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História Infatuation: Luxúria - Mentiras reais


Escrita por: robbielegacy

Notas do Autor


Oiiiiiii!
Desculpem a demora, minha gente. Eu ia postar o capítulo de ontem, hoje, mas me distraí escrevendo uma parte importantíssima do prefácio (capítulo anterior ao primeiro) + uma passagem que também pretendo postá-la. Ontem mesmo, eu atualizei o primeiro capítulo e inseri uma cena importantíssima. Gostaria que dessem uma olhada lá. Está logo no começo, não vai interferir em nada, apenas incluí mais uma parte. Deem uma olhada e me digam o que acham. []
É o primeiro capítulo, recomeço.
Como prometido, mais um capítulo.
Boa leitura, meus amores. <3
Obs.: Antes que eu me esqueça, estou criando um site para a fanfic. Lá postarei informações, novidades, matérias sobre temas diversos e alguns textos de minha autoria. O que acham?

Capítulo 24 - Mentiras reais


Fanfic / Fanfiction Infatuation: Luxúria - Mentiras reais

Tudo estava do jeito que eu havia deixado. Se bem que não percebi qualquer diferença quando deixei o apartamento. Não fosse o cheiro de tinta fresca do corredor, talvez não tivesse notado nada demais. Ou a mudança das coisas de Dolores — aquela velha que não suportava nenhum tipo de agitação e já saia para reclamar. Mesmo com os olhos vermelhos e inchados do tanto que havia chorado, pude notar a pequena movimentação dos homens que levavam as suas coisas. Me atentei por um momento, estranhando aquela entrada e saída de rapazes. Tão tarde e, mesmo assim, em serviço.

Ou eu era a única que gostava de ser vagabunda?

— O que estão fazendo? — Cochichei para Peter ainda com a voz embargada de melancolia.

Ele, ao meu lado, apenas respondia discreto:

— Dolores morreu ontem à noite. — Eu engoli em seco. — Estão levando as coisas dela.

— Nossa! — Arregalei os olhos. — E os gatos dela?

— Sei lá. — Deu de ombros. — Acho que os parentes dela vieram buscar. Não os vi mais desde hoje cedo.

Mesmo que minha atenção fosse naquela pequena aglomeração, caminhei com Peter em direção ao seu apartamento. Meus olhos curiosos percorreram cada extensão do vasto corredor, mas não era por acaso que parava na porta de Angelica. Engoli em seco e senti remorso por tudo o que aquela vagabunda me fez passar. No fundo, eu esperava um verdadeiro pedido de desculpa.

Entramos em sua humilde residência e estranhei a organização, mesmo com os móveis em não tão bons estados. Não era um espaço luxuoso, mas também não era, de um todo, feio. Apesar dos pesares, tinha lá suas vantagens. Nenhuma novidade, mas havia me esquecido de como era.

— Se você precisar ligar pra alguém... — Dizia ele após fechar a porta e jogar a chave sobre o balcão da cozinha. Seu apartamento também era uma kitnet, mas que dava impressão de ser maior do que a que eu vivia com Angel.

Eu neguei com a cabeça que permanecia cabisbaixa, envergonhada e com uma vontade imensa de chorar. Mas não me permitiria chorar ali, não na frente dele novamente.

— Não é o fim do mundo, Cindy. — Contornou o balcão, mas não se aproximou de mim. Ele era mais frio em relação a sentimentos, muito embora seu jeito empático estivesse ali, pronto para me confortar caso eu precisasse. — Não disse que ia fazer uma audição na Flamingo? — Abriu a geladeira e retirou de lá duas garrafas de cerveja, mas eu neguei com a cabeça assim que me ofereceu. — Refrigerante?

— Água. — Respondi após pensar um pouco.

— Eu vou pegar alguma coisa pra você vestir...

— Não precisa! Eu vou esperar a Eva chegar....

