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História Inconveniências do amor - Capítulo 2


Escrita por: Fangirlie

Notas do Autor


Como uma profunda apreciadora das quartas-feiras, trago aqui mais um capítulo para vocês.

Boa leitura ;)

Capítulo 2 - Capítulo 2


Fanfic / Fanfiction Inconveniências do amor - Capítulo 2

Receber um beijinho inesperado de uma garota bonita não era exatamente a pior coisa que poderia acontecer com Percy. Quer dizer, ele não se via em posição reclamar. Considerando suas experiências em escolas novas, ele estava muito mais inclinado em esperar uma briga, uma explosão em um laboratório de química ou qualquer outro evento bizarro que pudesse resultar na sua expulsão de uma escola. Um beijo? Bem, isso era inofensivo e bem melhor do que ele estava imaginando receber. Quer dizer, fora estranho? Com certeza. Inesperado? Pode apostar que sim. Foi legal? Definitivamente.

Havia entrado no meio semestre letivo e desde então ele havia se esforçado ao máximo para passar despercebido. Um esforço dedicado para ser invisível e ficar longe de encrenca o máximo possível. Aquela não era uma escola qualquer, mas a aquela em que o namorado de sua mãe trabalhava e onde ele havia conseguido convencer o comitê admissional a aceitar a matrícula de um aluno potencialmente problemático como ele em um lugar prestigiado como aquele.

Percy não ligava nem um pouco para a escola metida e para seus alunos certinhos, mas sua mãe pedira encarecidamente que daquela vez ele conseguisse ao menos completar o ano sem mandar a escola pelos ares – mesmo que todas as vezes que aquilo quase aconteceu foram por acidentes infelizes. Percy se importava com a mãe e, querendo ou não, com Paul (ou Sr. Blófis como o chamava formalmente na escola, embora já o tenha sem querer o flagrado andando de samba canção pelo corredor do apartamento, ainda tinha de trata-lo com a indiferença respeitosa na escola). Aquele singelo beijo fora a única emoção que tivera desde que começara a estudar. Ainda que acidental e inesperado, Percy tinha quase certeza que aquilo ainda não se configurava como “incidente catastrófico passível de expulsão” que fora orientado a evitar.

Então... tudo certo, não é?

–Me desculpe. – Ela repetiu pela vigésima sétima vez ou talvez tenha sido apenas a terceira. Ele não sabia ao certo, mas sabia que eram vezes demais para algo que ele não conseguia se incomodar. – Não costumo agir dessa forma.

Ele fizera Annabeth contar sua história. Estava curioso em saber quais eventos a levaram uma garota bonita como ela a cair em seus braços desavisados. Ele precisara insistir um pouco, porque não se contentou com a versão simples que consistia em algo como “eu tive um dia ruim, estava prestes a piorar e acabei beijando você para fugir de uma conversa embaraçosa”. Depois de ouvir a história completa e notar o rosto avermelhado da garota, além da indignação fluir em sua voz, Percy percebeu que ela devia estar muito desesperada para fazer o que fez.

–Está tudo bem – Ele garantiu novamente. – Agir por impulso não é nenhuma novidade para mim. – Ele deu os ombros.

–Você está encarando isso com muita naturalidade. Eu usei você e meio que o arrastei para meu drama desnecessário, mas você sequer ficou com raiva de mim. – Colocando daquele jeito era mesmo desconfortável, mas não o suficiente para deixa-lo irritado. Ele sequer conseguiria chegar naquela conclusão se ela não tivesse dito.

–Você quer que eu fique com raiva? – Ele perguntou confuso. Talvez se ela lhe desse um soco ao invés de um beijo ele conseguisse, mas no momento raiva não era um sentimento dominante. Ele ainda estava com vontade de sorrir estupidamente com a irreverência da surpresa e sua bochecha ainda formigava bem no lugar onde ela o beijara.

–Não... claro que não, mas eu não o julgaria se ficasse. – Ela confessou – No seu lugar, eu ficaria chateada. – Ela ponderou. Parecia chateada consigo mesma. Percy não era lá muito bom em entender emoções ou entender pessoas de forma geral, mas parecia que a garota se sentiria melhor se ele o fizesse. Infelizmente, ele não era capaz de fazer isso no momento.

–Acho que deixei meu orgulho em casa hoje. – Ele brincou. Viu que ela esbanjara um sorriso, mas fora tão discreto que ele poderia muito bem ter apenas imaginado o que gostaria de ver.

