1. Spirit Fanfics >
  2. Incondicional >
  3. Invasões

História Incondicional - Invasões


Escrita por: sahsnape

Capítulo 9 - Invasões


Distante dali uma invasão de domicílio estava prestes a acontecer. Zayn esperou todas as luzes da casa dos Payne se apagarem para sair de trás do arbusto do vizinho. Há muito tempo Liam já tinha lhe contado que os pais dormiam e as irmãs dormiam bem cedo. Teoricamente ele também deveria dormir, afinal era uma regra da casa, entretanto teoricamente ele também devia ser hétero e namorar uma garota da igreja que seus pais morriam de amores e nem por isso. Enfim fato é que apenas mensagens de texto durante algumas horas do dia não estavam bastando para os jovens namorados. Desde a briga de sexta feira que eles não se viam, já estavam indo para a quarta e nada. Para piorar, mesmo que Liam voltasse da suspensão, seus encontros com Zayn continuariam limitados até o final do castigo e desse jeito não daria pra viver. Liam podia muito bem se adaptar por mais que lhe afligisse, mas Zayn não enfrentou sua família muçulmana para viver sem mascaras e depois aceitar aquela situação.

O que faria era o típico clichê de comédias românticas para adolescentes que ele detestava com força. Nem podia acreditar que estava mesmo preso naquele cenário patético, mas faz parte das coisas que fazemos por amor. Pegou três pedrinhas do jardim do vizinho, não eram nem onze horas e a rua toda já estava apagada. Tudo bem que era dia de semana, mas por Deus, gente! Que vizinhança para dormir com as galinhas! Liam morava em um sobrado e seu quarto ficava na parte da frente com a janela virada pra rua. Mais conveniente impossível. Zayn fez uma boa mira e arremessou a primeira pedra na madeira da janela, um milímetro para a esquerda e quebraria o vidro.

No quarto, Liam usava uma lanterna para ler seus quadrinhos do Batman e passar o tempo; sem nada para fazer o resto do dia, ter sono aquela hora era impossível. Era a nona vez que lia A Piada Mortal, estava na parte do flashback sobre a vida do Coringa quando uma pedra acertou sua janela e com o susto o garoto deu um salto e foi parar no chão, caindo dolorosamente sentado.

- Merda! – gemeu, virando o corpo pro lado e massageando o osso do cóccix antes de se levantar. Outra pedra acertou o mesmo lugar, dessa vez ele não se assustou e levantou-se preparado para xingar o maldito que fazia essa brincadeira de mau gosto aquela hora da... – Zayn!? – disse ao abrir a janela e se surpreender com o garoto prestes a jogar a terceira pedra.

- Jogue as tranças, Rapunzel. – sorriu sem mostrar os dentes, jogando a pedra para longe.

Liam se apoiou no parapeito da janela e sorriu de volta, ridiculamente apaixonado.

- Pensei que estávamos mais pra Romeu e Julieta.

- Pode ser também. Mas, prefiro Julieto, mulheres não são pra mim. – deu de ombros, não conseguia parar de sorrir nem tirar os olhos dele – Posso subir? Quero beijar cada parte do seu corpo e te abraçar até não sentir mais falta de nada.

- Mas, não tem como subir daí onde você tá. Não tenho uma árvore convenientemente plantada na frente do meu quarto. – disse ironizando os filmes que o namorado e que ele, Liam, só assistia pra provocar.

- Então abre a porta. Serei silencioso, prometo.

- E quem disse que eu serei? – retrucou com um sorriso maroto.

Zayn mordeu o canto do lábio com os olhos faiscando de malícia.

- Uma coisa de cada vez, amor. – disse forçando autocontrole que dificilmente tinha quando aquele garoto estava envolvido – Vai logo! – apressou-o, vendo que Liam já estava com aquele olhar abobado e se deixasse, ficaria ali perdendo a noção do tempo.

- Tá! Espera um segundo. – disse despertando do breve devaneio e sumiu da janela.

Dessa vez ele se lembrou de desativar o alarme de casa antes de abrir a porta. Não poucas vezes, Liam acabou esquecendo e acordou a família toda, além dos vizinhos porque foi abrir a porta pra colocar o lixo para fora, mas esqueceu desse detalhezinho. Nem queria imaginar na desgraça que seria fazer isso de novo nessa situação.

