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História Inesperado - Creo en ti


Escrita por: alineesoaares

Notas do Autor


Bom dia!! Bom gente eu não vi o capitulo de ouat ontem, mas pelos spoilers que recebi (sou dessas que pega spoiler kkk a série anda tão sem graça que eu não me importo mais) o capitulo foi realmente decepcionante pra quem shippa outlawqueen.
O fato é que aqui na fic tudo segue seu curso normal. Não vou mudar uma virgula do que escrevi até hoje por que sei que muita gente acredita que o Robin dessa fic podia ser muito bem o Robin que voltou na série: O homem que quer mudar de vida e se tornar alguém melhor. Mas já que Eddy e Adam fizeram questão de tirar até o proprio Roland da história e fazer Regina sofrer mais (como se ainda coubesse mais sofrimento na história da mulher) o que nos resta é aceitar.
ESCLARECIMENTO: O capitulo 12 contém cenas parecidas com as que voces viram no episódio de ontem mas em nenhum momento copiei, essas cenas foram escritas antes do episódio sair baseadas nas fotos que vi do episódio eu criei em cima delas uma história.

Espero que gostem, e que seja um consolo pra quem esperava que a história deles fosse ter um recomeço!

Boa leitura!

Capítulo 12 - Creo en ti


Fanfic / Fanfiction Inesperado - Creo en ti


“creo en ti 
Y mi dolor
Se quedo kilometros atrás
Mis fantasmas hoy por fin estan en paz"

 

Storybrooke


Todos correram para se abrigar imaginando que a escuridão se devesse a uma tempestade que se aproximava. Mas Hope sabia que havia algo a mais. O vento balançava seus cabelos. Caminhava pelo meio da rua procurando algum vestígio do que estava vindo. 
__ Hope – Regina puxou seu braço com um olhar aflito – O que você quis dizer com aquilo antes de virmos? O que você sabe que eu não sei? 
Hope engoliu em seco.
__ Nada demais ainda. Mas Regina sei que essa Fada me mandou pra longe por alguma razão! – ela respirava forte sem querer se soltar do braço que a segurava apertado – Sinto que ela sabe de algo que nem eu sei – respondeu. 
Uma névoa branca pairava sobre a cidade, fazendo com que a visibilidade fosse baixa. Ambas seguiram pra onde todos estavam indo. Haviam se afastado da cidade. Dentro do galpão onde Zelena uma vez fora derrotada pela irmã ao tentar voltar no tempo, quase metade da cidade se encontrava. Mais a frente, David estava em cima de sua caminhonete tentando de todas as maneiras acalmar os presentes. Henry avistou a mãe e a irmã e suspirou aliviado dirigindo-se a Regina e abraçando-a. Fez o mesmo com Hope. 



__ Pessoal, por favor – murmurava David --  Por favor! – Ninguém o escutava. O murmúrio de vozes se persuadia tornando-se insuportável. Finalmente uma só voz foi ouvida, era Archie, visivelmente preocupado.
__ O que faremos? Estamos prestes a ser aniquilados! – todos os outros concordavam – O relógio parou outra vez, temos que sair da cidade o quanto antes. 
O burburinho voltou a se formar, e David seguia de braços abertos tentando se explicar.
__ Vejam, não sabemos o que esta acontecendo, mas vocês não podem desistir agora! – bradou – Já passamos por situações piores, inúmeras vezes. Não podemos simplesmente sair daqui porque esse é nosso lar, é nosso mundo. Temos que nos unir e enfrentar, o que quer que seja. Minha filha tantas vezes ajudou vocês! Por que não podem fazer o mesmo por ela? 
__ Mas antes tínhamos uma salvadora, nós não somos heróis – palavras duras foram proferidas por um dos habitantes. 
__ Ei! – Hope subiu na caçamba da caminhonete lançando um olhar exasperado para todos e conseguindo captar sua atenção – Me ouçam! --  Todos a fitavam nesse momento – Sei que muitos de vocês podem não confiar em mim devido a minha origem, afinal... eu sou filha da Rainha Má – ela começou abrindo os braços. Robin se juntou a Regina com Roland sob seus cuidados – Mas vocês não podem simplesmente jogar tudo para o ar. Ter uma salvadora ou não nunca determinou uma vitória! – ela bufou. David sentindo sua deixa pulou de cima dali deixando Hope sozinha – Voces já passaram por tantas coisas, tantas maldições, tantos perigos. Storybrooke é nossa por direito e não podemos deixar ninguém se apossar dela. Eu sei o quão difícil é se sentir ameaçado, sentir que não há saídas – a voz dela embargou mas ela se esforçou em se manter firme – Mas se trabalharmos unidos, com garra, com vontade poderemos vencer qualquer barreira.  – todos pareciam levar em consideração suas palavras uns comentando a favor e outros conta – Temos bons guerreiros a nosso favor e se nos deixar que os ensine a se defender poderemos vencer! – Henry se surpreendeu pela irmã ter tido a mesma ideia que ele e ao mesmo tempo sentiu uma ponta de ciúmes. Hope era uma líder nata – Acreditem! A esperança é um ato. A partir do momento em que você escolhe acreditar, você já esta praticando a esperança. E se você lutar por isso as chances de que aconteça serão muito maiores! 
Todos gritaram em resposta ao seu discurso. Só então Hope se deu conta do que se tratava seu pressentimento anterior. A esperança estava visivelmente se perdendo e era isso que a Fada Negra queria. Era isso então, ela queria que todo mundo perdesse a fé? Hope não tinha tempo pra se perguntar qualquer coisa. Todos decidiram segui-la e era hora de agir. 



A tarde transcorreu com a escuridão ainda presente e David separou todos em grupos, tirando apenas crianças e idosos para começa-los a ensinar a lutar com espadas. No meio da confusão Hope foi surpreendida pelas mãos delicadas de Robin em seu braço esquerdo, que a puxou abraçando-a e surpreendendo-a.
__ Senti sua falta! – murmurou Robin – Onde esteve? O que aconteceu? 
Hope sorriu ao perceber que era querida pela irmã mais nova embora não convivessem muito. A relação abalada de Regina e Zelena impediam que as duas desenvolvessem uma irmandade.
__ Estivemos na Floresta Encantada, quase fomos atacados por um ogro, fomos salvos por um dragão e no meio da história ainda encontramos nosso irmão – Robin arregalou os olhos e Hope apontou para o garotinho que agora cumprimentava Granny a alguns metros dali – Roland, filho do Robin. – Elas sorriram uma para outra – Parece que a família aumentou.
__ Antes mesmo de que eu tentasse entender a árvore genealógica... – murmurou Robin pra si mesma fazendo Hope rir alto – Hope, queria te pedir uma coisa. – o olhar dela se tornou sereno e pairava sobre ele certa admiração – Queria que você me ensinasse magia.
Hope estreitou os olhos e não evitou sorrir.
__ Sua mãe não estava trabalhando nisso? – Robin revirou os olhos no mesmo instante.
__ Ela está tentando me transformar numa aprendiz de Bruxa Má do Oeste – Hope gargalhou – Sei que minha magia não é branca como a sua... mas quero usa-la para o bem. Como você. 
__ Desde que sua mãe não queira arrancar minha cabeça por você escolher a mim e não ela... é claro que sim! – exclamou fazendo com que Robin a abraçasse de novo. Seus olhos marejaram – Venha, estou pensando em organizar quem tem magia para treinar também. Voce sabe, todo cuidado é pouco! – A outra concordou e de mãos dadas seguiam para um lado afastado do galpão onde se encontravam Regina, Henry, Zelena e Emma. 


