História Infeliz coincidência - Infeliz, não tão infeliz mais assim

Faziam exatos três meses que ChanYeol tinha se mudado para a casa de BaekHyun. Estranhou muito a princípio dividir a cama com ele e, algumas vezes, com MiYong, tomar um café reforçado pela manhã e ter de levantar cedo aos sábados para levar o filho ao karatê. Era a vida que levava antes de sua mãe morrer, depois disso nunca mais soube o que era ser cuidado e ter tanta atenção. 

Não esperava levar uma vida de casal com o Byun, mas isso foi inevitável com a convivência. As primeiras semanas até conseguiu se controlar, mas logo os selinhos de manhã e antes de dormir se tornaram rotina, dormir de conchinha era uma regra ao se deitarem e sexo pelo menos umas três ou quatro vezes na semana. Além daquela vida diferente com BaekHyun, ainda tinha MiYong, o garoto realmente tinha o aceitado como pai, mesmo que as vezes ainda implicassem um com o outro como duas crianças, afirmava com toda certeza do mundo que a criança já tinha dominado seu coração. 

Estava parado em sua sala no novo prédio da empresa, tinha dobrado o valor e a produção, com isso precisavam de mais espaço para trabalhar, a sociedade não tinha apenas lhe trazido dinheiro, trouxe também algo que nunca pensou ter. 

Estava um pouco melancólico com seus pensamentos sobre sua vida, sempre fora tão vazia e solitária, tinha uma pseudo-felicidade com sexo fácil e muito dinheiro, mas agora que tinha poderia afirmar com certeza que trocaria todo seu império para ficar com BaekHyun e MiYong, até mesmo com DaeHyun que ultimamente se mostrava um ótimo amigo. 

Esse tipo de coisa vinha o perturbando nos últimos dias, seu pai havia ligado e perguntado se tinha mesmo tomado jeito na vida. Sentiu temor com aquela questão, mas era inevitável negar, tinha sim tomando um caminho diferente do esperado e mesmo sem responder, pela primeira vez teve uma recepção positiva de seu pai, alguém que sempre teve uma imagem carrasca e gananciosa. No final da conversa a última coisa que ouviu fez seus recentes dias se tornarem cheios de questões ao redor de BaekHyun. 

“O amor pode mudar as pessoas” 

Era inegável que já nutria um sentimento pelo rapaz mais baixo, apesar da boca dura e a personalidade difícil, BaekHyun era carinhoso, cuidadoso e atencioso consigo, sempre disposto a conversar sobre qualquer assunto, não gostava de levar trabalho para casa e aquilo agradava muito ao Park, lhe trazia a sensação de casa... de felicidade. 

Estava ponderando aquela hipótese há horas, não era um homem de negócios quando percebia o que sentia por BaekHyun, não era racional e logo após um telefonema decidiu que era hora de tomar um rumo em sua vida. 

Saiu poucos minutos antes do horário de almoço para despistar BaekHyun, rapidamente guiou seu carro para a escola de MiYong, pedindo a professora que o liberasse, já tinham resolvidos os papéis e era oficialmente pai do garoto, então a mulher não podia discutir e logo o caminho foi refeito. Estacionou bem em frente à entrada do prédio com um sorriso arteiro, estava feliz e sentindo a euforia de finalmente conseguir dar um passo significativo em sua vida que não se relacionasse a dinheiro. 

— APPA! — MiYong gritou animado ao ver BaekHyun sair do prédio. O rapaz se assustou com o grito, mas não demorou a entrar no veículo também, mesmo estranhando o fato de que o filho não estava na aula e ChanYeol ter aquele sorriso que considerava doentio desenhando seu rosto. 

— Ei, não me olhe assim, tenho certeza que vai gostar. — Disse firme e sorriu, ignorando todos os pedidos de explicação do mais baixo conforme guiava o carro para uma região bem afastada da cidade, haviam montanhas no caminho e uma densa floresta quando entraram em uma estradinha de terra, que dava a uma grande clareira entre as árvores. Havia uma casa enorme ali, com um belo jardim, piscina, vaga para alguns carros, uma enorme área recreativa para crianças. 

