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História Infinito Particular - I. o amor pra existir tem que respirar


Escrita por: feministhais

Notas do Autor


oi, meninas, turu bom? demorei, mas apareci. eu queria ter postado antes, mas tava com preguiça de ter que revisar, principalmente depois que eu vi que esse capítulo tinha ficado bem grande. admito que demorei pq enrolei pra revisar então quando fui mexer nele hoje tive que dividir pra conseguir postar logo, por isso são duas partes. odeio dividir capítulo, mas precisei pra postar logo.

enfim, leiam as notas finais.

Capítulo 3 - I. o amor pra existir tem que respirar


i.

Lica andava de um lado para o outro na sala da casa de Keyla enquanto suas quatro amigas a encaravam com uma mistura de confusão e preocupação. Ela tinha acabado de contar a elas sobre sua decisão de deixar o Grupo para estudar no Cora e agora estava tendo dificuldades de explicar o porquê aquilo era o melhor para ela no fim das contas.

— Eu acho legal que você vá pra uma escola pública, Lica. — Benê disse, sacudindo a cabeça em apoio. — Até porque a sua mãe tem aquele projeto sobre educação pública, então nada mais coerente do que você ir pro Cora.

— Obrigada, Benê. — Lica sorriu para a amiga. — Eu também acho.

— Mas Lica... — Keyla ponderou um instante antes de continuar: — Cê tem certeza disso? Eu concordo com a Benê, mas não vai ser fácil pra você se acostumar. Vai ser um choque de realidade muito grande.

— É mesmo, Lica. — Ellen assentiu, encarando a amiga com seriedade. — Pra mim já foi um baque ir de escola pública pra particular, imagina pra você que vai sair da particular pra ir pra pública. É uma mudança radical.

— Gente, eu sei de tudo isso, sério. — Lica se aproximou de onde elas estavam sentadas, ficando de frente para as quatro meninas. — Mas eu realmente preciso disso. Eu juro que não aguento mais a Malu se metendo na minha vida. Ela foi fofocar pro meu pai sobre eu e a Samantha, dá pra acreditar?

— Como assim? — Keyla perguntou. — Como que ela ficou sabendo?

— Ela deve ter visto a gente se beijando, sei lá. — Lica deu de ombros, tentando lembrar das vezes em que beijou Samantha no colégio. Não foram muitas, mas podia ser que Malu só tivesse visto as duas muito mais próximas do que de costume. 

— E o que seu pai disse? — Tina quis saber, uma sombra de indignação tomando conta de sua feição. 

— Quase surtou. Ele queria saber se a gente tá namorando.

— E vocês estão? — Keyla arqueou as sobrancelhas sugestivamente, com um sorriso que combinava com o de Tina e Ellen. Benê parecia pensativa.

— Não. — Lica balançou a cabeça, rindo meio sem jeito. — Quer dizer, estamos juntas, mas não juntas tipo juntas, sabe?

— Então vocês também são fixantes? — Lica riu com a pergunta de Benê, sentindo as orelhas esquentarem de repente. Ela sempre ficava assim quando Samantha era o assunto.

— É um namoro que elas não chamam de namoro, Benê. — Tina respondeu antes que ela pudesse dizer qualquer coisa. — Que nem você e o Guto.

— Não tem nada de namoro, Tina. Não viaja. — Lica se fez de desentendida, desviando o olhar incisivo das amigas. — Vocês conhecem a Samantha. Ela é a pessoa mais livre e desprendida que eu conheço. Namoro não faz muito o tipo dela.

— Então ela tá ficando com outras pessoas? — Benê tentava entender, o cenho franzido quase fez Lica querer beijar sua bochecha, se não fosse por aquela insinuação. — E você também?

— Não, eu não. Agora a Samantha... — Lica parou por um momento. — Bom, ela eu não sei.  

Pensar naquela possibilidade mexia com Lica de uma forma que não conseguia explicar. Era um incômodo, disso ela sabia, mas talvez fosse um pouco além. Ela estava muito bem familiarizada com o conceito de ciúmes e não teria problema em admitir que podia ser isso o que estava sentindo, mas não sabia se tinha esse direito. Não tinha certeza se podia sentir ciúmes. Pelo menos, não de Samantha.

— Cê já falou com ela? — Tina perguntou, dispersando Lica de seus pensamentos. — Sobre ir pro Cora, eu quis dizer. — Acrescentou para o seu alívio, recebendo apenas um aceno com a cabeça em negação. 

