1. Spirit Fanfics >
  2. Infatuation: Luxúria >
  3. Falsas esperanças

História Infatuation: Luxúria - Falsas esperanças


Escrita por: robbielegacy

Notas do Autor


Como prometido... Novo cap! Yay!

Capítulo 18 - Falsas esperanças


Fanfic / Fanfiction Infatuation: Luxúria - Falsas esperanças

— Cindy? — Alguém me chamava logo atrás de mim. Já estava na segunda taça de Martini e nem me dava conta da porcentagem de álcool que eu havia ingerido. Apenas me assustava com aquela voz masculina balbuciando em minha orelha. Ao procurar com os olhos quem seria, deparava-me com Sean novamente, mas desta vez, estava mais sério. — Quero que conheça uma de nossas dançarinas. — E estendeu a mão para que eu a segurasse e fosse com ele.

Não queria ter de deixar aquele local tão fascinante e perder de vista Peter. Ok. Isso é ridículo de se afirmar e eu não queria, mas àquela hora com a quantidade de álcool sendo consumida, mal conseguia conter as minhas vontades. Por outro lado, mantive a minha decência. Sabia que estavam me testando. Era isso o que eles faziam, não?!

Sem tempo para responder, apenas levantei-me — à contragosto — e o segui. No entanto, deixar de fitar Peter era uma das minhas maiores dificuldades. Ele, definitivamente, não tinha nada que eu gostasse em um homem, mas ainda assim, tinha totalmente a minha atenção. Num súbito momento, perdi-me completamente no espaço e apenas segui o mais alto até o interior — ou a ala reservada para funcionários — onde as estrelas do espetáculo estariam.

Um camarim gigantesco, porém, com proporções menores que o saguão e todo o restante da casa. Ainda assim, as virtudes de se estar em um camarim como aqueles, poderiam ser relevantes. O grande impasse era que havia apenas um camarim para cerca de 50 artistas, incluindo dançarinos e cantores. As mesas eram juntas umas das outras e havia sempre muita correria de um lado para o outro. As luzes brancas contemplavam a iluminação do cenário. Era possível ver as estantes de roupas, os cabides e os demais apetrechos, parte dos inúmeros figurinos ali contidos. Aquilo sim que eu poderia considerar um grande investimento, mesmo que eu imaginasse uma diferenciação entre os camarins.

Parecia que eu fosse algum tipo de atração principal, pois onde quer que eu fosse ali dentro, os artistas me encaravam e cochichavam. Nada diziam, mas sabia que estivessem pensando alguma coisa ao meu respeito. Algo que eu não sabia o que fosse. E preferia não imaginar. Seguimos pelos espaços desocupados e ele continuava com suas apresentações singelas:

— Aqui é onde ficam nossos dançarinos e todos os figurinos. Precisávamos de um lugar mais amplo e com mais estrutura. Então, quando você estrear, será nesse novo camarim que é novo, inclusive. Não tem uma semana. — Ele sorriu e fitou de soslaio. — Mas já está uma bagunça. — Completou enfadonho.

Em uma das portinhas enfeitadas com plumas cor-de-rosa-choque, uma mulher adentrava depressa, batendo a porta com força e desaparecendo de nossa visão. Fitei Sean e ele parecia sem graça. Pude ler seus pensamentos: deveria ser extremamente difícil lidar com egocêntricos que pensavam ser os donos do mundo. E lá estávamos nós indo para o caminho proibido — literalmente. Se bem conhecia os humores de certos “artistas”, sabia que aquilo seria um tanto quanto desafiador. Mas ele não via isso como um impasse, apenas como um obstáculo minúsculo para ultrapassarmos.

E abriu a porta após empurrar a maçaneta duma só vez para baixo antes de dar alguns toques, anunciando nosso avanço.

Isabella estava mais sexy do que nunca. Senti inveja, devo confessar. E ciúme, muito ciúme. Não deveria, mas eu senti. Na verdade, sequer deveria estar mencionando isso. Poderia apenas reparar (e me morder) em suas roupas que delineavam as curvas de seu corpo enxuto. Ela era tão magra que nem peito tinha. Precisava de um acompanhamento justo de bojos para empinar o pouco par de seus que possuía, mas isso era o de menos. Tinha curvas e mais parecia uma modelo, se não fosse a ausência de sua alta estatura. Os cabelos castanhos e ondulados por algum cabeleireiro profissional, destacava o visual também pin up que apresentaria em cima dos palcos. Eu só não sabia o que aquela maluca estava fazendo ali. Suas unhas eram grandes e muito bem-feitas, não pude deixar de espiar também.

Como posso reparar tanto assim?

Talvez eu só estivesse com inveja dela. Talvez.

A maquiagem carregada, os lábios bem desenhados, a camisola transparente que deixava à mostra os lingeries minúsculos, eram chamativos e até mesmo Sean tentava não demonstrar quão atraído estava por aquela... Fulana. Torci o bico. Definitivamente, ela era uma mulher atraente.

Insuportável, mas atraente.

Bem retardada, mas atraente.

