A solidão é uma arma que pode acabar com tudo e todos, até mesmo o ser mais frio.
-Mihawk? Mihawk estás a ouvir?? - gritava Shanks enquanto me cutucava o ombro.
Eu realmente não estava em mim, pensamentos e memórias pairavam sobre a minha cabeça, mas acabei por "acordar".
-Diz... - respondi lhe com um tom sério e um pouco contrariado pelo facto de ele ter interrompido os meus pensamentos.
-Tu andas muito esquisito homem, o que se passa?
-Nada, coisas da minha cabeça, não é importante.
-Tu não costumas ser tão pensativo.
-Ah Shanks, não te preocupes tanto comigo, não sou nehuma criança indefesa...
-Ninguém é criança por estar triste. - ele olhou para mim de esguelha.
Eu suspirei e dei mais uma golada no vinho quente que estava no copo na minha mão.
-Sabes Shanks... Não há nada como um bom vinho para este frio...Aquece a alma...
Na verdade, há uma coisa melhor que o vinho para manter longe o frio da solidão.
-Á nossa Mihawk.
Naquele momento nós brindamos e bebemos, degostando aquele vinho maravilhoso nos nossos lábios.
A seguir pousei o copo e peguei no meu chapéu colocando-o na cabeça.
-Bem, eu agora vou voltar para casa Shanks...
-Quando quiseres, voltamos a repetir.
Eu acenei a cabeça e dei um sorriso. Despedi-me do Shanks, virei costas e comecei a caminhar para o meu pequeno barco que estava preso nas docas.
Sentei-me e zarpei, como sempre sozinho e a pensar em tudo ao meu redor.
Foram dois anos que passaram, habituei -me de mais á companhia daqueles dois... Aquelas pestes barulhentas e chatas que discutiam um com o outro, irritava me profundamente quando queria estar em sossego, quem diria que agora eles iriam me fazer falta e deixar marcas de saudade. Não queria admitir isto mas... A Perona e o Zoro tornaram-se pessoas destacadas na minha vida, especialmente a mulher histérica de cabelos rosa cacheados, ela tem uma personalidade forte e irritante, mas cozinhava razoavelmente bem... Até mesmo os seus caprichos por doces e coisas fofas trazem saudade...
Ao chegar ao meu Castelo depois de uma hora de andar no alto mar, entrei e tirei o meu chapéu e a minha capa. Acendi a lareira e sentei-me no sofá em frente ao fogo.
-Está imenso frio lá fora - disse eu esfregando as mãos.
Quando me ia encostar ás costas do sofá, ouvi um barulho vindo da parte de fora do castelo e olhei para a porta.
Fui em direção ao estrondo e ao sair, deparei-me com um monte de neve irregular em frente á entrada.
Sacudi a neve e estava um pano preto debaixo da camada branca.
-O que é isto?
Ao agarrar no tecido, vi que algo duro estava coberto por ele, então tentei puxar. Quando consegui tirar aquilo dali, quase tive um ataque de coração.
-Mas.. - eu estava estupefacto e preocupado.
Nos meus braços vi apenas uma menina, de cabelo rosa cacheado, olhos grandes e negros, roupas góticas mas de uma certa forma fofas.... Era Perona...
-Perona?? - tentei deixá-la consciente mas estava difícil.
-Mi-Mihawk? Eu... - ela estava prestes a desmaiar, então levei-a rápido para dentro e fechei a porta.
Coloquei-a rapidamente no sofá e pus a mão na sua testa, estava a arder em febre, o que era normal, já que andava com aquelas roupas de tecido finíssimo em pleno inverno.
Preparei toalhas húmidas e tudo para tentar baixar o febre e coloquei nela.
A minha pergunta no meio daquilo tudo era "Porque raio a Perona apareceu assim em frente ao meu Castelo sem sequer avisar que viria? "
Eu estava curioso para saber as intenções dela, mas não queria incomodá-la com aquilo naquele momento, visto que o estado dela estava um pouco delicado e incapacitado.
Cobri-a com uma manta e fui preparar um quarto mais confortável, onde ela poderia descansar numa cama decente em vez do sofá.
Depois de arrumar o quarto, voltei a pegar nela e coloquei-a na respetiva cama.
Perona tentou abrir os olhos para me dizer algo, mas estava fraca de mais.
Eu apenas cobri-a de novo e não permiti que ela falasse pondo o dedo nos seus lábios para que ela poupasse as suas forças.
-Amanhã falas comigo teimosa... - disse lhe num tom calmo e sereno.
Ela apenas acenou lentamente a cabeça em sinal de afirmação e fechou os olhos de cansaço.
Fiquei ao lado da menina até ela adormecer e de seguida fui para o meu próprio quarto.
Deitei me na minha cama e comecei a pensar nos motivos que levariam Perona a aparecer ali sem explicação e naquele estado.
Não consegui adormecer, por estar a pensar de mais e ao mesmo tempo pela preocupação, caso Perona precisasse de alguma coisa.
Foi uma noite difícil, mas o dia seguinte talvez fosse melhor.
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