Tinha acabado de abrir a porta quando Zayn invadiu a casa, levou uma mão em sua nuca, outra na cintura e deu-lhe um beijo ardente com a língua já adentrando-lhe a boca e buscando explorar cada canto que sentiu falta durante aqueles quase cinco dias de distancia. Sem olhar, o mais velho girou o corpo, pressionando Liam contra a parede e este imediatamente entrou no ritmo do namorado quando encontrou algum apoio e retribuiu o beijo, na mesma busca sedenta pelo sabor daquela boca. As mãos deslizaram pesadas, dando apertões abrutalhados por debaixo da blusa do outro e o puxando para junto de si. Por um minuto o beijo prolongou, com direito a cinturas em atrito provocando o desejo um do outro.

- A gente precisa subir, amor – disse Liam entre o beijo, levando um chupão no lábio inferior de um Zayn que não dava a mínima para nada naquele instante. – É sério. – continuou sussurrando. Os lábios do mais velho agora desciam por seu queixo até parar no pescoço. Liam gemeu baixinho com um arrepio roubando-lhe o fôlego - Se meus pais te pegam... – apertou as laterais do corpo do garoto, retribuindo os arrepios que ganhava conforme os dentes de Zayn raspavam por sua pele. – a gente tá fodido. – conseguiu completar com a voz tremula.

Zayn deu um sorriso cheio de malícia sussurrou para Liam, deixando os lábios roçarem em sua pele conforme falava:

- Foder é uma ótima palavra, não acha? – chupou-lhe o lóbulo e as duas mãos agora pegaram em cada nádega do mais novo, apertando-as desejosamente, arrancando-lhe mais um gemido.

- É... – murmurou sentindo as pernas fraquejarem – Mas, não aqui.

Zayn sabia que com um pouco mais de insistência, conseguiria exatamente o que desejava ali mesmo, pois Liam cedia muito fácil aos hormônios quando era bem estimulado. Por outro lado, o mais velho sabia que quando começasse não iria mais parar, que talvez eles fossem fazer alguns barulhos e não teriam nenhum travesseiro para abafá-los. O risco de serem pegos obviamente o excitava – por sinal os dois estavam com indícios de ereção se formando nas calças – entretanto, não podiam colocar nada a perder e não era como se transar com Liam no quarto dele – e provavelmente passar o resto da noite lá – seria menos errado. Por isso ele, muito a contra gosto, se afastou um passo para trás e até ergueu as mãos.

- Ok, mas seja rápido. – sussurrou. Liam, apressadamente já ia subindo as escadas, quando Zayn puxou-lhe pela mão – A porta, amor. – apontou e o mais novo o encarou com um segundo de confusão. Ficou um pouco perdido com tantos estímulos.

- Ah... é verdade – voltou, fechou a porta o mais rápido e silencioso que conseguiu e deixou a chave em qualquer lugar ali.

- O alarme também – lembrou, vendo que o namorado já ia subindo a escada de novo.

- Mas, que merda! – ativou a porcaria do alarme e puxou o namorado escada acima antes que ele lembrasse de mais uma coisa que não era importante agora.

Quando entraram no quarto, Liam não precisou ser lembrado de trancar a porta para fazê-lo. Esse tipo de cuidado ele teve, mesmo com Zayn atrás de si, beijando e mordiscando sua nuca e ombro, enquanto uma mão abusada entrava pelo cós de sua calça e deslizava explorando-lhe a pélvis e a crescente ereção, a outra mão acariciava-lhe o abdômen, subindo até o peito onde deixava marcas temporárias de seus dedos pesados. Foi só uma provocação básica, porque não demorou muito para que Zayn virasse o garoto de frente pra ele, entrasse com os dedos em seus cabelos, puxando-os com firmeza e mais uma vez o beijasse enquanto o conduzia apressado para a cama, deitando por cima dele, jogando no chão os travesseiros, edredom e qualquer porcaria que atrapalhasse.

As cinturas colaram no mesmo instante; ambos sentiam a ereção um do outro crescer com o atrito das investidas quase inconscientes que faziam. Não demorou muito pra que blusas fossem parar no chão e demoraria menos ainda para o resto da roupa saísse de seus corpos. A noite seria longa e os dois estavam com pressa de saciar o desejo à flor da pele que tinham um pelo outro.

...

