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História In the Blood - Retornando para casa


Escrita por: Firgun

Notas do Autor


Oiiii gente!
Obrigada á todos os favoritos e comentários que essa fic ganhou quando estava parada. Vocês são demais!
Sobre a grande demora: Me desculpe!
Quem leu o capítulo que postei mais cedo: Aquilo foi um imenso engano! Essa fic nunca vai ser excluida! Fiquem tranquilos.
Não vou demorar muito aqui. Fiquem com o capítulo
XOXO
o/





REVISÃO 05/04/20: VISTO

Capítulo 11 - Retornando para casa


Fanfic / Fanfiction In the Blood - Retornando para casa

"Keep on moving (Continue em movimento)
Keep climbing (Continue escalando)
Keep the faith, baby (Mantenha a fé, querido)
It's all about, it's all about the climb (O mais importante, o mais importante é a escalada)

— The Climb (Miley Cyrus)"

 

XI — Retornando para casa

 

 

Um barulho na cozinha fez com que eu abrisse meus olhos diante da claridade que vinha da janela. 

Natsu se abraçava em minhas costas como uma videira. Olhei para o relógio sob a cômoda e já se passavam das oito da manhã.  

Eu nunca tinha dormido tão bem em toda minha vida. Era como se eu finalmente estivesse num lugar certo, o lugar que eu era destinada á estar.  

Calmamente me soltei da prisão de seus braços e levantei da cama. Cacei qualquer pano com o qual eu pudesse me cobrir, já que me encontrava nua desde nossas aventuras da noite anterior.  

Saí do quarto na ponta dos pés com medo de fazer qualquer barulho que pudesse acordar Natsu.  

Quando cheguei na cozinha, levei um susto ao encontrar Lisanna de costas para mim bebendo água. Ponderei minhas alternativas. Eu poderia muito bem voltar de onde eu tinha vindo fingindo que não tinha visto ninguém.  

“Prefiro bem mais essa alternativa depois do que ela fez com a gente, Lucy.”  

Saphira havia ficado bem magoada com o fato de Lisanna ter tido o impulso mais violento de bater em nós sendo que em nenhum momento pensamos no mal para ela. 

Olhei para o sofá e Sting estava deitado com a cabeça encostada no braço. Como se tivesse morto. Mas ele já havia notado minha presença. Podia notar isso pelo modo que seus ombros mudaram a posição quando cheguei no cômodo. 

Andei calmamente para trás. De costas. Tentando fazer o mínimo de barulho possível.  

Quando estava no meio do corredor, me virei e continuei o percurso.  

— Eu já te vi, Lucy. — Parei com a mão na porta olhando para a mesma. A voz dela estava meio embargada. E eu conhecia aquela forma de me chamar. Não tinha coragem de falar qualquer coisa para ela. Então eu apenas fiquei ali. Parada. Feito um toco de madeira. — Precisamos conversar.  

Suspirei fundo e pesado. Saphira revirou os olhos em minha mente. Eu não estava com ânimo de conversar e pelo visto, Shaphy também não.  

— Estou falando com você, Lucy. — Me virei calma e lentamente. Encarando seu olhar. 

Ele não estava agressivo que nem ontem. Mas não estava necessariamente amigável também.  

— Sim? — Arqueei as sobrancelhas, não fazia a mínima ideia do que ela estava fazendo ali. Eu havia dito para Sting não trazê-la para casa, já que a mesma havia dito que não queria nem ao menos olhar em minha cara e bateu nela inclusive. 

"Dez vezes, aliais." 

— Eu... — Ela começou mas parecia sem coragem alguma para falar o que havia planejado em sua mente.  

"É. Muito bom que ela esteja arrependida de ter te batido sem nenhum motivo. Já que você só pensou no bem dela e do filho dela. Ela queria o que? Que Tyler crescesse sem mãe?" 

Começo á concordar com Saphira enquanto encaro a pálida face da Lis. Ela parece não saber falar. Na verdade, ela nunca soube como começar uma discussão.  

— Você sabe que está errada. — Arqueei as sobrancelhas e cruzei os braços numa posição defensiva. Começou mal. Muito mal. — Você não deveria ter feito isso sem me consultar antes.  