Implicante, cretina, filha da puta e desgraçada. Mas atraente.

Medindo-me com os olhos, não era a pessoa mais simpática do mundo — como muitos funcionários daquele lugar — e pouco se surpreendeu quando me via. O que era estranho.

— Essa é Cindy.

— Eu sei quem ela é. — Respondeu grosseira e virou-se de costas, sentando em sua cadeira e fitando o espelho enquanto se ajeitava, retocando a maquiagem. — O que ela faz aqui?

Usava Sean como o intermediário. Vadia.

— Amanhã fará audição conosco.

Isabella deu risada de forma irônica e me fitou pelo reflexo do espelho.

— E ela está conhecendo a casa por motivos de....?

— Matt tem certo apreço pelos talentos dela.

Isabella novamente riu.

— Desculpe-me. — Resolvi interrompê-la. — Gostaria de saber o motivo da graça, assim eu posso rir junto. — Fui tão irônica quanto e ela deu risada, mexendo os ombros.

— Seus talentos são bem notórios. — Mediu-me novamente com os olhos, dessa vez, fitando-me por sobre os ombros. — Certamente Matt usará tudo isso. — Virou-se por completo enquanto colocava os brincos.

— Só um instante. — Dizia Sean ao sentir o celular vibrando e nos deixando a sós naquele camarim. — Seja legal com a moça, Krystal! — Eu quis ir atrás, se não fosse a sua orientação para que eu lhe aguardasse.

— Eu não fui atrás dele, só para deixar bem claro.

— Tanto faz, meu bem. Mas não pense você que ele viu apenas “talentos artísticos”. — Gesticulou dando ênfase nas duas últimas palavras. — Conheço vários lugares onde as nossas dançarinas são descobertas e eu sei bem que o Cheetah’s não é um lugar propício para... — Pigarreou. — .... Esse tipo de descoberta. A não ser que ele esteja interessado em seus serviços particulares.

— Eu não sou uma prostituta.

— A quem você quer enganar? — Arqueou umas das sobrancelhas e desferiu o sorriso mais hipócrita que eu já vi em toda a minha vida.

— Eu vou passar nessa audição e vou fazer você engolir cada palavra. — Ameacei, ela continuou sorrindo debochada.

— Não duvido que virá para cá. — Deu de ombros e virou novamente para o espelho. — Mas me fazer engolir as palavras é bem difícil.

Poupei-me em lhe responder e quando vi, já girava os calcanhares e caía fora daquele ambiente pesado que somente ela era capaz de carrega-lo.

Estava irritada e, ao mesmo tempo, até levava em consideração o que aquela biscate disse. Talvez ela tivesse razão, afinal de contas, aquele homem sequer me conhecia e estava me oferecendo o emprego — em que participarei de uma audição — quase certo. Saí de lá o mais rápido que pude e apertei os passos. Nervosa, cheia de ódio e soltando fogos pelas ventas, fechei o punho. Bem que eu poderia voltar e sentar a mão em sua face, mas não. Não lhe daria este gostinho. Minha vingança seria de outra forma e não tão previsível quanto aquela.

Vagando pelos corredores em direção à plateia para ver o show — que ainda nem havia começado —, esbarrava-me com força em alguém repentinamente. Meu corpo fora lançado para trás com o baque, mas devido as mãos que me seguravam, não caí. Por pura sorte. Ao elevar o olhar, nem precisei de muito para identifica-lo. Através da cigana em seu braço, reconheci Peter, mas mal pude conter a respiração que se alterava de imediato.

Desde quando eu me sentia daquele jeito quando ele aparecia?

Me sentia uma garota de 16 anos apaixonada pelo garoto mais requisitado do colégio. E ele, definitivamente, não se encaixava nesse perfil, mas para mim...

— Cindy? — Perguntou tão surpreso quanto imaginei que estaria ao me descobrir ali. — O que faz aqui? — Era de praxe que ele fosse me questionar e logo se desprendeu de mim. Eu fiz o mesmo e me afastei, mas ele continuou perto e me encarando curioso.

— Nada, eu só...

— Não vai me dizer que tá me perseguindo? — Brincou. E por mais que fosse apenas divertido, deixou exposto aquele maldito sorriso maroto no cantinho do lábio, conjunção com o olhar ingênuo que ele tinha, mas que não enganava ninguém. Eu o fuzilei com os olhos. Aquilo era ridículo. No entanto, Peter estava apenas contando vantagem. — Afinal de contas, o que você faria aqui?

— Idiota. — Revirei os olhos. — Fui convidada para participar de uma audição.

— Aqui não é uma Stripclub. — Informou espontâneo, mas imediatamente minha mão voava em seu rosto, acertando em cheio.

— Mais respeito! — Arqueei a sobrancelha e apontei o dedo indicador em sua face enquanto ele mesmo acariciava o lado lesado.

— Tá ficando louca? — Perguntou irritado.

— Eu trabalho como Stripper, e não, não SOU uma stripper. Eu sou uma cantora!

— Eu não falei por mal, maluca! — Franziu o cenho. — Apenas disse o óbvio. Pensei que strippers só trabalhavam como...

