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História In My Heart - Azar no jogo, azar no amor


Escrita por: brunacezario

Notas do Autor


E aqui está a tão esperada reação de Jessica Lane.

Ótima leitura!

Capítulo 29 - Azar no jogo, azar no amor


Everybody hurts some days

(Todo mundo se machuca algum dia)

It's ok to be afraid

(Tudo bem ter medo)

Everybody hurts

(Todo mundo se machuca)

Everybody screams

(Todo mundo grita)

Everybody feels this way

(Todo mundo se sente desse jeito)

And it's ok

(E está tudo bem)

- Everybody Hurts (Avril Lavigne)

2008

- Nas duas pontas!

Nicky bateu com a pedra de dominó na mesa e, ao erguer os braços em comemoração, bateu na mão de uma mulher que passava atrás dela, derrubando toda a bebida da moça no vestido que ela usava.

- Merda! – a moça de longos cabelos pretos e olhos levemente puxados sacudiu a mão como se a mão toda molhada de bebida fosse o maior de seus problemas. – Eu só usei esse vestido duas vezes. – resmungou. Estava mais chateada do que irritada.

- Me desculpa! – Nicky levantou-se da mesa. – Eu não vi que você estava passando... – tentou enxugar o vestido da mulher com alguns guardanapos, mas foi impedida.

- Eu acho melhor limpar isso no banheiro.

- Então vamos limpar isso no banheiro.

Nicky fez um gesto pedindo para que a mulher seguisse o caminho até o banheiro primeiro. Ela encarou Nicky um pouco confusa, mas mesmo assim seguiu até o banheiro, tendo seus passos acompanhados pela loira.

- Eu consigo limpar essa merda que você fez sozinha, não precisava me seguir. – disse a moça passando algumas toalhas de papel molhada no vestido.

- Você queria que eu te seguisse. – Nicky encostou-se na parede ao lado da pia. – Eu vi a forma que você estava me olhando a noite inteira.

- O que? – a moça soltou um riso, debochada. – Se eu fiquei olhando para a sua mesa a noite inteira foi por causa do barulho, não por sua causa.

- Sério? – cruzou os braços, descrente. – É isso que você diz para si mesma sempre que está interessada em alguém e não tem coragem de dizer?

- Eu sempre tenho coragem de dizer quando eu estou interessada em alguém. – esboçou um sorriso cínico. – Me surpreende você achar que essa sua cantada funciona com todas.

- Que cantada? Eu só estou dizendo fatos. Se eu tivesse te cantando você saberia.

- Muito obrigada pelo vestido cheio de bebida, - jogou as toalhas de papel no lixo – mas eu não estou interessada.

- Tudo bem. – tirou um cartão do bolso e entregou para a moça. – Me ligue dizendo o preço da lavagem do vestido que eu vou pagar com um jantar.

- Doutora Nicole Nichols? Isso é para me impressionar?

- Eu não sei. Funcionou?

A mulher riu.

- Pode voltar para o seu jogo. – abriu a porta do banheiro.

- Espera! – Nicky pousou a mão na porta, fechando-a. – Eu esqueci de uma coisa.

- O que?

Nicky avançou nos lábios da mulher, beijando-a com muita vontade e sendo correspondida da mesma forma.

- Eu vou mandar esse vestido para a lavandeira mais cara. – disse a moça um pouco ofegante após se separarem do beijo. – Talvez eu deixe você devolver o valor em um jantar. – abriu a porta do banheiro e colocou um pé para o lado de fora, pois tinha certeza que não ia conseguir sair daquele banheiro tão cedo caso Nicky a beijasse novamente. – Eu não sei.

- Você vai me dizer o seu nome pelo menos?

- Se eu te ligar, eu te digo, doutora Nichols. – disse com um sorriso divertido. – Mas deixe suas expectativas baixas, não é como se fossemos passar do jantar.

2008

- Você mentiu para mim esse tempo todo! – disse Jess possessa após ouvir toda a história. – Você deixou que eu te levasse para Las Vegas. – passou a mão pelos cabelos, andando de um lado para o outro na sala. Riu, indignada. – Você disse que o teto do seu apartamento tinha caído quando na verdade você perdeu seu apartamento em um jogo. – balançou a cabeça em negativo. Ainda custava a acreditar em tudo aquilo. – E a culpa de tudo isso é minha ainda? Por que você não queria estragar o meu dia? – olhou para cima tentando espantar as lágrimas que estavam preparadas para começar a cair. – Por que você não queria que eu descobrisse que você é uma viciada em jogos?

- A culpa não é sua. – disse Nicky tentando passar um tom calmo, mas a verdade é que ela estava desesperada. Nunca deveria ter contado da forma que contou. Não que fosse fazer alguma diferença naquela altura. – Eu só...

- Você só o que, Nicky? Pensou que eu não ia querer continuar com você caso descobrisse? – ela limpou as lágrimas do rosto com a mão. Riu, nervosa. – Eu achei que você era uma viciada em drogas, me ofereci para te ajudar a buscar ajuda, você riu da minha cara e ainda disse olhando nos meus olhos que o único problema que você tinha era de estragar os seus relacionamentos. Agora eu entendo o motivo!

- Eu fiquei com medo da sua reação porque era realmente essa! – apontou com a mão para a Jess. – Eu sabia que você ia agir dessa forma.

