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História Indesejada - O rompimento da barreira


Escrita por: Fanfic_Terapia

Notas do Autor


Primeiramente, feliz ano novo para todos vocês!
Obrigada por fazerem esse ano tão especial para mim, a história começou esse ano com apenas uns quatorze favoritos (e eu agradeço aos quatorze primeiros) e agora já ultrapassamos os noventa favoritos (yay!). Sério, eu nunca esperava que chegaria até aqui, não esperava que tantas pessoas acompanhariam minha história... Obrigada. Obrigada aos novos seguidores e aos antigos também, adoro vocês com todo meu coração. O apoio de vocês foi muito importante para mim principalmente porque perdi muitas coisas esse ano, 2016 foi um dos piores anos da minha vida. Recentemente saiu da minha vida a pessoa que me incentivou a postar essa história, eu pensei em deixar a história de lado por esse e vários motivos, mas... A pessoa saiu da minha vida, não do meu coração. Sou muito grata a esse alguém porque foi por ele que agora tenho todos vocês. O motivo de eu estar falando disso hoje é que em alguns momentos em nossa vida pensamos que não fazemos diferença na vida de ninguém, então, quero dizer a todos e a cada um de vocês obrigada, obrigada por me darem um motivo para continuar viva, obrigada por estarem vivos e obrigada por gostarem tanto da minha história. Feliz 2017.

Capítulo 62 - O rompimento da barreira


Recobrei a consciência lentamente, minha cabeça ainda estava estranha e minha visão embaçada. Pisquei algumas vezes olhando ao meu redor, era um lugar completamente estranho para mim, um galpão mal iluminado e que não parecia ser usado há um bom tempo. Na tentativa de me sentar percebi que minhas mãos e meus pés estavam amarrados com cordas e algo também cobria a minha boca. Entrei em pânico quando finalmente me lembrei do que aconteceu comigo, me contorci furiosamente tentando me livrar das cordas. Tentei me acalmar dizendo a mim mesma que precisava pensar em uma solução logo antes que alguém aparecesse, mas isso não me deixou exatamente calma, pelo contrário, fiquei ainda mais aflita tentando pensar rapidamente no que fazer. Olhei para as cordas que não se afrouxaram sequer um milímetro mesmo com tanto esforço e revirei os olhos, tentei desamarrá-las já sem esperança e inesperadamente consegui fazê-lo habilmente como se de alguma forma já estivesse naquele tipo de situação antes.  Sorri orgulhosa de mim mesma finalmente livre de tudo que me prendia, me coloquei de pé e dei alguns passos em direção a única saída visível do local, uma porta grande, velha e enferrujada que provavelmente faria muito barulho para ser aberta... Não é como se tivesse muitas opções de lugares para sair. As luzes piscaram, ou pelo menos imaginei que piscaram, continuei caminhando para minha liberdade, as luzes piscavam com mais frequência à medida que minha distância com a saída diminuía, até que de repente elas se apagaram completamente e eu me encontrava em um completo breu. Ouvi vozes a distância, sussurros praticamente inaudíveis. Aquele lugar... Eu já não estava mais no galpão, eu conhecia bem o lugar onde me encontrava. 

—De todas as horas para me lembrar de alguma coisa... Por que logo agora? – lamentei.

As vozes cessaram e um silêncio angustiante reinou sobre a escuridão. Andei desorientada pela escuridão esperando que algo acontecesse, porém nada aconteceu.

—Ótimo, estou presa aqui. –coloquei as mãos na cintura já impaciente.

—Alguma vez você já desejou esquecer uma coisa? –minha voz mais jovem perguntou.

Parei no lugar em que estava.

—Bom pra você! –sorri – Na verdade eu gostaria de esquecer uma coisa. –continuei.

—Não tem uma noite que eu não tenha pesadelos... Eu queria esquecer tudo isso. –fiz uma pausa – Pensando bem, eu gostaria de me lembrar dele mesmo esquecendo de todo o resto. É besteira, não é? Não é como se fosse me esquecer só porque quero esquecer, mas se isso acontecesse... Acho que eu seria feliz.