Anne parou o carro uma esquina antes da rua onde ficava a casa de Louis, o resto do caminho ela e o filho seguiram a pé. Até que a vizinhança era bem comum, típica região de classe média baixa com casas populares sem luxos, mas também sem perigos e bem iluminada. Enquanto andavam, conversavam sobre como seria a abordagem, Anne tinha plena ciência de que Louis não estaria em pleno equilíbrio emocional e ainda tinha ressalvas sobre a participação de Harry naquilo tudo, não conseguia deixar de se sentir um tanto irresponsável por permitir que o filho estivesse envolvido em um caso tão sério. Por outro lado, não era com o se ela pudesse acorrentá-lo dentro de casa ou deixasse para buscar Louis no dia seguinte, ainda mais com Harry bem ao seu lado ouvindo toda a conversa ao telefone.

A casa estava toda apagada, da calçada em frente a ela, podiam ver apenas uma luz acesa aos fundos e que certamente vinha do segundo andar do sobrado.

- Ele só pode estar ali, mãe – murmurou Harry. – Acho que dá pra pular a cerca e chamá-lo.

Havia pouca movimentação na vizinhança e os poucos na rua não se importavam com a presença de estranhos. Era o típico bairro onde cada um cuida de suas próprias vidas; se houver um assalto, sua vida, seus problemas, se houver um sequestro, só podemos lamenta, e se a policia bater na casa de alguém em busca de drogas, já vai tarde. Mesmo assim, a mulher tinha ressalvas quanto a ideia de invadir uma casa e pior: o filho fazer isso sob sua supervisão.

- Que espécie de mãe eu sou, meu Deus! – disse após um breve momento de reflexão - Isso é errado de tantas formas. Você não pode simplesmente entrar lá, Harry. Onde já se viu? Isso é propriedade privada.

- Mas mãe, ele precisa da gente! – retrucou.

- Sim, mas ainda estamos em propriedade privada e isso se constitui um crime – tirou o celular do bolso – Vou ligar para ele, pedir para que desça e tudo ficará bem.

Harry encolheu os ombros, ficando boquiaberto. Era como estar na cara do gol sem goleiro e isolar a bola. Adultos, como entender a cabeça deles? Era tão simples: pulava a cerca, andava abaixado até a os fundos e lá chamava o garoto. É obvio que não tinha ninguém em casa! Até pouco tempo sua mãe estava tão determinada. Injusto.

- Ah, qual é mãe? – colocou a mão na frente do celular, impedindo que ela ativasse a chamada – Ninguém vai ver. Tá super fácil, a cerca é baixa e a senhora acha mesmo que ele vai mudar de ideia só porque estamos aqui?

- Harry, você nem sabe se aquele é mesmo o quarto do Louis. Pode ser o pai dele, a madrasta. Não vou deixar você...

- Eu vou mesmo assim! – interrompeu-a atravessando o quintal da casa dos Austin e pulando a cerca independente dos chamados em voz baixa de sua mãe.

Anne quase fez o mesmo, mas não teria a mesma ousadia que um garoto de dezesseis anos cheio de vontade de mudar o mundo custe o que custar.

“Você não faz ideia do quão encrencado está, rapazinho” enviou ao filho a mensagem por whatsapp cheia de carinhas raivosas. Aflita, ela procurou uma forma de disfarçar para que sua presença ali na calçada não parecesse tão psicótica, fingindo que estava perdida e mexia no celular. Era um bairro egoísta, as pessoas não ligariam para uma pessoa perdida mesmo.

Louis permanecia exatamente na mesma posição quando Harry chegou ao topo da escada e viu uma montanha de roupas cobrindo-lhe o corpo quase inteiro. O mais novo não havia sido notado e passou um tempinho observando aquela cena, pensando se achava engraçado ou triste. Talvez houvesse algum significado por trás daquilo que ele ainda não tinha entendido.

- Ei. – chamou – É aconchegante ficar aí?

Louis tomou um leve susto em ouvir aquela voz ecoando da janela e olhou naquela direção:

- Harry? Mas, o que... – suspirou. Pergunta estúpida a que faria após a ligação que atendera minutos atrás, mas não deixou de ser surpreendente. Ergueu o tronco até se sentar, deixando que algumas roupas caíssem no chão – Vocês não deviam ter vindo. – disse desanimado.

- Claro que devíamos. – retrucou o outro, dando um jeito de passar pela janela e entrar no quarto. – A gente prometeu que de ajudava, não foi? O que aconteceu?