- Então você não me conhece muito bem. Eu – apontou para si mesma – estou agindo dessa forma porque você – apontou para Nicky – teve todas as oportunidades do mundo para me contar a verdade e só está me contando agora porque eu não ia cair mais em nenhuma mentira sua! Eu juro que eu pensei que você fosse melhor do que isso Nicky.

- Eu disse para você que eu não era. – disse com desdém.

Já não sabia mais como se defender. Na verdade, nem tentava por saber que não tinha defesa nenhuma. Portanto, uma hora ou outra, seu mecanismo de defesa era fingir que não estava se importando com absolutamente nada quando, na verdade, estava gritando de desespero por dentro.

Jess riu, sarcástica.

- Novamente a culpa é minha. Anotado Nicky.

- É sempre a mesma coisa. – murmurou mais para si mesma do que para Jess. – Eu tentei fazer tudo diferente e está terminando da mesma forma. Pra que eu ainda me importo?

- Se você realmente se importasse, você teria confiado em mim e me contado a verdade, mas em toda oportunidade tudo que você fez foi mentir. E, se está terminando da mesma forma, é porque esse relacionamento não é nenhum pouco saudável.

- Não é saudável? – soltou um riso, indignada. - Pelo amor de Deus! Do que você está falando? Eu parei de jogar por você!

- Você parou de jogar por mim, mas também voltou a jogar por mim. Onde que isso é saudável? Eu estou te fazendo mal.

- Você... Da onde...? – ela não conseguia formar uma frase coerente. Estava difícil de acreditar em tudo que estava ouvindo. – Você foi a única pessoa que fez com que eu me sentisse bem. Eu queria ser uma pessoa melhor por você, eu... – a voz começou a embargar. – Pelo amor de Deus, Jessica! Eu sei que não tem desculpa para o que eu fiz, mas eu estava tentando consertar tudo, eu estava tentando melhorar para você não ter que lidar com isso. – apontou para si mesma. Estava se sentindo acabada, como se tivesse passado horas jogando e que, de alguma forma, isso estava transparecendo, mesmo que ela estivesse com o seu visual impecável da cirurgiã geral renomeada do New York Presbyterian. – Eu sabia que se eu abrisse a minha boca eu ia te perder.

- Se você tivesse prestado um pouco mais de atenção nesse namoro, você saberia que antes da viagem para Las Vegas não teria a menor chance de você me perder. – pegou a bolsa em cima do sofá. – E eu só não estou te jogando coisas nesse exato momento porque eu te amo demais para fazer uma coisa dessas. – caminhou até a porta do apartamento. – E também porque existe milhares de modos de terminar com alguém sem precisar usar violência. – abriu a porta do apartamento. – Você deveria ter confiado mais no meu amor.

Jessica saiu batendo a porta do apartamento atrás de si deixando uma Nicky completamente desolada.

Ela tinha feito de novo.

2008

- Você tem certeza disso? – Nicky colocou uma caixa em cima do sofá. – Ainda dá tempo para você implorar mais um ano de contrato, Sarah.

- Eu preciso economizar o dinheiro, então não vou mudar de ideia. – colocou a caixa em cima da mesa de centro. – A não ser que você tenha mudado de ideia. – disse um pouco preocupada. – Você está pensando em voltar para Nova York, Nicky?

- No dia que eu voltar para Nova York, – puxou Sarah pela cintura. – você vai junto comigo. Eu preciso de alguém para usufruir do apartamento de dois andares que eu vou comprar.

- Eu amo uma mulher que pensa alto. – entrelaçou seus braços no pescoço de Nicky. – Ainda bem que até agora só vi vantagens em morar com você.

- Eu pensei que você odiasse os meus amigos.

- Desde o dia que eu descobri que eles são ótimas cobaias para os meus doces ficou impossível não gostar deles, mesmo com toda a gritaria que vocês fazem nos dias que resolvem jogar dominó.

- Eles são muito competitivos.

- Só eles, né?

Nicky assentiu com um sorrisinho divertido e beijou Sarah.

2008

Elas entrarem no apartamento rindo por causa de alguma coisa que Piper havia dito. Uma noite pela cidade comendo besteiras junto com o amor de sua vida era tudo que Alex precisava para voltar a se sentir bem e o seu aniversário não ser um completo desastre. Ela ainda se sentia mal por ter perdido o paciente. Nunca era fácil, ainda mais para ela que raramente perdia pacientes em cirurgias, mas Alex não queria que em algum momento ficasse mais fácil. A médica lidava com pessoas. Pessoas que eram importantes para outras pessoas, portanto ela tinha que tratar todas como tal, não somente como um amontoado de órgãos que pagava o seu salário.

Alex acendeu a luz do apartamento enquanto trocava um beijo com Piper. O sorriso que ambas carregavam no rosto por causa da risada que estava cessando desapareceu, dando espaço para uma expressão de dúvida, quando elas viram Nicky sentada no sofá da sala.

Como Nicky nem se moveu por causa da presença das duas, elas se aproximaram para tentar ter uma pista do que estava acontecendo. A melhor amiga de Alex fitava o nada, com uma expressão totalmente perdida, segurando um copo de uísque quase vazio na mão. Em cima da mesinha de centro estava a garrafa da bebida completamente vazia. Sinal de que fazia algum tempo que Nicky estava sentada no escuro bebendo. Outro sinal disso eram os olhos da loira que estavam inchados, indicando que ela passou uma boa parte do tempo chorando.

- O que aconteceu? – Alex perguntou, preocupada. Lembrava-se somente de uma única vez que encontrou Nicky naquele estado e isso fazia muitos anos.