Durante o treinamento, Hope percebeu a expressão descontente de Henry. Emma e Regina o proibiram terminantemente de lutar. E era visível sua insatisfação. Tentou anima-lo várias vezes e puxar assunto, mas ele parecia chateado demais pra dar atenção a ela. Hope posicionou Robin em frente a uma parede e observando que o pai tinha suas flechas na bolsa teve uma ideia. 
__ Magia é sobre concentração – murmurou Hope para Robin que a ouvia pacientemente – É sentir, não pensar. A partir do momento em que você sentir isso, não precisará pensar. Tudo simplesmente ocorre – sorriu, e com magia desenhou um alvo na parede a frente delas. – Agora eu quero que você se concentre e levante uma das flechas de Robin com magia e a atire naquele alvo – ela apontou.
Robin se sentiu nervosa e por precaução o pai das duas colocou a bolsa com as flechas no chão. Todos observavam as garotas sorridentes, menos Henry, que seguia contrariado. 
A filha de Zelena inspirou lentamente estendendo a mão para a sacola cheia de flechas mas pôs força demais e a sacola sacudiu descontrolada.
__ Calma – orientou Hope pegando a irmã pelos ombros. – Visualize a flecha saindo da bolsa... concentre-se, apenas sinta. Deixe a magia percorrer seu braço e toda a extensão de seu corpo.
Seguindo as instruções, duas flechas se levantaram no ar e Robin as virou para que ficassem deitadas. Assim que sentiu confiança mirou as duas no alvo acertando uma no meio e a outra um pouco mais para o lado direito. As duas vibraram seguidas pelo pai, Zelena e Regina. 




__ Elas são ótimas não é mesmo? – proferiu Regina chamando atenção de Zelena que relutou em responder, mas acabou o fazendo cordialmente.
__ Elas são... – contestou intrigada com o repentino interesse de Regina em manter um diálogo com ela – Mas Robin podia muito bem aprender magia comigo! – revelou seu descontentamento divertindo Regina com seus ciúmes.
__ Por que não dar a elas a chance que não tivemos? – perguntou a morena surpreendendo Zelena de novo – Olhe para as duas... – disse voltando o olhar para elas que agora comentavam com Robin sobre algum assunto referente ao treinamento, e sorriam constantemente – Estão felizes juntas. 
A ruiva parou para observar o bonito sorriso que a filha tinha estampado no rosto e uma sensação diferente se apoderou dela. Sorriu de canto e voltou a fitar Regina.
__ Você tem razão – as duas trocaram olhares cúmplices sem dizer mais nada.  




Com o tempo congelado ninguém fazia ideia de que horas eram mas o cansaço já se fazia presente nas feições de todos depois de algumas horas. Todos saiam cumprimentando Hope pelo discurso e comentando sobre o que aprenderam no treinamento.  Hope se sentou sobre um banco de madeira logo perto da porta do galpão se sentindo esgotada física e psicologicamente. Não percebeu quando Regina se aproximou e foi desperta de seu descanso pela voz doce da mulher.
__ E você, pra onde vai agora? – perguntou Regina fazendo Hope encara-la e esboçar um sorriso.
__ Pra cripta talvez, não quero incomodar David, você sabe... – comentou vendo Regina apenas concordar com a cabeça. 
Regina se agachou ao lado esquerdo dela na intenção de capturar a atenção da menina. Sorridente, tinha os olhos fixos nela, estava apreensiva mas não hesitou.
__ O que você acha de vir morar comigo? – a pergunta pegou Hope com a guarda baixa e ela mal pode acreditar.
__ Isso é sério? – perguntou sentindo o rosto ficar vermelho. 
Regina assentiu ainda sorridente.
__ Eu... eu adoraria!  – então seus olhos pousaram em Henry que conversava com David não muito longe dali – Mas.. e Henry? 
__Ele dorme com Emma na maioria das vezes... – Hope percebeu a tristeza que acompanhava o tom de voz na frase – E minha casa é grande, Roland tem razão, é enorme – ela riu – E tem espaço pra você! Mas se você não quiser vir tudo bem, eu vou entender... 
__ Não,Regina, eu quero – respondeu de uma vez só fazendo Regina parar de falar.  Regina não imaginava que o sorriso da garota pudesse se estender ainda mais fazendo as covinhas aparecerem. – Só me deixe falar com ele primeiro, está bem? – a morena mais velha concordou sem fazer objeções e partiu pedindo que Hope não demorasse e tomasse cuidado. 
Hope esperou que David fosse embora e também fingiu estar indo mas parou no meio do caminho observando o irmão se sentar no banco onde ela estava, olhando para o alvo que havia desenhado na parede. Se escorou na parede e respirou fundo antes de perguntar
__ Posso saber por que dessa sua tristeza? --  o garoto não se virou para ela e tinha o queixo apoiado sobre as mãos entrelaçadas cujos cotovelos estavam apoiados nas pernas.
__ E se o motivo for você, ainda vai querer saber? – perguntou e sua voz soou ríspida.
__ Tem a ver comigo não tem? Por que eu não iria querer saber? – perguntou ela sarcástica. 
No fundo ela sabia do que se tratava mas queria que ele dissesse. Queria que ele fosse sincero. Não pra se vangloriar sobre ele mas sim para entende-lo.
Ao invés de responde-la ele rebateu com outra pergunta
__ Por que você se preocupa com o que eu sinto? – ela sorriu e olhou para o chão arrastando o pé direito pra lá e pra cá levantando a poeira, com os braços cruzados.
__ Você sabe muito sobre mim... é hora de eu saber mais sobre voce. – respondeu. 
__ Eu sou um inútil – revelou ele com a voz mais alta que o normal. 
__ Por que elas não te deixam lutar? 
__ Você chegou aqui tem apenas umas semanas e já conseguiu salvar minhas duas mães mais de duas vezes, conseguiu organizar toda uma cidade a seu favor pra lutar contra o que está vindo e agora que eu finalmente poderia ajudar fazendo alguma coisa sou impedido! – ele jogou tudo pra fora sem pausas para respirar – Por que ela não protege a você também? Aah claro, você tem magia. Você pode se defender. Mas eu continuo sendo um ordinário que tem que ficar só assistindo tudo acontecer com um livro na mão! 
A essas alturas ele já estava de pé e Hope o fitava calmamente. 
__ Você é tudo o que eu sempre quis ser... – revelou ele por fim a meia voz. 
__ O que? – inquiriu Hope atônita 
__ O herói que eu há muito tempo desejo ser... – ele completou.
__ Você está com ciúmes de mim? Não deveria ser exatamente o contrário? – ela esbravejou – Eu quem devia morrer de ciúmes de você!
__ Mas você tinha, não quebrou um espelho por minha causa? – ele inquiriu relembrando-a.
__ Eu menti – confessou – Nunca vi Regina com você pelo espelho... eu nunca tive coragem.
O silencio se instaurou. 
__ Por que você mentiu? 
Hope bufou 
__ Eu estava aflita, ok? Eu não sabia se Regina acreditaria em mim, a Rainha não acreditou, Robin morreu e o que voltou talvez não seja o mesmo eu... eu menti pra fazer você desistir de tentar fuçar na minha historia e trazer ela a tona.
__ Está vendo? Todo mundo sempre querendo comandar o que eu faço – ele parecia realmente bravo e Hope jamais imaginara vê-lo assim – Esfregam na minha cara que não sirvo pra nada!
__ Ok, Henry, se você quer equiparar poderes, vamos fazer isso – a voz de Hope soou grave e alta e mais ríspida do que ela gostaria mas não se desculpou – Voce tem o poder de com meia dúzia de palavras desfazer toda uma historia, você poderia simplesmente reescrever isso daqui e agora não estaríamos nos preparando pra lutar contra um exercito que sabe-se lá de onde que vem! – ela exclamou abrindo os braços – Voce poderia muito bem me descartar da historia como Cora fez um dia obrigando o autor a me tirar da vida da sua mãe, e viver solenemente como o herói de Storybrooke mas você sabe que isso é errado.
Ele tinha os olhos arregalados diante dela, que sentia o nó na garganta se formar.
__ Regina te criou, Emma te deu a vida. As duas não querem te perder – seus olhos já se enchiam d’água – Assim como você escolheu não mexer na historia eu escolhi não me tornar um monstro apesar de ter sido criada pela minha avó pra isso. Se você quer provar algo, se você quer lutar faça isso por você mesmo não por elas. Foi isso que eu fiz quando deixei Wonderland, superando meus medos embora tenha dado tudo errado no final! – Ela se aproximou deixando seus rostos a centímetros um do outro encarando-o claramente abalada – Se você quer saber da verdade eu seria capaz de abrir mão de todos, todos os meus poderes, tudo o que eu sei sobre magia... pra ser amada como você.   



