História Inalcançável Você - Nudes

Lauren POV

 Já faz duas semana que todos os dias na hora do meu intervalo Dinah aparece pra irmos ao café, nos primeiros dias ela vinha sozinha, mas agora Camila sempre vem junto.

— Você está entrando na friendzone. - Dinah me disse, enquanto Camila entrava na cafeteria pra pegar nossos cafés.

 A cada dia uma de nós três somos a escolhida pra entrar naquele minúsculo ambiente cheio de pessoas e pegar os cafés, para não termos que entrar as três de uma vez.

— E você quer que eu faça o quê? - Perguntei suspirando. — Até manter uma conversa com ela é difícil, porque de repente a gente fala alguma coisa e ela se cala, não responde mais.

— Chama ela pra sair, você precisa demonstrar que não quer só amizade. - Dinah disse e eu revirei o os olhos.

— “Desculpa Lauren, mas eu não fico mesmo com mulheres, então melhor não, pra não te criar falsas expectativas.” caso você não se lembre, essa foi a resposta da última vez que chamei ela pra sair, depois de você encher meu saco dizendo que ela aceitaria.

— Eu realmente achei que ela aceitaria. - Se defendeu. 

— Mas não aceitou, eu sinceramente acho que só estou perdendo meu tempo, vai ver ela é hétero mesmo, vive dizendo que não fica com mulheres, eu que não estou querendo aceitar. - Disse vencida.

— Ela pode ser qualquer coisa, mas cem por cento hétero, ela com certeza não é, ela ficou com tesão só com um beijo seu, que tipo de hétero é esse? - Negou com a cabeça. — E ainda vive te secando.

— Você é mais iludida do que eu Dinah.

— Levanta. - Ela disse e eu franzi o cenho. — Levanta! - Repetiu e eu me levantei do banco onde estamos, que fica de frente a cafeteira.

 Ainda sentada ela segurou na minha mão e me fez ficar de costas pra cafeteria e de frente pra ela.

— Fica assim. - Ela disse e olhou pra cafeteria.

— Que merda é essa, Dinah? - Perguntei e fui sair de onde estou, mas ela me impediu.

— Fica parada! - Disse, ainda olhando pra cafeteria. De repente um sorriso convencido surgiu nos lábios dela. — Tá vendo só, Camila tá vindo pra cá e desde que saiu de lá ela não desviou os olhos da sua bunda uma vez sequer.

 Senti minhas bochechas queimarem e no mesmo instante me afastei de Dinah, voltando a me sentar no banco.

— Café sem açúcar pra vocês e um café docinho pra mim. - Camila disse, nos entregando nossos copos e ficando com um.

— Você vai ficar diabética, você não toma café com açúcar, você toma açúcar com café. - Eu disse e ela riu.

— De amarga já basta a vida. - Ela disse em tom de brincadeira, mas com tanta verdade na voz, que acredito que não tenha sido só uma brincadeira.

— A vida não é amarga, ela têm momentos amargos. - Eu disse e ela fez o que eu mais odeio, não deu continuidade ao assunto.

— Você viu o noticiário essa manhã? - Perguntou a Dinah, se sentando ao lado dela.

— Infelizmente sim, você acha que cheguei com essas olheiras por quê?

— Não tive estômago nem pra ver a reportagem toda, foi em qual zoológico?

— No de El Salvador, lá tem uma das taxas mais…

 Parei de prestar atenção na conversa delas, primeiro porque eu simplesmente não estava fazendo a mínima ideia sobre o que elas falam, segundo por causa de Camila, a forma com que os lábios dela se movimentam enquanto ela fala sempre rouba a minha atenção.

— Terra chamando Lauren. - Ouvi a voz de Dinah, me trazendo de volta pra realidade. — Meu Deus, não sei porquê você sempre sai de órbita quando tá olhando pra Mila.

 Deixei minha boca se abrir em choque, por Dinah ter dito aquilo, com Camila bem ali ao nosso lado.

— E… eu… eu não estava olhando pra ela. - Bufei e me levantei. — Meu intervalo já acabou, tchau pra vocês. - Me virei e saí de perto delas.

— Me espera na saída que te deixo em casa. - Dinah gritou, ainda de costas eu apenas levantei o polegar em sinal de concordância.