— E eu ia te consultar como, meu caro Watson? Fazendo uma sessão espírita? — Sting engasgou com o ar no sofá. Dei nos ombros e me virei.  

— Não se faça de engraçadinha agora. — Revirei os olhos. — Você sabe que eu não queria nem um pouco essa vida para mim, e mesmo assim você fez. Por um motivo egoísta. Você já parou para pensar que eu preferiria estar morta do que ser... Isso?  

Saphira entrou em combustão dentro de mim. Quando olhei para Sting, ele parecia um pouco magoado também. Ela insultou-nos.  

— Ah, me desculpe se eu pensei que você preferisse estar do lado do seu filho do que morta. Me desculpe ter te transformado em um monstro. Se você quiser, eu posso te fazer voltar para o estado que você estava antes de se transformar nisso, o que acha? — Eu sentia a ira correndo por minha veia. Saphira rosnava alto em minha mente. — Em nenhum momento no qual você estava batendo em nós, você pensou que era parte de nossa família? 

Foi como se eu tivesse dado um murro em seu rosto. Pois ela abaixou a cabeça. Automaticamente minha postura mudou. Eu ainda estava possessa. Mas não estava com o ímpeto de bater nela.  

— Sempre foi eu e você, Lisanna. — Joguei um impulso para ela me olhar e eu pude visualizar bem no fundo de seus olhos azuis. — Mesmo antes de meus pais morrerem. Sempre tive você e você teve á mim. Você era minha família. E então quando meus pais morreram, você se tornou o único motivo pelo qual eu estava viva. Para garantir a felicidade da minha irmãzinha. E você sabe que eu não poderia tomar outra atitude se não fazer tudo que estava ao meu alcance para deixá-la feliz. Sinto muito se não á agradou. Mas achei que ficar com seu filho e com o homem que você ama, faria com que você ficasse ao menos conformada com sua nova condição. Mas eu não fazia ideia que você nos considerasse tão asquerosos assim. — Nesse exato momento vi o lampejo de algo em seus olhos. Ela havia magoado a raposa também. E agora essa raposa me olhava com um brilho nos olhos. Era estranho ver os olhos antes tão azuis, agora num castanho avermelhado intenso. — Você vai ter que aprender á conviver, Lisanna. Quer goste, ou não.  

— Eu... — Sua fala parecia completamente travada.  

— Não diga nada. Não precisa. Está tudo bem. — Dei nos ombros e me encaminhei para onde ia originalmente. Abri a geladeira. Peguei uma caixa de suco de laranja e coloquei em um copo. Eu conseguia sentir lágrimas sambando em meus olhos. Mas respirei fundo para contê-las. Já havia chorado demais.  

— Como se sente como membro da matilha? — Olhei para Sting enquanto pegava um pacote de ração e colocava para minha mais nova cachorrinha. Ela abanou o rabo e começou á comer vorazmente. Asuka havia começado á chamá-la de Turquesa. Achei estranho. Mas perfeito. E agora esse era o nome dela. 

"Para combinar com o meu." 

Ri em pensamento.  

— Exatamente igual. Já me considerava parte da família de vocês. — Sting sorriu abertamente e eu abri um sorriso. Ele me lembrava muito meu pai. Pelo sorriso aberto e o modo de falar. Balancei a cabeça e olhei para frente. — Mirajane está vindo.  

Vi os ombros de Lisanna se encolherem.  

— Ela não me disse nada. — Anui negativamente.  

— Ela quer fazer uma surpresa. Mas preferi te avisar. Eu disse que ela podia ficar aqui. Temos um quarto reserva.  

— Quando ela vai embora? — Soltei uma risadinha.  

— Pelo o que entendi, ela pediu transferência para a escola daqui. E eles estavam precisando de uma professora de história. — A cabeça de Lisanna foi diretamente para o balcão.  

— Quem é Mirajane? — Sting parecia extremamente confuso.  

— Minha irmã. — Como num gemido, ela se sentou no balcão.  

— Eu não cheguei á conhecê-la. — Sting pronunciou olhando para o lado.  

— Não. Ela estava estudando fora quando nos relacionamos. — Se formou um silêncio constrangedor.  

Me levantei do balcão deixando o copo na pia e me encaminhei para o quarto.  