Ela limpou as lágrimas do rosto deixando o garoto paralisado dentro do galpão sem fôlego pra dizer mais nada. Henry sentiu que havia errado com ela, dizendo aquelas coisas. Pensou em ir atrás mas já era tarde demais, ela não estava no caminho, provavelmente havia se teletransportado.
Hope seguiu seu rumo se lembrando do convite de Regina e fechando os olhos em seguida, se lembrou do que Henry dissera e não podia culpa-lo. Ele estava com ciúmes mas o que ela poderia fazer? Não passaria por cima da decisão de Regina. Ela fazia aquilo para mantê-lo a salvo e bem. Que mãe não faria isso? Pensar numa frase dessas doía. Ela também era sua mãe mas não se recordava. Hope não tinha muito o que recolher na cripta, apenas algumas roupas que pegara emprestado com Granny cuja dona na verdade era Ruby mas que serviam perfeitamente nela. Além disso uma caixa quadrada com adornos bonitos continha os desenhos da morena, seu passatempo favorito além do arco e flecha. Pegou tudo partindo para a casa de Regina.
Esta por sua vez preparava um dos quartos da casa para receber a mais nova moradora. Se sentia agitada, de um jeito diferente, uma emoção nova que a possuía a medida que os minutos passavam. O quarto não tinha nada demais, a cama próximo a parede fora enfeitada com uma colcha lilás que Regina fez questão de colocar e os moveis de madeira marrom escura davam um toque aconchegante contrastando com as roupas de cama. A garota não chegava nunca, o que preocupou sua mãe. Tão logo a campainha tocou e ela desceu empolgada. 



__ Finalmente! – o sorriso de Regina se propagou por sua face fazendo com que a garota automaticamente sorrisse também.
__ Desculpe a demora, tive um contratempo – ela já entrava carregando sua sacola e sua caixa. Regina esfregou as mãos sem saber o que dizer. 
__ Venha, vou te mostrar seu quarto! – animada ela subiu as escadas seguida por Hope, assim que adentrou o recinto não evitou emocionar-se outra vez, observando os detalhes, e a penteadeira antiga que tinha três espelhos.Delicadamente depositou sua caixa por ali, colocando a sacola sobre a cama. 
__ É tão lindo! – murmurou fitando a colcha – É minha cor favorita! – referiu-se a roupa de cama enquanto Regina sorria satisfeita.
__ Tambem adoro essa cor! – proferiu. – Mas você pode decora-lo como quiser. – Hope assentiu.  – Vamos descer e comer algo, quer? – a outra contestou que sim e comentaram sobre estar morrendo de fome enquanto desciam as escadas. 


Tudo seguia seu curso normal na medida do possível, inclusive na casa dos Charmings. Mas David se recusava a acordar a esposa. Como poderia deixar ela a par de tudo sem estar junto com ela, para ajuda-la?  Ela provavelmente ficaria perdida sem ele. Os dois se completavam tanto e com esse revezamento agora um tinha dó de acordar o outro e não estar ao lado para auxiliar. 


Emma encarava a janela do apartamento repassando os últimos dias em sua mente e Hook a observava atento a suas expressões. Adorava prestar atenção em como vincava a testa quando estava pensando. 
__ Espero que com toda essa concentração esteja pensando em mim, love – ele murmurou sentando-se ao seu lado.
__ Sinto te desapontar, mas eu não estava – contestou a loira enquanto Hook fingia estar chateado fazendo-a rir – Estava pensando em Hope, a filha de Regina.
__ Aah, a menina Hope... ela gosta de uma confusão hein? – ele comentou – Desde que chegou aqui as coisas só se tornaram mais complicadas.
__ A culpa não é dela – pontuou Emma – Não sei, essa garota tem algo de diferente nela... como uma espécie de poder que ela emana fazendo os outros a seguirem. 
Hook parecia confuso
__ Você acha que ela usou magia pra convencer todo mundo a lutar? – Emma riu da confusão que ele tinha feito.
__ Não, estou falando da personalidade dela... ou talvez sim, ela tenha um certo poder. De liderar talvez mas tem outra coisa – confessou – No dia em que ela pegou nas minhas mãos no Granny’s eu senti algo tão especial, tão bom. É como se ela renovasse meus sentimentos, do nada ela me fez acreditar que eu poderia lutar contra isso. Mesmo eu não sabendo o que era – quando ela terminou quem tinha a testa vincada agora era Killian.
Os dois se entreolharam por um instante. 
__ Esperança... – murmurou Emma se dando conta.
__ É, faz sentido. – Hook pegou na mão de Emma que estava estendida sobre a mesa que os separava – E se eu pegar na sua mão, não sente nada? – Emma o fitou corando. 
__ Você não perde a chance, não é? 