- Depois eu compro outra garrafa de uísque para você. – colocou o copo em cima da mesa, ainda fitando o nada. – Não é como se fosse a sua bebida favorita mesmo.

- Nicky, eu não estou preocupada com meu uísque. – sentou ao lado da melhor amiga no sofá. – O que aconteceu? Por que você está assim?

- Por que você ainda é minha amiga? – virou a cabeça, olhando para Alex. Assim como suas palavras, seu olhar trazia uma dor imensa. – Eu sempre estrago as coisas boas que tem na minha vida. – riu, desolada. – Não sei nem como eu tenho um emprego ainda.

- A Jess terminou com você. – afirmou Piper.

Alex havia lhe contado toda a história no tempo que ficaram fora. A morena não viu mais sentido em omitir o que estava acontecendo, sendo que estava na cara que Jess iria descobrir tudo naquela mesma noite. Ela estava certa, entretanto gostaria de não estar. Estava lhe partindo o coração ver Nicky naquele estado.

- Ela não jogou nada em mim porque ela me ama. – disse, como se não fosse nada demais. – Ela não deveria me amar, mas quem manda na porra do coração, não é mesmo?

Nicky levantou do sofá e, no mesmo instante, caiu sentada nele novamente, completamente tonta por causa do efeito do uísque. Ela não fazia ideia de que estava tão bêbada até aquele momento.

- Se você não se importar eu vou passar a noite aqui.

Nicky começou a rir histericamente.

Alex e Piper se entreolharam, assustadas com o comportamento. Estavam vendo em sua frente uma Nicky completamente diferente da que estavam acostumadas.

- Eu tenho que dormir aqui porque eu não tenho um apartamento. – continuou, entre risos. – O meu eu perdi em uma aposta e agora eu fui expulsa do que estava morando com a minha namorada. – fungou, pois as risadas haviam se transformado em lágrimas. – Eu sou uma fodida!

Ela passou as mãos no rosto, irritada por causa de todas aquelas lágrimas que tornavam sua visão mais turva do que a bebida. Se tinha uma coisa que odiava na vida era chorar. Não via sentido em se debulhar em lágrimas sendo que não ia adiantar em absolutamente nada. Pelo contrário, mais tarde poderia adicionar em uma lista de problemas uma dor de cabeça infernal por causa de toda a choradeira.

- Você pode ficar aqui quanto tempo você quiser. – disse Alex em um tom sereno. – Vem... – ajudou a melhor amiga a se levantar. – Hora de dormir um pouco.

- Você deu sorte, Chapman. – disse Nicky enquanto era praticamente arrastada até o corredor que dava nos quartos. – Você ficou com a amiga que vale a pena.

Piper poderia dizer qualquer coisa, mas não ia fazer a menor diferença. Pelo menos não naquele momento em que Nicky estava completamente bêbada. Também lhe partia o coração ver Nicky daquele jeito por ter certeza que sua melhor amiga estava da mesma forma. Por mais que Piper e Nicky vivessem de provocações, a jornalista gostava da loira e a última coisa que queria era vê-la sofrendo.

2009

O relógio marcava 4:32 A.M quando Nicky passou pela porta de entrada de seu apartamento. Essa era a décima noite consecutiva que ela chegava a essa hora da madrugada. Isso quando não chegava em casa só depois do almoço, após ter passado dois dias sem nem ao menos colocar o pé dentro de casa.

- Nicky? – Sarah sentou-se no sofá, esfregando os olhos.

- Sarah o que você está fazendo dormindo aqui? Aconteceu alguma coisa?

- Amor, senta aqui. – Sarah chegou um pouco mais para o lado no sofá. – Por favor. – deu três tapinhas no sofá, reforçando o seu pedido.

Com um pouco de receio por não fazer a menor ideia sobre o que aquilo se tratava, Nicky sentou ao lado da namorada.

- Eu não sei uma maneira fácil de dizer isso, mas... – respirou fundo, buscando mais um pouco de coragem para dizer o que queria. – Nós precisamos procurar ajuda. Você precisa procurar ajuda, mas eu vou estar lá por você.

- Eu preciso procurar ajuda? – Nicky coçou a nuca, confusa. – Eu preciso procurar ajudar por causa do que? O que aconteceu, Sarah?

- Está mais do que na cara que você é uma viciada em jogos. – Nicky ia abrir a boca para contestar aquilo, mas Sarah ergueu os braços, isentando-se e prosseguiu. – Eu não estou te julgando. Essa foi a forma que você encontrou para se manter na faculdade, eu conheço a sua história, eu entendo, mas você não está mais na faculdade, Nicky. Você é uma excelente médica, com um excelente salário, então você não precisa mais do jogo para se sustentar.

- Eu sei disso. – Nicky respondeu tranquilamente. – Eu parei de jogar para me manter tem muito tempo, agora eu só jogo por diversão, somente para relaxar, você me conheceu em um desses jogos.

- Amor, me escuta. – colocou as duas mãos na perna de Nicky, tentando ganhar o máximo de atenção que poderia para que a namorada entendesse realmente o que ela queria dizer. – Tem mais de uma semana que você chega essa hora da madrugada em casa...

- Pelo amor de Deus, Sarah! – interrompeu a namorada, não estava gostando nenhum pouco do rumo daquela conversa. - Eu sou uma cirurgiã! Claro que terão dias que eu vou chegar a essa hora em casa, como também terão dias que eu vou passar uns dois dias sem aparecer. Isso se chama plantão, você sabe disso.