— Me desculpe Lucy. — Congelei. — Eu não deveria ter te batido. Eu...  

"NÃO DESCULPO." 

— Está tudo bem, Lis. — Me virei com um sorriso meio magoado para ela. — Já passou. — Abri a porta e escutei ao fundo.  

— Você sabe que ela não perdoou, né? — Houve um suspiro pesado de Lisanna.  

— Sei.  

"Você deveria ter batido na cara dela, Lucy" 

Deixe de ser infantil, Saphira.  

Peguei umas roupas em minha gaveta, entrei no banheiro e fiz tudo que tinha para fazer lá. Quando voltei, Natsu estava sentado na cama me olhando com um pequeno sorriso.  

— Vou nos meus avós. Você vem? — Ele me olhou com estranheza.  

— Já estamos na fase de conhecer a família um do outro? Não estou preparado. — Joguei a toalha na cara dele e ele gargalhou.

— Certeza que você consegue, afinal de contas ambos sabemos que você já viveu bem mais tempo que meus avós.

Sua falsa expressão ofendida me fez rir.

— Quer dizer que para você agora eu sou velho, é? — Controlei minha cabeça para não olhar para seu corpo e dei de ombros.

— Quer dizer, velho, velho não. — Movi meus lábios para baixo. — Dá para o gasto. — Suas sobrancelhas se uniram. Acho que agora eu atingi alguma coisa dentro dele. Instantaneamente vi seus olhos se tornando vermelhos e sua expressão se tornar determinada.

— Eu dou para o gasto é? — Anui positivamente com uma expressão divertida em meu rosto. Ele vem em minha direção exatamente nesse momento.

Dou uns passos para trás.

Meu quarto estava lotado com seu cheiro. Inspirei fundo sentindo como se meu corpo amolecesse. Chega ser estranho me imaginar tendo esse tipo de relação com uma pessoa que eu conheço tão pouco. Mas com Natsu é tão natural que me faz duvidar se eu já não o conheci alguma vez em minha vida.  

— Dá para me divertir. — Vi seu olhar em meu rosto mudar para divertimento no momento que ele me segurou, só que algo mudou. Seu olhar se tornou triste. Como se algum pensamento ruim estivesse nublando sua mente. Vi raiva, tristeza e muita solidão. Se esse olhar fosse direcionado á mim alguns meses atrás, eu tenho certeza que eu estaria á km daqui em poucos minutos.

Pensei que ele fosse me prensar na parede ou algo assim. Mas ele apenas me abraçou apertado. Me assustei e retribui o abraço no automático.

Em meu ouvido, uma voz rouca que não tinha quase nada a ver com a de Natsu, ecoou: — Muito obrigado.

Seu lobo me agradecia. Senti Saphira tomar conta e apertar mais que minha capacidade humana. Em poucos instantes, minhas pernas foram levadas à cintura de Natsu e eu o abraçava com todo meu corpo.

Não sei o que se passava na cabeça de Natsu e de seu lobo, mas eu senti meu ombro molhado e o deixei assim.

Era um momento de fragilidade que eu entendia muito bem. E se ele queria chorar no meu ombro, bem, eu estaria aqui.

Passaram-se vários minutos com ele assim, eu o apertava forte quando sentia meu ombro sendo molhado por mais uma lágrima e fazia carinho em seu cabelo com minha mão direita enquanto a esquerda subia e descia em suas costas.

Algum tempo depois, ele me soltou e começou á beijar minhas bochechas. Sorri abertamente. Ele se recuperou rápido.

Meu celular começou á vibrar e eu vi a foto de minha vó piscando na tela.

— Oi vovó. — Ouvi sua respiração. 

 Tudo bem querida? Estava pensando em nós? Sonhei com você hoje.  

— Tudo ótimo, na verdade estou terminando de me arrumar para ir até ai. O que acha? — Ouvi um riso animado.  

— Acho isso maravilhoso. Vou fazer sua torta de amora preferida e uns biscoitos de coco. — Minha boca começou á salivar em pensar nos biscoitos da vovó. Eles eram sensacionais.  

— Tudo bem se eu levar uns amigos? Uns... Três?  

— Claro que não tem problema querida. Seu avô vai ficar muito feliz. — Sorri com isso. 

