História Indesejada - Só um pouco diferente...

Saí correndo pelo campus chorando. Não conseguia entender o motivo mas provavelmente aquilo era uma parte minha que não me recordava muito bem. Me sentei debaixo de uma árvore e apoiei minha cabeça sobre os joelhos, não queria mais vê-lo, queria que tudo voltasse ao normal.

Fazia frio, abri meus olhos lentamente e Henry estava sentado olhando para mim. Olhei em volta, parecia mais escuro.

-Eu...

-Dormiu, sim. –completou ele se levantando.

Me levantei desajeitadamente e o observei sem saber o que dizer.

-Toma. –falou colocando um pacote de biscoitos na minha mão. –E sim, estou com pena por ver você correndo pelo campus e chorando.

Quando eu ia retorná-lo o biscoito ele o segurou com força em minha mão.

-Se me entregar eu jogo fora. –falou me olhando sério.

Abri o pacote e tirei um.

-Obrigada.

-O garoto... Ele fez alguma coisa com você não foi?

Neguei com a cabeça.

-Me desesperei porque me jogaram na piscina, foi isso. –menti.

Ele pareceu pensativo por um momento.

-Isso foi culpa minha, te devo desculpas. –falou.

-O que? Não, sério, tudo bem.

-Eu insisto...

Antes que ele pudesse terminar sua fala um grupo de garotas surgiu na porta da escola.

-Você tem celular? Me passa seu número. –disse apressadamente.

-Eu tenho mas...

-Pronto, valeu. –ele disse tomando meu celular da minha mão por um momento e depois o devolvendo. – Até.

Fiquei parada boquiaberta, a tela do meu celular mostrava o primeiro contato da minha agenda “Henry”. Ele acenou enquanto corria ao encontro das garotas.

Antes que os períodos de aula acabassem visitei algumas classes para ver se tinha algum interesse. Tentativa frustrada. De volta ao dormitório e depois de tomar um bom banho resolvi assistir ao canal de investigação criminal que adoro. Acabei levando um susto com uma notificação de mensagem no meu celular.

Olá :)

Uma mensagem do Henry. Me sentei na cama e me concentrei em digitar uma resposta.

Oiii :)

Apaguei, muitos “is”, muita empolgação.

Oi

Muito seco

Oi :)

Perfeito, enviei. A resposta veio instantaneamente.

Fome?

Fiquei parada encarando a tela do celular... Eu estava com fome, mas não muita...

Não muita.

Já parou de chorar? Achei q ia se desmanchar.

Haha. –enviei rindo para o celular.

Vc tem um gosto estranho pra séries viu               

Como assim?  Eu tenho um gosto perfeitamente normal para séries.

Não tem não.

HAHA, por que não?

Que tipo de pessoa gosta de ver investigação de gente morta?

Revirei os olhos e já ia responder quando parei para pensar: como ele sabia o que eu estava assistindo? Sem chance. Olhei para a janela.

-Abre aqui. –disse fazendo mímica.

Abri a janela e me afastei para ele entrar, o encarei enquanto colocava o celular no casaco.

-Olá! –disse com um sorriso inocente no rosto.

Sentei na cama incrédula, ele me observava de braços cruzados.

-É o segundo andar. –falei.

-E...?

Olhei para ele impacientemente, não precisava explicar. Era o segundo andar, quem diabos fica pendurado em uma janela no segundo andar.

-Belo pijama. –comentou apontado para o meu casaco escrito “I’m fancy” e rindo.

Me encolhi envergonhada.

-O que você quer comigo agora? E qual a parte do “proibido garotos” é difícil de entender?

Ele sorriu.

-Vou me desculpar pelos problemas que tenho te colocado, e como sei que se converso com você perto delas acaba dando em algo ruim vamos conversar agora.

-Agora? Tipo, agora?

Ele concordou com a cabeça enquanto ria da minha incredulidade.

-Vamos sair. –falou.

Sacudi a cabeça violentamente.

-Você é louco. Sair? Por onde? Pra onde? Pra que?

-Sim, pela janela, pra um lugar legal, fazer alguma coisa.

-De pijama? –perguntei puxando meu casaco “I’m fancy”

Ele suspirou e começou a se despir.

-QUAL É A SUA? –perguntei me virando de costas.

Tudo ficou escuro, um casaco tinha aterrissado na minha cabeça. Henry estava atrás de mim dando altas gargalhadas.

-O que achou que eu ia fazer? Veste e vamos.

Olhei pra ele com ódio nos olhos, podia sentir que estava com vergonha.

Depois de muito esforço Henry conseguiu me descer pela janela.

-Agora vamos. –disse me pegando pelo braço e puxando.

-Ow! Esse é seu jeito de me pedir desculpa? Sério? –perguntei séria.

Ele olhou sério pra mim.

-Tem razão. Devia ter pedido desculpa por mensagem antes de fazer você pensar que ia te estuprar e te arrastar pela janela. –falou sacudindo a cabeça negativamente.

Soltei uma gargalhada.

-Agora vamos. –disse me puxando.