-Essa é April, mas ela já deve ter se apresentado. - Eu digo tentando absorver o misto de sensações que pareciam explodir em meu intimo.
-Sim, a senhorita April nos recepcionou. - Arizona diz dando seu sorriso de covinhas.
-Eu só não sei como devo chama-la ainda, Arizona ou irmã? - April pergunta em tom de piada, e eu a repreendo com os olhos.
-Olha, no internato sempre me chamam de irmã Arizona, como aqui eu sou a única noviça, podem me chamar de Irmã mesmo. - Ela diz dando de ombros e eu me sinto desapontada. Eu gostaria de chama-la de Arizona, chama-la de irmã a colocava como uma freira mesmo que ela não fosse, e isso por algum motivo me fazia sentir incomodada.
Desisto de dar ouvidos a esses sentimentos malucos, e falo:
-Arizo... Digo, Irmã. Não quer ir conhecer o quarto onde você vai ficar? Sophia pode vir conosco e conhecer o estúdio, e após o jantar eu a levo a seu quarto.
-Claro, vamos sim. - Arizona diz sorrindo.
Dou a mão a Sophia e April vai atrás de nós conversando com Arizona. Nós cruzamos o imenso jardim e passamos pela piscina.
-Titia, vou poder nadar aqui? - Sophia pergunta animada.
-Claro, querida. Sempre que quiser. - Eu digo sorrindo.
-Eba! Então eu quero agora.
-Sophia, querida, agora está tarde. - Arizona intervem, e eu agradeço mentalmente pois não sabia se deveria ou não deixar a menina fazer o que queria. - amanhã você acorda cedo e fica o dia inteiro na piscina, pode ser?
-Pode, irmã Arizona. - Sophia responde desapontada.
-Irmã, freiras nadam em piscinas? - April pergunta.
-No internato não existe piscinas então eu nunca me preocupei em saber se poderia ou não usa-la, mas de qualquer forma eu não tenho roupa de banho. - Ela responde envergonhada.
-Eu posso te emprestar um biquini. - Digo de supetão.
-Acho que isso eu definitivamente não posso usar. - Arizona diz e todas caimos na gargalhada.
Assim que entramos no estúdio, que ficava escondido nos fundos do quintal, Arizona e Sophia ficam boquiabertas com o lugar.
-Está uma bagunça porque estavamos fotografando e separando algumas ideias para a nova exposição, mas geralmente é sempre assim. - Eu digo dando de ombros. - Arizona, me siga para eu te mostrar seu quarto.
Eu subo as escadas e ela me segue, April e sophia continuam no estúdio, e April mostra as cameras e lentes que parecem encantar os olhos curiosos da garotinha. Arizona também parece encantada com todo o lugar. Enquanto ela encara todas as pinturas e fotos em volta, eu abro a única porta do quarto que antes pertencia a mim.
-Aqui está, irmã. - eu digo dando espaço para ela entrar. O quarto é grande e tem as paredes pintadas de vinho, com uma cama de casal no meio, e fotografias espalhadas por todas suas paredes escuras. O teto era de madeira, o que deixava todo o lugar com cheiro fresco. Ás arvores do quintal também invadiam a varanda com as portas abertas, e deixava o lugar com um cheiro ainda mais gostoso. Eu amava muito mais ali que meu quarto com Mark, mas ele odiava que eu ficasse ali muitas noites, então eu só o fazia em quando tinha muito trabalho. - Tem um banheiro privativo. - Eu digo abrindo a porta do banheiro. A irmã, que já olhava tudo encantada, parece agora espantada.
-Não tem paredes? - ela pergunta, e eu gargalho.
-Tem sim, mas são de vidro. - Eu digo com naturalidade. - Não se preocupe, não da para ninguém te ver tomando banho daqui, a não ser as arvores.
-É meio constrangedor. - Ela diz, corada e ainda mais linda.
-Eu sei, mas é o único aqui com chuveiro. Me desculpe, vou providenciar algumas cortinas se você achar necessário.