- Claro que eu sei disso. Só que eu conheço os seus plantões, por exemplo, hoje você não estava de plantão.

- Porque eu sai de um plantão de 48 horas, eu precisava de algo para relaxar, então fui jogar pôquer com os amigos. Isso não significa que eu sou uma viciada em jogos.

- Semana passada você perdeu 20 mil dólares jogando.

- Sarah, me escuta. Às vezes eu me empolgo jogando? Me empolgo. Mas eu não sou uma viciada. Meus jogos de pôquer e de dominó são como o boliche ou dardos de outras pessoas. É somente para tirar todo o estresse do trabalho.

- Nicky... – Sarah levantou-se do sofá. – Eu não sei. – passou a mão pelos cabelos, andando de um lado para o outro. – Eu quero ter um futuro com você, eu juro que quero, mas não esse tipo de futuro. Eu não quero sair de casa um dia para ir trabalhar e quando eu chegar a noite descobrir que não temos mais uma casa porque você perdeu em uma aposta.

- Que isso Sarah? – Nicky levantou-se do sofá, chocada com o que estava ouvindo. – Da onde você tirou isso? Ei! – segurou nos braços da namorada, ganhando a atenção dela. – Eu nunca faria isso com você, entendeu? Meus jogos nunca vão ser um problema na nossa vida. Eu juro. Se você quiser que eu paro. – levantou as mãos – Eu paro hoje mesmo.

- Eu não quero que você pare por mim. Quero que você pare o seu bem, se isso for um problema para você. Mas se você está dizendo que é só lazer, eu vou acredita em você. – esboçou um fraco sorriso. – Você nunca mentiu para mim, então não vejo motivo para começar a mentir agora, certo?

- Prometo que no próximo fim de plantão eu virei direito para casa e nós vamos fazer o que você quiser, tudo bem?

Sarah assentiu.

- Acho que agora eu posso ir para cama. – a morena disse. – Hoje foi só uma amostra de que essa vida de ficar te esperando de madrugada não é para mim.

- Por sorte, - Nicky a abraçou por trás, andando em direção ao quarto. - você nunca vai ser esse tipo de mulher. – deu um beijo no pescoço da namorada. – Deus me livre te perder por causa de um jogo de pôquer.

2009

- Ah não! – Nicky murmurou jogando um comprido de aspirina na boca ao ver Piper chegando a cozinha. – Eu pensei que você já tinha ido trabalhar. – tomou um gole de água.

- Já era para eu estar no trabalho mesmo. – Piper sentou no banco do balcão de frente para a Nicky. – Mas o universo é muito engraçadinho. Fui usar o meu problema no coração como desculpa ontem e hoje quase não consegui levantar da cama.

- E você está bem agora? Não é melhor ficar em casa ao invés de trabalhar? Quer que eu te examine? – Nicky a bombardeou de perguntas, preocupada.

Piper sorriu.

Sabia que Nicky se preocupava, mas ela nunca havia demonstrado realmente.

- Eu estou bem. – respondeu, sorrindo. - E você?

- Você não precisa fazer isso Chapaman. – Nicky abriu a geladeira. – Eu sei que você me odeia. – fez uma careta, fechando a geladeira logo em seguida.

- Quem disse que eu te odeio?

- Isso não faz parte das regras? Se a sua melhor amiga me odeia automaticamente você não tem que me odiar?

- Todo mundo sabe que eu sou especialista em regras. – Piper fez uma breve pausa. – Ou era até conhecer a Alex. – deu de ombros. – Essa regra não chegou até mim, mesmo por que a Jess não te odeia.

Nicky riu, debochada.

- Ela não te odeia. – Piper reiterou. – Você só jogou uma bomba no colo dela que vai demorar para ser processada.

- Você acha mesmo que tem chances dela me perdoar? Depois de todas as mentiras?

- Sinceramente? – Piper balançou a cabeça em negativo. – Eu não sei. Ela não quis falar comigo ontem sobre isso.

- Para o bem dela é melhor que não perdoe. Eu sempre disse que não a merecia e ela nunca me escutou.

- A Jess te ama. – Nicky ergueu os ombros, com desdém. – Você também a ama, então a melhor coisa é dar tempo ao tempo e enquanto isso você deve continuar cuidando de você. Nada de ter outra recaída.

- Recaída deveria ser meu nome do meio. – debochou com um sorrisinho cínico.

- Eu estou falando sério. – Piper disse em tom de repreensão. – Alex está orgulhosa de você.

- Ela tinha orgulho de mim porque eu era uma boa cirurgiã, agora... – riu. – Eu sou uma fodida.

- Eu também sou. – levantou-se. – Por isso deveríamos tomar café da manhã juntas. Eu estou morrendo de fome.

- Você vai pagar? Por que minhas contas ainda estão bloqueadas e eu não vou gastar meu cartão de crédito com você.

- Vamos logo. – Piper abriu a porta do apartamento. – Dessa vez eu vou pagar. Só não se acostume.

2009

- Está doendo. – resmungou Sarah com uma expressão de dor. Havia cortado a mão na faca, portanto estava no hospital recebendo alguns pontos de Nicky. – Você tem certeza que não comprou o diploma?

- Você é tão dramática. – disse Nicky com um sorriso divertido. – Sua mão está tão anestesiada que provavelmente você não vai senti-la pelos próximos três dias. Como você conseguiu cortá-la mesmo? Tem chances da polícia aparecer daqui a pouco para te levar presa?

