1. Spirit Fanfics >
  2. Infatuation: Luxúria >
  3. Declínio

História Infatuation: Luxúria - Declínio


Escrita por: robbielegacy

Notas do Autor


Olá, pitchulinhas da minha vida!
Andei um pouco sumida, é verdade. Não tô conseguindo encontrar tempo para escrever, mas nesse FDS vou adiantar o que eu puder. E bem, preciso entrar para a reta final dessa fic. Espero que estejam apreciando a leitura, viu?!
Obs.: Desse capítulo até a reta final, ainda tem chão, viu?!

Capítulo 46 - Declínio


A composição das pequenas ondulações do âmbito que mantinha meu corpo aninhado e levemente aquecido, me agradava e até mesmo minha posição, oriunda de dobradiças e respiração constante, não tinha o que reclamar: aquela cama era, definitivamente, o verdadeiro paraíso. A sensação de mal-estar estava passando, Peter tinha razão quanto ao remédio. O grande problema mesmo era que havia tanto tempo que não tomava um gole de álcool que minha tolerância se tornou equivalente a zero — ou menos dez. Estava longe de mim e talvez, quem sabe, regressando àquela atmosfera pausadamente, em uma velocidade inexplicável. Não senti, entretanto, meu corpo caindo como a maioria das vezes que escutava o despertador — enquanto ainda trabalhava como garçonete há alguns anos. Por outro lado, o som de um dedilhado melódico de algum instrumento, parecia entrar cuidadosamente àquele estado anterior ao meu desperto. Não queria acordar nunca mais. Muitas vezes dormia atenta a tudo: aos ruídos, ao que não escutava ou o que estava prestes a escutar.

É incrível como a mente da gente prega peças e faz acreditar em coisas surreais.

Mas aquilo era muito real e tinha um gosto adocicado como toda e qualquer nostalgia. Arrepiou desde a espinha ao pelos mais impossíveis de toda a extensão do meu corpo (pequeno). As luzes indicavam uma manhã agradável cujo sol estava prestes a explodir naquela cidade que nunca dormia. Senti isso, inclusive, pelos raios solares em meu rosto, clareando os olhos pequeninos devido àquela preguiça impregnada em mim — como tatuagem.

Acordar com música era tão mais agradável do que um despertador gritando no meu ouvido. Mas, mesmo de olhos abertos, disposta a sair de lá, meu coração disparou quando vinha-me a mente de que havia me esquecido de algo. Que dia era aquele? O que aconteceu? Por que ainda continuava ali?

Num salto de súbito, abandonei a cama, busquei pelo meu celular, mas sequer o achei de imediato: encontrei-o, entretanto, sobre o cesto de roupas sujas e quase não acreditei quando ainda permanecia com aquela mesma camisa que Peter havia me emprestado enquanto estávamos em sua casa.  Continuei a escutar a música e não era de uma rádio, mas sim de alguém tocando ali dentro de casa. Quem? Eu não tinha nenhum violão (ainda). Talvez havia deixado o rádio ligado — porém, nem sequer me lembrava quando liguei.

Sem qualquer precaução e com muita sede ao pote, voei para a sala. Só não me surpreendi quando pegara no flagra Peter com seu violão no colo, novamente compondo alguma coisa. E eu, pra variar, uma mistura de perplexidade, euforia e encanto, estática como alguém que interrompia uma verdadeira criação de uma incrível obra de arte.

Opa.

Seu olhar já estava aceso e até arqueou a sobrancelha grossa por fazer, queimando em mim. Me incriminava com os olhos, mas contemplava-me da mesma forma de modo que seus grandes e profundos olhos castanhos escuros percorriam meu corpo. Senti-me devorada, porém não era hora para tentações — muito embora estivesse a ponto de esquecer até o meu nome. Engoli em seco ainda com o celular em mãos, pronta para interroga-lo.

E foi o que eu fiz:

— O que faz aqui? Que horas são? Que dia é?

Ele suspirou, já estava tirando o cigarro do bolso quando o impedi ao apontar a mão para que não o fizesse.

Enrolou a bituca em seus dedos, mas logo respondeu:

— Não me diga que o remédio te fez perder a memória? Você apagou.

— E me deixou dormir tudo isso? — Em resposta, apenas juntou os ombros.

— Se não tivesse me deixado falar sozinho... Poderia ter sido diferente.