Não muito longe dali Regina e Hope haviam terminado seu jantar e Hope se encontrava encostada a bancada da cozinha observando a mãe colocar a louça na pia. Sua mente girava em torno de sua conversa com Henry. Mordeu o lábio inferior numa tentativa de controlar as palavras. Mas quando deu por si já havia soltado a frase.
__ Regina, se você tivesse a chance de me salvar durante essa batalha... você o faria? – Regina estagnou parada perto da pia observando Hope desenhar com os dedos imaginariamente alguma coisa no mármore evitando contato visual.
__ Por que essa pergunta? – indagou espantada. 
__ Nada, deixa pra lá – Hope tentou disfarçar mas palavras jogadas eram impossíveis de apagar. As duas se entreolharam.
__ O que foi que Henry te disse? – como se lesse seus pensamentos Regina perguntou preocupada.
__ Nada, ele... só está chateado por que você e Emma não permitiram que ele treinasse, que ele se candidatasse a ajudar – ela suspirou – eu acabei sendo um pouco rígida com ele, nós discutimos e, eu fiquei com essa pergunta na mente... – envergonhada ela afagava os próprios braços se sentindo nervosa. 
__ Você acha que eu não te salvaria se precisasse fazer isso? – Regina perguntou comovida. – Por que? 
__ Tenho consciência de que você não me ama como ama a ele – ela sorriu fraco  -- E que pode demorar pra isso acontecer... Ele está bravo porque você protegeu a ele e a mim não. Ele acha que todos o julgam por não ter magia, está se sentindo fracassado.  Eu tentei explicar mas ele... parece obstinado. Ele quer ser um herói e de certa forma eu o entendo – terminou suspirando – Sei que estão fazendo pelo bem dele. 
Regina se aproximou de Hope fazendo com que seus rostos ficassem bem próximos, encarou o par de olhos castanhos que ficaram marejados confessando seus sentimentos. 
__ Sei que você sofreu muito, acredite, eu sei melhor do que ninguém – ela começou fazendo com que Hope sentisse um frio no estomago devido ao nervosismo – Mas se durante essa batalha eu tiver que decidir entre minha vida e a sua, eu não vou pensar duas vezes. Eu vou te defender – e sorriu limpando a primeira lágrima que caiu do olho direito de Hope com o polegar, delicadamente – Você demorou muito tempo pra chegar até mim e eu não vou permitir que vá embora. Amar Henry não me impede de te amar também. Lembrando ou não, lutando ou não, você é minha filha – ela também sentiu um nó na garganta se formar – E eu não poderia estar mais orgulhosa de você.



As duas se abraçaram deixando que o silêncio as envolvesse sem que mais alguma coisa precisasse ser dita.  Ambas sentiam o vazio de seus corações ser preenchido por um novo amor que começava a se formar.
__ E Robin? Não virá morar aqui também? – Hope admirava a sala de estar e os objetos acima da lareira, e se sentou no sofá sendo observada pela mãe que estava sentada em uma das poltronas.
Regina esboçou um sorriso seguido de uma careta. 
__ É complicado... eu e ele – ela não sabia como explicar – Pra mim é como começar de novo mas pra ele é como começar do zero. É como se eu estivesse tentando conquistar ele pela quarta vez.
__ Quarta vez? – questionou Hope e logo depois se lembrou – Aah claro, vocês já se encontraram tantas vezes... 
As duas riram com a constatação. 
__ Você acha que ele não vai conseguir se adaptar? – indagou Hope fazendo Regina refletir outra vez.
__ Eu quero, mas isso não depende só de mim – suspirou – Eu não estou pronta pra me despedir dele de novo... na verdade eu não sei o que sentir.
__ Talvez você não precise dizer adeus – pontuou Hope fazendo Regina sorrir – Talvez ele se de conta de que pode ser feliz aqui – ela tinha uma expressão contente – Comigo,com você, com os outros dois filhos... 
__ Talvez – considerou Regina. 



Elas se preparavam para dormir embora não tivessem ideia das horas, enquanto a escuridão seguia presente. Ao subir as escadas Regina percebeu um papel dobrado caído sobre um dos degraus, Hope que voltava da cozinha estagnou.
__ Que lindo! – murmurou Regina contemplando o desenho de um cavalo preto no papel branco, os traços precisos deixavam o trabalho ainda mais fascinante – É seu? 
__ É – respondeu Hope pegando o papel e deixando a nostalgia tomar conta sentando-se na escada – Meu cavalo de estimação... eu o chamava de Diamante.
__ Eu também cavalgava quando tinha sua idade – lembrou Regina – Há tanto tempo que não o faço... eu adorava! Não sabia que você desenhava tão bem! – exclamou surpresa.
__ É um passatempo bom, eu me divirto fazendo isso – Hope ainda pensava sobre a parte que Regina contara sobre também cavalgar.  
As duas subiram cada uma para seu quarto mas Hope antes de dormir se dedicou a mais um de seus desenhos. O abajur ligado deixava a calma vir à tona e seus dedos seguravam o lápis com firmeza enquanto sua mente repassava os traços que queria desenhar. A visão mais bonita que teve durante o dia. O rosto de sua mãe. 



As horas de sono passaram rapidamente e a falta da luz do dia começava a incomodar Hope. Mas antes que Regina acordasse ela deixou um bilhete e saiu pela cidade, procurando por outra pessoa que também fazia parte de seus pensamentos. Se dirigiu até a Delegacia onde encontrou a própria Rainha Má também dormindo. 
__ Linda dormindo, quem a vê assim nem imagina... – brincou consigo mesma observando a Rainha deitada em sua cela. 
Pigarreou uma ou duas vezes, sentando sobre a cadeira de uma das mesas do lugar fazendo com a que a Rainha aos poucos se acordasse. Sorria enquanto a via recobrar os sentidos e a avistar se espantando em seguida. Embora fosse ríspida em todas suas conversas com Hope dessa vez sua expressão continha uma certa alegria.
__ Hope... – a voz soou abafada por conta do sono mas ainda assim contente o suficiente para que a mesma sorrisse satisfeita. Mal podia acreditar. A Rainha estava surpresa com sua volta. – Como voltou? 
__ Achou que ia se livrar de mim tão fácil? – a voz da garota continha um leve sarcasmo que fez a Rainha rir. – Digamos que eu sou boa abrindo portais.
__ O que veio fazer aqui? – a Rainha se aproximou mais das grades da cela.
__ Vim te convidar para um passeio – a surpresa na face da Rainha era evidente. 
Hope abriu a cela com um gesto de sua mão e a Rainha a fitou incrédula
__ Podemos, Vossa Majestade? – Já de pé convidava ela com a mão para ser seguida.