— Onde ele está? — Ouvi um barulho estranho seguido de vários palavrões.  

— Ele acabou de chegar. — O riso dela ficou alto e eu fui obrigada á acompanhá-la.  

— O que houve? Está tudo bem?  

— Tudo sim, ele só caiu da cadeira. — O riso dela se tornou ainda mais forte. — Ele estava pendurando um porta-retratos.  

— Ele melhorou? — Ouvi uma confirmação.  

— Sim, querida. Aparentemente era só uma virose. Os médicos disseram que ele se recuperou além do esperado. — Suspirei aliviada. — Que horas você vem, querida?  

— Sairei daqui á pouco. — Olhei para um relógio em cima da cômoda. Eram oito e meia. — Devemos chegar aí em duas, três horas se tiver algum vôo disponível. 

— Você não conferiu as passagens antes, querida? 

— Relaxa, vovó. — Observei Natsu saindo do banheiro. — Tudo bem se todo mundo dormir aí? Como hoje é sexta, pensei em virmos embora no domingo á noite.  

— Claro que não, querida. O que mais tem aqui são quartos.  

— Tudo bem então. Até mais tarde, vovó.  

— Até mais querida. — Ouvi um vacilo na voz de minha avó.

— O que você quer me dizer vovó? Alguma novidade? — E então ela desandou á falar. Me sentei na cama ouvindo sua fala.

Natsu saiu enquanto vovó falava fazendo gestos que ia tomar banho. Anui positivamente

Acho que meia hora se passou. Quando finalmente finalizei a ligação, a porta se abriu. Como estava deitada de bruços para ela, tive que virar todo meu corpo em sua direção para ver quem entrava. E tenho que confessar que quase salivei.

Natsu estava com a toalha pendurada nos ombros e seus músculos ainda gotejavam assim como seu cabelo. Nesse momento posso morrer feliz com essa visão do céu. 

Fiquei um tanto catatônica enquanto observava seus movimentos ritmados para secar o cabelo.  

— Gosta do que vê? — Anui positivamente sorrindo. Uma expressão de superioridade brotou em seu rosto, como se ele soubesse o quanto é bonito e não tivesse humildade para dizer o contrário. — Achei que eu só dava para o gasto.

Gargalheu e joguei um travesseiro nele. Nem pareceu fazer cosquinha.

Cacei um elástico para prender o cabelo enquanto ele deixava a toalha cair em seus pés e vestia a cueca. Eu não pude deixar de observar o quanto ele era forte.  

— Estou começando a ficar constrangido com você me observando desse jeito, doçura. — Arqueei as sobrancelhas diante desse apelido. E parece que até ele ficou surpreso, pois parou de me olhar e encarou a parede. 

— Doçura? — Soltei uma microexpressão de diversão. — Gostei. 

— Gostou mesmo? — Contrariando tudo que via de Natsu, sua voz agora estava carinhosa e doce. Seus olhos me encaravam com certa expectativa. Parecia que esse apelido era importante para ele. Anui positivamente e isso pareceu agradá-lo.  

Ouvi um grito da cozinha e atmosfera ficou mais leve. Eu conhecia essa sensação. Minha testa ardeu e era como se eu fosse puxada para a sala. Natsu veio logo atrás de mim.  

Os olhos violetas de Selene encaravam Lisanna e ela estava chocada demais para falar algo. Sting parecia não ver, mas estava de olhos fechados como se soubesse o que estava acontecendo.  

— Lucy... — A voz dela era como mel em meus ouvidos. Me sentia confortável. Ajoelhei e ela veio em minha direção pondo a mão em minha cabeça.  

— O que faz aqui, minha Deusa? — Ela sorriu abertamente.  

— Vim informar o nome do meu mais novo filho. Já que ninguém me apresentou, fui forçada a vir aqui. — Sorri abertamente, apenas por lembrar de Tyler, tinha um sentimento de felicidade.  

— Meu filho? Tyler? — A Deusa se virou para Lisanna com uma expressão neutra e anuiu positivamente. — Ele já tem um nome.  

Arregalei os olhos diante da voz de Lisanna. Ela estava sendo completamente desrespeitosa para com a Deusa, senti-me pessoalmente atacada com o tom de suas palavras. As sobrancelhas escuras da Selene curvaram e ela sorriu.  

