parte de um outro mundo, o jeito que falava, a postura, a doçura com que perguntava, tudo estranho demais para alguém acostumado a ouvir xingamentos.

— Sim… eu acho… 

— Tão tá. Pergunta aí. Já tava perguntando mesmo.

Ele mostrou um sorriso digno de apreciação. Ela quase teve um bloqueio em sua cabeça, gaguejou um pouco no começo, mas pegou de volta o fio de sua frase.

— Desculpa… Eu só… Bem… Sei que não é da minha conta, mas eu estava olhando, e você entristeceu. — Desviou o olhar, evitando encará-lo nos olhos. — A mamãe Tsunade é meio brava às vezes, eu sei.

— Ah… Aaaaah… É isso… — Ele olhou para cima, meio pensativo e bem mais calminho. 

De novo, ele riu. Hinata gostava da risada dele, era espontânea.

— A humana brigou e me mandou parar de fazer bagunça, só isso. — Explicou sem detalhes, como se o resto fosse óbvio. 

Mais uma vez, ela virou a cabeça de lado — um hábito que tinha quando queria compreender algo.

— E foi uma coisinha dessas que te deixou triste? — Questionou, com um dedo sobre os lábios. 

— Triste? Eu não fiquei triste… — as orelhas caíram, mas ele não deixou de sorrir — É que ela é humana, né. Não se pode desobedecer humanos, se ela me mandou ficar quieto, eu tenho que ficar quieto.

Ela negou com a cabeça, com uma das sobrancelhas arqueadas e um risinho.

— Também não é pra tanto. — Falou, calma. — Não conte a ela que eu te disse isso… mas, não se deve levar as coisas que a mamãe Tsunade fala tão a sério. Ela é explosiva, mas é boa pessoa. Não se preocupe tanto assim com as broncas dela. Até porque, se você ficar mal a cada nova bronca… — riu — olha, você vai entrar em uma depressão profunda. 

Ele já tinha ouvido falar em depressão em uma conversa com Kakashi. Não sabia com exatidão o que era, mas tinha uma ideia incompleta.

— Ah, eu nunca entrei em depressão por causa de bronca de humano… e acredite… foram muuuuuitas… Mas eu não quero apanhar, então ficar quieto em um lugar grande desses não me irrita tanto quanto ficar quieto em um lugar apertado. Assim tá bom.

Ela desfez o sorriso.

— Apanhar? — Repetiu. — De onde você tirou essa ideia?

Ele não pareceu perceber a gravidade do que dizia, portanto, apenas assentiu com naturalidade, nem se deu conta do tom de voz alarmado dela.

— Não é sempre assim? Se um tu desobedece um humano, ele te bate. — Encostou as costas no vidro da janela, a espiando pelos cantos dos olhos azuis. — Se bem que tu é tipo filha deles. Então, você nunca deve ter apanhado… Já eu… 

— Isso não acontece aqui. Nunca. — Ela se apressou em dizer.

Levou a mão ao peito, em uma clássica demonstração de piedade, com os claríssimos olhos arregalados em descrença.

Sem dar a mínima, o raposo apenas riu do rosto preocupado dela. Ele não se dava conta de que, para alguém habituada com seu berço de ouro, agressões e tudo que ele vira na Anbu eram uma surpresa desesperadora. 

Para ele, por outro lado, não passava de uma rotina infeliz, e saber que não passaria mais por aquilo o animava. 

Mesmo que Kakashi já tivesse explicado que ali não haveriam abusos, Naruto ainda tinha suas inseguranças. Era uma delícia saber que não passavam de paranóias, e que ele estava, sim, em um porto seguro.

— Sério? Real? — Brincalhão, ele se inclinou, cada vez mais perto do rosto dela.

Envergonhada, ela recuou.

— É… É sério… — sussurrou — … Você está bem?

Ele reparou nela, no rosto rubro e nos ombros tensos.

Achou um amorzinho. Ele até sentiu uma pontinha de pena, como se estivesse olhando para um filhotinho chorão.

A cauda dele começou a ir para lá e para cá.

— Relaxa! A última vez que eu apanhei já faz um tempo! Já tirei os curativos, nem dói mais! — E sem a mínima noção de espaço pessoal, chegou mais perto, com o olhar brilhante. — Hinata, vamos brincar? 

Ela o olhou sem entender. 

— Vaaaamos! O Sasuke nunca quer brincar comigo, tô solitário! 

Ela não sabia como agir.

Em sua cabeça, saber que ele tinha medo de ganhar uma surra era um problemão, e ela precisaria debater isso com seus pais. Ao mesmo tempo, ele dizia aquilo tudo com tanta tranquilidade, que nem ela estava compreendendo mais a real gravidade.

Se fosse Sakura no lugar dela, a rosada muito provavelmente iria achar que Naruto estava zoando com sua cara. No entanto, Hinata nunca foi muito boa em entender ironia e zoações.

— Mas… Você… — após tentar argumentar com algo, ela desistiu e suspirou. 

Se ele não se importava, por que ela deveria? Era passado.

— Tudo bem. — A coelha respondeu, sem muito ânimo. — Só que já é tão tarde… 

— A gente vira a noite! — Ele riu.

Ele começou a abanar o rabo ainda mais rápido, e suas orelhas se ergueram na mesma hora, feliz da vida. Secretamente, ela pensou que ele parecia muito um filhotão contente por ter alguém com quem brincar. 

