História Indesejada - Minha cabeça está uma bagunça

Acordei com minha escova de dentes despencando na pia e fazendo barulho. Olhei para o espelho, não parecia bem. Desde que cheguei ao campus não estava bem, meu corpo estava ruim e essa noite mal dormida não melhorou minha situação, não conseguia nem sequer escovar os dentes sem cochilar. Dei alguns tapas no meu rosto para me acordar.

“Minha pequena compositora”

Não, não, não. Sacudi a cabeça freneticamente. Toda aquela cena de ontem me manteve acordada a noite toda.

-O que você estava pensando quando aceitou aquilo sua idiota???? –berrei para o espelho.

Olhei para o lado e uma menina me observava boquiaberta, deu alguns passos em direção a porta e então saiu correndo. Revirei os olhos. Bom dia.

Saí do dormitório decidida, iria para a sala de música perguntar a alguém (que não fosse o Kaius) o que teria que fazer para entrar no clube de música. Para minha sorte só havia uma garota na sala quando cheguei.

A menina de cabelo castanho escuro e longo se colocou de pé na minha frente com um olhar bastante desafiador.

-Posso ajudar? –perguntou.

-Sim, gostaria de saber como faço para entrar no clube de música. –respondi.

Ela me olhou dos pés até a cabeça e deu uma gargalhada com certo deboche. Soltei um suspiro.

-Se não serve nem pra me explicar isso então não precisa me ajudar. –falei me dirigindo em direção a porta.

Já  tinha me cansado de me sentir frustrada o tempo todo. Senti alguém segurar em meu braço e de repente tinha batido de costas em uma prateleira cheia de livros, um dos livros desabou pesadamente sobre minha cabeça. Minha visão ficou desfocada por um momento, a garota estava agora parada em minha frente berrando alguma coisa, algumas cenas sem nexo se passavam pela minha cabeça. Conseguia me ver sentada em um parque junto com minha mãe cantando alegremente, em outra situação me via sendo puxada por uma janela, e na última cena pude ver um quarto cheio de instrumentos musicais e algumas estrelas pelo teto.

-TE PERGUNTEI SE VOCÊ NÃO TEM EDUCAÇÃO. –gritou a menina agora puxando meu cabelo.

Coloquei a mão na minha cabeça, não conseguia distinguir o que estava acontecendo agora o que já tinha acontecido. Várias situações vieram na minha cabeça ao mesmo tempo.

“-Sua filha ficou muito violenta de um tempo pra cá, por esse motivo a chamamos.”

“-Foi aquele garoto que te ensinou isso, não foi Elizabeth?”

“-Elizy, mas só faça isso em caso de emergência, certo? Do jeito que as coisas estão não vou poder te ajudar por muito tempo.”

“-Mamãe me desculpe.”

“-Quanto mais o tempo passa mais você se parece com seu pai.”

Senti lágrimas correndo por minhas bochechas. Pisquei algumas vezes,meu rosto ardia, tinha acabado de levar um tapa. Antes que pudesse entender o que havia acontecido cerrei o punho e acertei em cheio o rosto da garota que caiu sentada em minha frente.

-O que você acha que está fazendo? –perguntou uma voz atrás de mim.

-Kaius... eu não...

Antes que eu pudesse respondê-lo ele passou por mim e levantou a garota em seus braços.

-A única coisa que espero que você faça Elizabeth, é sumir daqui o quanto antes. –disse me olhando friamente e me deixando sozinha com um sentimento de culpa no coração.