História Inesperadamente inesperado - Uma mágoa inesperada

Hoseok estava na situação mais vergonhosa de sua vida.

— Eu poderia fazer isso! — Hoseok reclamou.

— Você mal consegue ficar em pé.

O ruivo choramingou, sentindo os  dedos de Jungkook passarem por sua intimidade depositando um líquido viscoso, que apesar de ser um pouco pegajoso trouxe alívio. A sensação de queimação abriu lugar para um frescor que fez seus músculos relaxarem.

— Eu ainda posso passar uma pomada em mim! — Hoseok contestou, não desistindo do resto de sua dignidade.

— Aí é? Muito bem então — Jungkook zomba. Terminando seu serviço ele pega um shortinho de Hoseok e começa a vestir o mais novo. — Estou cuidando de você e nem um obrigado recebo.

Hoseok levantou os quadris para Jungkook encaixar os shorts em sua cintura.

— É seu dever cuidar de mim! Você que fez isso comigo!

— Ahhh… então você admite que precisa de cuidados e que não tem nem condições de se cuidar, e inclusive de passar uma pomada, humm? — Hoseok abre a boca mas não consegue arrumar uma desculpa depois de Jungkook tê-lo feito tropeçar nas próprias palavras. — E, além do mais, você lembra o que me pediu antes de eu começar? — As bochechas de Hoseok coraram em carmesim e ele não sabia se deveria responder ou não. — Pelas suas bochechas você lembra muito bem, então não me culpe.

Jungkook apertou as bochechas do ruivo, que estava emburrado depois de Jungkook provocá-lo. Parecia que ele estava saboreando o próprio veneno e não gostou muito.  Então o mais velho desceu as mãos até as coxas do ruivo e começou a apertar os pontos de tensão, fazendo Hoseok suspirar em deleite; ele apertava e espalmava, deslizando as mãos e amaciando a carne.

Hoseok estava há um passo do mundo dos sonhos. Seus olhos fechados e lábios abertos. Então Jungkook encerrou a massagem e deitou, envolvendo Hoseok contra seu peito e beijando o rosto antes de também fechar os olhos cair no sono.

…

Era domingo cedo e fora do comum pois Hoseok já estava com os olhos bem abertos observando Jungkook ainda dormindo.

O ruivo havia percebido o quão diferente Jungkook andava… O mais velho estava mais atencioso e cuidadoso consigo, parecendo realmente se importar. Não era como antes quando ele parecia apenas suportá-lo nos dias normais e nos momentos oportunos transava consigo e depois voltava a só suportá-lo.

Ele sempre soube que Jungkook apenas o usava para ter um pouco de alívio e ele não o julgava pois fazia o mesmo. Era só como um contrato mudo de benefícios. 

Claro que ele tinha toda a queda e simpatia por Jungkook, poderia se dizer até que uma paixão platônica, mas ele sabia que não levaria a nada com Jungkook, então decidiu não fazer seu coração sofrer em vão.

Mas estava difícil controlar seu coração quando Jungkook o beijava com tanto carinho, ou desacelerá-lo quando Jungkook o fazia correr loucamente com um toque selvagem e picante.

Hoseok já estava até pensando em trabalhar para que eles dessem certo. Enxergando uma esperança que já tinha apagado a algum tempo, ele sorriu observando Jungkook se mexer e virar de frente pra si.

O ruivo tocou o rosto do mais velho e desceu as mãos para seu ombro, depois as guiou para as costas largas e carnudas que estavam tão mornas e macias que ele não resistiu e foi abraçar Jungkook, relaxando no calor e aconchego que ele trazia.

Já Jungkook, mesmo dormindo, envolveu seu corpo, os dois terminando como um casulo envolvido por lençóis.

Não custa nada tentar… parece que pode dar certo.

Concluiu Hoseok antes fechar os olhos e pegar outro sono.

….

Uma semana depois.

Hoseok abriu a geladeira e encontrou um grande pedaço de torta de chocolate. Ele não pensou duas vezes e o pegou com as duas mãos.

Já era a quarta besteira depois do achocolatado de Jungkook, os salgadinhos de pimentão, e o doce de banana .

Essa comilança toda era por causa de Jungkook que não havia chegado ainda e ele estava muito ansioso para que o mais velho chegasse.

Eles estavam em um típico flerte duradouro e provocativo, que sempre terminava com os dois se beijando e se acariciando na cama.

Hoseok amava e estava louco para que Jungkook voltasse logo da faculdade. O mais velho deveria ter voltado antes de meio dia, mas já estava próximo das duas e nada do mais velho.

Então Hoseok respirou fundo, pegou uma colher pequena e caminhou para seu quarto. No corredor, quando passou pela porta do quarto de Jungkook, percebeu que ela estava aberta.

Ele voltou dois passou para trás.

O que ele viu deixou-o pasmo.

Havia um homem lá, na ponta da cama de Jungkook, mexendo em uma mochila, esse homem era loiro e tinha tatuagens cobrindo o braço direito.

Quando Hoseok percebeu a situação, ele jogou o bolo e saiu correndo.

— Aaaaaaaa! Jin!!! Tem um estranho em casa! Jin! Jin!

Hoseok gritou descendo as escadas, chegando tão rápido à cozinha do restaurante de Jin que precisou de um momento para recuperar o ar.

— O quê você disse? — Jin perguntou, puxando uma faca quadrada de açougue enorme.