-Não, não se preocupe. Se a senhora diz que ninguém conseguirá me ver, eu acredito.
Ela continua encarando tudo maravilhada, e eu aproveito seu momento de distração e pego a câmera polaroid ao lado da cama, e tiro uma foto dela. Ela imediatamente me encara assustada.
-Me desculpe, não resisti. Mal de fotográfa. - Sorrio tentando tirar toda a tensão que parece dominar o corpo dela.
-Tudo bem. - É só o que ela diz, mas ainda parece incomodada.
-Então vamos jantar!.
-x-
-Então, irmã, você sempre quis ser Freira? - April pergunta e eu a encaro brava. - O que? Foi só uma pergunta.
-É...- Arizona se mexe na cadeira incomodada. - Sempre foi minha vocação, eu acho.
-A irmã Arizona é a médica lá da escola. - Sophia solta, e eu imediatamente olho para Arizona espantada.
-Médica? - eu pergunto.
-Sim, estudei medicina em uma universidade tradicional católica, fiz residencia e especialização no hospital católico da universidade, e depois fui trabalhar no convento dando aulas as crianças e trabalhando na parte da enfermaria.
-Uau, tão novas e já estudam anatomia. - April fala rindo.
-Ah, na verdade eu ensino outras matérias a elas. No colégio que eu fiz ensino médio nós também saiamos formadas professoras.
-Imagino que ele fosse católico também. - Eu solto sem perceber.
-Sim, meus pais sempre acharam importante eu ser criada na religião. Se eu não fosse noviça, ia acabar sendo freira.
-Mas você vai ser, por isso é noviça, não é? - April pergunta realmente confusa.
-Sim, eu só estava... tentando fazer uma piada. - Arizona sorri envergonhada.
-Ah, eu achei engraçada. April que é lentinha, não se preocupe. - Eu digo sorrindo.
-Hey! - April diz ofendida e joga uma batata frita em mim, todas na mesa gargalhamos.
-x-
-Você devia ter chego mais cedo para recepcionar as garotas, foi muito indelicado da sua parte. - Eu digo enquanto me deito. Mark havia chego a pouco tempo, e o relógio já marcava 1h. É claro que Sophia e Arizona já haviam ido dormir, e eu apenas permanecia acordada porque estava tentando decidir um tema para a nova exposição.
-Eu tinha muito trabalho, Callie, alguém tem que fazer dinheiro nessa casa. - Ele diz grosseiro e eu reviro os olhos.
-As expectativas para essa nova exposição são ótimas, o meu nome está rolando na boca dos melhores fotográfos e empresários do ramo. Não é mais só você que faz dinheiro, baby. - Eu digo o alfinetando.
-O dinheiro dessas fotos não paga nem seu condicionar, me poupe Callie.
-Mark, você veio para casa só para me perturbar? Poderia ter ficado no seu escritório fazendo seu dinheiro! - Eu digo nervosa.
-É, mas agora eu vou deitar na minha cama e dormir. - Ele diz, se deitando ao meu lado. - Quem não gostar que se mude!.
-Você é irritante! - eu digo entre dentes.
-Você também é. - Ele fala e se vira, um segundo depois está roncando, e eu fico sozinha com meus pensamentos.
Embora eu odiasse Mark nos últimos dias – ou melhor, últimos anos – o destino parecia nos juntar. A primeira vez que eu quis me separr, houve o … incidente. E o que no começo pareceu ter vindo para nos unir, nos separou de vez. Logo, quando eu criei coragem novamente para pedir o divórcio, o irmão de Mark morre e nós ficamos responsáveis por Sophia. Eu não podia de forma alguma permitir que a garotinha perdesse os pais e ficasse com um tio ausente que nem olharia na cara dela. E eu conhecia Mark e seu orgulho o suficiente para saber que ele jamais me deixaria ficar com a guarda dela, se me separasse dele.
Então, só o que restava era virar e dormir sentindo o perfume doce demais dele, que parecia estar ali só para me lembrar quão infeliz eu era.
Naquela noite eu sonho com olhos azuis e covinhas.
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