- Você é tão idiota. – Sarah deu um leve empurrão na namorada, fazendo-a rir. – Eu quero morrer só de pensar que vou reprovar nesse módulo por causa de uma mão cortada. Foi tudo praga daquela plagiadora de receitas de rótulos de leite condensado, eu tenho certeza.

- E eu tenho certeza que a polícia vai aparecer daqui a pouco te prendendo por causa da morte dela.

- Eu não matei ninguém! – exclamou, ofendida. – Vontade não me faltou, mas eu não matei ninguém. Você vai continuar me amando mesmo se eu não for uma confeiteira famosa?

- No nosso primeiro encontro eu pensei que você era somente uma alcoólatra e foi paixão a primeira vista, então... – deu de ombros. – Eu vou continuar te amando se você for somente uma confeiteira que faz bolos de heróis e princesas para aniversários de criança. – deu um beijo em Sarah.

- Essa deve ser a famosa Sarah, então. – disse Alex se aproximando da maca que Sarah estava sentada. – Eu espero que essa seja a famosa Sarah.

- Quantas namoradas ela tem? – Sarah perguntou, fingindo confusão. – Eu sou a da quarta-feira, não sou? – completou em tom brincalhão.

- Eu sempre confundo os dias da semana, então não posso afirmar nada. – Alex respondeu no mesmo tom. – O que aconteceu?

- Ela assassinou uma colega de classe. – respondeu Nicky. – Se não ficou o sangue dela em cima da plagiadora, provavelmente não devem conseguir liga-la ao assassinato, certo? Será que sua mãe aceita representá-la?

- Minha mãe vai adorar defender um bom e velho assassinato. A Nicky te falou sobre mim ou eu estou fazendo a intima, mas você não faz ideia de quem eu sou?

- Doutora Alex Vause. – disse o nome da morena com muita certeza. – Ela me falou tanto de você que eu achei que vocês eram um caso mal resolvido. Cheguei a pensar que ela veio trabalhar no UCLA para fugir desse grande amor, não para se especializar.

- Se ela disse o contrário, ela mentiu para você. Nicky fugiu por causa do meu amor não correspondido. Ela nem é formada em medicina de verdade.

- Eu desconfiei. – Sarah levantou sua mão enfaixada. – Você não veio levar minha namorada de volta para Nova York, veio?

- Deus me livre, não! Eu vou auxiliar em uma cirurgia raríssima amanhã. Eu não tinha nem planos de esbarrar com a Nicole, mas eu odeio elevadores de hospitais, sempre tão inconvenientes.

- As pessoas que usam os elevadores de hospitais que são inconvenientes, sempre atrapalham as melhores transas. – Nicky disse com um sorrisinho sugestivo. – E quem sofre de amor não correspondido aqui é a Alexandra. Até o fim dessa visita, nós vamos estar separadas Sarah. Foi somente para isso que ela veio para Los Angeles.

- Você vai ser a minha nova pessoa favorita do mundo inteiro se me ajudar a arrumar um pretexto para terminar com a Nicky. – levantou-se da maca. – Eu não aguento mais esse namoro. Ela me ama demais. Quem aguenta isso em um relacionamento?

- Eu não faço ideia. – Alex respondeu. – Essa mão cheia de pontos significa que eu não vou comer a melhor torta da maçã da minha vida? Nicky ficou a semana inteira fazendo propaganda disso.

- Desde quando uma mão cheia de pontos impede a Sarah de fazer doce? Pode impedir que a gente faça sexo, mas cozinhar nunca. – passou a mão pela cintura da namorada. – Ela cozinha até de olhos fechados.

- Eu deveria estar mesmo com os olhos fechados quando cortei a porra dessa mão. – resmungou. - Vamos? Eu vou te fazer a melhor torta de maçã do mundo.

- Ela é sua melhor namorada. – disse Alex apontando para a Sarah.

- Eu sou mesmo. – disse Sarah em tom convencido. – Se as coisas não derem certo com ela e você quiser que eu seja sua melhor namorada, estamos aí também. Eu sempre tive uma queda por mulheres de óculos. – mandou uma piscadela para Alex.

- Eu entendi tudo errado. Você veio aqui roubar a minha namorada, não me roubar. Não te julgo. Ela é a melhor mesmo. – deu um beijo na bochecha de Sarah.

2009

- Piper, eu preciso que você me manda tudo referente aquele artigo sobre viciados em jogos que você escreveu. – disse Jess colocando uma garfada de bolo na boca.

- Você roubou o bolo do aniversário da Alex? – questionou Piper com a atenção vidrada no prato com um enorme pedaço de bolo na mão de Jess.

- Eu não roubei nada! – Jess se defendeu, ofendida. – Diane dividiu o bolo com todo mundo. Não era como se vocês fossem comer mesmo. – deu de ombros, despreocupada. – Se eu fosse vocês compraria mais tapower, pois eu tenho certeza que Katie não vai devolver nenhuma. – comeu mais um pedaço de bolo.

- Jess, senta. – pediu Piper em um tom firme.

- Não, eu tenho que ir... – apontou para trás de si.

- Senta! – disse Piper com mais firmeza. – Agora.

- O que foi? – sentou-se ao lado da melhor amiga, contrariada. – Se você acha que eu vou conversar sobre o que aconteceu ontem você está muito enganada porque eu não aguento mais chorar. – comeu outro pedaço de bolo.

- Como você está?