BaekHyun estranhou aquilo, estava escrito em sua testa o tamanho da dúvida, mas não relutou em seguir o Park a adentrar a casa, segurando a mão de MiYong que pulava alegre enquanto seguia o mesmo caminho dos pais em direção a um senhor sorridente e extremamente gentil. 

Por dentro, a estrutura da casa era ainda mais bonita, era aconchegante, com um lustroso piso de madeira, uma sala extensa e uma cozinha contínua ao cômodo, não tinha mobília alguma, mas não era difícil imaginar como ficaria bonita com uma boa decoração. 

O segundo andar parecia ainda mais confortável, a casa era grande, mas possuía apenas três quartos pelo extenso corredor, quartos largos e espaçosos, completamente o oposto de seu apartamento. Era realmente muito bonita e se tivesse com tempo com toda certeza compraria uma daquela. 

Quando o tour naquele lugar acabou pararam todos eles no jardim dos fundos para observar uma cachoeira calma que corria ali. Ainda estava sem entender absolutamente nada do que se passava. 

— Yongnnie, o que achou dessa casa, hm? — ChanYeol indagou sorridente ao filho, se ajoelhando para alcançar a altura do garoto. Ele definiria o caminho de sua decisão. 

— Gostei muito, dá pra montar um tatame na sala de tão grande que é e também posso ter mais cachorros, dá pra trazer meus amigos aqui. Vão comprar appa? — Era evidente a afobação e alegria da criança, aquilo foi o que precisava para finalmente explicar as coisas a BaekHyun. 

— Espere só um minutinho e eu te explico isso, hm?  — Sorriu ao menino e voltou a ficar de pé, desta vez de frente a BaekHyun que continuava sem entender absolutamente nada do que acontecia ali. — Primeiro vou falar algumas coisas antes de explicar, hm? — Pegou as mãos delicadas com todo cuidado do mundo, sentindo o coração saltar para fora do peito com o nervosismo, nunca pensou se sentir daquela forma. — Bom, eu nunca senti necessidade de querer criar uma família com alguém. Sei que começamos de um jeito bem errado, mas eu me redimi e estou disposto a suprir todo o tempo que te deixei sozinho com ele. Por isso, depois de muito pensar eu sinto que já passou da hora, não por ser meu dever, mas por eu querer isso com você. É bem confuso, mas esse tempo que estamos passando juntos me fez ver que você não é só um chefe carrasco, é alguém que eu criei admiração e..... aprendi a gostar do meu jeito. É difícil pra mim dizer que te amo, então, considere isso como uma extensa declaração de amor. Eu quero comprar essa casa pra gente e continuar da mesma forma que era no seu apartamento, só que dessa vez sem usar o MiYong como desculpa, eu quero ficar com você como namorado, como sócio, companheiro e pai do seu filho e sinto que essa é a definição de felicidade para o meu futuro e isso só depende de você... Aceita? 

BaekHyun ouviu tudo em silêncio, sentia o coração feliz e, mesmo que tivesse negado em todo aquele tempo, sabia que sentia o mesmo pelo Park. Era recíproco em cada palavra dita. Já se xingou várias vezes mentalmente por se ver apaixonado pelo rapaz alto, mas sentimentos não se controlam e se ele estava disposto a ceder, não seria a si mesmo que o contrariaria. 

— Ei, moço, pode assinar a compra, uma nova família vem morar aqui... — Sussurrou tímido com o sorriso mais largo do mundo e para complementar, abraçou o Park com força, sussurrando próximo ao ouvido alheio: — Uma infeliz coincidência me trouxe a você, não custa tentar deixá-la feliz. Motivos para isso existem aos montes, então não me faça me arrepender. 

Fim... 

Ou não.