 Dinah mora na mesma direção que eu, então quando ela não precisa ficar de plantão sempre me deixa em casa.  Ao passar pela porta, senti meu corpo colidindo contra o de alguém.

— Me desculpa… - Quando levantei a cabeça e vi quem é senti minhas bochechas corarem, o pai de Alex, diretor do zoológico. — Senhor Andersen. - Sorri.

— Olha se não é minha futura nora favorita. - Ele disse com um sorriso largo nos lábios e me puxou pra um abraço. — Eu pensei que não iria encontrar você aqui, fiquei tão feliz quando o Alex disse que te passou a vaga.

— Obrigada, foi uma grande oportunidade.

— Agradeça indo jantar conosco hoje, nunca mais te vi por lá, vocês brigaram? - Tive vontade de rir pelo tom preocupado que ele usou.

— Não, só estamos sem muito tempo pra sair, mas nos encontramos todos dias na faculdade. - Eu disse e ele sorriu satisfeito. — Quanto ao jantar, infelizmente vamos ter que deixar pra outro dia, tenho umas coisas atrasadas aqui, então vou sair mais tarde. - Menti, na verdade eu só não quero ter que passar um jantar inteiro explicando porquê eu e Alex não namoramos.

— Ah, que pena, quando eu tiver uma folga aqui vou mandar o Alex te ligar, podemos até fazer uma pequena viagem. - Passou a mão pelo meu rosto. — Não trabalhe muito, qualquer coisa você pode pedir pra falar comigo. - Ele disse e eu afirmei com a cabeça, deixou um beijo no topo da minha cabeça e se retirou. 

 Quando virei eu percebi que ao longe a secretaria tinha observado nossa interação, ao passar por perto do balcão que ela fica senti ela me olhando dos pés a cabeça, era só o que me faltava, acharem que eu tenho algo com ele, acredito que ele está na faixa dos 60, é uma versão mais velha do Alex, a diferença é a barba e o cabelo branco, até os olhos tem o mesmo tom de azul.

 O resto do dia se seguiu normalmente, quando finalmente o relógio marcou 18h, me despedi de Nicholas e fui pra entrada do zoológico, sempre espero por Dinah lá, ao lado da bilheteria tem um banco, me sentei e peguei meu celular, que há 30 minutos atrás não parava de vibrar,

Normani: Você não sabe o que acabou de me acontecer!!!!!!!

 Neguei com a cabeça e digitei uma resposta, vindo de Normani eu espero qualquer coisa.

Lauren: Não sei, mas se você me contar vou ficar sabendo…

 A resposta veio quase que imediatamente.

Normani: Você lembra do gato que eu falei que conheci na companhia de teatro?

Lauren: Lembro, o que tem ele?

 Vi um carro parando em frente ao local onde eu estou, um Veyron grand sport branco, admirei o carro por alguns segundos e depois voltei minha atenção para o celular, visto que o carro de Dinah é um Jeep renegade, então não é ela.

Normani: ELE ACABOU DE MANDAR UMA FOTO COMPLETAMENTE PELADO.

 Fiz uma careta quando li a mensagem.

Lauren: Meu Deus, Normani, espero que você não faça o mesmo, vocês nem se conhecem, sem contar que é mega chato.

 O carro que estava parado buzinou, agora quando eu olhei o vidro estava completamente baixo e eu pude ver o motorista, ou melhor, a motorista, Camila, me levantei e caminhei até a janela do carro.

— Dinah vai cobrir o plantão de um amigo nosso hoje, ela mandou eu te avisar e pediu desculpas. - Ela disse e a primeira coisa que notei foi os olhos dela levemente inchados, como se tivesse chorado.

— Tudo bem. - Sorri de lado. — Eu chamo um táxi ou pego um ônibus. - Não ia falar mais nada, mas quando dei por mim já estava falando. — Você tá bem? Parece abatida.

— Estou, só um pouco cansada, mas nada com o que se preocupar. - Sorriu fraco. — Entra que eu deixo você em casa.

— Não vai tirar muito você da sua rota? - Perguntei receosa, tudo que eu menos quero é atrapalhar. — Não quero incomodar.

— Se fosse incomodar eu não estaria oferecendo.