— Você sabe que o nome tem muita influência na personalidade dos seres á quais eu cuido não é? — Selene fechou os olhos e os abriu, como se fosse para ter calma. — E que, dependendo do nome, ele pode ter um caminho diferente do qual ele deveria ter, não é? — Lisanna ainda encarava Selene como se não soubesse o que dizer. — Eu sei tudo que vai acontecer no futuro dele, Lisanna. Tudo. Eu sei exatamente quais escolhas ele vai ter que tomar e quais as consequências de cada escolha. Você sabe o que o nome Tyler significa em minha terra?  

— Não. Não sei. — Sua voz agora não tinha tanta arrogância quanto antes. Agora exibia apenas dúvida.  

— Tyler significa "Aquele que causa morte". Você quer isso para seu filho? — Os olhos azuis de Lisanna exibiam apenas várias dúvidas. Eu não sabia o que falar diante desse diálogo. Apenas observava com atenção o modo como a Deusa sabia exatamente o que dizer para persuadir Lisanna. — Sugiro um outro nome á ele. Caso não queira, poderemos escolher outro, sem problemas.  

"Teremos um problema se ela não concordar com a Deusa." 

Por quê? 

"A benção da Deusa depende disso." 

Arregalei os olhos e torci para que Lisanna cedesse e concordasse.  

— Como Theodore soa para você? — Diante da careta de Lisanna, Selene riu. — Certo... Esse não soa tão bem para mim também. — Vi um mini- sorriso no rosto de Lisanna e sorri junto. Ela estava ficando mais confortável com a Deusa. — Nathaniel? — Esse nome soou bem até pra mim. 

— Eu... Gostei... — Selene sorriu.  

— Você pode colocar Tyler como o nome do meio. Ele não tem muita influência, assim como o segundo nome da Lucy. Ashley era o nome que Layla queria para ela. — Abri minha boca num "o". Não fazia ideia disso. — Agora eu vou embora já que estamos resolvidas. E vocês... — Ela apontou para mim e para Lisanna. — Tratem de ficar bem novamente. Mágoas não trazem nada de bom, ouviu, Saphira?  

A loba dentro de mim se contorceu e tomou conta de mim. Parecia que a Deusa a chamava.  

— Ouvi, minha Deusa. — Como se satisfeita com a resposta de Saphira, Selene desapareceu num piscar de olhos.  

A atmosfera voltou á ter o mesmo peso e Natsu estava de braços cruzados. Ele ficava muito desconfortável na presença dela ainda.  

— Bom. Eu vou para a casa da vovó, Lisanna. — Como se ela tivesse acordando de um transe, ela me olhou.  

— Acho uma boa ideia você ir Lis. Eu fico com o Tyler... 

— Nathan... — Sting olhou confuso pra ela. — Esse é o nome dele.  

— Compreendo. O nome que Selene escolheu. — Lisanna anuiu positivamente. — Vai também, Lis.  

— Se a Lucy concordar. — Bati minha cabeça sem querer no armário em que procurava um biscoito. Olhei para Lisanna e dei de ombros.  

— Por mim... — Olhei para Turquesa. — Cuide dela também Sting. — O loiro olhou para minha cachorrinha fazendo careta. — Sem caretas. Eu estou de olho.  

Em brincadeira, ele bateu continência.  

— Acredito que Erza e Wendy irão querer ir também. — Anuiu positivamente, mas por sua expressão acredito que não iam ser só elas.  

[...] 

Chegamos lá e houve um pandemônio.  

Gray decidiu ir também. Assim como Gajeel, Laxus, Wendy, Erza e Jellal. O único que quis ficar de fora foi o Rogue. Eu não tive tanto contato com ele desde que me tornei parte da família, ele parecia ser bem fechado. Asuka pulava com a possibilidade de ir junto.  

Eu observei sem ação o pandemônio que estava. Eles faziam muita algazarra.  

Natsu apenas tomava um copo de suco ignorando toda a barulheira na sala; Eu estava ficando impaciente com tudo aquilo. Olhava para o relógio e suspirava.  

— Gente... Já está na hora de ir. — Mas eles pareciam me ignorar. Erza ditava ordens para todos eles, como uma verdadeira tirana.  