O cheiro de conhaque estava forte, mas Harry tentou não demonstrar que havia se incomodado com odor etílico causando um sutil ardor em suas narinas. Era só não respirar profundamente. Viu Louis encolher os ombros e abaixar a cabeça, envergonhado.

- Ei – andou até ele, sentando no canto da cama e próximo ao mais velho – Escuta, não fica assim. Merdas acontecem, mas a gente pode consertar. – deu um gentil aperto no ombro do outro.

- Algumas coisas a gente não pode mudar – ele retrucou.

- Tipo o que? – perguntou com voz calma.

- Ano passado, numa dessas reuniões de grupos de apoio pra gente problemática, sabe? – Harry assentiu, Louis ainda não olhava em seus olhos, mas também não insistiu – Quando eu contei que gastava todo meu dinheiro comprando coisas pra vestir e calçar, o cara disse que eu podia ter TOC e que isso às vezes não tem cura. Nunca acreditei nele. Achava que só comprava roupas porque gosto de me vestir bem e porque é a única coisa que eu posso comprar sem que o meu pai pegue depois pra vender muito mais barato e usar o dinheiro com bebida e cigarros. – mexia nas camisetas em cima dele para que tivesse onde olhar enquanto falava – A minha mãe tava sempre bem vestida. Ela era obcecada por roupas, acessórios, sapatos. Tinha um armário gigante cheio dessas coisas. Quando conheci meu pai, dizia que nunca queria ficar igual a ele, mais tarde disse o mesmo sobre a minha mãe. Agora olha só pra mim. – ergueu a cabeça e seus olhos azuis ficaram fixos nos de Harry. – Bebo igual ao meu pai, fumo igual a ele; por anos tenho vendido meu corpo igual a minha mãe e agora to aqui, travado nessa cama com todas essas roupas porque não quero me livrar delas. Só a ideia me sufoca, entende? Toda vez que as olho me lembro de quando só vestia coisa velha e rasgada, e no quanto queria ir à escola sem que a sola do meu sapato estivesse solta e minha camiseta toda puída.

Harry não entendeu o que o TOC tinha a ver com aquilo. Ora, ele também gostava de comprar roupas e ficava muito bravo quando sua mãe pegava algumas de seu armário e doava sem sua permissão ou simplesmente usava como pano de chão porque estava velha demais. Que mal tem ser apegado as roupas? Depois pesquisaria mais sobre isso, realmente não fez muito sentido em sua cabeça, no entanto isso não era prioridade agora.

- Lou, você não é igual a eles. São casos diferentes.

- Claro que sou, Harry! É uma questão de genética, de destino, azar, maldição dos deuses, bruxaria sei lá! Qualquer porra desse tipo...

- Não! Nada a ver isso, Lou. – retrucou calmamente - As circunstancias te fizeram ficar assim, mas isso não diz quem você é!

- Ah é? Então quem sou eu? – perguntou irritado com a positividade dele.

Harry hesitou, colocando as mãos no colo. Queria dar uma resposta rápida, passar uma urgente confiança a ele e clarear sua mente, mas não podia. Como responder uma pergunta que ele mesmo se fazia, ainda mais agora que estava prestes a se formar e tinha que decidir o rumo a seguir?

Louis estava prestes a confrontá-lo quando o garoto se adiantou:

- Às vezes nem eu sei quem sou. – respondeu com sua costumeira sinceridade bruta, quase igual a de uma criança sem medo de admitir o que pensa e sente. – Acha que é o único a olhar no espelho e não fazer ideia de quem está refletindo ali e sentir medo disso?

Houve um breve momento de silêncio entre os dois. Ambos se perderam em curtas lembranças de seus momentos existenciais, quando se perderam e acharam que nunca mais se encontrariam de novo. Aquela gana imediatista de qualquer adolescente querendo as coisas pra ontem e imergindo em profunda frustração quando a realidade não é como seus sonhos. O medo do futuro era o maior de todos e comum a todos, não importa a vida que tivessem.

- Ajuda quando sabemos quem não somos. – comentou o mais jovem. – Você não é egoísta igual a sua mãe. Nem mesquinho igual ao seu pai. É muito melhor do que isso, eu sei! Porque a nossa família, nossos amigos e as escolhas que fazemos não nos definem. Só a gente pode fazer isso.

Louis sentia um aperto na garganta e os olhos de novo começaram a arder. Ele não era de chorar, mas vinha fazendo isso com irritante frequência e dessa vez decidiu conter a vontade, mordendo os lábios e olhando para o teto até aquilo passar.