- Ótima. – respondeu de boca cheia. – Passei a madrugada inteira tentando entender se todo o meu namoro foi uma mentira ou não. E sabe qual a conclusão que cheguei? – Piper a encarou, esperando que ela prosseguisse. – Que eu não sei. – pousou o prato com o bolo em cima da mesa. – Como ela teve coragem de fazer isso comigo, Piper? – a voz estava embargada. – Como ela teve coragem de fazer isso com ela? Merda! – passou as mãos no rosto, irritada com as primeira lágrimas que começaram a cair. – Olha ai! Não para nunca essa porra.

- Vem aqui. – Piper abraçou a melhor amiga. – Eu vou te mandar todos os meus artigos. – deu um beijo no topo da cabeça de Jess. – Vai ficar tudo bem.

- O que você faria no meu lugar? – Jess questionou, ainda chorava.

- Eu não sei. – respondeu sinceramente. – E mesmo se eu soubesse eu não iria te contar. Quem tem que decidir é você. É o seu coração que está em jogo.

- Credo. – Jess limpou mais uma vez o rosto. – O amor te fez uma pessoa tão clichê. – levantou-se da cadeira. – Alex te destruiu. – pegou o prato com bolo em cima da mesa. – Me mande tudo sobre o artigo.

- Vou mandar, mas você não vai ler nada disso hoje porque teremos uma noite de melhores amigas.

- Você não precisa fazer isso.

- Eu quero fazer isso.

Jess esboçou um sorriso fraco, agradecendo Piper por aquilo. Na verdade, agradecendo por ter Piper em sua vida.

2010

- Bom dia! Bom dia! Bom dia! – disse Nicky animadamente entrando no apartamento. – Bom dia! – deu um beijo na bochecha de Sarah. A namorada não esboçou nenhuma reação. – Não é um bom dia? – Sarah continuou arrumando suas coisas dentro da bolsa, com uma expressão fechada. - O que eu devo fazer para torna-lo melhor?

- Se dar ao trabalho de me ligar quando for me dar um bolo, pelo menos. – riu, indignada. – Se você estivesse em uma cirurgia tudo bem, mas passou a madrugada inteira jogando.

- Eu não passei a madrugada inteira jogando, - passou por Sarah, indo até a geladeira. - eu passei a madrugada inteira acabando com a raça daqueles péssimos jogadores. – pegou uma jarra de leite. - Eu ganhei 100  mil dólares. Onde você quer ir jantar hoje para comemorarmos? Qualquer lugar.

- Por que você não pode mentir para mim as vezes? – questionou, aborrecida. – Eu preferia acreditar que você não foi ao concurso por estar salvando uma vida.

- Qual a parte do “eu ganhei 100 mil de dólares” você não entendeu? Eu estava jogando por você. Era uma garantia caso você não ganhasse os 10 mil dólares do concurso.

- Caso eu não ganhasse os 10 mil dólares do concurso? – soltou um riso, completamente indignada. – Você acredita tão pouco assim em mim? Eu sabia que não era tão importante assim na sua vida, mas você me desmerecer desse jeito... – balançou a cabeça em negativo, tentando espantar as lágrimas que ameaçavam cair. – Por favor, - pegou a bolsa em cima do balcão da cozinha – para de me usar como desculpa para o seu vício. Com concurso ou sem concurso você teria ido jogar do mesmo jeito e você sabe muito bem disso!

Sarah deixou o apartamento sem dar a menor chance para que Nicky pudesse se defender . Não que a loira tivesse alguma defesa. Ela sabia o quanto estava errada, ela sabia o quanto de coisa Sarah aguentava sem nem ao menos reclamar por ter aceitado que esse era o jeito da namorada e que ela não mudaria, ela entendi o motivo da namorada ter explodido, mas de alguma forma Nicky precisava mostrar que Sarah não estava totalmente certa em tudo que disse.

À noite Nicky estacionou na frente da escola de confeitaria que Sarah frequentava e esperou o horário de aula da namorada encerrar. Sarah surpreendeu-se ao ver a loira ali. Sabia que eventualmente elas acabariam se acertando por dificilmente brigarem, mas não achou que seria aquela noite e, se Nicky não viesse com um bom pedido de desculpas, continuaria não sendo.

- Você é a pessoa mais importante da minha vida. – disse Nicky. Sarah parou no meio do caminho, dando atenção a namorada. – Me desculpa se fiz com que você pensasse o oposto disso. – deu alguns passos receosos até a namorada. – Você é a melhor confeiteira que eu conheço, eu acredito em você, acredito que a América inteira ainda vai brigar para provar dos seus doces. Me desculpa se eu não demonstro isso o suficiente. Eu prometo que vou melhorar, começando agora... – Nicky revelou uma caixinha de veludo preta em sua mão. Sarah deu um passo para trás, assustada com a ideia do que poderia ser aquilo. – Sarah, - Nicky abriu a caixinha, revelando uma aliança. – você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida, eu nunca pensei que seria feliz da forma que eu sou por ter você ao meu lado. A melhor coisa que eu fiz na minha vida foi derrubar aquela bebida no seu vestido. – Sarah riu, emocionada. – Bom... – limpou a garganta, nervosa. – Você quer casar comigo?

- Esse pedido é somente para eu te desculpar ou você está falando sério?

- Esse pedido é porque eu te amo e quero passar o resto da minha vida ao seu lado. Eu sou uma idiota a maioria das vezes, eu sei, mas nada nesse mundo é mais importante do que você, Sarah.

- Nem 100 mil dólares?

- Foda-se os 100 mil dólares!