Ela ainda não tinha tido tempo para falar com Samantha sobre nada, mas teria a oportunidade de conversar com ela quando fossem se encontrar no galpão como havia sido combinado no começo da semana pelos seus amigos. Para ser bem sincera, Lica ainda estava processando os recentes acontecimentos.

— Cê sabe que estamos aqui pra você, né, doidinha? — Tina sorriu para ela, passando o braço ao redor do ombro de Ellen, que também sorriu em concordância.

— Isso mesmo, e pra sua sorte... — Keyla se levantou do sofá e se sentou do seu lado. — Eu e a Benê vamos estar lá pra evitar que você se meta em confusão.

— Acho difícil, Keyla. A gente já aprendeu que Lica e confusão são sinônimos. — Benê disse, arrancando risos das amigas com o tom óbvio e inocente que já era tão natural na menina. 

— Benedita! — Lica tentou encarar a amiga, mas ela era sempre a primeira a se render à Benê. 

Passou os olhos por cada uma das Five, emocionada com o sorriso cúmplice que lançaram umas às outras. Mal podia acreditar na sorte que tinha em tê-las como amigas. Apesar de todo drama e confusão que já viveu até agora, ela sabia que estava vivendo o melhor ano de sua vida e esperava que aquilo fosse apenas o começo.

•••

Assim que deixou as meninas, Lica foi direto para casa conversar com sua mãe. A conversa demorou mais do que tinha imaginado, mas estava feliz e satisfeita com o resultado. Ela não ficou nem um pouco surpresa quando ouviu o orgulho na voz de sua mãe quando garantiu que ir para o Cora era o que ela queria. Sabia que teria todo o suporte que precisava, afinal tinha a melhor mãe do mundo. 

Horas depois, quando chegou ao galpão, Lica constatou que suas amigas e seus respectivos pares já estavam lá, sentados numa roda imperfeita, cada casal em seu próprio elemento. Ellen estava com Jota, Benê com Guto, Clara talvez estivesse com Fio e Tina com Anderson. Keyla ainda não tinha chegado, mas Tato já estava lá, conversando com K2.

Assim que viu Samantha, que estava de costas para ela e conversava com Felipe e MB, caminhou entre o grupo de casais e acenou para eles até alcançar seu destino. Chegou por trás de Samantha e pousou as mãos em sua cintura, abrindo um sorriso quando ela se virou em sua direção, pronta para xingá-la caso fosse outra pessoa.

— Lica! 

Sentiu os braços  dela envolverem seu pescoço, aproveitando aquele momento para respirar sua presença e também o seu perfume. Ela estava sempre tão cheirosa e convidativa que, às vezes, era difícil resistir à vontade que sentia de tocá-la quando estavam juntas. Lica então retribuiu o abraço e deu um sorriso de lado quando se afastaram. 

— Oi. — Ela disse, evitando os olhares invasivos de MB, que levou uma cotovelada de Felipe.

Lica revirou os olhos para o amigo e encarou Samantha por um instante, que a olhava com curiosidade. Naquele momento desejou contar a ela sobre a briga que teve com Edgar e sobre sua decisão de sair do colégio, mas se conteve ao imaginar o clima pesado de despedida que ficaria se fizesse isso agora. Esperaria até que ficassem a sós, já que tinha algumas semanas ainda para dar a notícia às outras pessoas. 

Embora não pudesse dizer que estava infeliz por ter que deixar o Grupo, Lica tinha que admitir que parte dela sentia com aquela mudança, afinal toda sua vida estava entre as paredes daquele colégio. Foi uma vida inteira de altos e baixos, mas estava aliviada de finalmente poder se livrar de Malu e de todas as suas interferências.

— Do que cês tavam falando? — Lica perguntou, fitando Samantha em vez dos outros dois.

— A gente tava aqui se perguntando onde é que cê tinha se metido. — Ela respondeu, inclinando a cabeça para o lado. 

— E aí, gata. — Lica sentiu primeiro do que ouviu quando K1 surgiu atrás dela e a cumprimentou com um beijo no rosto. — Cê demorou, hein. Achei que cê ia furar o rolê.

— Qual foi, K1? Tá monitorando a Lica agora, é isso? — MB resmungou, encarando a garota com desconfiança. 

— Deixa ela, MB. Tem ninguém monitorando ninguém aqui. Deixa de ser inconveniente, vai? — Lica tentou não perder a paciência com o amigo, mas MB não facilitava. 

— Ih, MB, deu pra pegar no meu pé agora, foi? — K1 encarou o namorado indignada, tão sem paciência quanto Lica.

