História Incubus - Oito

- COMO ASSIM ROUPA INFORMAL? – A voz de Jimin saia do notebook em cima da cama.

Jimin já havia dissertado sobre a reunião, sobre os empresários e como convenceu mais um CEO a aderir aos projetos sociais da nossa empresa. Não quis lhe contar sobre o sonho, ou seja lá o que eu havia passado esta tarde. Acara de contar sobre a mensagem do CEO da nossa empresa sobre o jantar desta noite com o novo cliente.

- Namjoon disse que não devemos chamar atenção na presença deste cliente. E foi um pedido do próprio para não aparecermos muito formais no jantar. – Sai do closet com a toalha enrolada na cintura ainda tampando minha marca, não tinha intenções no momento de contar sobre esses sonhos para Jimin. Olhei a tela do notebook com um Jimin claramente emburrado me deitando na cama. – Amor, se você estivesse aqui sabe que iria comigo a esse jantar.

- Eu sei, eu sei. – Jimin suspirou. – Acho que estou exagerando de novo em meu ciúmes. Desculpe por isso. – O vi passar a mão no rosto mostrando desaprovação aos seus próprios atos. Sorri.

- Jimin, eu não pensava em ter ninguém antes de você e não existirá ninguém além de você em minha vida. – Me virei apoiando meus cotovelos na cama e olhando o teto pensativo. – Talvez filhos como você deseja, adotar algumas crianças.

- Faria isso por mim? – Perguntou sorrindo timidamente provavelmente contendo sua felicidade e voltei minha atenção para ele.

- O que eu não faria por você? - Sorri para ele que mostrou os dentes se rendendo ao seu sorriso aberto.

- É tão ruim estar longe de você. – Suspirou  arrumando a almofada que estava em suas pernas que se encontravam cruzadas sobre a cama.

- Eu sei, não é diferente para mim. – Suspirei e me levantei. – Agora vamos voltar ao foco de escolher o que seu namorado tem que vestir.

- Uma calça preta e aquela blusa degrade. – Jimin sugeriu rapidamente e fui ao closet me vestir.

- Mangas compridas? – Voltei para frente do notebook ajeitando a blusa que estava um pouco apertada.

- Dispensa usar um casaco e melhor que você acabar cum uma camisa gola V. Mas leve um casaco no carro, talvez fique frio. – Jimin suspirou. – Você é lindo.

- E vai me deixar sair assim Jimin? – Ri para seu jeito apaixonado e descrente de falar aquilo. 

- Mesmo que use calça de moletom e camisa estará lindo. Estou ferrado estando com você Jeon, sou condenado por você ser tão bonito. – Jimin jogou-se para trás na cama que estava.

- Somos ambos condenados então. Meu namorado é tão ou mais lindo do que eu, sabia? – Eu fingia uma preocupação contorcendo meus lábios.

- Essas discussão geralmente acaba na cama. – Jimin fez um bico e acabei rindo balançando a cabeça.

- Daqui alguns dias encerramos ela então. – Pisquei para ele. – Preciso ir ou me atrasarei. Quando voltar envio uma mensagem.

Fechei o notebook e suspirei. Nunca escondi coisas do Jimin que não fossem surpresas para ele e isso me preocupava muito. Sentia a culpa beirando meu consciente, mas resolveria esse assunto mais tarde. Agora estava ocupado no mundo real com meu trabalho real e tinha compromissos reais. Peguei minha carteira, celular e a chave do carro e fui para meu veiculo. Coloquei o endereço do restaurante no GPS e parti para o destino.

 No caminho minha mente girava em Kim Taehyung, ele é claramente um incubus e eu um humano. Mas ele havia dito que estava me dando lembranças de vidas passadas. Aquele era eu!? Aquilo era eu !? Vive cada segundo que se passou nas lembranças, mas não entendia os sentimentos que se passavam para aquele Jungkook. Ódio, indiferença, luxuria e prazer. Era tudo que aquele eu vivia e desejava. Não sou assim, realmente não sou assim. Mas a marca estava em minha pele e na pele dele. Precisava entender essa história.

Estacionei o carro e respirei fundo limpando minha mente, não era momento para deixar aquele castanho bagunçar minha cabeça. Sai do veiculo e olhei o restaurante ficando um intrigado. Não tenho muito preconceitos, mas não entendia porque o local parecia mais um bar para homens adultos estressados do que um restaurante para negócios. Tranquei meu carro e me preparei para o tipo de negociação que viria a seguir.