— E enquanto isso vai molhar o chão? — Fitou-me irônico. — Você tá ensopada. E eu também não fico atrás. — Deu de ombros e partiu em direção às escadas. — Já volto.

xxx

Vesti uma calça que ele escolheu e, sinceramente, não era uma das melhores: vestiu-me bem, não fosse a barra que cobria meus pés. Não que Isabella fosse a mulher mais alta do mundo — mesmo porque, ela não era —, mas via-se de longe que tínhamos muitas diferenças e, uma delas, era o tamanho. A blusa que me deu, entretanto, nem ele mesmo sabia se era dele ou dela, mas não questionou, afinal de contas: cavalo dado não se olha os dentes, já dizia minha mãe. Por fim, os cabelos continuavam molhados, mas nada do que uma toalha não pudesse secá-lo. Permitiu-me que eu tomasse um banho quente e ele fez o mesmo logo em seguida. Assustei-me, entretanto, por ser tão solidário àquele ponto. Poderia ser um cachorro, mas sabia respeitar os limites — por mais incrível e inacreditável que aquilo fosse.

Já ele não precisou de muita coisa: vestiu uma calça de moletom qualquer, uma regata qualquer e já estava bem. Enquanto eu estava preocupada com a minha aparência, ele pouco se importou.

Homens sendo homens.

Enquanto eu estava sentada no banco do balcão, ele preparava alguma coisa para comer, algo que sequer me importei. Vasculhei as fotos do álbum que ele havia mencionado e até me assustei: ele tinha razão. Ou eu tinha razão. Era impossível saber ao certo.

— Que legal! — Beberiquei um pouco d’água e permaneci vidrada no álbum de fotos. — Não entendo como minhas mentiras se tornam reais. — Funguei. — Vou começar a contar que sou rica e empresária, de repente... — Eu ri e ele também, mas sequer me olhou. Ainda estava muito focado em seu prato.

— Pensei que quisesse ser cantora.

— É... — Suspirei profundamente e voltei a fitar o álbum. Lá estava meu pai em sua fase mais nova, talvez com seus 30 e alguma coisa. Não sabia ao certo. Os cabelos negros e lisos, ao contrário do pai de Peter que era, entretanto, a sua cara. — Você é a cara do seu pai.

— Todo mundo fala isso. — Suspirou e eu sorri. — Consegue se encontrar aí?

Eu neguei com a cabeça, mas logo meus olhos procuravam por alguma caricatura minha naquela foto com mais de 50 pessoas. Perguntava-me como conseguimos parar ali dentro e, surpreendentemente, lá estava eu: magrinha, pequenina, cabelos louros e com um rabo-de-cavalo. Um visual nem um pouco convencional. A franja era a única coisa bem-feita. Acabei rindo.

— Meu Deus! — Levei a mão à boca, surpreendi-me. — Impossível! Como eu não lembrava de você? — Franzi o cenho e estreitou os olhos assim que reconhecia Peter, ainda de Black Power, mas totalmente diferente do Peter atual. — Eu acho que lembro desse dia... — Ele passou ao meu lado e via comigo as fotos. — ... Você era aquele menino implicante que ficava se aparecendo, né? — Fitei-o de sobrolho.

— Não, aquele era meu irmão. — Apontou para o menino ao meu lado, gordinho e duas vezes maior do que eu era. — Não confunda. Eu e meu irmão não somos tão iguais assim. — Parei e refleti.

Ora olhava para ele, ora para a foto e fazia comparações várias e várias vezes.

— Vocês se parecem sim. Mas você de hoje e você de.... Sei lá... 9 anos atrás, não tem absolutamente NADA  a ver. — Eu ri. — Realmente, nunca ia te reconhecer.

— Mas reconheceu. — Deu de ombros.

— Esse mundo é mesmo pequeno, não? — Ele sorriu e me fitou diretamente aos olhos. Ficamos daquela forma por alguns instantes até eu resolver desviar o olhar e voltar para o álbum e bebericar um pouco minha água. — Eu lembro que nesse dia, alguém colocou uma aranha morta no meu prato...

— Esse sim fui eu. — E orgulhou-se do feito.

— Ah, cretino! Eu nunca chorei tanto e fiquei com tanto NOJO na minha vida. — Nós rimos.

— Era legal encher seu saco. Foi só uma vez. Acho que nunca perturbei tanto uma garota quanto eu perturbava você.

— Mas foi só um dia....

— Não, essas fotos que você tá vendo, são de uma semana.

— Em Porto Rico, não? — Ele fez que sim com a cabeça. — Você vai me desculpar, mas já até morei no Japão, se você quer saber...

— Ué, por quê?

— Meu pai era....

— Militar, né?

Eu assenti.