Gray corria com roupas nas mãos enfiando tudo na bolsa. Jellal também. Laxus ria. Gajeel cantava a música da galinha com Asuka e Wendy batia palma acompanhando. Como eu havia dito... Um inferno.  

Olhei para Natsu que apenas levantou os ombros num sinal de: “Vou fazer o que?” 

— Pó pó pó. — Senti algo em meu braço e, quando vi, era Gajeel me dando cabeçada como se tivesse me bicando. Eu não sabia se ria ou se chorava.

Asuka estava ciscando no chão. Sua cabeça batia com uma certa força no tapete. Decidi não me preocupar quando ela disse que não machucava.

Novamente Gajeel me cabeceou. Escutei Saphira rosnar para ele. Ela estava irritada demais para eu conseguir dizer alguma coisa. Ri internamente.

Lisanna encarava o celular e virou para mim. Ela havia acabado de confirmar 10 passagens e aquilo deu caro demais. Suspirei e Natsu pegou o celular da mão dela. 

Quando vi, ele havia digitado seu cartão de crédito e pagado tudo. Estava tão anuviada com o inferno daquela casa que nem tive forças para dizer qualquer coisa. Apenas afundei no sofá.  

Lisanna se levantou e gritou: — VINTE MINUTOS. Vocês têm vinte minutos para terminar as malas e estarem todos devidamente sentados dentro do carro, ou ficarão para trás.  

Ri alto da cara de Gray, que apenas correu com a mala para a porta junto com Gajeel. Asuka mal se importou com a informação nova e continuou cantando com Wendy.  

[...] 

Sentada dentro do avião eu apenas suspirei novamente. Hoje era dia de suspiros. Eles faziam tanta algazarra que chegava ser cansativo. Não tive oportunidade de escolher o local que ia me sentar, não faço ideia de como vim parar entre Natsu e Lisanna.  

Erza estava bem atrás de mim. Junto com Gray e Gajeel. E quanto aos outros eu não faço ideia de onde estão. Eu só queria me sentar e dormir um pouco.

Senti um calor em minha perna e vi a enorme mão de Natsu sobre minha coxa. Fechei os olhos quase me arrependendo de ter chamado todos eles.

“Nem me fale.”

Senti um cutucão em meu braço e quando abri os olhos tinha uma folha de papel na minha frente.

Um “me desculpe” estava escrito em caneta azul. Olhei para Lisanna e ela apontava a caneta para mim. Era assim que a gente discutia durante a escola. Lisanna era ruim com palavras e preferia escrever. Sorri.

“Está perdoada. Já disse.”

“Eu sei que é mentira, Lucy. Eu conheço você.”

“É sério, vai passar. Eu só tô um pouco magoada.”

Quando olhei para Lisanna ela me observava preocupada. Vi suas sobrancelhas arqueadas enquanto escrevia.

“Eu fui uma idiota. Eu não tinha ideia dos seus motivos e estava com raiva. Entenda meu lado também, Lu. Eu fui jogada nesse mundo sem mais nem menos. E você não teve culpa. Você fez o que pôde para cuidar de Ty. E eu sei que você não pensou em você quando fez isso. Por tanto: Muito obrigada.”

Li aquilo tudo sentindo um bolo em minha garganta. Meus olhos se encheram com lágrimas e eu cocei a garganta. Ao invés de escrever, anui positivamente para ela.

Alguma coisa em meus olhos fez ela levantar e caçar alguma coisa em sua bolsa. Ela tirou uma espécie de embrulho. Olhei confusa para ela quando me entregou. Rasguei o papel temerosa. Foi quando vi o início da embalagem transparente que sorri. Era um pedaço de panna cotta, sobremesa preferida da minha mãe. Ela fazia toda vez que eu brigava com Lisanna e chamava-a para comer comigo, para que pudéssemos “fazer as pazes.” Ao mesmo tempo que sorri nostálgica, bateu ainda mais saudades de mamãe.

Lisanna me olhava e segurou levemente minha mão.

Nesse momento eu a perdoei.

— Você sabe que isso foi jogo sujo, não é? — Ela sorriu e deu nos ombros.