— Tem… um … estranho… em … casa!

Jin arregalou os olhos e respirou fundo.

— Jacson, vem comigo! — Jin ordenou.

Os olhos de Jacson, o assistente de cozinha, brilharam com o chamado de seu chefe, o que Hoseok achou assustador. Jacson pegou duas facas, ambas em cada mão, e começou a seguir Jin.

— Nós não deveríamos chamar a polícia, hyung? — Hoseok perguntou, ainda preocupado com a excitação de Jacson com duas facas.

— E deixar que esse cretino saía com todos os membros intactos! Jamais! E, Hoseok, desça!

Hoseok parou no meio das escadas. Ele resolveu que descer era o melhor, então ele poderia chamar a polícia e impedir uma catástrofe.

Mas antes que pudesse descer o primeiro degrau, ele ouviu a porta da escada se abrir.

— Por que você saiu gritando, Hoseok? 

O ruivo se virou e quase caiu para trás quando viu que Jungkook estava loiro e com novas tatuagens.

Ele ficou de boca aberta e olhou para Jin que estava olhando-o incrédulo como se dissesse “francamente, Hoseok ”... 

— Francamente, Hoseok… — foi o que Jin falou. Então ele desceu as escadas com Jacson atrás de si, parecendo triste por não ter mutilado ninguém.

Eles passaram por Hoseok como se nada tivesse acontecido.

Hoseok olhou para cima de onde Jungkook estava o olhando com braços cruzados e deu um sorrisinho sem jeito.

Não demorou muito e Jungkook desfez sua postura, começando a gargalhar.

…

Hoseok estava admirado com a coragem e a resistência de Jungkook por aguentar tantas tatuagens de uma vez.

Ele estava há um bom tempo deslizando a ponta dos dedos pelos novos desenhos em tinta preta no braço de Jungkook, que iam dos dedos até os ombros.

— Feche a boca, não quero que baba caia nas minhas tatuagens. — Jungkook reclamou.

Hoseok suspirou.

— É impressão minha ou você está mais ranzinza do que o de costume? — Hoseok perguntou com falsa dúvida, encenando confusão enquanto colocava o dedo polegar e o indicador para segurar o próprio queixo.

— É que você fica passando os dedos por elas! Está doendo! Foram feitas hoje…

Hoseok levanta as mãos em rendição.

— Ok…ok... era só ter avisado que estava doendo.

Houve um pequeno suspiro saindo dos lábios de Jungkook, então o mais velho deitou a cabeça no travesseiro e tentou relaxar.

Ele sentiu Hoseok se mover na cama e sentar em seu colo. Jungkook sabia que o ruivo estava inclinado sobre ele agora, com as mãos ao lado de sua cabeça. Ele sentia a carne macia e molhada dos lábios do ruivo contra os seus; um, dois, três e incontáveis selinhos demorados foram depositados em sua boca.

Ele estava já quase no mundo dos sonhos; foi quando Hoseok colocou uma das mãos em seus cabelos e pronto, ele já estava começando a ressonar. 

Mas Hoseok puxou seus cabelos loiros para o lado, arrastando sua cabeça junto e mordeu seu pescoço.

Ele quase rosnou com o quão furioso seu coração começou a bater sendo despertado de seu sono de uma maneira tão abrupta.

Foi quando ele bateu em uma das coxas de Hoseok e avisou para o mais novo parar, esquecendo que, na verdade, Hoseok adorava esse tipo de coisa, então ergueu seu corpo, ficando sentado para pegar Hoseok pelos ombros e afastá-lo de seu pescoço.

— Não Hoseok, hoje não.

Hoseok murchou como um balão sendo furado e saiu do colo de Jungkook.

Houve silêncio pelos próximos segundos.

Até que Jungkook começa a falar.

— Estou muito cansado. Hoje foi o encerramento do semestre… Você entende que eu só quero dormir um pouco? Teremos todo o tempo do mundo nas férias de inverno.

Hoseok faz que sim.

Ele simplesmente queria sair pela porta e ignorar Jungkook para sempre. Mas ele estava com tantas saudades do mais velho e só queria ficar com ele.

Então ele se aproximou de Jungkook para colocar a cabeça no peito do mais velho.

— Podemos ficar assim, então? — Hoseok negocia.

Jungkook não diz nada, mas envolve o ruivo carinhosamente para organizar-se em uma posição confortável.

Os dois nem perceberam e já estavam a dormir pouco minutos depois de deitarem-se.

Mas a tranquilidade não durou e o celular de Jungkook começou a tocar, acordando os dois.

Hoseok lamentou quando Jungkook saiu de perto de si e se esticou para alcançar o celular no criado mudo.

— Oi Hyung… — Jungkook saúda de olhos fechados e a voz embargada de sono. — Sim… sim! A onde? Às sete? Ok… ok… é claro que vou! Ok… até, Namjoon Hyung!

Hoseok franze as sobrancelhas.

Jungkook estava pensando em sair? Mas ele não estava cansado com a sobrecarga do semestre?

Hoseok queria externar essas dúvidas, mas apenas ficou sentado no meio da cama observando Jungkook voltar a deitar.

O mais velho o estendeu a mão.

Hoseok a olha, a chateação alfinetava seu coração.

— Perdi o sono…

Ele disse antes de sair da cama.

Jungkook não contestou, não percebendo a mágoa na voz de Hoseok e voltou a dormir.