Minha voz... Ela parecia tão fraca, tão triste.

—Eu quero me esquecer de tudo, eu quero me esquecer de tudo, eu quero me esquecer de tudo, eu quero me esquecer de tudo. –sussurros vinham de todos os lados – Se esqueça, se esqueça de tudo, se esqueça.

Por alguma razão aquilo era insuportável de se ouvir, tampei minhas orelhas da melhor forma possível, mas continuava escutando aquele pedido constante para me esquecer, as vozes estavam na minha cabeça, não adiantava tampar meus ouvidos.

—NÃO! –ouvi alguém gritar.

Uma luz muito forte tomou conta do lugar e no momento seguinte em que abri meus olhos estava deitada em um familiar piso de madeira, minha cabeça doendo mais do que nunca. Estava sozinha em meu quarto, fiz um esforço para me levantar e alcançar a porta, girei a maçaneta, a porta estava trancada.

—Eu quero sair. –disse batendo na porta e recebendo um silêncio como resposta.

Mesmo que eu saísse do quarto nada me garantia que eu sairia daquela lembrança. Da última vez em que entrei na escuridão quem conseguiu me tirar dela foi Kaius, mas ele não estava comigo no galpão... Talvez o Kaius da lembrança... Ele poderia me tirar dali? Comecei a bater na porta desesperadamente.

—KAIUS! KAIUS ME AJUDE! ME TIRE DAQUI! –gritei enquanto batia a mão na porta.

Por alguns minutos continuei gritando e batendo na porta, eu batia com tanta força que minhas mãos começaram a sangrar e gritava tão alto que minha voz já estava falhando.

E se Kaius não aparecer? E se eu ficar presa aqui para sempre? E se... E se...

Vários “e se’s” passaram por minha cabeça.

—Kaius... Me tire daqui, por favor... Por favor... –implorei já sem forças.

Ouvi um barulho vindo das escadas e agradeci antecipadamente.

—KAIUS! KAIUS ME AJUDE! –gritei com forças que nem eu sei de onde tirei.

A maçaneta se mexeu e eu dei um passo para trás, no momento em que a porta se abriu violentamente eu já sabia o que esperar.

—Eu estou aqui, peguei você. –ele disse.

O rosto do pequeno Kaius dando lugar para o Kaius do presente e o rosto do Kaius do presente dando lugar para o pequeno Kaius. Demorou um tempo até eu perceber que minha lembrança já havia se acabado e o Kaius do presente estava me abraçando.

—Vamos sair daqui. –ouvi-o dizer antes de perder a consciência novamente.

Um aroma maravilhoso preencheu minhas narinas e eu me sentei ainda sonolenta. Estava em um lugar desconhecido mais uma vez, entretanto um lugar bem mais acolhedor do que o galpão... E também eu não estava amarrada, o que me deixou feliz. Segui pelo corredor da casa desconhecida tentando encontrar a origem daquele aroma maravilhoso. Quando cheguei à cozinha me deparei com uma cena um tanto quanto...

 —Kaius? –chamei-o ainda admirada com a imagem de Kaius cozinhando e usando um avental.

—Oh, você acordou. –disse deixando de lado a panela e vindo em minha direção –Você está bem?

—Um pouco zonza, mas tudo bem, deixando isso de lado... –olhei para o avental extremamente fofo que ele estava usando e contive uma risada – Não sabia que cozinhava.

—Claro que cozinho, eu tive que aprender para... Esquece. Sente-se, vou te servir. –ele apontou para uma mesa próxima.

—Que lugar é esse? –perguntei finalmente dando uma boa olhada no lugar em que estava.

—Meu apartamento.

—Seu? Uou. Não sabia que era rico.

—Porque eu não sou.

Kaius colocou um prato com arroz fresco, um grande omelete e salada em minha frente. Não só a aparência era boa, o gosto era muito, muito bom.

—Hummmm. Realmente, você é o melhor Kaius.

—Idiota, não fale enquanto está comendo.

—Certo, certo. –o obedeci.

—O que eles fizeram com você? Os caras que te levaram...

Observei-o em silêncio.

