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História Incomplete - Shelter


Escrita por: Hikarry

Capítulo 25 - Shelter


Acordei com algo gelado caindo na minha bochecha. Com alguma dificuldade, levantei a mão e toquei no rosto. Água. Logo a segui senti mais uma gota cair na minha testa, e outra, e outra e outra...Perfeito. Estava chovendo.

Abri os olhos e vi que ainda estava na mesma posição em que tinha adormecido, o que era estranho já que eu sempre me mexia enquanto dormia. 

Killian estava muito cansado então decidimos descansar junto da árvore. No meio da tarde, começou a ficar frio e, para além de eu ser uma pessoa que treme de frio com muito facilidade, o meu vestido estava rasgado deixando entrar ainda mais o frio. Sem eu entender muito bem como, Killian me puxou para o colo dele e me cobriu com o sobretudo dele...bem, tecnicamente, ele cobriu nós dois, já que eu estava em cima dele. Estávamos no mesmo local. Eu sentada no colo dele, com a nuca deitada na curva do seu pescoço e ele me abraçando por baixo do sobretudo com a cabeça encostada na minha.

- Sério...? - Sussurrei para mim própria enquanto me tentava livrar dos braços do pirata sem o acordar.

Depois que consegui sair daquele pequeno "casulo" onde estava, o cobri novamente com o sobretudo e voltei a me colocar debaixo da árvore, desta vez de pé, para não apanhar tanta chuva.

Nós precisamos de um local seguro para descansar. Talvez a Jolly Roger...mas infelizmente ela ainda estava atracada na Floresta Encantada e Jones tinha dado ordens para Smee, o seu imediato, para que ele não movesse a embarcação nem um centímetro sem receber uma ordem ou mensagem dele.

Fiquei aproximadamente vinte minutos encostada no tronco da árvore olhando a terra molhada que sujava os meus sapatos e ouvindo a respiração calma de Killian até ouvir uma movimentação estranha por entre as árvores. Rapidamente toquei o ombro de Killian que logo acordou e se levantou enquanto vestia o seu sobretudo novamente. Ele se colocou do meu lado e eu fiz sinal para que ele fizesse silencio. A voz de alguém falando fez todos os nossos músculos contraírem enquanto eu sentia o braço de Killian se encostar mais ao meu. Logo ouvimos as vozes mais perto e rapidamente pegamos as únicas armas disponíveis no momento: a espada que eu "roubei" e o punhal que eu tinha pedido emprestado para Killian. 

Olhei para as minhas mãos rapidamente. Os panos, antes de um verde estranho, agora estavam avermelhados. Aproveitando que Killian estava atento, coloquei a punhal preso entre as minhas coxas e comecei a desapertar um pouco o tecido da mão esquerda que, depois que o afastei um pouco, vi que estava coberta de sangue seco. Suspirei e voltei a apertar o tecido, pegando novamente no punhal. 

Ouvimos passos ainda mais perto e quando vimos alguém sair de trás de uma árvore nos preparamos para atacar, mas quando vimos quem era baixamos as armas. 

- Ruby! -  Disse entre um suspiro de alivio. - Quer me matar do coração? - Tentei falar num tom calmo para a morena encharcada na minha frente. 

- Papai! - Ouvimos alguém gritar e logo, de trás de Ruby, surgiu um Henry todo molhado que correu para os braços de Killian.

- Pequeno pirata! - Killian o tomou nos seus braços  e Henry abraçou o seu pescoço. - O que estão fazendo aqui?

- Nós fomos numa feira aqui perto, mas começou a chover e nós estávamos fazendo o caminho para casa. - Ruby explicou enquanto arrumava a franja por baixo da sua capa vermelha. - Soube o que aconteceu no palácio. Estou feliz que ambos estejam vivos. - Ela sorriu e andou até mim, me envolvendo num abraço apertado. - Já é noite...vocês querem ficar lá em casa?

- Nós podemos? - Perguntei depois de uns minutos em silencio.

- Claro. Henry iria adorar que vocês viessem connosco, não é? - Ela olhou para Henry que apenas assentiu enquanto continuava abraçando o pescoço de Killian.

Dito isso, colocamos pés ao caminho. Eu e Ruby ficamos conversando enquanto Henry ficava no colo de Killian agarrando a minha mão. A casa de Ruby ficava no meio da floresta, por isso não corríamos muitos riscos de alguém nos ver ali ou tentar nos procurar.

Quando Ruby abriu a porta, Henry pulou dos braços de Killian correndo para um cómodo que eu não sabia qual era, voltando minutos depois com um pequeno urso vestindo roupas negras que pareciam as de Killian.

- Ruby fez isso para mim! - Ele falou nos mostrando o ursinho com um sorriso lindo no seu pequeno rosto. - Não é legal?

- É sim, garoto. - Falei bagunçando os seus cabelos molhados.

- Vamos, Henry. Temos que trocar essa roupa antes que você fique doente. - Ruby pegou Henry no colo e o levou para aquele cómodo que deveria ser o quarto de Henry.

Fechei os olhos e suspirei. Quem diria que iríamos encontrar Ruby no meio do nada? Pelo menos agora já tínhamos um local seco para dormir.

Fiquei perdida nas minhas divagações até ouvir algo cair atrás de mim e uma respiração pesada. Abri os olhos e me virei rapidamente vendo Jones caído de joelhos encostado na parede com os olhos fechados. Me aproximei dele e toquei o seu rosto e no momento em que as nossas peles entraram em contacto eu pude perceber o quão mal ele estava. Ele estava ardendo em febre.

O ajudei a levantar com algum esforço e o deitei lá. Fiquei olhando para ele durante uns momentos sem saber direito o que fazer até me lembrar de como a minha dama de companhia fazia quando eu ficava com febre. Tirei o sobretudo dele e desapertei o seu colete vermelho, que estava um pouco rasgado, para ele conseguir respirar melhor.

Por cima do sofá estava uma janela por onde eu conseguia ver um pequeno poço a poucos passos dali. Peguei um balde que estava encostado junto à porta de entrada para a casa e corri rapidamente em direção ao poço de pedra de onde tirei água, com um pouco de esforço, voltando logo de seguida para casa.

Olhei novamente ao meu redor procurando um pano ou algo que eu pudesse usar para molhar até que me dei por vencida e rasguei um pouco do meu vestido, se é que ainda se poderia chamar aquele farrapo de vestido, na região da barriga deixando um pouco do meu corpete preto à vista, já que essa região era a menos molhada e suja em todo o "vestido".

Mergulhei o tecido no balde, o dobrei um pouco e coloquei na testa dele que contraiu o corpo quando sentiu o pano gelado.

- O que...está fazendo? - Ele perguntou quase num sussurro.

- Gastando um pedaço do meu vestido com você e o salvando de morrer por conta da febre. - Ele abriu um pequeno sorriso de lado ao perceber que eu usei o mesmo modelo de palavras que ele usou à uns tempos atrás enquanto eu passava o pano gentilmente pela sua testa e pelo seu rosto tentando limpar o suor.

Ficámos algum tempo em silêncio nos concentrando apenas na respiração e nos movimentos um do outro até ouvirmos pancadas fortes na porta seguidas por uma voz grossa ordenando que abrissem a porta.

Rei Arthur.



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