Os segundos passaram devagar na sala de emergência.
1.....
- Massagem cardíaca!
2.....
A massagem foi realizada, porém o coração dela ainda não respondia.
3.....
- Rápido!! Não podemos perdê-la!
4.....
O médico fazia a massagem e suava, seu coração batia descompassado.
5.....
- Injetem mais remédio!!!!
6.....
- Doutor.. Estamos perdendo ela!
7.....
O doutor se recusava a deixá-la ir. Ela não podia morrer, uma jovem que tinha tudo para viver e ser feliz. Ele tinha que salvá-la!
8.....
Pi - Pi - Pi - Pi
Como um milagre, todos na sala olharam para o monitor do coração e viram que tinha voltado a bater. Comemoraram a vitória com alegria.
Ouviram um arfar vindo da mesa e viram Annie acordando.
-/-
Annie abriu os olhos devagar e sentiu seu coração bater normalmente. O ar entrar por suas narinas e chegar aos pulmões. Respirou fundo apreciando essa sensação.
"Estou viva!" - era a única coisa que ela conseguia pensar. - "Estou viva! A vida me deu outra oportunidade!"
Viu-se ligada a diversos aparelhos e cercada de doutores, que a olhavam com lágrimas nos olhos.
- Como se sente? - uma mulher falou com a voz embargada.
- Bem... - respondi e minha voz saiu fraca. Ao menos minha voz estava saindo agora, tinha controle sobre meu corpo, conseguia falar e respirar.
Fechou os olhos e sentiu lágrimas chegando. "Estou viva!"
-/-
- Onde está a Annie???? - Guel chegou desesperado segurando a mão de Pérola que o acompanhava.
- Na sala de emergência.. - Anna respondeu.
- Não tem notícias? - ele perguntou tremendo.
- Não... - ela sussurrou.
Poncho ainda mantinha a cabeça afundada entre as mãos enquanto Anna afagava suas costas.
Dul e Ucker chegaram em seguida, e logo após, Mai e Chris.
Mai e Dul choravam compulsivas, sentiam tanta dor pelo sofrimento da amiga que só conseguiam deixar escorrer tudo isso em lágrimas.
- Conta pra gente em detalhes como foi Anna? - Chris pediu quebrando o silêncio.
Anna suspirou e contou como havia encontrado Annie.
- Ahh.. Minha irmãzinha... - Guel sussurrou deixando escorrer uma lágrima que foi enxugada por Pérola.
A porta da sala de emergência se abriu e isso assustou a todos. O doutor saiu e ficou assustado com a quantidade de pessoas.
- Parentes da Srta. Anahi? - ele perguntou.
- Eu! Eu.. Sou irmão dela.. João Miguel! - disse firme apertando a mão do médico. - Como está minha irmã?
O médico sorriu.
- Ela está bem! - todos suspiraram na sala, parecia que um peso havia saído das costas de cada um. - Ela foi um verdadeiro milagre.. Nem a ciência pode explicar o que aconteceu... O coração dela parou por 8 segundos e depois voltou a bater normalmente... Essa menina tem força de vontade! Ela quer viver!
Todos na sala se emocionaram. Poncho afundou mais uma vez seu rosto entre as mãos. Annie, a mulher de sua vida, havia deixado de viver por 8 segundos... 8 segundos que pareciam uma eternidade, agora ele pensava. Não via a hora de abraçá-la e dizer que nunca mais a deixaria. Como a amava e precisava dela.
- Podemos vê-la? - Guel perguntou.
- Apenas parentes na ala de emergência.. Sinto muito!
- Sou namorado dela! - Poncho levantou. - Eu preciso vê-la!
- Sinto muito... São regras do hospital.. Mas dentro de algumas horas ela já será transferida para o quarto, e então todos poderão visita-la. - Poncho deixou cair os ombros de frustração.
Guel olhou para Poncho, e tocou-lhe o braço.
- Eu falo para ela que você está aqui... Que estava preocupado e que a ama... Mais algum recado?
Poncho sorriu e abraçou o cunhado.
- Valeu Guel! - ele disse.
-/-
Annie ainda estava ligada à alguns aparelhos e com agulhas nos braços. Porém se sentia bem, feliz... Olhou para a porta e viu uma figura conhecida se aproximando.
- Baby Blue... - Guel tomou suas mãos e as beijou, derramou uma lagrima sobre a mesma.
- Maninho... - sussurrou com a voz fraca. - Me perdoa Guel.... Perdão! - lágrimas escorreram de seus olhos.
- Por que diz isso Annie? - ele perguntou.
- Porque quem eu mais machuquei com essa doença não fui eu mesma, mas sim as pessoas que estão à minha volta e me amam...
- Eu estarei sempre aqui, com você! - ele sorriu e beijou suas mãos.
- Eu estou viva Guel... Eu estou viva!! Depois de tanto tempo pensando que ia morrer! E morri, por 8 segundos!