- Você... às vezes se sente perdido também? – perguntou descendo o olhar, mas a voz embargou contra sua vontade.

- Claro – respondeu Harry – E sozinho, incompreendido, deslocado. Minha mãe diz que todos se sentem assim às vezes. Uns mais, outros menos e na nossa idade é tipo elevado à trigésima potencia. Mesmo tendo família ou muitos amigos essas coisas acontecem.

Mordendo os lábios, Louis apenas balançou a cabeça positivamente. A vontade de Harry era de abraçá-lo, mas isso tinha que partir do mais velho, que por outro lado aceitaria muito bem um abraço, mas não teria essa ousadia de pedir ou de tomar a iniciativa.

- Tive uma ideia! – disse o mais jovem levantando da cama todo sorrisos – Vamos levar tudo!

- O que? – questionou incrédulo. – Tá louco, Harry? Olha isso tudo! Não vai caber nas minhas mochilas e ao menos que você tenha sacos gigantes nos bolsos, isso não vai funcionar.

- Ué, jogamos tudo pela janela, descemos e levamos até o carro. Acho que não daria pra levar tudo ao mesmo tempo, mas é só a gente fazer umas três viagens e pronto.

Louis não respondeu. Continuou olhando o garoto esperando a hora que ele diria que aquela ideia estapafúrdia era só uma piada.

- O que foi? Se você não quer se livrar de todas... e nem deve, porque elas são bem legais, aproveitamos o carro da minha mãe e levamos tudo.

- Mas, eu não preciso de tudo isso. Tenho que me livrar de alguma coisa.

- Hum... – ele olhou naquela montanha de coisas e puxou uma echarpe azul com franjas nas pontas – Deixa isso. Você já tem muita coisa combinando com seus olhos. – jogou a peça pra longe. – Quer que eu desça? Aí você joga os montes e eu vou pegando. Assim elas não caem no chão e sujam.

Louis era contagiado pela empolgação de Harry que já ajuntava toda a bagunça em pequenos montinhos, deixando tudo preparado para por em pratica seu plano, no mínimo, peculiar.

- Vai parecer que somos um casal brigando e que eu to te expulsando de casa enquanto jogo suas roupas pela janela – riu de leve se levantando da cama preguiçosamente.

- É verdade! – riu o mais novo – Deixo você me xingar enquanto fazemos isso. Pra ficar mais verídico. – piscou, fazendo ambos rirem.

O plano realmente aconteceu. E sim, Louis realmente o xingou e interpretou um papel de marido traído e histérico – falando em voz baixa obviamente – e os dois riam, esquecendo a conversa desoladora de minutos atrás. Quiçá um ou dois vizinhos tenham estranhado um garoto de cabelos cacheados ir e voltar dos fundos da casa dos Austin com um montinho de panos e calçados, entregando-os a uma mulher que ia até o carro, as deixava no banco de trás e voltava. Um processo que se repetiu cinco vezes até que Harry e Louis viessem cada um com uma mochila nas costas, pulassem a cerca e partissem junto com Anne para dentro do carro para nunca mais voltar.

O garoto de olhos azuis, antes de sair, cautelosamente procurou pelo pai, encontrando-o deitado no chão da cozinha escura, adormecido após uma longa bebedeira. Não se despediu, não deixou bilhete, nem o xingou pelos anos miseráveis que viveu com ele. Apenas o olhou e partiu; não encontrou Elisabeta em nenhuma parte de casa, o que significa que a mulher fez de novo: embebedou o homem até que perdesse a consciência para roubar dele o dinheiro que Louis trouxera. É, merdas acontecem.

Com os três dentro do carro e os pertences de Louis ocupando a mala inteira mais o banco traseiro – o garoto teve que colocar um pouco no colo para poder sentar – Anne colocou o cinto, mandando os meninos fazerem o mesmo e depois de um suspiro aliviado arrancou com o veículo:

- Deus do céu! Que semana, hein? Eu não me lembro de tanta correria desde o dia que fui dar a luz ao Harry.

- Ah não, mãe! Essa história de novo não!

- Ah sim, mãe! – debochou Louis com um sorriso cretino, inclinando o tronco para ficar entre os dois bancos da frente – O que aconteceu?

- Eu vou pular desse carro em movimento pra evitar essa humilhação.

Anne deu uma risada dos dois:

- Desculpa querido, mas não posso ser deselegante com o novo membro da família, não é?



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...