— Tá vendo aí, Samanthinha? Tamo perdendo a moral. — Ele disse, encarando Samantha como se esperasse que ela também tomasse partido, mas ela só riu. Uma risada seca e irônica que nada tinha de divertida.

— Cara, cê é chato, hein. — Felipe riu, negando com a cabeça antes de se retirar para pegar mais bebida. Como se MB precisasse de mais combustível para se tornar insuportável. 

— Que foi, MB? — Lica cruzou os braços, encarando o amigo com interesse. — Tá com medo de alguma coisa? — Provocou, contendo o sorriso que ameaçava se formar ao vê-lo se endireitar e enrijecer a postura, pronto para levar a discussão adiante. 

K1 balançou a cabeça e, ignorando o mini chilique do namorado, virou-se para Lica outra vez. Dessa vez foi para puxá-la para outro canto antes que ela dissesse mais alguma coisa. Lica continuou com os olhos grudados em MB enquanto era levada, que resmungou escandalizado com Samantha.

— Deixa ele, amanhã ele te pede desculpas por agir feito um idiota. — K1 deu de ombros quando já estavam afastadas. Lica a observou. Ela não parecia afetada.

— E pra você? — Ela perguntou, suavizando o tom novamente.

— Também. Cê sabe como ele é. — Ela sorriu bem ao estilo K1 e Lica bufou, observando sua postura mudar ao lembrar do porquê estavam ali. — Deixa eu te perguntar... Cê sabe da Keyla? Ela não vai aparecer?

— Não sei. Ela mandou mensagem pra gente e disse que tava enrolada com o Tonico. Talvez ela apareça. — Lica deu de ombros e K1 assentiu meio pensativa, olhando por sobre seu ombro para onde estava Tato e K2.

— Ela tava estranha? — Perguntou, mordendo o polegar nervosamente. Lica negou com a cabeça e esperou que K1 elaborasse. — Não comenta com ninguém não, mas o Tato e a Katiane vacilaram feio. — Cedeu meio a contragosto. Lica quase bateu com a mão na testa, lembrando-se de Keyla contando às Five sobre a gravidez de K2 na noite passada.

— Pode crer! K2. Gravidez. A Key me contou ontem. Foi mal, tinha esquecido disso. — Lica admitiu, quase murchando de vergonha e culpa por não ter notado antes que era esse o assunto. — Legal você se preocupar com ela, K1. — Lica sorriu com sinceridade, inclinando a cabeça para observá-la de outro ângulo. 

— Claro que eu me preocupo, Lica. Ela também é minha amiga. 

— Eu sei, eu sei. Mas ó, pode ficar relaxada que a gente conversou hoje e ela tava normal. Não tinha nada de estranho. — Lica garantiu, tocando o braço da garota por reflexo. 

— Posso interromper ou vocês ainda tão de segredinho? — Samantha surgiu ao lado de Lica, encarando as duas com olhos abertos e atentos. 

— Oi. — Lica sorriu ao vê-la, sentindo o corpo relaxar automaticamente com a presença dela.

— Eu vou lá procurar o MB. — K1 avisou, fitando Lica por um momento antes de se afastar com um sorriso digno de quem já tinha entendido tudo.

— Engraçado ver vocês duas assim, cheias de mistério e cochichos. — Samantha riu sem humor nenhum, abaixando os olhos momentaneamente para que Lica não visse o flash de vulnerabilidade que passou por eles.

— Não tem mistério nenhum. — Lica a encarou com o cenho franzido, formando um leve biquinho que quase fez Samantha derreter. Quase. — E a gente não tava cochichando. Ela queria... Bom, era só uma preocupação em comum. — Deu de ombros, refreando-se de dizer mais do que podia. Não tinha certeza se podia sair espalhando a novidade sobre K2.

— Ah, coisas em comum... Que legal. — Samantha murmurou. 

Lica estranhou o rumo daquela conversa, mas antes que pudesse questioná-la, foi puxada pelo braço para que fossem pegar alguma coisa para beber. Passaram por Juca, Guto e Benê, que arranhavam alguma música no violão, atraindo a atenção de quem estava ao redor. Pararam perto da mesa de bebidas e cada uma se serviu do que queriam em silêncio: Samantha escolheu alguma bebida forte e Lica suco de abacaxi. 

— Cê tá bem? — Samantha perguntou quando o silêncio se tornou demais. — Cê parece meio... Aérea. Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu. — Lica respondeu com sinceridade. — Mas a gente pode conversar sobre isso depois.