– Eu devia aprender algo com você, então. – Ela comentou amargamente.

Percy não a conhecia muito bem, mas definitivamente sabia quem ela era. Annabeth Chase era um dos primeiros nomes que você ouvia quando chegava na escola. Ou ele estava estampado em cartazes e cartilhas informativas preparadas de alunos para alunos, ou mencionado com orgulho e comparação por um dos professores em um típico “faça como Annabeth Chase”. Era impossível passar um dia sem sentir a influência indireta da garota. Mesmo assim, aquela era a primeira vez que trocavam mais do que duas palavras. Ele tinha quase certeza que ela já lhe desejara “bom dia” alguma vez em meio aos corredores por pura gentileza formal. Não era surpresa que ela sequer soubesse seu nome, diferentemente dela, ele estava fora do radar – ele ainda rabiscava seu nome no fim da lista de frequência para lembrar os professores de chamar seu nome e provar documentalmente que estava comparecendo a todas as aulas regulares (pelo menos a maioria delas).

Annabeth não era exatamente popular, mas era alguém que todo mundo tomava como referência. Não contente em ser super inteligente, ainda arrumava tempo para fazer parte de vários clubes e organizar quase todos os eventos acadêmicos. Naquela pequena sociedade restrita, Annabeth já era alguém. Todos sabiam seu nome e eram orientados a se espelhar nela. Percy conseguia entender o porquê de ela não querer que vissem que ela não está nos melhores dias, mesmo que ninguém tivesse algo a ver com isso. Tudo o que ela fazia, fosse pela escola ou por si mesma, acabava sendo visto.

Ele mesmo a viu se aproximando daquele garoto. Vira quando eles se sentaram juntos no almoço e ele colocara o braço possessivamente ao redor dos ombros dela (como se ela fosse algum tipo de prêmio conquistado); assistiu de longe quando Annabeth ficara na ponta dos pés para beijar o garoto na saída da escola, quando achou que ninguém estivesse olhando; acabara vendo quando o garoto roubara um beijo dela enquanto ela devolvia livros às prateleiras da biblioteca e também vira quando o mesmo garoto fizera as mesmas coisas com várias outras garotas antes dela, só não na frente de todo mundo. Percy não imaginava que ela não soubesse e nem lhe passara pela cabeça a possibilidade de avisar a ela já que nem se conheciam. Agora se imaginava andando até ela para dizer algo como:

–Ele é um idiota. – Percy comentou por impulso. –Sei que ele é popular e tudo mais, faz o tipo bonitão, mas ainda assim pode ser um idiota. – Annabeth sorriu, mesmo discreto, ele conseguiu ver e acompanhar os cantos de seus lábios se repuxarem.

–É possível. Mas eu provavelmente fui um bocado idiota também. Devia ter percebido antes, mas eu estava... empolgada demais para considerar outras possibilidades. – Ela admitiu. Percy teve pena dela por um momento. Era evidente que estava chateada, mas achava que não podia demonstrar. O garoto ficou orgulhoso dela por ser tão convicta e acaba apoiando sua decisão de não dar àquele cara a chance de saber que a afetou. – O que foi bem idiota da minha parte.

–Olha, eu vou usar meu privilégio de estar de fora e de você ter me inserido no drama para poder dizer: vai ver foi melhor assim. – Annabeth até fez menção de argumentar, mas Percy a cortou – Sinceramente, quem tem a perder é ele. Você sabe disso também. – Ele ousou dizer. – Acho até que poderia sentir pena dele, mas não vou. – Annabeth riu de verdade desta vez. Percy gostou do som e mais ainda de ter sido capaz de provoca-lo.

Os dois se encararam por um segundo. Estavam sorrindo de um jeito estúpido, o clima era estranhamente bom. Percy percebeu que aquele fora seu melhor momento desde que chegara naquela escola e agradeceu ao acaso por ter ido parar embaixo daquela árvore bem quando ela estava saindo. Agradeceu mentalmente a sua própria incapacidade matemática que o fizera ser dispensado um pouco mais cedo do teste, deixando as últimas duas questões insanas completamente em branco (ele duvidava que alguém iria realmente acertar, mas se impressionou com a coragem dos colegas de seguir tentando a esmo. Ele podia não ser um aluno incrível, mas até ele sabia que aquele tema nem fora dado naquela unidade). Ficou feliz até por terem acidentalmente (ele esperava que fosse acidente) derrubado guacamole em seus tênis brancos recém lavados bem sob os cadarços, o obrigando a gastar algum tempo esfregando o creme verde no tecido e criando uma macha esquisita, similar à vômito de alienígena antes de sair. Agradeceu pelo rolamento solto que andava deixando suas manobras travadas demais, assim como sua falta de facilidade para arrumá-lo que o fez ficar tempo suficiente ali para ganhar aquele beijinho.