— Meu Deus! — Exclamei assustada e até levei as mãos à boca. — Flamingos! EU TINHA ENSAIO HOJE! Aliás, ontem. Por que não me acordou? Meu Deus, meu Deus, meus!

Sem responder, Peter apenas colocou o violão de lado com toda a maestria e delicadeza que tinha, puxou o controle da televisão e a ligou justamente no noticiário do jornal da tarde. Sim, para o meu tamanho desespero falavam sobre uma morte que eu não entendia muito bem. Mesmo com os olhos pequenos de tanto sono e uma ressaca que parecia nunca ter um fim, acabei por tomando conta do lado de Peter, no sofá. Ele me fitou, mas não era meu interesse sentir os seus olhos queimando em meu rosto todo cheio de sinais de uma doença não identificada.

Que seja!

As imagens não eram coerentes e até mesmo o letreiro com informações precisas estavam claras para mim. O que aquilo queria dizer, afinal?

— O que é isso? — Reconheci perfeitamente a entrada da Flamingo, mas sem qualquer glamour, afinal de contas, as luzes estavam apagadas devido ao dia que se encontrava. Por outro lado, cenas simbólicas surgiam com todo o glamour que a casa proporcionava. E aí sim, a polícia, perícia e ambulância rondando o local. Arqueei as sobrancelhas com tamanha curiosidade, mas Peter ainda não respondia.

Aguardou um pouco para que eu raciocinasse direito, porém nem precisou me responder:

“Morre, aos 39 anos, o músico 2AM. O rapper foi encontrado morto em seu carro, no estacionamento da famosa casa Burlesca Flamingo, em Las Vegas. A polícia, que investigava as causas da morte do artista, alega ter sido suicídio. Encontrado no banco de passageiro, morreu devido à intoxicação da fumaça que seu carro expelia. A perícia afirma que a tentativa de suicídio de 2AM foi recuada pelo mesmo, mas já era tarde demais.

O agente disse que ele estava enfrentando os vícios em drogas e bebidas há quase dois anos. Na semana passada, o avião em que 2AM estava, foi encontrado cocaína e garrafas de álcool em quantidades relevantes para o seu próprio consumo, além de ter se envolvido em escândalos com prostitutas, colocando o seu casamento com Janine em risco. ”

Fitei Peter de soslaio, mas já sabia perfeitamente o que aquilo significava.

— Flamingos está fechada durante essa semana justamente por conta desse acidente. — Deu de ombros e até massageou a própria nuca. — Por isso não te acordei.

— Como ficou sabendo disso?

— Me ligaram. — Pigarreou. Aí sim eu estranhei.

— Quem te ligou? Como você sabia disso? Aliás, você sabia disso?

— Não, tá louca? — Irritou-se. — Phill me ligou. Foi só isso.

Notei em seu semblante que havia algo de errado. Estava desanimado — muito desanimado com a notícia. Não parecia aquele Peter que acordava sorridente independente do momento ou circunstância. Aquilo sim era preocupante.

— Você o conhecia?

 Tomando o violão para si, mas com o intuito de guarda-lo, tomou cuidado com o seu instrumento. Estava divagando e não parecia querer papo. Encontrava-me curiosa mais do que o normal.

— Talvez sim.

— Como talvez sim? Me explica isso direito.

Levantou-se, tomou a capa que guardava seu instrumento e colocou em seus ombros antes de afastar-se. Levantei-me, por conseguinte.

— Ele era o cara que ia comprar nossas músicas. Minhas, do Phill e Kenji. Estávamos fechando a merda do contrato... Nós íamos fechar contrato com ele. — A sua indisposição era mil vezes maior que a minha. Li perfeitamente em seu semblante desanimado que as palavras proferidas pareciam ser empurradas, uma relutância descomunal de quem não queria comentar sobre aquilo.

Apenas pigarreei. Nunca gostei (ou consegui) agir naturalmente com alguém com uma cara de fracasso estampado no rosto.

Bom, sempre me coloquei em posição alheia. Assim, eu sabia o que fazer, pois baseava em mim e no que eu queria escutar quando encontrava-me em situação tão submissa quanto àquela. Ainda assim, preferia mil vezes estar discutindo a ter que entrar naquele assunto desagradável.

— Com certeza existem mais envolvidos. Não desanime. Se ele gostou do som de vocês, não duvido que tenha terceiros interessados em vocês. Você não pode ficar assim....