— Tem certeza? — Lica fez que sim com a cabeça e Samantha assentiu, dando-se por vencida. — Senti saudades. — Ela suspirou, inclinando a cabeça para o lado com um sorriso charmoso.

— A gente se viu hoje cedo. — Lica disse, rindo tolamente com os efeitos que aquela garota causava nela. Tão bonita e tão perto...

— E daí? Pra mim pareceu muito tempo. — Samantha deu de ombros, soando decepcionada. 

Arrependeu-se do que tinha dito no momento em que ela desviou o olhar para encarar a roda que agora tinha se formado para ouvir Juca cantar enquanto tocava alguma música que Lica não conhecia, mas Samantha sim. Ela cantarolou algumas partes, a voz distante e a feição pensativa.

eu imploro

eu te adoro

você tem meu coração

a bater pra você mais uma canção

Ela então terminou toda sua bebida e encheu o copo novamente, surpreendendo-se quando Lica tocou sua cintura com uma mão e seu braço com a outra. Lica precisou parar por um instante e entender tudo o que estava sentindo naquele momento para não correr o risco de dizer alguma coisa idiota. De novo.

— Eu também senti. — Sussurrou com os olhos baixos e vulneráveis, escorregando a ponta dos dedos pela extensão do braço de Samantha, que teve que engolir um suspiro que ameaçava deixar seus lábios.

— Só tem um jeito de matar a saudade, né? — Samantha disse, encurtando a distância entre elas para o delírio de Lica. 

Ah, toda aquela tensão. Era palpável e ela queria se dissolver feito líquido naquele instanteImaginou tantos cenários em que puxava Samantha pela cintura e tascava um beijão nela em retaliação por ser sempre tão bonita e impossível de resistir

Lica tinha plena convicção de que teria feito exatamente isso se não fosse pela comoção a poucos metros de distância de onde estavam. Olhou por sobre o ombro e viu que Clara acenava para que as duas se juntassem ao grupo, que discutiam sobre qual música Guto deveria tocar. 

Lica tentou conter o riso quando Samantha revirou os olhos e a puxou pela mão até a roda, onde se sentaram lado a lado. Todos vibraram quando Guto aceitou cantar Anna Júlia. A música era facilmente entonada por boa parte do grupo, que delirava com o refrão. 

A pedidos de Clara, K1 e Tina, logo foi a vez de finalmente tocarem Tigresa. Lica quase desmaiou quando Samantha se inclinou em sua direção e soprou partes da música em seu ouvido, com a mão apoiada em seu joelho e a voz suave afastando tudo ao redor:

uma mulher, uma beleza que me aconteceu

esfregando a pele de ouro marrom 

do seu corpo contra o meu

Ela jurava que podia sentir o fluxo de sangue subindo pelo seu pescoço, colorindo as maçãs do rosto de vermelho, e as orelhas esquentarem. O corpo de Lica inteiro formigava e tinha certeza que se estivesse em pé teria caído de joelhos de tão fracas que as pernas ficaram, principalmente quando Samantha suspirou, “as garras da felina me marcaram o coração...”, antes de virar o rosto de Lica em sua direção e beijá-la na boca. 

Ela gostava tanto do gosto que Samantha tinha. Adorava quando podia deslizar a língua pelo lábio inferior da garota e descer por toda a extensão de seu pescoço, mas ali não era lugar e  Lica precisava se controlar para não escorregar a mão por debaixo da blusa de Samantha e senti-la se arrepiar toda sob seus toques.

Foram obrigadas a se separar quando ouviram MB chamar Samantha para tocar com ele. Ela se levantou com um sorriso empolgado e convencido para se juntar aos dois amigos, mas não antes de deixar alguns selinhos em Lica, que ria à toa com a natural desenvoltura que a sua garota tinha e também com grande alívio com a noção de que Samantha não sentia necessidade de esconder o que elas tinham. Nunca.

— Seu amor me pegou, cê bateu tão forte com o teu amor... — Lica virou o rosto para o lado e viu Tina cantarolando, claramente tirando um sarro de sua cara com a ajuda de K1, que emendou aos berros e pulos:

— Adeus bebedeira, vida de solteira, quero sexta-feira estar contigo na minha cama juntos coladinhos... 

— Cês não tem mesmo o que fazer, né? — Revirou os olhos para as duas, ignorando a risada que elas deram com a falsa indignação estampada no rosto de Lica.

— Liga não, Lica. Cês são um arraso juntas. — K1 sorriu largo com a língua entre os dentes, como quem contendo um riso estridente.