–Foi bom conhecer você, Percy Jackson. – Ela disse e ele se deu conta de que ela estivera pensando o mesmo que ele. – Prometo não esquecer seu nome outra vez. – Fora uma frase simples, mas ele se sentiu estratosfericamente feliz em saber.

Eles conversaram amenidades, coisas aleatórias variadas, engatando uma conversa na outra seguindo uma linha de raciocínio duvidosa, mas muito divertida. Ela havia perguntado se ele tinha algum “hobby” e ele entendeu que ela dissera “Robin”, então falou sobre Dick Grayson ainda ser seu herói favorito com o manto, mas gostar de Damian Wayne nas histórias porque ele sabia ser divertido. Quando ele falara em “Damian”, Annabeth pensara em Damien Rice, um cantor e compositor que ela havia conhecido no por causa do filme “Closer”, que nem era um dos seus favoritos, mas que achava que com “The Blower’s daughter” a trilha ficara incrível. Então eles falaram sobre filmes, os filmes “ruins” que achavam bons e os filmes “bons” que achavam ruins. E ainda que atravessassem os assuntos, se perdessem várias vezes no que estavam falando, se divertiram imensamente e conseguiram se entender. Annabeth parecia relaxa e animada, bem diferente de meia hora trás.

 Nem viram o tempo passar, quando se dera conta, Annabeth conferiu as horas disse que tinha que ir (Percy podia jurar que ela parecera desapontada). Sua carona para casa estava quase chegando e ela precisava esperar do outro lado da rua. Percy se ofereceu para acompanha-la porque não estava exatamente pronto para deixa-la partir ainda. Felizmente, ela aceitou. Percy conseguiu resolver o problema do rolamento e colocara de volta no lugar, sentindo que ficara bem melhor do que antes para andar. Annabeth fez perguntas sobre flips e manobras e ele quase gritou de emoção com o fato de ela conhecer um pouco sobre o assunto. “Gosto de saber sobre coisas” ela dissera “até as mais aleatórias”. Percy já a achava incrível antes de conhece-la, agora a achava simplesmente sensacional.

Quando o carro do pai de Annabeth estacionou, a garota se despediu desengonçadamente dele. Eles não sabiam se deviam apertar as mãos, se abraçar, beijar bochechas ou dar um “tchau” de longe. Meio que acabaram fazendo tudo ao mesmo tempo, só que em sequências diferentes e desencontradas. Os dois riram da própria estupidez.

–Te vejo amanhã, Percy. – Ela disse com um sorriso, a mão pousada no ombro dele.

–Até amanhã, Annabeth. – Respondeu, de repente bastante ansioso pelo dia seguinte.

–A gente devia repetir isso qualquer hora. – Ela sugeriu já se afastando. Ela estava quase no meio do caminho quando ele ousou perguntar, incapaz de segurar sua própria língua dentro da boca:

–A conversa ou o beijo? – Ele perguntou um pouco alto para que ela pudesse ainda ouvir.

–Os dois? – Ela respondeu dando os ombros um sorriso travesso quase cúmplice brincava em seus lábios, o rosto seguia adoravelmente corado. Ela correu para o carro do pai, sem tornar a olhá-lo, deixando-o completamente embasbacado olhando o veículo descer a rua movimentada. O sorriso de Percy era tão grande que até os satélites deviam conseguir captar.

De repente, aquela escola não parecia assim tão ruim quanto antes. Ele conhecera uma garota legal que não parecia se importar em ser sua amiga, por mais diferentes que fossem. Percy nunca iria admitir em voz alta, mas devia uma ao garoto idiota com quem Annabeth estava saindo. Se tudo não tivesse dado errado entre eles, ele não a teria conhecido, quiçá se falado.


Notas Finais


Comentem!
Desculpem pelos possíveis erros.
Até logo :)
Esta autora está ciente que vocês todos queriam ter Percys e/ou Annabeths para vocês :)


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