— Prostituta?

— Você quem tá falando.

— E você deveria estar limpando privada!

— Epa... — Estendeu as mãos para os lados, implicante e arqueou as sobrancelhas enquanto debochava da minha ofensa. — Algo contra negros?

— Negros? — Juntei as sobrancelhas com o comentário e ri. — Desde quando você é negro? — Neguei com a cabeça.

— Branco que eu não sou.

— Não tenho preconceito contra negros. — Disparei. — Tenho CONCEITO contra latinos. Na verdade, contra qualquer babaca que pensa que pode me ofender.

— E o que você fez agora? — Se aproximou, eu dei um passado para trás, mas foi totalmente em vão. — Muito gentil você. Se não tivesse louca por mim, eu levaria isso como um insulto.

— Louca por você? — Ri. — Tá se achando, hein?

— Tenho meus motivos.

— Por exemplo? — Toquei seu peito, mas intencionalmente para empurrá-lo. No entanto, não surtiu efeito. — Quem fica correndo atrás de mim como um cachorrinho — diminuí nossa distância e cruzei os braços na tentativa de intimidá-lo — é você, não eu.

— Não é o que parece.  — Continuou massageando o rosto e me encarando. — Tá com medo de quê? Que o Shakespeare veja a gente aqui?

— Medo? — Novamente eu ri, mas irônica. — Não sei o que é isso. E muito menos esse Shakespeare.

— Ué, por quê? Terminaram?

Balancei a cabeça, negando a afirmação. Ele demonstrou curiosidade ainda.

— A gente só não dava mais... — Balancei novamente a cabeça em contestação. — Ei, isso não é da sua conta. Aliás, você quem deveria estar com medo. Sua noivinha pode aparecer a qualquer instante. — Permaneci de braços cruzados. — Já não basta o namoradinho dela ter....

— Consegue ser mais discreta? — Fitou para os lados enquanto via pessoas passando. — Não estamos sozinhos! — Me repreendeu. Eu ri.

— Agora quer discrição, né? Você é mesmo um cachorro. — Me afastei.

— Ainda não me disse o que tá fazendo aqui...

— Desde quando eu te devo satisfações? — Ele riu e negou com a cabeça.

Não respondeu de imediato, mas se aproximou efusivo, sem noção de espaço e encurtou qualquer lacuna presente.

— Precisa mesmo que eu responda?

— Sim. — Enfrentei e o desafiei.

Em resposta, ele tombou a cabeça para trás, fechou os olhos e soltou a risada mais gostosa e pesada que eu já escutei vinda dele. Até parecia manjado, mas era esse o seu jeito. Malandro, voltou os olhos para mim, desta vez o desafio voltou e, então, retrucou.

— Você pensa que me engana? Todas aquelas desculpas “ah, é meu primo” ou “ele estava me ajudando” podem ter convencido os trouxas, mas não a mim. — Aproximou-se mais um pouco e eu continuei onde estava. — Eu vejo o jeito que você olha pra mim. Principalmente lá em cima. Escolheu um canto reservado pra ninguém descobrir que você tava, discretamente, toda abobalhada me filmando.

Agora eu dava risada. Não sabia se ria de vergonha ou se disfarçava que aquilo tudo só podia ser um tremendo absurdo.

— Por que você não volta pro palco e me espera? — Arqueei as sobrancelhas. — Mas espera sentado, queridinho. — Aproximou-me mais um pouco e, próxima dos seus lábios, balbuciei: — Pra não se cansar. — Afastei procurando minha saída e ele, novamente entrava em minha frente.

— Onde vai?

Revirei os olhos.

— Você é assim com todo mundo ou gosta de ser chato especialmente comigo? — Fuzilei-o com os olhos.

Ele continuou sorrindo.

— Somos primos. — Deu de ombros. — Essa é a minha função especialmente contigo, prima.

— Não viaja.

— Você quem inventou a história, agora aguenta.

Tentei desviar e ele insistiu em me empacar.

— Caralho, como você é chato! Preciso ir embora! Vou trabalhar... Aliás, você sabe o que é isso? — Franzi o cenho, rabugenta. — Você não tem nada pra fazer não? Pra se preocupar....

— Tenho. — Deu de ombros. — Quer vir junto?

— Sonha. — Desviei finalmente e ele apenas me acompanhou com os olhos.

— Você disse que é cantora! — Exclamou e eu interrompi meus passos. — Mostra pra mim.

Girei os calcanhares e o fitei por sobre o ombro.

— Você viu no Cheetah’s.

— Não estava muito concentrado na sua voz. — Disse baixinho assim que voltava a se aproximar.

— Eu tenho pena da Isabella, sabia?

— Por quê?

— Nem ela você respeita.

— Você me vê fazendo isso com outra pessoa?

Dei de ombros.

— Não vem com essa de “somos primos, nós podemos”, porque não cola.

— Claro que sim. Sabe por quê?

Bufei.

— Hum....

— Amor de primo, — dizia ele cheio de graça — não morre nunca.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...