- Annie... - ele fungou. - Você está aqui agora, e é isso que importa!
- Isso acaba aqui Guel... Essa doença acaba aqui! Hoje nasceu uma guerreira, juro! Uma guerreira! Minha vida muda hoje!
Guel sorriu emocionado e a abraçou com dificuldade pela quantidade de fios e canos ligados ao seu corpo.
- Te amo Annie!
- Eu também te amo Guel!
-/-
Pérola tocou os ombros de Poncho, o acalmando.
- Ela está melhor agora! Não precisa ficar mais assim!
- Eu sei Pérola.. Mas foi por culpa minha que isso aconteceu à ela... Eu preciso resolver as coisas, eu preciso pedir e implorar que ela fique comigo, que ela me de uma nova chance... Porque hoje eu percebi que eu não consigo viver sem a Annie...
- Como assim culpa sua?
Poncho suspirou e contou a ela tudo o que tinha acontecido.
- Nossa... - Pérola colocou as mãos sobre a boca. - Então era dele que o Guel comentou...
- Sim.. O ex-namorado da Annie!
- Não... Isso eu sei!
- Do que está falando então?
- Guel me contou esses dias que um ex-namorado da Annie estava em estado terminal de câncer, e que ela estava visitando ele.. Que a última coisa que ele pediu foi o perdão dela... E já faz mais ou menos umas duas semanas que ele faleceu...
- Ele faleceu??? - Poncho quase gritou.
- Sim... Mesmo que ele tenha sido um cafajeste... Ninguém merece uma morte dessa!
Poncho ligou tudo, todo o ocorrido no hospital.. O beijo que serviu como uma despedida para que Otto partisse em paz. Sentiu-se um idiota por ter feito toda aquela cena com ela. Se tivesse pensado duas vezes, ou dado a oportunidade dela falar, nada disso teria acontecido. O coração da mulher da sua vida não teria parado por 8 segundos.
- Espera um pouquinho... Estou um pouco resfriada e vou até o banheiro buscar um papel... - Pérola falou e se levantou em seguida.
"Perai, papel?" - Poncho recordou-se do papel que Annie dera a ele no quarto quando estava sendo levada pela ambulância.
Tirou rapidamente do bolso e reconheceu a letra de sua amada. Parecia uma música.
Sálvame
Extrañarte es mi necesidad
Vivo en la desesperanza
Desde que tu ya no vuelves más
Sobrevivo por pura ansiedad
Con el nudo en la garganta
Y es que no te dejo de pensar
Poco a poco el corazón
Va perdiendo la fe
Perdiendo la voz
Sálvame del olvido
Sálvame de la soledad
Sálvame del hastío
Estoy hecho a tu voluntad
Sálvame del olvido
Sálvame de la oscuridad
Sálvame del hastío
No me dejes caer jamás
Me propongo tanto continuar
Pero amor es la palabra
Que me gusta a veces olvidar
Sobrevivo por pura ansiedad
Con el nudo en la garganta
Y es que no te dejo de pensar
Poco a poco el corazón
Va perdiendo la fe
Perdiendo la voz
Sálvame del olvido
Sálvame de la soledad
Sálvame del hastío
Estoy hecho a tu voluntad
Sálvame del olvido
Sálvame de la oscuridad
Sálvame del hastío
No me dejes caer jamás
-/-
- Annie... - Guel segurou firme as mãos da irmã.
- Sim?
- Poncho está lá fora.. Ficou o tempo todo aqui, chorando e muito preocupado em te perder...
Annie virou o rosto para o lado sentindo lágrimas chegarem.
- Não sei se acredito nisso... - sussurrou com dor.
- Olha Baby Blue, eu não sei o que aconteceu entre vocês... Mas sei que irão se resolver... Vocês se amam! Eu vi como meu amigo ficou desesperado pensando que você ia morrer e sei que isso é amor de verdade... Só te peço que de uma nova chance à vocês dois...
Annie sorriu e tocou o rosto do irmão.
- Vou pensar... Pink Promisse! - sorriu.
- Essa é a minha irmã! - sorriu dando-lhe um beijo na testa.
- Como estão Pérola e o bebê? Espero que ela não tenho ficado muito nervosa por tudo isso.... - Annie baixou os olhos. - Não faria bem para o bebê!
- Estão ótimos! - ele sorriu. - Fique tranqüila! Vamos cuidar de você agora, tudo bem?
Annie sorriu e tocou o rosto do irmão.
- Você acha que vai ser menino ou menina?
Guel riu com gosto.
- Sabe que não sei? Não tenho preferência... Nem parei para pensar nisso, de tão feliz que estou por ter um filho com a mulher que eu amo!
- Que bom ver você assim! E o casamento??? - Annie arqueou a sobrancelha.
Guel ficou vermelho como um pimentão.
- Casar? Er...
- Claro Guel! Você e Pérola vão constituir uma família... Não pensa em casar com ela? - Annie perguntou incrédula.