— Da mesma forma que você me comprava com panquecas. — Anui positivamente com sua fala. Quando pus um pedaço do doce na boca, sorri abertamente.

Olhando para o lado, notei que Natsu prontamente nos ignorava, como se desse tempo para que fizéssemos as pazes.

“Você é muito fácil.”

Cale-se, Saphira.

— Prove um pouco, Natsu. — Agora sim ele me encara. Movo uma colher cheia em sua direção. Sem nem perguntar o que é, ele abre a boca e prova. Nem tenho tempo de pegar mais uma colherada, pois Erza já está com a cara enfiada por cima de mim.

— Isso é bolo de morango? — Seus olhos brilham como os de uma criança. Gray se mete também.

— Doce? — Suspiro e entrego a colher e o pote para eles. Num instante eu os escuto começar uma discussão.

— Cala a boca Gray. É meu!

— Me dá um pouco Erza, não seja egoísta. — Som de pele estalando. — Aí!

— Agora cale-se.

Natsu ri um pouco ao meu lado antes de olhar para mim.

— Isso estava bom, o que era?

— Panna cotta. — Digo e encosto ao assento. — Uma sobremesa que minha mãe costumava fazer. — Sorrio suavemente. — Ela fazia quando eu e Lisanna estávamos brigadas, para que pudéssemos fazer as pazes.

Seguro meu colar com a mão direita com força. Sinto saudades, mamãe.

Saphira solta um som, como se estivesse sentindo minha nostalgia também.

Agradeço mentalmente á ela. Antes de me entregar ao sono completo.

Tenho um sono agitado e sonho com coisas escuras, choros e muitas vozes.

É como se eu tivesse numa sala completamente escura com alguém chorando ao meu lado, só que eu não consigo identificar de quem é esse choro e escuto um grito. Um grito masculino que me faz ter vontade de me soltar das correntes que prendem meus pés.

Olho assustada para todos os lados, cadê eles?

O que fez com eles.

Seu monstro.

Sinto meu rosto ser coberto por lágrimas.

“Cadê eles Lucy? Cadê?”

Saphira suplica em minha mente.

“Não consigo senti-los. Está tudo vazio.”

— Seu monstro!

No canto da sala, vejo um ponto branco vindo em minha direção e, por algum motivo, sinto medo, muito medo.

Não por mim, mas por eles.

Só eles importam. Não machuque eles, por favor.

Não. Por favor.

{...}

— Chegamos, Lucy. — Sinto as mãos de Natsu em meus ombros. Meus olhos se abrem de supetão. Meu coração bate forte em meu peito e em minha testa há pequenas gotas de suor. Um pesadelo tomou conta de minha mente enquanto dormia e, apesar de não recordar como ele era exatamente, tenho lapsos ruins em meu cérebro.

Encaro Natsu. Olho em volta e tento me acalmar. Foi apenas um sonho ruim.

— Está tudo bem, Lucy? — Natsu me olha preocupado. Anuo positivamente.

— Apenas um sonho ruim. — Desdenho com as mãos. Levanto rapidamente e me preparo para descer com todos.

Eles me esperavam perto a porta, o avião já se encontrava vazio quando desci.

O ar do Texas consegue ser seco e o sol queima em minha pele. É incrível como que de um Estado para o outro, o clima muda tanto.

Rapidamente localizamos um táxi e nos dividimos. Dou o endereço para todos os taxistas e seguimos até a casa de meus avós. Em poucos minutos, vejo os enormes portões. Sorrio nostálgica.

Desço do táxi assim que pago e chego próxima á guarita do segurança.

Preston está ali e abre um sorriso ao me ver.

— Menina Lucy! — Sorrio.

— Como vai o senhor? — Ele anui positivamente. — E sua esposa? Ainda faz aqueles pães maravilhosos? — Seus cabelos grisalhos contrastam com seus olhos verdes e sua pele branca como leite.

— Ela sente saudades suas. Ela está lá dentro. Sua avó lhe espera. — E num passe de mágica, os portões se abrem. Vejo todos descerem dos carros e olharem abismados para casa.

Para mim é tão normal, que eu entro sem nem olhar direito, Lisanna vem logo atrás de mim. Ela praticamente cresceu aqui. Quando olho para trás, eles olham para cada canto do terreno, como se fosse a quinta maravilha do mundo.

