História Inesperado - Capítulo 4

Acordei com o som de batidas violentas na porta do meu quarto, ouvia-se a voz de Daniel ao fundo mandando eu abrir, me levantei de pressa da cama e olhei no relógio em cima da minha cômoda, eram 4:39 da madrugada. O que será que deu nele pra me acordar a essa hora ? Será que aconteceu alguma coisa ? Fui correndo abrir a porta, quando abri, me deparei com um Daniel furioso, olhos vermelhos e hálito de cachaça. Ele estava bêbado. Ótimo.

– AONDE INFERNOS VOCÊ SE METEU ? – Gritou ele se segurando na parede.

– Eu estava aqui o tempo todo. – Falei calmamente, Daniel bêbado nunca era a melhor coisa do mundo.

– ENTÃO POR QUE VOCÊ NÃO ATENDEU A PORRA DO SEU CELULAR ? – Gritou ele de novo, fiquei confusa, deixei ele parado na porta e fui ver meu celular, 13 ligações perdidas, puta que pariu, deixei meu celular no silencioso.

– Ele estava no silencioso, não ouvi ele vibrar. – Disse. – Mas por que você me ligou as 4:00 da manhã ? – Perguntei sem entender nada.

– Pra você ir me buscar, não estava em condições de dirigir, ai você não me atendeu e eu tive que pegar a porra de um taxi fedorento, nem me lembro quanto dinheiro dei para aquele cara. – Daniel falava enquanto entrava no meu quarto, ele parou em frente a cama com cara de nojo. Por favor, não vomite.

– Okay, me desculpe, eu vou ficar mais atenta ao meu celular. – Disse chegando mais próxima dele. – Venha eu vou te levar para o seu... – Não pude terminar a frase, ele simplesmente capotou na minha cama. – quarto.

Tentei acordar ele de todo o jeito possível, gritei, sacudi, mas ele nem se quer se mexeu. Era só o que me faltava, um Daniel totalmente inconsciente na minha cama, o que eu ia fazer com esse garoto ? Suspirei acho que umas três vezes antes de me abaixar e começar a tirar o all star que ele estava usando e depois a meia, deixei tudo no canto da porta, depois me levantei e fui abrir a fivela do cinto dele, senti minha bochecha ferver na hora, depois que tirei o cinto abri os botões da calça jeans dele, se antes eu estava com vergonha, agora mesmo que eu parecia um pimentão.

Puxei a calça com toda a minha força, ele não parecia pesar tanto, deve ser os músculos, ele tinha o corpo mais definido que eu já virá, mas logo despistei esses pensamentos da minha cabeça, estava focada em outra coisa nesse momento: colocar meu chefe bebezão para dormir, nunca imaginei que passaria por uma coisa dessas. Assim que consegui tirar a calça jeans, tentei não olhar muito, mas sinceramente era quase impossível, ele estava usando uma cueca box vermelha, ficou incrivelmente sexy nele, porem eu logo peguei meu cobertor e o cobri, peguei meu celular e fui dormir em outro quarto, mas pra ser sincera, só tentei, fiquei a cordada me virando de um lado pro outro, devo ter cochilado alguns minutos, mas qualquer barulhinho me acordava.

Logo já era 7:30, decidi me levantar e tomar um banho bem fresco pra começar meu dia de desafios, como pretendia ir conversar com o Phil e sabia que seria o maior desafio de todos, tinha que me preparar desde de cedo, coloquei uma saia preta de cintura alta um pouco a cima do joelho e uma blusa rosa claro. Esperei apenas alguns minutos para os empregados tomarem conta da casa e preparar o café, Francesca preparou um café maravilhoso, tomei meu café da manhã bem reforçado, como fiquei desdás 4:40 acordada, meu apetite ficou incrivelmente forte.

Depois do café fui para a sala e sentei no sofá, liguei meu computador e comecei a checar os e-mails de Daniel, eu realmente não sabia como um homem sozinho conseguia ganhar tantos e-mails assim. Falando em Daniel, me lembrei que ele estava dormindo na minha cama, comecei a rir sozinha da cena que ele fez ontem, nunca vi meu chefe baixar tanto a guarda, Daniel sempre bebeu, desde que o conheço, mas ele nunca foi de ficar bêbado, ele sempre soube seu limite, eu não posso me esquecer de perguntar a ele o por que dele ter bebido tanto. Olhei no relógio e já eram quase nove e meia, me levantei e fui até a cozinha, me deparei com Francesca varrendo o chão.

– Francesca, você poderia pegar uma caneca de café preto para mim ?! Bem forte e sem açúcar por favor. – Falei com a voz mais doce que eu conseguia, ela realmente me fazia sentir saudades da minha mãe.

– Claro querida, é pra já. – Na hora Francesca encostou a vassoura na parede e foi preparar o que eu pedi, não podia deixar de sorrir na presença dessa mulher. – Sem açúcar né ? – Perguntou ela, assenti com a cabeça. – Aqui está. – Disse me entregando a caneca, sorri para ela e agradeci.

Subi as escadas o mais devagar que eu pude, sempre fui desastrada e cair de uma escada com uma caneca de café fervendo na minha mão, não iria acabar muito bem. Fui em direção ao meu quarto, bati na porta duas vezes e entrei, Daniel estava sentado na cama já de calça jeans com as mãos na cabeça, me segurei para não rir.

– É dor de cabeça ? – Perguntei, ele se virou pra mim com os olhos serrados.

– Parece que vai explodir. – Respondeu ele, fui até ele e entreguei a caneca com café.

– Obrigado. – Disse pegando a caneca da minha mãe já bebendo um gole do café. Andei até a janela e estava pronta para abrir a cortina quando ouço a voz de Daniel protestando.