Assim que entrei avistei uma recepcionista demonstrando seu tédio atrás de um pequeno balcão. A mulher estava exageradamente provocante aos meus olhos. Não que eu goste de um gênero especifico, já tive meus casos passados com mulheres e nenhuma despertou alguma vontade de relacionamento em mim. Aquele lugar não era adequado para negócios.

- O que deseja senhor? – Sua voz era um pouco enjoativa.

- Boa noite. Vim encontrar o Senhor Min Yoongi e Kim Nanjoom. – Sorri educadamente para a senhorita.

- Oh! Me acompanhe. – Ele virou as costas fazendo seus cabelos balançarem e seu perfume chegou ao meu olfato me deixando mais incomodado.

Ela caminhou balançando os quadris e levantei uma sobrancelha para o salto barulhento e a saia de couro preto colada. Jimin me arrancaria dali no mesmo segundo e ri com a imagem de meu namorado gritando comigo na rua. Isso com certeza aconteceria. Olhei ao meu redor constatando o piso e moveis pretos, em vários locais aviam pole dance, o cheiro de gelo seco e cigarro se misturavam, a luzes eram todas rosas ou vermelhas. Aquilo realmente me incomodava, minha cabeça voltou a doer. Ignorei com o pretexto claro de que estava ali para trabalhar e logo iria embora.

 Estávamos caminhando para uma mesa aos fundos do local, de longe pude ver Namjoon acomodado rindo sobre algo que conversavam. Quando me aproximei ambos se levantaram. Pude olhar melhor para o cliente em questão com mais afinco. Cabelos verdes, camisa preta com todos os botões fechados, calça preta, pele extremamente clara.

- Senhor Min, este é Jeon. Meu braço direito na empresa e o homem que poderá dizer se podemos ou não fazer algo pelos seus negócios. – Nam foi formal, mas amigável em sua apresentação.

- Boa noite. – O homem me estendeu a mão. Algo me incomodou. Apertei sua mão e senti um choque percorrer meu corpo. – Iremos nos ajudar Jungkook? – Seu sorriso doce me pareceu mais cruel e sugestivo que qualquer coisa naquele ambiente.

- Verei o que podemos fazer pelo senhor. – Sorri timidamente para ele. Nos sentamos e olhei para Namjoon que parecia altamente confortável

- Desculpe por minhas vestes. Mesmo sendo o chefe acho digno usar uniforme como meus empregados. – Min falou divertido. E arregalei os olhos entendendo o que me incomodava, Tae estava vestido como ele em meu sonho.

-Confesso que ver este garoto longe dos ternos é algo difícil. – Namjoon colocou a mão em meu ombro me acordando do susto e eu sorri distraído para sua colocação.

- Não espere que eu mude de vestuário após esse comentário. – Respondi olhando para ele e voltei minha atenção para Min Yoongi e nos encaramos.

- Touche! – Acabamos rindo um pouco.

- Um homem altamente profissional. – Min levantou um copo e outra mulher com vestes provocativas se aproximou sem tirar os olhos dos meus. – Peça uma bebida e iremos falar de negócios, hoje é por conta da casa.

- Fico com um copo de agua. – Fiz meu pedido sem desviar o olhar do dele.

- Como dizia antes, é a parte racional da minha empresa. – Nam ria e notei o copo a sua frente. Eles já bebiam antes de minha chegada.

- Vamos aos negócios? – Perguntei olhando para ambos e o copo de agua foi colocado a minha frente.

Min sorriu e escorou-se apoiando seu braço no encosto de seu banco e cruzou as pernas. Aquele homem combinava claramente com o local por mais que suas vestes, pele, cabelos e sorriso fossem impecáveis. Observando atentamente, todos ali respondiam a ele imediatamente e sem mencionar uma única palavra sabiam o que ele queria.

- Relaxe Jeon, é só mais um contrato de marketing. Curtam meus serviços um pouco e aproveitem a noite longe dos ternos. – Ele estalou os dedos e algumas mulheres se aproximaram.

Uma dela sentou em meu colo, educadamente coloquei minha mão em sua cintura e dispensei seus serviços. Encarei o homem de fios verdes a minha frente que sorria e levou o copo aos seus lábios.

- Se me chamou aqui para isso .. – Me levantei e ouvi gargalhadas.

- Desculpe, meus funcionários masculinos chegam em alguns minutos. Quis apenas testa-lo.– Sorriu divertido e Nam riu. Empurrei meu copo de agua para o CEO o encarando feio e seu sorriso morreu alcançando o copo.