No mesmo segundo, com sua mão forte e de pele bronzeada, ele agarrou a dela, pequena e pálida. 

Para ela, foi impossível não enrubescer.

Ele saltou do assento e começou a arrastá-la por aí. Ela, coitada, o acompanhou no susto, de tão rápido que era. 

— Caraca, você é a primeira pessoa que aceita brincar comigo! 

— Mas… Mas brincar de quê? 

— Sei lá! Brincar! Eu não tive infância!

Ele gargalhava. A coelha o observou em uma sequência de corridas e caçadas pela casa, uma mistura de pega-pega e esconde-esconde, tudo sem regras. Os dois trombaram-se várias vezes.

Aquela pobre híbrida não fazia ideia do que estava fazendo, e não tinha a mínima ideia de que acompanhar um loiro serelepe em suas infantilidades era a chave para obter muita intimidade e grude.

Na correria, passaram em frente à porta de Sakura.

— Vão dormir! — A bichana gritou de dentro do quarto, frustrada por ter seu sono atrapalhado.

Estava deitada sobre o colchão como um verdadeiro gato, aninhada com as pernas e os braços encolhidos, e o edredom cobrindo-a até a cabeça. Sua cauda estava para fora da cama, balançando para lá e para cá graças ao nervosismo.

Tinha deixado Sasuke sair! 

Um lobo! Um híbrido que passou toda sua vida isolado, que mal sabia andar pela cidade!

Ele poderia ser pego pela polícia de novo! Ele poderia ser atropelado! Drogado! 

Estava arrependida de deixá-lo sozinho.

Ou talvez fosse apenas paranóia. Nada tão grave poderia acontecer… ela desejava.


Na mansão, todas as luzes já estavam apagadas. Na cidade, às quatro da manhã, tudo ainda estava aceso e agitado.

No entanto, o lobo preferia mover-se pelas sombras, longe de olhares curiosos. Garrafas de cachaça espalhadas pelo chão, bitucas de cigarros, latinhas de cerveja, poeira. Ele chutava tudo. 

Não queria se meter em encrenca. Não era… nem de longe, seu objetivo. 

Detestava humanos, mas não era idiota de procurar briga com um monte de bêbados. Só queria manter a distância. 

O problema é que eles não respeitaram o seu espaço.

Não encosta em mim!!!!!! — O moreno rugiu furiosamente, lançando mais um humano para chocar-se contra a parede. — Nojentos!!!!!! 

Mais um veio por trás, na intenção de pegá-lo desprevenido. 

Humanos burros. Não faziam ideia de com quem estavam lidando, não tinham ideia de todas as coisas que aquele lobo era capaz de fazer só com as garras. 

Se tinha algo de que aquele alfa podia se gabar, era de sua experiência com brigas. E foram muitas ao longo de sua vida.

Desgraçado!!!! — Puxou o homem bêbado pelo colarinho, e sem hesitar, desferiu uma cabeçada na testa dele, forte o bastante para que ambos sangrassem, mas só o humano caiu aos seus pés. — Caralho, vai se foder, que agonia!!!!!!

Mais um, e mais outro. Os dois foram ao chão, com chutes fortes.

Com as mãos empapadas de sangue, o moreno gargalhou.

No chão, vários humanos estavam espalhados, todos com profundas marcas de garras nos rostos, pescoços, e praticamente em todo resto. Eles ainda praguejavam, chamando-o de várias coisas: Diabo híbrido, monstro, aberração, demônio lobo, animal do capeta, entre tantos outros nomes ridículos. 

Patético. 

— Fracotes... Fracotes! — O lobo repetia, risonho. — Não conseguem nem me acertar um soco!... Humanos... Humanos são todos fracos. Vocês só têm quantidade! É só isso que vocês têm!

Ele chutou a cara de um humano que insistia em olhá-lo com cara feia, e o homem cuspiu sangue.

— Vocês não valem nada. Nenhum de vocês. 

Chutou mais uma vez, com mais força.

— Vocês não valem bosta nenhuma. E ficam aí se achando os fodas. — Chutou a barriga daquele bêbado. — Ei, miserável! Tu ainda se acha o poderosão?? Hein?! Fala pra mim! 

Gargalhadas.

Com um sorriso perturbador, Sasuke ficou de joelhos em frente ao rosto ensanguentado. 

Queria espancar mais. Queria exterminar aquela raça imunda com suas próprias mãos.

— Humanos são tão... — os olhos negros mostravam superioridade — pequenos... em comparação a nós... 

Uma joelhada.

Com toda a calma do mundo, ele deixou aquela pilha de bêbados ali, caídos, e furtou uma garrafa das mãos de um deles. Ela continha alguma bebida barata, que Sasuke virou goela abaixo sem pensar duas vezes, só para estourá-la na parede logo em seguida.

A briga de rua terminou em uma porção de humanos com braços quebrados, e talvez uns dentes a menos. Mas não o alfa.

Alfas sempre serão fodidamente mais fortes que qualquer humano. Não haveria comparação, jamais. Estava no DNA. 

Humanos não faziam a mínima ideia da força de um selvagem


Notas Finais


Queeeeima quengaral

Tava faltando um pouquinho de ação, né? Eu amooo capítulos com tiro e porrada. No próximo tem mais!

E se liga no climinha ali com Naruhina, tudo de bom.
Aliás, feliz Páscoa pessoal! ❤ Ganharam chocolate?
(Irônico que eu mande um capítulo de véspera de Natal na Páscoa, né?)


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