– Não, não! Faz isso não. – Disse ele colocando as mãos nos olhos, comecei a rir.

– Por que você bebeu tanto ? – Perguntei me sentando ao lado dele.

– Não sei, acho que me empolguei um pouco. – Respondeu ele tomando mais um gole do café.

– E as meninas e o Cam, pra onde eles foram ? – Perguntei enquanto me levantava e pegava o coberto que caiu no chão em algum momento.

– Sei lá, não consigo me lembrar de nada, acho que a Molly bebeu de mais e o Cam levou ela e a Gabbe pra casa. – Daniel falava olhando pro nada, parecia que ele estava procurando a resposta para o grande enigma, era realmente engraçado.

– Entendi. Como está o café ? – Perguntei mudando de assunto.

– Incrivelmente forte e amargo. – Respondeu fazendo careta.

– É o que você ganha por estar de ressaca. – Disse rindo.

– Olha, eu não consigo me lembrar o que aconteceu na boate, mas eu me lembro do que aconteceu quando cheguei, eu não queria ter gritado com você. Me desculpe. – Fiquei surpresa com isso, não estava esperando um pedido de desculpar dele, mas fiquei incrivelmente feliz por ele ter feito. – E obrigado por você ter me colocado para dormir. – Disse ele, me lembrei que tirei suas calças e fiquei ruborizada.

– Não se preocupe, dessa vez eu vou deixar passar. – Sorri envergonhada para ele que retribuiu com carinho. – Agora levanta que eu tenho que arrumar a minha cama. – Falei jogando o cobertor nele.

Ele não respondeu, apenas se levantou em silencio pegou o all star que estava no mesmo local em que eu havia deixado e saiu do quarto, sorri para mim mesma achando graça de toda essa situação, era a primeira vez que enfrentava Daniel bêbado e não tinha sido tão ruim, ele até havia se desculpado.

Voltei para a sala e para o meu computador, decidi checar os meus e-mails também e para a minha felicidade havia um da Shelby, abri ele imediatamente.

“ Luce, o mesmo e-mail que mandei pra Ari estou mandando pra você, só para uma não ficar com ciúmes da outra. Eu estou morrendo de saudades, o desfile esta quase acabando e provavelmente eu estou de volta na segunda, então não marque nenhum compromisso, já avisei a Ariane, se ela marcar alguma reunião eu vou entrar lá e arrancar ela a força daquela sala, o mesmo vale pra você, pode avisar pro seu chefe gostosão que segunda você vai estar muitíssimo ocupada com a amiga mais incrível que você tem. Eu te amo, nunca esqueça disso.”

Não pude deixar de rir e nem de revirar os olhos, Shelby é uma figura, ela sempre consegue alegrar os lugares por onde ela vai, sempre carismática e com um sorriso no rosto. Eu estou morrendo de saudades dela, fiquei feliz em saber que ela estava voltando, mais feliz ainda em saber que segunda-feira eu estaria livre, já que domingo eu vou estar viajando, então tecnicamente minha folga terá que ser na segunda. Viajando, Phil, eu ainda tenho que conversar com ele, só de lembrar disso faz minha cabeça doer.

Ouvi passos vindo em minha direção, olhei para trás e vi Daniel vindo, já vestido com um terno preto e uma gravata cinza, ele estava deslumbrante, não parecia nem um pouco com o cara que estava quase morrendo em cima da minha cama agora pouco. Como ele conseguia fazer isso ? Como ele conseguia estar acabado em um minuto e no outro já esta todo lindo e cheiroso ?

– Preciso falar com você. – Disse ele se aproximando e sentando ao meu lado. Balancei a cabeça em afirmação que estava ouvindo, ele continuou. – Eu vou precisar viajar sexta-feira agora para um evento que vai ter, você vai comigo. – Afirmou ele, nem escolha eu teria, estou bem mesmo.

– Claro. E para onde nós vamos? – Perguntei.

– Los Angeles. – Respondeu.

– Okay, vai precisar que eu compre alguma roupa? – Perguntei colocando meu computador de lado.

– Pra mim não, mas se você quiser fazer, dou esse dia de folga pra você já que domingo nós ainda estaremos no avião. – Falou ele me olhando serio, merda.

– Folga? Mas é que a Shelby vai voltar segunda-feira e eu pensei que talvez minha folga pudesse ser na segunda. – Falei torcendo pra ele aceitar.

– Tire o dia de folga hoje pra fazer compras e segunda você esta livre, Luce. – Arregalei os olhos, dois dias de folga ? O que estava acontecendo com ele ?

– Serio isso ? Perguntei incrédula, ele acenou com a cabeça confirmando. Dei um sorriso de orelha a orelha, ele começou a rir. – Obrigada. – Disse abraçando ele, Daniel retribuiu meu abraço um tanto quanto desconfortável.

Ele saiu em direção á cozinha, olhei no relógio no me pulso e já era 12:15, me levantei e fui em direção a cozinha também, cheguei lá e a mesa já havia sido servida, mas nem sinal da Francesca, estranhei isso. Daniel e eu comemos em silencio, nunca fomos de conversar mesmo, mas pela primeira vez esse silencio me pareceu incomodo. Depois do almoço, Daniel saiu para a empresa e eu fui direto pegar meu celular, disquei o numero da Ariane e ela logo me atendeu.

– Oi. – Disse.

– Oi, você tem alguma reunião marcada pra hoje a tarde? – Perguntei eufórica.

– Hum, não, mas porque? – Perguntou ela confusa.

– Nós vamos fazer compras. – Disse com o maior sorriso que eu pude dar.

– Finalmente. – Disse ela rindo no outro lado da linha.