Relutante, Peter meneou a cabeça inúmeras vezes até responder alguma coisa:

— Acho que você não conhece muito bem a fama desse cara...

— Não... — Fiz que não com a cabeça também. — Não me interesso pela vida pessoal de ninguém, mas sim pelo trabalho que o artista executa.

Peter desferiu uma risada de escárnio, deixando-me veemente constrangida.

— Você é a única então.

— Não, existem milhares de pessoas que...

— Você é a exceção! — Disparou. — Se você realmente quer viver de arte, precisa conhecer o temperamento de quem você quer atingir. Ou pensa que todo mundo vai ser bondoso contigo? Te descartam como um objeto caso não supra a necessidade ou as expectativas!

— Caramba! — Exclamei. — Não precisa de tudo isso, não. Só estou tentando ser mais positiva do que você!

— E eu estou sendo realista. Francamente, Cindy, acha mesmo que sem ajuda de alguém influente, você vai conseguir alguma coisa? A não ser que alguém quebre o pé ou fique muito doente, você possa substituir, mas até isso acontecer, nunca se deve contar com a sorte.

Ficamos em silêncio e eu tentei digerir tudo o que estava sendo atacado em minha direção. Encaramo-nos, mas ainda mantive minha mão fixa na maçaneta, prestes a enxotá-lo de casa. Era inevitável não sentir meus olhos encherem-se de lágrimas: sou irrevogavelmente emocional e ele não estava colaborando com tamanhas palavras duras despejadas em mim. A voz sairia falha, eu sabia, mas ainda assim, tentei arriscar.

Todavia, ele voltava atrás:

— Olha, eu não quis te...

— É o que você pensa de mim, não é?

Ele engoliu em seco e fitou-me aos olhos. À essa altura, já estavam marejados.

— Pensar o que....

— Que eu sou uma substituta à espera de alguém pra suprir.

— Eu não disse isso.

— Mas quis dizer! — Rebati arisca.

— Não, Cindy! Não distorça o que eu disse, por favor. Além do mais, eu não seria a primeira pessoa a pensar isso.

— Pensar o quê?

Ele pigarreou e evitou me fitar. Logo elevou os orbes à minha altura.

— William é bastante influente, não?! Conseguiu um bom lugar para morar e...

Antes de terminar seus dizeres, minha mão voava em seu rosto, mas fora barrada com seu reflexo, impedindo-me de acertar-lhe em cheio. Fitávamo-nos como se nos desafiássemos através dos olhos.

— Me solta! — E repuxei a minha mão de volta.

— Se eu não te conhecesse, diria sim que você está dormindo com alguém para conseguir certos benefícios, mas eu te conheço e sei que..

— Peter, vai embora! — Escancarei a porta quase lhe enxotando.

— Não quis te ofender, eu sinto muito.

— Sente muito é o cacete! Vai embora!

De mãos ao alto, redentor, Peter cedeu, passou pela porta, mas não por completo. Voltou a girar pelos calcanhares e proferiu:

— Eu sinto....

— Não sou a porra de um saco de pancadas pra você descontar sua frustração em mim sempre que algo der errado! — Vociferei. Ele baixou a cabeça. — De todas as pessoas do mundo, — disse em lágrimas — eu sou aquela que mais torce por você. Desse jeito torto que não sabe dizer exatamente o que sente, mas sente algo inexplicável sempre que tá do seu lado. E é injusto você fazer isso comigo! — Mal conseguia fitá-lo aos olhos, já me sentia completamente submissa àquele sentimento irrefutável que me sufocava sempre que ele me vinha à mente. Soluçava, talvez por desespero, vergonha ou tudo isso junto e mais o fato de estar abrindo um coração calejado que sempre foi fechado. Ao contrário do que imaginei que ele faria, Peter simplesmente levou a mão canhota à minha nuca, puxando-me por perto de modo que nossos lábios entrassem ligeiramente em colisão. Havia muito mais do que vontade, desejo, tesão, alucinação. Era uma mistura grave de prazer e paixão: uma paixão pura que fugia de todo meu controle. Minha vida, que sempre fora friamente controlada, agora estava nas mãos dele — literalmente. Espalmei minhas garras em seu peito, tentei frear seus avanços, mas foi em vão: eu também queria que continuasse.

Aos murmúrios entre um beijo e outro, disparei:

— Para! — Insistente, ele não parava. — Vai. Embora! — Meu corpo dizia para que ele ficasse um pouco mais, continuasse um pouco mais, me beijasse um pouco mais, me possuísse um pouco mais.