Sarah riu, deixando uma lágrima de felicidade escapar e levou as duas mãos até o rosto de Nicky, beijando-a.

- Sim, eu aceito casar com você.

2010

Fazia 30 minutos que Nicky estava encarando o celular em cima da mesa de seu consultório. Por diversas vezes ela rolou a tela de contatos para cima e para baixo, pensando em todos os prós e contras sobre desbloquear os seus amigos de jogatina.

Nos prós ela desapareceria com toda a dor que estava sentindo enquanto jogava. Ela iria esquecer do inferno que estava a sua vida durante essas últimas horas. Se perdesse mais dinheiro? Quem se importava! Pelo menos ela estaria em outro mundo.

Nos contras ela decepcionaria a sua melhor amiga, pessoa que ficou ao seu lado, mesmo quando ela achou que tinha destruído de vez aquela amizade. Ela também perderia a chance que nem sabia se tinha de ter sua namorada de volta.

Racionalmente a escolha era óbvia, entretanto seu emocional estava abalado, portanto a escolha não era tão simples assim. Pelo menos isso era um começo. Dias atrás ela nem estaria levando em conta os prós e contras, pelo contrário, estaria sentada em uma mesa de pôquer perdendo tudo que tinha.

Tudo que tinha.

Não era como se tivesse lhe restado muita coisa mesmo. Se não fosse por Alex, com toda certeza ela nem estaria naquela dilema consigo mesma. Se a melhor amiga tivesse desisto dela, ela também teria desistido.

Escondeu o rosto nas mãos, irritada com todos os pensamentos que rondavam a sua cabeça. Por que ela não podia lidar com seus problemas como uma pessoa normal? Mas o que era lidar com os problemas como uma pessoa normal? Algumas pessoas bebem, outras usam drogas, também têm aquelas pessoas que se empanturram de comida e muitas que fingem que o problema nem existe. Todo mundo lida com os problemas usando de escapatória algum vício ou compulsão.

- Você está precisando de uma bebida. – disse Alex entrando no consultório de Nicky. – Ou de umas três. – completou ao ver a expressão de acabada da melhor amiga.

- Não precisa vir me checar a cada cinco minutos, eu não vou ter uma recaída. Esqueceu que eu já fiquei sóbria antes?

- E de todas as vezes que você ficou sóbria, quantas vezes você teve uma recaída? Ou você está sóbria todos esses anos? – Nicky revirou os olhos, odiava quando Alex dava uma de sabe-tudo. – Vai ficar tudo bem, Nicky.

- Claro que vai ficar tudo bem. – respondeu em tom irônico. – Já está tudo bem. – virou o notebook para a melhor amiga. – Sabe todos esses apartamentos aqui? – apontou para a tela. Alex assentiu, sem entender o motivo de estar olhando para eles. – Eu não posso financiar nenhum deles. Sabe por que? Por que eu não tenho dinheiro o suficiente e o dinheiro que eu tenho não posso mexer durante os próximos meses. Eu vou ter que fazer muitos plantões para poder comprar um novo apartamento.

- A Piper te expulsou de casa hoje cedo? Ou você se expulsou? Porque você não precisa se preocupar com isso de comprar outro apartamento tão cedo. Não tem problema nenhum você passar algum tempo morando com a gente.

- Oficialmente eu cheguei ao fundo do poço. – disse Nicky sarcasticamente. – Morando com a minha melhor amiga como se eu estivesse na faculdade.

- Nós nunca moramos juntas na faculdade. Na verdade, eu tinha medo de dividir o dormitório com você por razões óbvias.

- Por que você aceitou virar a minha amiga?

- Nicky, amizade não é pedido de casamento. Ninguém nunca aceita ser amigo de ninguém, as coisas simplesmente acontecem.

- Ainda bem que amizade não é pedido de casamento, com o histórico que você tem, eu que não aceitaria ser a sua amiga. – mandou um sorrisinho debochado para Alex.

Alex forçou uma risada.

- Espero que os seus plantões comecem hoje. Você vai precisar de um apartamento novo depois dessa piada.

- Foi uma ótima piada. – Nicky levantou de sua poltrona. – Pode admitir, Vause.

- Eu não vou admitir nada e você ainda vai pagar a minha bebida.

2010

- Minha mãe disse que eu sou louca. – disse Sarah jogando algumas roupas dentro da mala. – Mas ela também disse que eu era louca quando eu contei que gostava de mulheres, então... – deu de ombros. – Sério mesmo que você não pode ir comigo visita-la? Talvez com você lá, ela me ache menos louca por ter aceitado casar com você. Ela disse que eu vou estar destruindo a minha vida se casar antes dos 30 anos.

- Me desculpa, Sarah. – disse Nicky um pouco avoada. – Mas eu preciso pegar o quanto de plantões eu puder. Daqui a pouco eu estou voltando para Nova York e eu tenho certeza que meu desempenho vai ser avaliado para terem certeza se eu estou apta a trabalhar lá novamente.

- Eu sei. – disse com uma voz manhosa. – Só queria que minha mãe te odiasse menos do que ela odeia.

- Sua mãe vai odiar qualquer mulher que você namorar porque ela queria você namorando um homem.

- Isso é verdade. – Sarah concordou, naturalmente. – Só quero ver quando eu contar para ela que vou me mudar para Nova York com você. Tenho certeza que ela vai achar que eu desisti do curso em Paris e que vou virar uma dona de casa.

- Ela realmente não me conhece, caso contrário saberia que eu sou a pessoa que mais apoia os seus sonhos.