—Não vai falar? –perguntou de cara feia.

—Você acabou de dizer para eu não falar enquanto comia! –resmunguei de boca cheia.

—Sinceramente, essa garota... Pelo menos responda o que te perguntei.

—Eles me amarraram e me deixaram jogada em um galpão.

Kaius revirou os olhos.

—Eles não te deixaram lá, eles estavam vigiando.

—Eu não sabia, falando nisso, como me encontrou? Você chamou a polícia?

—Nah, você estava com a coleira do Sherlock e Matt rastreou você. Ninguém sabe o que aconteceu, fiz tudo para isso não virar um escândalo, não seria bom pra você.

—Valeu. –sorri.

—Argh! Engula essa comida, pelo amor de deus! –falou me deixando sozinha na cozinha.

—Mas você me disse para...

Após terminar minha refeição voltei até o quarto em que tinha acordado, Kaius estava de costas para mim, ele deu uma rápida espiada por cima de seu ombro quando entrei no quarto.

—Já comeu? Você pode usar essas roupas por enquanto, amanhã Stela deve trazer algumas roupas suas...

No momento em que Kaius se virou para mim eu o abracei com força, uma sensação de segurança e alívio tomou conta de mim.

—Eu realmente amo você. –sussurrei.

Kaius passou seus braços em volta de mim, o cheiro de shampoo me prendeu como um feitiço, o calor vindo de Kaius fez meu coração se acalmar.

—Você estava com medo, não é? –perguntou com uma voz fraca.

Eu estava com medo, não era medo de algo acontecer comigo e sim de não poder vê-lo ou tocá-lo novamente, eu já não me imagino sem essa pessoa em minha vida.

—Eu sabia que Kaius me tiraria dali.

—Sabia não é? Porque eu sou o máximo. –ele se gabou – Ahn, eu acho que é melhor você parar de me apertar assim quando eu não estou de roupa, estou tentando me comportar porque você acabou de se livrar de um sequestro...

—Oh, desculpe. –falei me distanciando do garoto e finalmente percebendo que ele só tinha uma toalha em volta da sua cintura.

Olhei para todas as direções possíveis tentando evitar a visão do garoto seminu em minha frente, Kaius soltou uma risada e se virou de costas para mim indo até seu closet. Sem poder conter a curiosidade dei uma espiada no garoto que estava distraído. Mesmo em certos momentos agindo como uma criança, Kaius agora era um homem, realmente. Huh. Algo que ainda não tinha visto prendeu minha atenção, nas costas de Kaius havia não apenas uma, mas várias cicatrizes bem visíveis. Me aproximei dele totalmente hipnotizada pelas marcas em suas costas.

—Você pode tomar banho se quiser, as roupas estão na cama. –ele comentou sem se virar para mim.

Estendi minha mão e toquei suas cicatrizes, Kaius ficou parado completamente tenso com meu toque, as cicatrizes pareciam ser queimaduras, algumas pareciam ser cortes.

—Por acaso isso dói? –perguntei traçando a maior delas com o meu indicador.

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—Kali! Não! –eu me debatia com todas as forças tentando tirar o garoto da minha frente – NÃO! VOCÊ VAI MATAR O KALI! VOCÊ VAI MATAR ELE!

Kaius claramente estava suportando o que fosse com uma expressão calma para que eu não me apavorasse mais.

—NÃO! NÃO! –lágrimas escorriam pelo meu rosto sem parar.

Meu amigo não suportava mais os golpes que estava recebendo e lágrimas brotaram nos cantos dos seus olhos me deixando ainda mais desesperada.

 —Para com isso! Você vai matar o Kali! PARA COM ISSO AGORA!

Sangue deslizou do rosto do Kaius e caiu sobre o meu.

—Vai ficar tudo bem Elizy, feche os olhos, vai ficar tudo bem. 

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Pisquei os olhos com força e dei alguns passos para trás, dessa vez as coisas estavam diferentes, caí ajoelhada no chão sem conseguir manter o controle sobre o meu corpo.

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—SUMA DAQUI! –escutei alguém gritar.