Lica balançou a cabeça e voltou sua atenção para frente, procurando focar em Samantha quando MB deu início às notas da música que cantariam. Ela logo soube que se tratava de A História de Lily Braun, uma das músicas favoritas de Samantha e que, coincidentemente, Felipe também gostava. Lica não se surpreendeu quando ele deixou Jota sozinho com Ellen e se juntou a ela, com um sorriso no rosto.

— Ela manda benzão com essa música, né? Eu sempre disse que era a cara dela! — Lica o encarou com o cenho franzido, sentindo um incômodo com a comparação. 

— Não acho.

Felipe estava pronto para dizer mais alguma coisa, mas ela não estava muito interessada em escutá-lo, ou qualquer outra pessoa para ser sincera. Ela não estava muito para conversa e ele a conhecia o suficiente para deixar o assunto morrer. 

Concentrou-se em Samantha terminando a música para então começar outra, dessa vez sem MB e com um violão. Lica não conhecia aquela música, mas prestou atenção na letra que falava sobre amor livre. Aquela sim era a cara dela e Lica sorriu quando seus olhos se encontraram, enquanto entonava:

ninguém é de ninguém pare pra pensar

o amor pra existir tem que respirar

pra que tanto sufoco, dê um tempo ao tempo

— Mano, não ficaria nem um pouco surpreso se fosse ela que tivesse escrito essa música. — Felipe riu e Tina o acompanhou, inclinando-se para sussurrar no ouvido de Ellen. 

As duas estavam cochichando e Lica sabia que era sobre ela. Ela queria saber até quando seria pauta dos burburinhos. Em vez de tentar chamar a atenção das amigas, fixou seus olhos na única pessoa que importava naquele momento, cantando coisas que já tinham conversado antes e que faziam parte da essência livre e desprendida que tinha.

desapego não desamor

tem tanto jeito de cuidar de alguém

se você sabe o que é amar

nunca irá aprisionar ninguém

melhor livre e ser como for

quem ama o outro não fará refém

deixa partir quem já não quer ficar

deixa chegar quem vai te fazer bem

Assim que terminou a música, Samantha voltou para perto de Lica, recebendo os aplausos e comentários sobre a música como uma estrela. Nem todo mundo entendia o que ela queria dizer com a filosofia do amor livre e com certeza não seria ela que tentaria explicar. Não depois de ter cantado uma música cuja letra já era autoexplicativa. 

— Acho que algumas pessoas bem que podiam aprender com essa música, né, Katiane? — K1 disse, recebendo uma cotovelada de K2 em resposta.

— Não enche, K1. 

Samantha riu e balançou a cabeça devagar, encarando Lica com o mesmo brilho de antes nos olhos enquanto as vozes de seus amigos se embolavam numa mistura de barulhos ao fundo. Lica se sentia sortuda, como se tivesse ganhado na Mega-Sena. Ela nunca foi alguém que premeditava suas ações, e nunca pensava nas consequências. Era impulsiva em todos os sentidos da palavra. 

Pensar no futuro nunca foi muito o forte de Lica. Ela achava que ao tentar prever o que poderia acontecer acabaria criando ainda mais confusão e instabilidade em sua vida. Era melhor deixar que as coisas acontecessem em seu próprio tempo, sem apressar o que já estava em curso e evitar o que estava por vir. Mas com Samantha era um pouco diferente. 

Ela antecipava tudo de ruim que podia acontecer entre elas, tentou avisá-la de que não era confiável e, em vez de recuar, Samantha acabou desmistificando a ideia que Lica tinha de ser sempre a problemática. Ela podia ser um pesadelo quando queria, é verdade, mas também podia ser diferente. Podia ser o sonho que Samantha nunca pensou em ter. Agora estava empenhada.


Notas Finais


vou tentar revisar a segunda parte amanhã quando eu chegar da faculdade, mas não garanto. acho que consigo postar a outra metade até quarta. ou quinta-feira. vou tentar postar o quanto antes pq sinceramente a outra metade é a melhor parte. quero muito que vocês leiam.

mas sobre essa primeira parte, me digam o que acharam. se gostaram, se não gostaram, o que querem/esperam que aconteça etc. Feedback é sempre muito importante.

E AH! queria muito deixar registrado aqui que eu venero a fada K1, ícone do desenvolvimento e evolução junto com a samantha. quero muito uma amizade do pop entre lica e k1. eu mereço.

é isso. um beijo e até quarta. ou quinta. 💖💋


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