O campo aberto logo próximo aos estábulos apesar da escuridão ainda parecia convidativo. A Rainha seguia com a testa vincada enquanto tentava entender as intenções da menina, mas diferente das outras vezes ela se deixou levar.
__ Está bem, por que estamos aqui? Por acaso vai abrir um portal e me mandar de volta pra Floresta Encantada? – indagou irônica mas por dentro acreditando que era isso mesmo que Hope faria.
A garota gargalhou observando tudo ao seu redor e encarou a Rainha.
__ Isso é um passeio – revelou – por que você acha que tudo que pode acontecer com você é para o lado do mau? 
A pergunta parecia descabida devido ao próprio nome dado a Rainha. Ela pensou em responder isso mesmo mas Hope colocou dois dedos na boca assoviando e então um bonito cavalo branco com manchas marrons apareceu de dentro dos estábulos indo até ela. 
__ Quanto tempo faz que você não cavalga um pouquinho? – perguntou sorridente enquanto a Rainha embora maravilhada com o animal continuava sem entender.
__ Faz um bom tempo – revelou – Que diabos você está fazendo? 
Hope estendeu a mão para a Rainha fazendo com que as vestes pretas fossem substituídas por roupas para o esporte favorito da Rainha: cavalgar. 
__ Isso é sério? – perguntou olhando pra si mesma. 
__ É um passeio! Ora vamos lá, nem vai ser tão ruim assim – murmurou Hope. Para sua surpresa a Rainha sorriu e montou no cavalo correndo em disparada. 
Satisfeita a garota observava a Rainha correr comandando o cavalo com a elegância que lhe era habitual. Durante o percurso pôs obstáculos usando magia para que a Rainha os ultrapassasse com o cavalo e assim ela o fez sorrindo e sentindo a liberdade qual ela lutou tantos anos para ter.
Sentada na grama Hope a fitava com admiração. Era engraçado para ela como conseguia gostar das duas versões de sua mãe ao mesmo tempo. Talvez se identificasse tanto que não se importava se seria má ou boa. Só queria ter sua mãe por perto e constituir a família a qual tanto almejava.  



Após o trajeto feito com o cavalo já cansado a Rainha se aproximou de Hope que ficou de pé cumprimentando-a pela performance. 
__ Há tempos que eu não me divertia assim – revelou ela.  – Como você sabia?
__ Sei mais sobre você do que imagina – sorriu de canto. 
__ Agora me revele então o motivo disso tudo. Sei que não fez isso só pra me agradar. 
Hope suspirou
__ Quero que nos ajude na guerra que está ameaçando Storybrooke. – confessou por fim alisando o pêlo do cavalo a seu lado. 
__ Por que? Vocês tem Emma, você mesma pode dar um jeito nisso – pontuou serena – Eles não vão me querer por perto, você devia saber disso. Não precisam de mim.
__ Eles talvez não precisem, mas talvez eu precise de você – Hope a encarou séria – Você criou esse lugar, conhece Storybrooke como ninguém. Eu não meteria minha própria mãe numa loucura dessa se não fosse necessário. Com você conosco sei que temos mais chances de vencer. 
__ Você escolheu Regina... Henry escolheu Regina... – a dor era evidente em seu tom de voz.
__ Eu escolhi não escolher nenhuma das duas – esbravejou Hope – Passei anos tentando abrir portais pra vir atrás de você quando vocês ainda eram uma só. Não vou escolher entre uma e outra por que eu am... – antes que terminasse a frase remendou sem revelar seus sentimentos – Por que quero as duas do meu lado, por que é assim que tem que ser. – respirou por fim.  – Vou entender se não aceitar. Mas se for assim... também não poderei te deixar livre.
Ela sabia que era uma chantagem barata, jogou verde, numa tentativa desesperada de convencer a Rainha, que estreitou os olhos ao ouvir aquela frase.
__ Se você quisesse me manter sob seu poder não teria me soltado sem bloquear minha magia – ponderou -- Estou dentro – quando estava a ponto de perder as esperanças a Rainha murmurou – Vamos fazer isso! 
__Sério? – Hope se atirou sobre a Rainha lançando os braços ao redor de sua cintura impulsivamente sem se dar conta do que estava fazendo.
A Rainha se acostumou a seu toque e pôs as mãos em seus ombros. 
Assim que percebeu o que tinha feito Hope se recompôs e se desvencilhou da Rainha envergonhada.
__ Me desculpe, eu ... 
__ Tudo bem – a Rainha tinha um meio sorriso se ensaiando eu seus lábios. Passou a mão pelo rosto de Hope que aceitou a caricia sem nenhuma objeção. 