Algo foi jogado em minha direção, sem esperança de conseguir desviar do líquido eu simplesmente fechei os olhos esperando pelo pior que não aconteceu, abri os olhos e o rosto de Kaius estava na frente do meu se contorcendo de dor, ele soltou um grito agonizante antes de cair no chão inconsciente. Meu coração batia lentamente e com muita força enquanto meus olhos estavam vidrados na figura do meu melhor amigo deitado no chão sem se mexer. Com o choque eu não conseguia nem mesmo chorar, alguém estendeu a mão para tentar me confortar, eu empurrei a mão para longe.

—Não toque em mim. –respondi sem tirar os olhos de Kaius – Não toque no Kaius... Eu odeio você, odeio mais do que tudo no mundo. Nunca vou te perdoar. VOCÊ É UM MOSNTRO! EU ODEIO VOCÊ! –bradei enquanto minha visão se tornava embaçada pelas lágrimas que se formavam em meus olhos.

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 —Tudo bem? –Kaius perguntou me ajudando a ficar de pé.

—Está tudo bem. –respondi sorrindo da melhor forma possível – Acho que vou tomar banho e descansar mais um pouco. –falei pegando as roupas que ele havia separado para mim e entrando no banheiro apressadamente.

As cicatrizes eram minha culpa, o desejo que fiz para Kaius ser feliz mesmo que fosse longe de mim era porque ele se machucou por minha culpa e eu não queria mais vê-lo sofrer. A pergunta que não quer calar é: do que Kaius me protegia? Quem fez aquilo com ele, e por quê? Seja quem for eu odiei a pessoa com todas as minhas forças mesmo sendo apenas uma criança, ódio é um sentimento muito forte principalmente para alguém com tão pouca idade sentir.

Olhei para meu rosto completamente pálido no reflexo do espelho. Quem machucou meu único e melhor amigo? O que aconteceu comigo de verdade?  POR QUE ALGUÉM NOS ENCHEU DE CICATRIZES? Alguém me fez tão mal ao ponto de eu desejar esquecer tudo, uma criança sofreu tanto ao ponto de criar uma barreira para não se lembrar de nada. Cerrei meus punhos com força sobre a pia. Bom, mas eu não sou mais uma criança, está na hora de me lembrar de tudo e destruir a pessoa que fez mal a mim e principalmente ao Kaius, a pessoa mais preciosa para mim nesse mundo. Algo caiu sobre minha mão, olhei para baixo, era sangue e ele caía também na pia branca fazendo-o parecer ainda mais vermelho e chamativo, levantei minha cabeça olhando diretamente para o espelho, meu nariz sangrava sem parar, passei as costas da minha mão limpando-o. As lembranças não retornariam sozinhas, o jeito de consegui-las de volta era forçando-as a saírem.

Eu preciso me lembrar, agora mais do que nunca eu preciso saber o que aconteceu e enfrentar o meu passado. Eu preciso das minhas memórias de volta, custe o que custar.

—Eu preciso me lembrar. –murmurei.

Uma pequena pontada na minha cabeça. Vi uma garota magrela com os olhos bastante tristes olhando no espelho marcas praticamente roxas em seus pulsos.

—Eu preciso me lembrar. –murmurei mais uma vez.

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—Kali! –eu gritei segurando o braço do garoto com força.

Alguém tentava me puxar para longe do meu amigo, Kaius me segurava com todas as forças mas no final acabei sendo puxada e ele desapareceu de vista.

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—Eu preciso me lembrar. –falei mais firme.

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—Pode sair Elizy, vou te tirar daqui. Está tudo bem, eu estou aqui.

Estendi a mão para alguém e fui puxada da escuridão em que me encontrava.

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Minha cabeça doeu de forma insuportável, me agarrei com força na pia enquanto via meu sangue escorrer pelo seu ralo, suadas minhas mãos escorregaram, eu caí ofegante e totalmente sem forças no chão, eu não conseguia pensar claramente, minha única certeza era que, enfim, a barreira que retinha meu passado havia se rompido.


Notas Finais


Obrigada por acompanharem, até o próximo capítulo! ♥


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