— Eu sei disso... Meu pai comentou algo. Mas nunca mais se falaram... Parece que seu pai...

Fechei o álbum e entreguei-o. Queria colocar um ponto final naquele assunto.

— Não lembrava como tudo começou... Até você refrescar a minha mente.

— Como assim?

— As agressões.... — Engoli em seco. — ... Meu pai... Enfim...

— Ah.... — Arqueou a sobrancelha e me fitou. — Sinto muito por isso.

— Tudo bem. — Dei de ombros. — Faz muito tempo isso.

— Seu pai era muito violento assim?

— Era.

— Sinto muito se esse assunto te incomoda.

— Não me incomoda mais. — Fiz uma breve pausa. — Só não gosto de ficar lembrando, sei lá. É um passado que eu tento esquecer.

— Sei... Segredos sobre a vida!

— Pois é. — Suspirei e o fitei por sobre o ombro enquanto o via voltar para o fogão e terminar aquilo que ele estava cozinhando. — Você sabe como ele é...

— Imagino. Tive pouco contato com teu pai, mas o que meu pai disse foi o suficiente pra eu ficar com medo.

— Basicamente isso. — Comprimi os lábios. — Dois meses após a visita em Porto Rico, meus pais se divorciaram e, acredite, não foi de uma forma muito amigável. Então....

— Seu pai e o meu nunca mais se falaram.

— Por quê?

— Pelo jeito, — fitou-me por sobre o ombro também — nem você e ele.

— Evito qualquer tipo de contato com ele.

— Ué. Mas ele continua sendo seu pai.

— Não depois do que ele fez! — Rebati.

— E o que ele fez?

— Vamos mudar de assunto?

— Não. — Virou-se para mim e me afrontou. — Agora eu quero saber. Tenho o direito.

— Direito de quê? — Eu ri sarcástica.

— Sou seu primo.

— Meio-primo. E descobrimos isso há pouco tempo.

— Seu pai é irmão do meu pai....

— Meio-irmão.

— Continua sendo parente.

— Mas não tem nada a ver uma coisa com a outra.

Ele revirou os olhos e bufou.

— Meu pai era um homem complicado. — Elevei a manga de minha blusa e mostrei a ele cicatrizes em meu cotovelo, explicando: — Foi responsável por ter feito isso quando disse que eu estava fazendo muito “barulho” e ele queria apenas “descansar”. — Encarei-o. — Satisfeito?

— Não totalmente.

Agora era eu quem revirava os olhos e bufava.

— Vem cá, não vou causar mais problemas pra você ao ficar aqui?

— Por quê?

— Ué... Seu apartamento com a tal da Krystal...

— Meu apartamento. — Frisou. — Ela não tem nada a ver com o meu cafofo. — Disse raivoso.

— Ih, foi mal.

— Relaxa.

— Pelo jeito, já era.

— Tanto faz. — Deu de ombros e as costas.

— Há quanto tempo estavam juntos?

— Quer mesmo falar disso?

— Sim! Você me fez lembrar do meu pai, agora é sua vez de mexer na sua cicatriz, priminho. — Provoquei.

Ele me fuzilou com os olhos, mas logo voltou sua atenção para a panela, já terminando a sua gororoba.

— Seis... — Antes de terminar de me responder, Peter não baixava o fogo e incendiava a panela. Com o susto, ele se afastou, desligando o botão logo em seguida.

Contornei o balcão e corri em direção ao fogão, certificando-me de que tudo estava bem. Mas, pelo jeito, Peter e cozinha na mesma frase, era algo que não combinava.

— O que tá tentando fazer?

— Panqueca... — Coçou os olhos e deixou algumas lágrimas caírem, mas devido a temperatura alta que tocava seu rosto outrora. Apenas uma vermelhidão, mas nada preocupante. Aproximei-me de si e toquei seu rosto com um pano úmido, a fim de limpá-lo, por conseguinte.

— Não se mexe! — Segurei a sua jugular e apertei os dedos em seu maxilar, forçando-o a ficar quieto enquanto passava o pano em seus olhos. — Você quase incendiou tudo aqui! Tem que ter mais cuidado. — Fitei-o aos olhos logo em seguida e ele retribuiu, mesmo com os orbes vermelhos, como quem havia acabado de fumar alguma coisa.