Enquanto a menina concentrava seus esforços em ter a família que sempre sonhou, Robin passeava com Roland pela cidade, o menino contente ia descrevendo os lugares que conhecia para o pai que ouvia tudo atentamente. 
__ E esse é o Granny’s – explanava o garotinho – Mas esse acho que você já conhece, né? – Robin riu e concordou e os dois se sentaram nas mesas do lado de fora.
__ Papa, por que está tudo escuro? Estou sentindo falta do dia, parece que vai ser de noite pra sempre ... – comentou o menino.
__ Eu não sei porque está sim, mas estamos a ponto de descobrir. O sol já vai voltar, pode ter certeza – ele sorriu tentando passar tranquilidade – Fique aqui e eu vou lá dentro pegar algo pra comer, está bem?
Roland apenas concordou e Robin fez o que havia dito entrando no Granny’s. Roland seguia brincando com o porta guardanapos
Um homem desconhecido se aproximou de Roland dizendo olá, mas o menino nada respondeu, ciente de que não conhecia o homem. 
__ O que faz aqui? – Robin tão logo se pos em frente ao homem que sorriu irônico
__ Locksley quando me disseram quase não acreditei – proferiu Nottingham inflamando o arqueiro. – Você está vivo e pelo visto está curtindo bem a vida.
O loiro perdera toda a paz que tinha em seu semblante a minutos atrás com o filho.
__ Não vou te perguntar de novo, o que quer? – questionou entre dentes
__ Ei, fique tranquilo – o homem levantou os braços como se indicasse paz – Só vim aqui conferir se minha presa ainda está viva... você sabe, orgulho de caçador – Fitou Robin com o desafio claro em seu olhar. 
Devido as lembranças de seu passado na Floresta do desejo, estas cujo o homem a sua frente desconhecia, mas mesmo assim estava ali pelas lembranças dele, de nunca ter conseguido capturar o príncipe dos ladrões fazendo da vida dele um inferno, Robin partiu pra cima dele desferindo um soco em seu nariz o desequilibrando. Aproveitando a vantagem, desferiu outro golpe do outro lado fazendo o homem ir ao chão. 
Roland se espantou tanto que saiu correndo, devido a ansiedade esbarrou em Regina que vinha em direção ao Granny’s e avistou Robin deitar-se sobre o corpo de Nottingham com um canivete na mão.
__ Fique aqui querido, eu já volto – proferiu a morena correndo em direção ao arqueiro gritando seu nome.
Descontrolado ele ameaçava matar Nottingham, parecia outro homem completamente diferente. Regina tocou seu ombro fazendo-o voltar a si indignada e nisso David também já separava os dois, porque Nottingham queria terminar a briga de verdade. 
__ Robin o que está fazendo? – a mão do homem agora tinha escoriações e ele fitou Regina abalado voltando a raciocinar direito – Você esqueceu que Roland estava por perto? Por que estava tentando mata-lo? Robin você não é assim! 
Envergonhado ele encarou o chão e logo depois analisou a mão direita ferida, que Regina segurava também preocupada.
__ Eu te disse que já não era mais o mesmo – bufou.
__ E vai ter um bom descanso na prisão, os dois, junto comigo!  – David convocou deixando Regina espantada – Me desculpe Regina mas Robin agrediu um homem na frente de uma criança! É melhor acalmarem os ânimos – proferiu fazendo os dois homens se encararem ainda jurando morte um ao outro mentalmente.  
Regina voltou a atenção para o garoto que havia ficado na esquina da rua, o abraçou apertado tentando amenizar a situação.
__ Tia Regina, meu papa vai ficar bem? – perguntou com a voz entrecortada, Regina se agachou pra ficar no campo de visão do menino.
__ Vai sim, querido. Ele só ficou bravo demais... e cometeu um erro. Mas ele vai se recuperar.
__ Fiquei com medo – confessou já soluçando e se jogando nos braços de Regina que o acolheu penalizada. 
__ Tudo bem, vai ficar tudo bem. 




Hope voltou ao galpão acompanhada da Rainha. Todos se esquivaram no momento em que as duas chegaram. Ninguém concordou de inicio com a ideia da menina mas ela já estava preparada pra isso. Seus argumentos eram simples: para vencer todo poder disposto a mão era interessante e devia ser utilizado, assim o mínimo de pessoas se machucaria. 
Visto que ninguém quis retrucar o treinamento com espadas recomeçou sendo orientado por Kilian já que David não se encontrava. Assim que o príncipe chegou e deu de cara com a Rainha não escondeu o descontentamento. Hope tentou convencê-lo, ela parecia irredutível quanto ao assunto.
__ Desde que ela não arranque a cabeça ou o coração de ninguém nem queime esse galpão com todo mundo dentro, está ótimo – comentou fazendo a Rainha revirar os olhos. 



Henry observava curioso a relação entre e Hope e a Rainha. Por momentos se lembrava da época em que não respeitava as decisões da mãe e insistia em dizer que ela era personagem de um livro, qual ela negava insistentemente. Vendo as duas armar táticas para se defender as analisava percebendo suas semelhanças e o modo que se entreolhavam mas não sentiu ciúmes. Ele sabia que boa ou má Regina ainda era Regina e seu lado mãe talvez nunca fosse embora. Talvez ainda estivesse ali. 
__ Mais calmo? – Hope se aproximou do garoto espantando-o já que estava muito concentrado em ajudar Robin com novos truques de magia.
__ É, estou – revelou – Me desculpe pelas coisas que eu disse. Eu não queria te ofender, juro.
Hope sorriu e o abraçou de lado.
__ Sei que não. Me desculpe por ter gritado com você. – ela murmurou – Acho que começamos do jeito errado. 
Os dois assentiram um para o outro. 
__ Olha eu não sei o que Regina vai achar disso mas... – ela se abaixou pegando um arco e uma flecha e depositando os dois nos braços de Henry que a observou atônito – não vamos dar chance para o azar. Se alguém te pegar sozinho, você terá como se defender.
O posicionou frente a parede como fizera com Robin um dia antes, sendo observada pela irmã, e orientou Henry a como segurar os objetos. As primeiras flechas passaram longe do alvo, o que deixou o garoto aborrecido. Mas conforme os minutos se passavam ele pareceu pegar o jeito e se agradou com a atividade, se aprimorando conforme a tarde passava. 
__ Flechas? – questionou David assim que viu o ocorrido – Hope o que está acontecendo com você? Primeiro a Rainha e agora isso! 
Hope riu enquanto Henry implorava para que não precisasse parar.
__ Deixe ele, é sempre bom aprender algo novo – ela piscou para o loiro que captou a mensagem e saiu de fininho. 