Desta vez eu estava decidida e, sem pensar, empurrei-o determinada de que aquilo fosse acabar.

— Vai embora, vai!

Encarou-me.

Ele tentava se esquivar, sabia disso, pois seus lábios insistentemente negavam os comandos do próprio corpo, assim como o meu: eles queriam os meus e isso era tão recíproco quanto a velocidade das batidas do meu coração. Mas que droga! O que estava acontecendo comigo, afinal?! Nunca, em hipótese alguma sabia ou conseguia diferenciar tesão de paixão. Dificilmente revelava meus sentimentos, era mais fácil consentir o meu desprezo e desdém de alguém que não me fez bem — como Bruce, um ex-namorado meu de muito anos atrás —, mas ali, diante do precipício, eu não sabia se me atirava e acabava logo com aquilo, ou se lutava até vencer — ou morrer de vez. Peter era o leão que perseguia a presa, emboscando-me nas colinas do precipício em que sua altura era, de certo, imensurável. E o mais ardiloso de tudo isso era o fato que me cegava: eu estava amando a sensação viciante que ele me proporcionara. Mas sabia, sabia no fundo do meu coração, que aquilo era loucura. Talvez fosse por esse mísero motivo que era tão, mas tão gostoso assim.

Nossos lábios selaram-se novamente, de novo e de novo. Estalos e mais estalos entregavam quão fraca estava sendo ali diante daquele maldito latino. Em contrapartida, as batidas incessantes de seu coração eram músicas para os meus ouvidos.

Meu Deus!

— Por favor... — Insisti ofegante, mas já era tarde demais. Peter estava com minhas pernas ao redor de sua cintura, colando-me freneticamente contra a parede e descendo suas mãos em cavidades nunca presenciadas outrora. A cada investida de seus dedos arteiros por centímetros curvilíneos pelo meu corpo (com pouco mais de 1,56 de altura e 50kg), ondas de calor arrepiavam até mesmo pelos que eu nunca notara tamanha existência. Arrepios em lufadas de ar, seja de sua respiração quente ou da minha entrando em colisão à alheia, deixavam meu corpo ligeiramente aceso. Quando me dei por conta, já estava com a sua camisa em mãos, o zíper frontal daquela calça cafona que ele usava totalmente rebaixado, prestes a invadir locais ainda não tão bem acessados quanto desejara. E foi assim: uma luta imparável por prazer.

Contorcia-me como uma cobra destilando do próprio veneno e amava aquela sensação. Seus lábios molhados percorriam severamente por meu corpo, mas como se não fosse piorar, intercalava suas investidas com aqueles beijos carinhosos e ardilosos, incendiando o motor com a sua gasolina.

Tremia, buscava por ar, gemia. O desespero em se gozar e se fazer gozar, já estava tão longe de mim, que mal podia me controlar. Seus lábios estavam longe dos meus, mas contemplavam os inferiores como se degustasse a mais suculenta das refeições. E fazia isso com tanto prazer que eu mal conseguia me conter.

Arranhões, mais gemidos e sonoridades indecifráveis eram arqueadas e disparadas de nossos lábios, bem como murmúrios de alguma coisa inteligível.

Fugíamos do que a sociedade considerava como aceitável e ninguém precisava saber.

Mas eu gemia, gemia como se fosse o último dia de minha vida e desfrutava de todo o meu desprazer.

Quando pensei, enfim, que seria impossível, as pernas bamboleavam e a vontade incontrolável em se despejar aquela porção liquefeita de meu orgasmo, liberava-o, falecendo por completo.

Gozei pelo prazer que entorpecia minhas entranhas e escorria pelas minhas pernas da mesma forma que inflamava meu corpo; gozei pela ira devastadora que me camuflava e me expunha quase sem precedentes; gozei pela inércia de mim mesma diante do precipício; gozei pelo silêncio que se instalava em tais condições, mas que se camuflava dentre nossa respiração estonteante, condenando-nos de que havia muito mais do que um simples gozo.

Gozamos seguidas vezes e nos deleitamos continuamente de um orgasmo que era nosso e não havia como negar.

E eu, sem moral alguma para contestar, entreguei-me não somente a Peter, mas à sensação, ao desejo, ao desprazer e, sobretudo, àquela paixão devastadora que me bagunçava loucamente, sem a opção escapatória de encontrar o meu juízo.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...