- Não preciso de seus serviços. Agradeço a oferta.- Falei ríspido.

- Certo.  – Sorriu largo novamente. Seus atos eram claramente fingidos. – Como vê esta é uma de minhas empresas. – Abriu os braços querendo demonstrar o ambiente e indiferente a tensão que havia na mesa.

- Min Yoongi tem empresas de entretenimento adulto. – Namjoon manifestou-se na conversa um pouco mais sóbrio.

- A politica social de nossa empresa não permite que façamos contrato com esse tipo de empresa, o senhor sabe. – Me sentei novamente respondendo Namjoon. - O que fazemos aqui?

- Direto e sem ressentimento. – Yoongi me observava enquanto sua serviçal reabastecia seu copo e a dispensei quando iria servir Nam.

- Já disse isso para este homem insistente, mas ele enciste em ao menos aconselharmos no que deveria fazer. – O CEO juntou a mãos e suspirou.

- Divulgue onde a lei permite, v- .. – Interrompi-me de ser informal por estar incomodado com a situação. - O senhor não tem muitas opções.

- Esperava mais criatividade de sua parte Jeon. – Yoongi olhava-me divertido e quis entender porque eu parecia ser um divertimento para ele.- Seu chefe dita elogios para seus trabalhos o tempo todo.

- Quando tenho no que trabalhar, consigo fazer muito bem minhas funções. No seu caso, não há o que fazer. Aceitamos associar o nome de nossa empresa e nossos projetos sociais perderam os investidores. – Disse firme ele sorriu novamente.

- Já disse para seu chefe abrir uma empresa independente para esses projetos. Perdem clientes como eu e por consequência perdem muito dinheiro.  Isso não é bom para os negócios, certo? – Seu olhar estava em mim.

- Nossa empresa vai bem sem nos envolvermos com clientes como o senhor.

Não sorri para ele, nem demonstrei algum sinal de que brincava. Não gostava de seu tom, de como se referia ao setor de Jimin como se fosse qualquer coisa na empresa e ameaçando como se fosse o CEO. Olhei Namjoon claramente expressando meu desgosto naquela reunião, recebi o olhar compenetrado dele pedindo calma. Cruzei meus braços e voltei a fitar o senhor Min.

- Acha que não pode realmente me dar um conselho amigável? – Entrelaçou seus dedos, apoiou os cotovelos na mesa e trouxe seus lábios próximo as mãos esperando uma resposta.

- Costumo conhecer um pouco do serviço do cliente, os produtos que o mesmo comercializa. Em raros casos utilizo. – Olhei em volta e tornei meu olhar para ele. – Não vou fazer nada disso aqui.

- Que pena. – Novamente aquele sorriso irritante, estalou os dedos. – Iria se divertir com meus funcionários. Poderia até delegar um para você, o que acha?
 

Bufei rindo de sua proposta. Como tinha coragem de ser descaradamente pervertido me oferecendo seus serviços. Se fosse um homem solteiro entraria no jogo e veria até onde ele iria se pedisse que fosse ele a me mostrar o que sua empresa faz naquele maldito buraco fedido. Iria lhe responder descartando minha educação, mas mãos alcançaram meus ombros e senti meu corpo congelar no lugar, uma respiração tranquila alcançou meu ouvido e sem me virar senti o sorriso audível.

- O que deseja meu senhor? – Kim Taehyng estava atrás de mim, curvado sussurrando em meu ouvido.

Fiquei estático. Meu peito sentiu a descarga de adrenalina, a marca em minha cintura queimou como um inferno. Não era mais um sonho, o toque foi inteiramente físico, seu corpo era real, sua voz era real assim como seu perfume. Eu deveria levantar e siar dali, porem minhas pernas não obedeciam qualquer ordem que minha razão mandava. Yoongi sorria abertamente, chamou seu funcionário com um aceno de dedos e Tae fez se presente em minha visão. Alto, castanho com mechas verdes, braços longos, mãos grandes, com a mesma roupa do sonho mais cedo, as mesma roupas que Min Yoongi.

Tae sentou-se ao lado do chefe que me encarava e puxou o queixo do castanho e em nossa frente beijaram-se. Yoongi era quem comandava ali, seus lábios eram mais ativos e chamavam pelo castanho investindo mais vezes, puxou o lábio de Tae com os dentes assim que soltou sorriu.

- Bem vindo. – Foi o que disse ganhando o sorriso de Tae, ambos me olharam após alguns segundos. – Espero que não tenha ciúmes Jungkook.