Na Delegacia, Nottingham e Robin eram separados, cada um numa cela. Evitando se encarar. Regina deixou Roland com Granny e foi até o local. 
Encarando o chão Robin percebeu sua presença mas nada disse até ela se sentar numa cadeira e ficar bem próximo as grades. 
__ Você deve estar espantada com o que viu, não é? – questionou ainda sem olhar pra ela.
__ Ah cara, ela é a Rainha Má, já viu e fez coisa bem pior do que dois homens brigando no meio da rua – Robin se absteu de responder e Regina fez o mesmo.
__ Não vou mentir, eu não esperava isso de você – confessou a morena – Eu nunca te vi transtornado daquele jeito você parecia... parecia – ela balançou a cabeça em reprovação a própria frase – Você parecia ela. Eu na verdade. A Rainha Má.
Os dois se encararam pela primeira vez naqueles minutos. 
__ Eu sou um homem ruim, Regina – ele proferiu depois de um tempo – Eu roubei de gente que não tinha nada e de gente que tinha tudo, tudo pra mim, tudo pra me satisfazer. Tudo pra suprir uma necessidade que hoje eu sei que jamais seria suprida – seus olhos continham uma dor familiar pra Regina – A dor de ser sozinho. 
Por alguma razão ele parou de falar. Esperava que Regina o julgasse, imaginava que ela o deixaria ali. Havia acabado de agredir um homem com toda a fúria na frente do pequeno filho. Não sabia onde enfiar a cara, tamanha a vergonha.
__ Como Roland está? – perguntou por fim. 
__ Está bem – Regina respondeu e respirou fundo. – Robin qualquer coisa que eu te diga vai soar falso. Há tempos atrás... eu era igual a você – a sensação de deja vu tomou conta – Mas eu mudei!  Você pode mudar também. Basta deixar o passado para trás... onde ele pertence. 
Ela estendeu o braço por entre as grades conseguindo alcançar seu braço e ele entrelaçou seus dedos nos dela.
Ali, proferindo aquelas palavras, Regina se deu conta do tamanho da volta que a vida tinha dado para os dois. Não sabia se era capaz de caber mais amor onde já havia tanto, mas sentir seus dedos entrelaçados nos dela e aquele olhar que parecia implorar por um gesto de carinho, por um gesto de compaixão, percebeu  que ainda o amava loucamente, que ainda que esse Robin não fosse aquele que morreu por ela, ele vivia ali, em algum rincão escondido daquela alma atormentada. Cabia a ela guia-lo como o seu Robin fizera uma vez com ela.
Ele por sua vez sentiu o coração bater mais forte, como no dia do beijo mas um tanto quanto mais intenso. Olhar naqueles olhos era ter a certeza de que mesmo atravessando o caos ainda estaria bem. Se perguntava em que momento se permitira se apaixonar pela mulher que agora estava do outro lado das grades, pronta pra entregar tudo de si a alguém que, ele julgava, não merecer nem metade do que ela estava disposta a dar. 
O momento dos dois foi interrompido por um barulho que prendeu atenção deles. Hope comovida com a cena acabou batendo o joelho contra uma das mesas do lugar.
__ Ai! – ela afagava o local da batida, desconcertada.
__ Machucou? – perguntou Robin rindo da expressão da menina.
__ Desculpa, eu não queria atrapalhar – proferiu sem jeito – Mas é que David deixou escapar que você estava aqui. Eu vim te ver – encolheu os ombros, nervosa por ter estragado o momento dos pais. 
Ao se aproximar da cela porem teve outra surpresa.
__ Nottingham? – perguntou incrédula enquanto o homem também se surpreendeu com a visita.
__ Garota, você por aqui? Não me diga que é parente do Locksley?
Ela estreitou os olhos e cruzou os braços.
__ Sou filha dele – Nottingham revirou os olhos – Eu quase arranquei um dedo seu com uma flecha não foi por acaso – bufou.
__ Espera, vocês se conhecem? – Regina indagou.
__ Ele veio da Terra de Hyde, eu o conheci lá. E tenha certeza, não foi um encontro amistoso – ela encarou o homem parecendo visivelmente incomodada.
__ Você me roubou! – exclamou o Xerife
__ Eu precisava comer! – esbravejou Hope incomodada – Mas você parecia querer minha cabeça numa bandeja por uma simples fruta que peguei do seu precioso comercio.
A conversa tomou um rumo inesperado e Robin se virou sentindo raiva.
__ Os dois socos que você levou não foram em vão então – Nottingham deu um sorriso amarelo como resposta – Você tem sorte de eu estar mais calmo! 
Hope abriu a cela do pai surpreendendo tanto ele quanto Regina.
__ Você falou com David? – Regina se levantou da cadeira onde estava sentada e Robin fez o mesmo, num impulso abraçou Hope ainda penalizado pelo que ouvira da discussão dela com Nottingham. Ela aceitou o abraço sorrindo.
__ Não falou – David apareceu na Delegacia – O que está acontecendo aqui? 
__ David, por favor, estamos prestes a entrar em guerra com o exercito de uma fada maluca e você foi prender justamente nosso melhor professor de arco e flecha? – Regina sorriu do sarcasmo da menina e Hope entrelaçou seu braço ao de Robin que encarou David igualmente irônico – Quem melhor que Robin Hood pra ensinar esse oficio?
__ Você só podia ser filha de quem é! – exclamou David sorrindo – E ele? – apontou para Nottingham.
__ Ele só sai daqui se quiser virar alvo das minhas flechas – respondeu a garota arrancando uma gargalhada de Robin. Os três seguiram para fora da Delegacia contentes. 



A “noite” que veio a seguir era escura como fora o dia anterior e o dia seguinte. O relógio seguia parado. A tensão se instaurava na cidade devido ao sumiço repentino dos vilões. O temor pelos ataques se fazia presente nas feições de quem andava pela rua. Mas no Granny’s, Robin, Regina, Hope, Roland e a filha de Zelena que todos decidiram chamar apenas de Ro, pra não causar confusão com o pai se divertiam esperando o jantar ser servido. Roland mal podia acreditar ao ver a bela moça de cabelos castanhos que ele vira pela ultima vez como um bebê há meses atrás. Explicar para o garoto foi um evento um tanto quanto interessante, que Robin admirava aliviado por perceber que o garotinho não tinha ficado com medo dele depois do ocorrido. Regina também sorria constantemente sentada na frente dos três, observando-os e comentando algo volta e meia. 
Robin afagou as costas da mulher admirando a felicidade que exalava e ela pôs atenção em seus olhos e a expressão suave dos dois mudou. 
__ Desculpe pelo que eu fiz hoje... sei que passei dos limites – sussurrou aproveitando a distração dos filhos.
__ Eu jamais imaginei te ver daquele jeito. Mas está tudo bem agora, já passou – Robin sorriu largamente. 
__Ei papa, podemos comer batata frita? – as irmãs mais velhas tinham a mesma cara de pedinte do mais novo, o que fez Robin soltar uma risada gostosa, seguida da permissão para que eles fizessem o pedido, qual eles fizeram com a maior felicidade.



__ Você gosta mesmo disso hein, garoto? – Hope comentou arrancando gargalhadas de todos enquanto Roland sem se importar se deliciava com a comida. – Vá com calma! 
__ Sua irmã tem razão! – Robin proferiu enquanto Regina também beliscava as batatas sendo imitada por ele – Mas isso é bom mesmo viu? – e riram outra vez.
__ Papa, agora que estamos aqui de novo, nós vamos ficar aqui pra sempre? – perguntou Roland fazendo todos pararem para ouvi-lo, comovidos – Você e a tia Regina vão se casar? 
A pergunta pegou eles dois completamente desprevenidos e Regina pigarreou antes de colocar uma mecha do cabelo atrás da orelha. Robin se recompôs a tempo.
__ Sobre ficar aqui, nós vamos meu filho – respondeu Robin sereno com uma pontinha de ironia na voz aumentou o tom fazendo com que Robin e Hope se entreolhassem sorrindo travessas – E se Regina um dia aceitar se casar com o papai... bem, quem sabe? – ele olhou para Regina que havia ficado ruborizada e sorria meio de canto – Quem sabe...
__ Essa eu quero ver – murmurou Hope e Regina a fitou apertando os olhos num sinal de advertência, e novamente as risadas tomaram conta do recinto.