Guel coçou a cabeça e enfiou a mão no bolso, tirando de lá uma caixinha vermelha de veludo, abrindo e relevando um lindo anel de diamante.
- Estou carregando isso no meu bolso desde que descobrimos a gravidez e não tenho coragem.... - ele baixou os olhos envergonhado.
- Guel!!! - Annie sorriu, analisando o anel. - É maravilhoso!!!! Como assim sem coragem Guel?
- Eu não sei como fazer isso... Não sei as palavras certas e não sei falar coisas bonitas... E se ela não gostar? E se ela não aceitar?
- Guel... Calma!!! - Annie riu pegando suas mãos. - Eu acho, na verdade, tenho quase certeza, de que é exatamente isso que a Pérola mais espera!
- Sério?? - ele sorriu.
- Sim! E sobre as palavras... Abra seu coração... Fale o que sente por ela... Não precisa de palavras bonitas! Ela se apaixonou por você do jeitinho que você é... E por isso, vai amar o jeitinho que você falar...
Guel sorriu emocionado e deu um beijo na testa da irmã.
- Sabe que você sempre foi a minha melhor conselheira né?
- Teria sido melhor se você seguisse os meus conselhos desde novo... E eu seguisse os seus sobre a depressão e tudo mais... - ela soltou um muxoxo.
- Nunca ninguém disse que seriamos perfeitos! - Guel sorriu acariciando o rosto dela.
- A minha imperfeição quase me matou! - ela baixou os olhos tentando conter as lágrimas.
- Hey! - ele pegou seu queixo. - Falou bem... Quase! Mas isso acabou Annie! Nasceu uma guerreira aqui dentro! - ele apontou para o seu coração.
Annie sorriu emocionada e o abraçou.
-/-
Poncho levou as mãos a boca não acreditando no que havia lido. Ela pedia socorro, ela pedia que alguém a salvasse e ele sabia que esse alguém era ele. E onde ele estava? Muito ocupado guardando magoa e ignorando-a completamente. Se ao menos tivesse dado a oportunidade dela se explicar nada disso teria acontecido, se ao menos tivesse lhe dado uma chance, seu coração não teria parado por 8 segundos, levando dele o amor da sua vida.
- Voltei... - Pérola falou sentando ao seu lado. - O que é isso? - apontou para o papel.
- Annie escreveu isso... Deveria estar escrevendo quando passou mal... Me entregou assim que a ambulância chegou para buscá-la.
- Sobre o que fala?
- Ela pede que alguém a salve... - ele sussurrou entregando a Pérola o papel e afundando seu rosto entre as mãos, entregando-se ao choro novamente.
Pérola correu os olhos pela folha e terminou a leitura com lágrimas nos olhos.
- Uau... Forte! - sussurrou baixo. - Calma Poncho... Não fica assim!
- Como não quer que eu fique assim? Ela pedia a minha ajuda Pérola! Ela pedia por mim! E eu estava muito ocupado nutrindo um sentimento ruim por ela, sem saber que estava perdendo a mulher da minha vida para sempre! E perdi, por 8 segundos, eu a perdi!
- Calma Poncho! - ela sorriu tocando suas costas. - Ela está viva! Isso que importa! E tudo vai se resolver! Eu tenho certeza! Mas você precisa ficar calmo, não pode ir vê-la assim... Vai assusta-la! Por favor, se recomponha homem!
Poncho riu e deitou a cabeça no ombro de Pérola.
- Obrigado por tudo... Você é incrível Pérola!
- Eu sei que sou! - ela disse e Poncho riu dando-lhe um tapinha na cabeça.
- Convencida!
-/-
Uma hora mais tarde, Annie já havia sido transferida para o quarto e Guel foi avisa-los.
- Só podemos entrar de 3 em 3...
- Eu quero vê-la! - Poncho foi o primeiro a exclamar.
- Também quero muito ver a Annie, mas sei que precisam de privacidade.. Precisam conversar! - Mai falou pegando no braço dele.
- O Poncho entra primeiro... Só ele.. E depois nós vamos... Pode ser? - Dul perguntou olhando para todos, que assentiram.
Poncho agradeceu com a cabeça e foi em direção ao quarto dela.
Enquanto caminhava, tentava escolher as melhores palavras... "Desculpas, sinto muito, me arrependo, me perdoe, eu te amo, eu preciso de você, eu não quero te perder, volta pra mim...." - pensou e tentou escolher como começar.
Bateu levemente na porta do quarto que era o dela.
- Pode entrar... - sua voz sussurrou. Uma alegria imensa tomou conta dele, estava ouvindo a voz dela novamente.
Girou a maçaneta e assim que abriu a porta, seus olhos castanhos esverdeados se encontraram com os verdes vivos dela, que os arregalou sem mudar sua expressão.
- Oi... - sussurrou como um bobo.
- Oi... - ela disse de volta ainda o encarando inexpressiva.
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