Chegando próxima á enorme casa, vejo olhos pretos me olhando, seguidos de verdes. Suas expressões me passam calma e serenidade.

— Vovô, vovó! — Sorrio abertamente quando caminho mais rápido para chegar próxima a eles. Os braços longos de vovô me apertam. Como um urso, ele me levanta do chão e sinto seu cheiro amadeirado misturado com o cheiro de suas bebidas. Me sinto em casa.

Logo sou apertada por um ser mais baixo que eu que cheira á morangos e água do mar. Sinto suas lágrimas molhando minha camisa.

— Por que você está chorando vovó? Estou bem. — Ela me larga momentaneamente e me analisa. Algo em meu rosto faz com que descrença tome conta do seu. Ela olha para trás de mim e vejo algo que nunca vi: Os olhos da minha vó passam de verdes para um turquesa vivo.

Saphira toma conta na mesma hora e fareja o ar.

Eu conheço bem esse cheiro.

Estava tão concentrada em vovó que não olhei para meu avô. Que encara sério todo o grupo atrás de mim... E seus olhos não são mais pretos... São vermelho sangue.

Logo rosnados se tornam altos. Vejo Natsu e Erza rosnando. Seus olhos também de outra cor. Laxus e Gajeel numa posição defensiva e até Wendy está com uma expressão estranha.

— Vocês podem por favor, parar de rosnar? Não estão me deixando pensar! — Saphira interrompe todo mundo.

Vovó me olha assustada e é estranho ver seus olhos nessa cor. Meu avô me puxa pelo braço. Seus olhos vermelhos me assustam. Ele encara meu rosto e me olha da cabeça aos pés.

De canto de olho, vejo Natsu dar um passo para frente, como se ele tivesse pronto para me proteger a qualquer momento.  

— O que houve com você Ashley? — Agora eu sei que ele está verdadeiramente puto. Nunca havia me chamado pelo segundo nome.

— Primeiramente: Oi vovô. Segundo: Solte meu braço, está me machucando. Terceiro: Eu quem deveria pedir explicações aqui, não acha? — No momento em que falo sobre me machucar ele me larga. — E parem de rosnar para minha alcateia, isso está me dando nos nervos.

Natsu me encara, assim como todos os outros. Eles estão numa pose defensiva e eu vejo na posição que Natsu que ele estava preparado para me puxar dali o mais rápido possível. Em seus olhos vejo fúria e eles miram em qualquer contato que meus avós fazem com minha pele. Tento olhar diretamente em seus olhos para acalmá-lo e isso parece funcionar, pelo menos por enquanto.

— Sua... Alcateia? — Quando olho para o lado, vejo que vovó já voltou ao normal e olha para todos eles. — Eu... Mil perdões... É... — Ela se atrapalha com as palavras e meu avô intervêm.

— Nós não queremos ser rudes, só que... Não esperávamos que a Lucy tivesse descoberto a verdade.

— A verdade não. Só descobri quem eu sou. Não graças a vocês. — Suspiro. Mas ainda assim consigo manter a expressão divertida. — Sinto cheiro da minha torta de Amora. Estou morrendo de fome vovó.

Como se tivesse apertado um botão, ela sorri e me puxa para cozinha.

— Ora! Por que não disse antes? Não posso deixá-la com fome, minha filha. Entre, todos. Fiz biscoitos. E desculpem essa primeira impressão confusa. — Sorri e para um instante. O canto de seus olhos enruga um pouco quando faz isso. — Muito prazer! Sou avó da Lulu, mas podem me chamar de Mavis.

Sorri e cotovelei levemente vovô.

Ele sopra um pouco e abre um sorriso.

— Esse é meu avô que aparentemente está fazendo jogo do silêncio comigo. — Isso o faz gargalhar. Sorrio também. — Ele é...

Nem precisei terminar pois ele me completou.

— O melhor avô da face da terra? Muito prazer em conhecer todos vocês, entrem. Podem me chamar de Zeref!

Continua


Notas Finais


E então? Surpresos com quem são os avós da Lucy? huahsuahsahsahshsuahsua'
Espero que tenham gostado!
Nos vemos depois! o/
Beijinhos!


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