Belle ia passando pelo Granny’s e a cena da família sentada a mesa jantando chamou sua atenção. Sentiu uma espécie de inveja de Regina. Ela estava ali com o homem que amava, a família ... jamais ocorreu a ela que a Rainha Má conseguisse tal felicidade. Mas aí percebeu que não era exatamente da Rainha má que se tratava. Ao pensar na mesma a avistou também observando a janela do Granny’s mas sua expressão estava longe de ser a costumeira, altiva e irônica. Seus olhos exalavam uma ternura que ela tentava conter. Ao perceber a presença de Belle ali sumiu numa fumaça roxa evitando transparecer o que sentia. 
Não havia planejado, mas uma questão rodando sua mente fez Belle ir até a loja do marido, este acordado, lustrava um dos muitos objetos do lugar com esmero. Se distraindo o quanto podia.
Ao ouvir o sino da porta ele já sentia que ela era, não se virou e esperou que ela se pronunciasse.
__ Ocupado? – questionou ela.
__ Pra você? Nunca – respondeu ainda concentrado em sua tarefa.
__ Por que você ainda não abriu a cripta da Regina? – ela foi direto ao ponto, caminhando até ele e parando a seu lado repousando as mãos acima do balcão.
__ Por que você está preocupada com isso? – ele rebateu.
__ Eles provavelmente já sabem da história, Hope já deve ter contado – pontuou e sua voz mudou na frase que veio a seguir tornando-se melancólica – Estão tão felizes com a filha, e a menina de Zelena e o garoto... por que não quer que se lembrem?
O homem parou de fazer o que estava fazendo e dobrou o pano que tinha nas mãos solenemente.
__ A questão não é o por que eu não quero que eles se lembrem – revelou ele fazendo com que Belle focasse em suas palavras, tentando decifrar seu enigma. Ele respirou fundo – A questão é como eles vão se lembrar. 



O jantar acabou e o sonolento Roland insistia em querer dormir com as irmãs. Robin ligava para Zelena tentando pedir sua permissão para que dormisse na casa de Regina. Foi uma longa negociação mas a ruiva se deu por vencida. Animados os três andavam pela calçada enquanto os pais tentavam alcança-los. 
No quarto de Hope, como a cama era grande os três se acomodaram, Roland entre elas queria que as duas contassem uma história. Estava decidido e as irmãs se entreolharam sem ter ideia de que história contar. Até que Hope teve uma ideia. 
__ Está bem, fique quietinho – ela o acomodava em seu braço esquerdo, arrumando o cobertor em volta dos três – Era uma vez, há muitos anos uma rainha. Ela era muito bonita, e andava pelos jardins do palácio com seu vestido longo, tinha os cabelos muito negros e sua face mais se parecia ao rosto de um anjo – o menino atento a tudo observava Hope contar a história admirado, enquanto ela fazia gestos pensando nas palavras – Mas essa rainha diferente das outras só queria ser livre, não queria estar casada com o rei... e um dia então ela conheceu um ladrão. Mas ele não era um ladrão comum, era um homem diferente e que adorava ajudar os outros. Os dois se apaixonaram – Robin a observava com zelo, sabendo de que história se tratava – Um dia a Rainha decidiu ser livre junto do homem que amava e então fugiu com ele.
__ Os dois viveram felizes por muito tempo, até que um dia eles descobriram que iriam ter uma filhinha – Robin continuou a história, captando o intuito da irmã em mudar o rumo das coisas, Hope se calou – A filhinha deles nasceu, era uma criança muito bonita. Mas o rei descobriu um dia e foi atrás deles, disposto a puni-los....
Roland já tinha a cabeça pendida para trás, escorado no ombro de Hope, bocejava.
__ Mas o rei não fez isso ao ver a menininha e decidiu perdoar os dois, fazendo com que eles continuassem vivendo sua vida felizes, juntos de sua filha.  O rei voltou para seu castelo e decidiu governar sozinho. 
__ E então o ladrão e a rainha viajaram por terras distantes, até encontrar um garotinho que passaram a amar muito e que começou também a viver com eles como parte da familia... – completou Hope com a voz amena, sem alarmar o garoto que estava a ponto de dormir.
Mais sonolento o garoto ainda encontrou forças pra comentar
__ Essa história está sem graça.... onde estão os vilões? – e abriu a boca bocejando fazendo as duas rirem das suas expressões.
__ Nem todas as histórias precisam de vilões pra ter um final feliz,meu amor. Ás vezes elas só precisam de personagens com coragem o suficiente pra lutar por isso... – sussurrou Hope já percebendo que o sono havia arrebatado o pequeno, o deitando na cama de um jeito mais confortável.
__ Você realmente acredita nisso? – perguntou Robin confusa.
__ Teve um tempo em que não... – confessou Hope – Mas passei por tantas coisas e compreendi que vilões são como eu, com histórias não contadas, ninguém entende a versão deles. E então eles se revoltam e passam para o lado negro da força. Não é a maldade, é a perda. Não estou tentando defender ninguém. Mas heróis não são melhores que vilões por terem um coração puro. Todos nós temos um lado ruim. – concluiu.
Robin ponderou sobre aquilo com calma. 
__ Eu vejo isso na minha mãe, sabe? Essa espécie de... parte boa – Hope sorriu concordando – Você acha que esse Gideon pode ter um lado bom também? 
__Não tenho ideia! Mas por enquanto ele está na posição de um vilão. E enquanto ele nos ameaçar desse jeito vai continuar sendo um.



O sono pegou as duas logo depois e Regina e Robin seguiam sem conseguir se despedir na sala. Os beijos se tornavam intensos, sentados um de frente pro outro perto da lareira, Robin tinha a mão esquerda intencionalmente pousada sobre a coxa direita de Regina que sentia arrepios na espinha adivinhando o que viria a seguir, mas algo a fez parar no meio do caminho.
_ Você não está mesmo com vontade, não é? – Robin desanimou perante a negativa e Regina tentava controlar a respiração encostando sua testa na dele.
__ Nossos filhos estão aí, não é bom arriscarmos – ela sussurrou – Você não sabe mas Roland acorda muito a noite. 
_ Gosto tanto do jeito como você cuida deles – ele confessou beijando sua testa e os dois se olharam nos olhos – O jeito como olha por eles, como uma verdadeira mãe.
__Normal – Regina proferiu irônica – Voce sempre disse que eu tinha toque de mãe – ela entrelaçou seus dedos nos dele, adorava a sensação de ter sua mão envolta a dele.
__ Eu disse isso? – ele questionou surpreso. 
__ Você sempre me conheceu melhor do que ninguém – proferiu nervosa – Melhor até do que eu mesma... 
__ Foi por isso que hoje a tarde você acreditou em mim e ficou do meu lado? – ele acariciava seu rosto agora com a mão livre. 
__ Eu sempre acreditei em você, sempre vou fazê-lo – revelou ela manhosa, admirando o par de olhos azuis a sua frente. – Você vive em mim Robin. E essa sua essência não se perdeu nem aqui – colocou a mão livre no próprio peito – e nem aqui – repetiu o gesto colocando a mão sobre o peito dele. 
__ Por que você tem que ser tão única? – perguntou fazendo-a sorrir instantaneamente.
__ É só um charme – contestou sentindo ele se aproximar e afundar os lábios nos dela puxando-a mais para perto de si.
 


Notas Finais




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