— Nossa. - Soltei uma risada anasalada e entrei no carro. — Você já tentou ser mais delicada? - Perguntei com uma sobrancelha erguida.

— Mas eu sou delicada. - Ela disse, com os olhos semicerrados.

— E eu sou o Batman. - Eu disse, ela continuou me encarando com os olhos semicerrados, dei de ombros.

 Lea negou com a cabeça e deu a partida no carro. Pegou o GPS que estava preso no suporte do painel e estendeu na minha direção.

— Coloca seu endereço.

 Coloquei e depois pus ele novamente no suporte. Meu celular acendeu, alertando a chegada de uma nova mensagem, me arrependi no mesmo instante que abri, Normani simplesmente encaminhou a tal foto pra mim.

— Vou ficar agradecida se você deixar pra ver pornografia quando chegar na sua casa. - Não sei por qual motivo, mas ao ouvir a voz de Camila acabei me assustando e fazendo meu celular cair nos meus pés.

— Foi… foi… meu Deus, Camila, eu não estou vendo pornografia. - Tentei me explicar, mas o olhar julgador permanece no seu rosto. — Foi Normani que mandou isso pra mim.

— Normani mandou, claro. - Ela disse em um tom irônico.

 Bufei e me inclinei para pegar novamente meu celular, que ainda está no chão do carro, quando estava retornando para o meu lugar, sem querer esbarrei com o braço no painel do carro, dois “bip bip” foram reproduzidos e o teto começou a se mover.

—Meu Deus! - Apertei no botão novamente, mas nada aconteceu, o teto ainda continua se movendo.

 Camila nem pra ajudar, ela olha pra mim com o ar de riso. Afastei minhas mãos do painel com medo de fazer mais alguma merda, mas a merda já está feita e só piora, têm alguns papéis jogados pelo painel, quando o vento bateu todos eles começaram a se movimentar, só tive tempo suficiente pra segurar um, o resto saiu voando pra fora e na minha falha tentativa de segurar eles, acabei largando também o que eu tinha segurado. 

— PUTA QUE PARIU! - Camila aproveitou o sinal fechado e olhou na minha direção. — Minha mãe só me deu o título de mais desastrada do mundo porque não conhece você.

 Vergonha, acho que essa é a palavra que mais me define agora, vergonha extrema. 

— Desculpa…  hã… os seus p… pa… papéis! - Bufei irritada com a minha gagueira.

— Não tem problema, eram só anúncios… Você tá tão vermelha que estou vendo a hora você explodir, para de ser besta, Lauren, não era nada importante, relaxa.

— Para de falar, porque você tá me deixando pior. - Pedi e ela parou mesmo, apertou outro botão do painel e o teto voltou a cobrir o carro.

 Normani, tudo culpa dela, ela me paga. Não sei em qual momento, mas meu celular tinha novamente ido ao chão, só percebi quando pisei nele, me abaixei, dessa vez com o máximo de cuidado e peguei ele.

— Já pensou na possibilidade de seu celular preferir o chão à ficar em cima de você? - Não sei se foi impressão minha, mas senti um duplo sentido na frase dela.

— O que você quis dizer com isso?

— Quis dizer o que eu disse. - Sorriu e parou o carro, só então percebi que chegamos. 

— Você é tão… irritante, Camila!

— Acabei de mudar completamente a minha rota pra deixar você em casa e você me chama de irritante? - Perguntou calma.

 E isso me deixou extremamente irritada, por que eu estou tão irritada? Não sei, mas eu estou. Não respondi nada, tirei o cinto e abri a porta do carro, mas infelizmente antes que eu saísse do carro ela voltou a falar.

— Que você tenha uma boa noite vendo pornografias. - Disse insinuante.

 Inalei o ar com força e me virei pra ela.

— Eu não sou muito chegada em ver pornografias, meu lance é mais no real, corpo a corpo…

 Em um movimento rápido me inclinei na direção dela e forcei um beijo, pra minha total surpresa ela correspondeu, mas não por muito tempo, logo as mãos dela estavam no meu ombro tentando me afastar, me afastei e desci do carro o mais rápido possível antes que levasse outro tapa e dessa vez bem merecido. No mesmo instante que fechei a porta ela arrancou com o carro, quase me levando junto.

— Desgraçada! - Eu disse, vendo o carro se afastar em alta velocidade.