- Essa é a mais pura verdade. – sorriu, beijando Nicky em seguida.

2010

Não é fácil quando alguém quebra a sua confiança. Dói, machuca e você ainda passa dias irritado com isso como se a culpa disse acontecer tivesse sido toda e exclusivamente sua. Quando você confia o seu coração a alguém, então? Toda a decepção se torna bem mais extrema.

Jessica conversou com Piper; Não conversou com Piper; Teve a noite das melhores amigas para espairecer a mente; Chorou no final da noite; Leu todo o material que Piper usou para fazer o artigo; Entendeu tudo que leu; Ainda estava magoada demais com tudo isso.

Talvez em um futuro – próximo ou distante -, quando ela não sentisse raiva sempre que lembrasse do que Nicky fez, ela daria uma nova chance a médica. Ela veria que a (ex)namorada era digna de sua confiança novamente. Enquanto esse dia não chegava, ela continuaria processando todas as novas informações.

2010

- Eu não estou acreditando nisso! – Sarah berrou, possessa. – Como você pôde fazer uma coisa dessas comigo? – jogou a almofada em Nicky por ser a primeira coisa que viu em sua frente. – Como você apostou todo o meu dinheiro e ainda perdeu? Qual a porra do seu problema? – passou a mão pelos cabelos, furiosa. – Isso só pode ser um pesadelo. – lágrimas de ódio escorriam pelo seus olhos. – Isso não pode ser real! Sabe quanto tempo eu esperei para fazer esse curso? Sabe quanto tempo eu estou juntando dinheiro para fazer esse curso? Sabe tudo que eu deixei de fazer para juntar dinheiro para fazer esse curso? Claro que você sabe! Eu sempre te contei como era importante para mim fazer esse curso, você me ajudou a juntar o dinheiro e mesmo assim você foi lá e apostou tudo na porra de um jogo de pôquer! – Sarah lançou o celular em Nicky, acertando o supercilio dela.

- Porra, Sarah! – apertou com a mão a parte atingida, sujando-a com filetes de sangue. – Eu vou conseguir o seu dinheiro de volta. Eu juro! Confesso que eu apostei mais do que eu deveria, por isso que eu tive que mexer nas suas economias, mas eu vou te devolver, você não vai perder o seu curso.

- Eu não vou perder o meu curso? – soltou um riso, desacredita. – Sabe que dia é hoje, Nicky? Eu tenho que pagar a matricula amanhã, pois as vagas são limitas, se eu não pagar outra pessoa fica com o meu lugar. Eu... – balançou a cabeça em negativo. Estava difícil de acreditar que aquilo estava acontecendo, ela torcia para acordar a qualquer momento e descobrir que tudo não passou de um pesadelo. – Eu sabia que isso ia acontecer. – andava de um lado para o outro na sala, atordoada. – Quantas vezes eu não conversei com você? Quantas vezes eu pedi para você procurar ajudar? “Eu não sou uma viciada, isso é só meu hobby”. – imitou a noiva em um tom mais irritante. – Você não apostou o meu dinheiro, você apostou o meu sonho! Juro que acreditei que eu era mais importante do que qualquer jogo de pôquer. – tirou a aliança. – Mas eu me enganei. – jogou a aliança em Nicky. – Vai se foder, você e esse seu vício! Eu nunca mais quero te ver na minha vida, entendeu?

- Sarah, não faz isso! – tentou segurar o braço da morena, mas foi empurrada. – Eu prometo que vou conseguir o dinheiro de volta. Eu prometo que você vai fazer esse curso. Sarah... – passou na frente da noiva, impedindo que ela deixasse o apartamento. – Pelo amor de Deus! Eu juro que isso não vai mais acontecer. Eu vou consertar isso, eu prometo.

- Isso não vai mais acontecer mesmo Nicky. – jogou todo o seu peso em cima de Nicky para que as duas saíssem do apartamento. – Por que eu nunca mais vou te dar chance nenhuma. Você disse que eu nunca teria que me preocupar com isso. Você jurou que eu nunca teria que me preocupar com isso. Você mentiu para mim, você fodeu com o meu sonho e isso eu nunca, nunca vou perdoar.

2010

Nicky recorda-se de cada palavra que Sarah lhe disse. Embora tivesse conseguido o dinheiro de volta, garantido o lugar da ex-noiva em uma das maiores escolas de confeitarias da França, Sarah nunca voltou a falar com ela. Nesse dia ela se deu conta de seu vício e por um tempo parou de jogar, tentando ser uma pessoa melhor para que nada parecido ocorresse com suas futuras namoradas. Entretanto, ela nunca foi totalmente sincera com as outras namoradas e, sempre que tinha uma recaída, alguma coisa dava errada e novamente ela via-se solteira e com alguma parte do corpo machucada por causa de objetos que jogavam nela. Ninguém nunca gostava da Nicky viciada em jogas – ou tentava entender essa Nicky.

Agora que havia estragado tudo novamente o que lhe restava era esperar e continuar se mantendo sóbria. Talvez isso não fosse importar de absolutamente nada para Jess, entretanto ela precisava começar a fazer isso por ela, caso contrário, ela acabaria mesmo sozinha.


Notas Finais


Será se Jess perdoa ou está acabado Jecky? Eu mesma nem sei.

Próximo capítulo tem muito do humor da Piper, mas acho que em um momento não muito apropriado. Talvez Alex fique bem puta com ela, talvez não.

Até o próximo capítulo <3


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