— Vou começar a não ter mais cuidado sempre que tiver por perto, assim tenho essa atenção especial só pra mim. — Tocou a minha cintura e puxou-me para mais perto, colando nossos corpos em seguida. Imediatamente, apoiei minhas mãos em seu peito, travando qualquer outro avanço efusivo de sua parte.

— Peter, me solta! — Mandei, mas ele, como sempre, não me escutava e me prendia em suas pernas. Não sabia, mas ele conseguia assim que se apoiava na pia e tinha todo o suporte para me manter ali colada a ele.

— Sabe um remédio infalível pra início de cegueira? — Disse atrevido, descarado e sem um pingo de vergonha na cara. — Um beijo. Na boca e de língua.

— Peter, me solta! — Insisti ao tentar empurrá-lo, mas era impossível.

— É só você falar sim ou não. Aí eu te libero.

— Você só pode tá de brincadeira, né?! — Me irritei e o empurrei em seguida, mas sem força alguma. Vendo que não tinha mais alternativas, tentei entrar no seu jogo e acalmei-me.

— Viu, a gente pode se entender sem precisar de gritaria. Não suporto barraco.

Eu apenas sorri, laceei meus braços e deslizei as mãos que estavam em seu peito, até a nuca. Subi as falanges dentre seus caracóis e enrolei-as, tomando parcialmente suas madeixas para mim.

— Sabe quando eu vou fazer as suas vontades, primo? — Sussurrei em sua orelha e permitia colar meu corpo contra o dele. — Nunca. — E me afastei quando via oportunidade.

No entanto, quando pensei que estava livre, Peter agarrava-me pelo antebraço e bruscamente me puxava para si, eliminando qualquer distância entre nós. Antes de partir para o ataque, ele sibilava:

Nunca é muito tempo. — Tão depressa, colou os lábios aos meus, sedento e cheio de vontade. E já era sem tempo. Sem qualquer pudor, sua mão segurava minha nuca enquanto a outra prendia a minha cintura, certo de que eu não fosse fugir. E não iria para lugar algum, afinal de contas, não havia escapatória, muito menos qualquer vão. Estava presa em seus braços e de lá seria difícil de me libertar.

Mas no fundo, bem no fundo, eu não queria mesmo.

Seu beijo apertava nossos lábios, sugava a minha língua e me fazia sentir aquilo que estava, há muito tempo, adormecido. Não que eu estivesse com medo, mas qualquer sentimento intenso, me fazia querer correr. E eu quis, quis sair de lá e nunca mais voltar. Em contrapartida, uma grande parte de mim queria continuar e acabar com toda aquela tensão que existia entre nós. Deveríamos acabar com aquilo de uma vez por todas.

E foi, então, que eu cedi.

Quando percebia o que estava prestes a fazer, separava-me imediatamente, desprendendo não somente nossos corpos, mas desencaixando nossos lábios em seguida.

Arregalei os olhos e senti-me usada. Então, foi para isso que aquele filho da puta me chamou para a casa dele? Compaixão era o caralho! Peter queria mesmo era me comer! Que desgraçado.

Minha mão estalou em seu rosto com tanta força que pude ver a marca dos meus dedos ali, mesmo Peter não tendo a cor clara da pele, mesmo permanecendo encostado na pia. Seu corpo pendeu para o lado e ele parecia que ia desmontar. Eu não me importei e gritei:

— Nunca mais faça isso! Nunca! — Explodi. — Me trouxe pra cá pra isso? Idiota! — Exclamei, mas ele não elevava seu corpo e continuava tampando o rosto. Idiota que só, me preocupei. — O que houve? — Voltei atrás, arrependida do que havia feito. — Te machuquei? — Toquei seu ombro e tentei puxar sua mão. Foi então que ele elevou o rosto e semicerrou os olhos castanhos com um sorriso maroto nos lábios.

— Tapa de amor não dói. — Brincou e riu. Eu me afastei imediatamente.

— BABACA! — Empurrei-o fervorosa e esbravejei: — NUNCA MAIS vou falar contigo, Peter! NUNCA MAIS! — E me afastei. Ele vinha atrás e tentava me tocar, mas eu o empurrava e rebatia suas mãos com tapas e tentativas falhas de soco. Sem muita sorte, ele me encostava na parede, impedindo-me de ir embora.



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