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História Inflorescer - O que vai volta, inclusive a cobiça


Escrita por: louditt

Notas do Autor


OOOOOI GENTE! Tudo bom?
Pessoal, perdoa minha demora! Eu saí de férias para passar o fim de ano com meus pais e aí eu voltei pra casa recentemente, porém lá na viagem meu notebook estragou e estou até agora sem ele. :(
Eu emprestei o notebook do meu namorado e estive escrevendo nele durante esses dias. Mas o pc é novo e é desses macbook e eu nunca usei nada de apple, então eu demorei pra pegar o jeito e sem contar que não conta palavras, então não faço ideia do tamanho desse cap uashaushaushauhsau
Mas sobre ele tenho a dizer: TA QUENTEEEEEE hehehehehhehe

Espero que gostem e boa leitura! Nos vemos nas notas finais <3

Capítulo 8 - O que vai volta, inclusive a cobiça


Fanfic / Fanfiction Inflorescer - O que vai volta, inclusive a cobiça

Um baile, era o que a excelentíssima rainha Mebuki sugeriu como despedida, quando os nórdicos anunciaram a partida iminente para seu Reino. Sasuke, por sua vez, estivera angustiado por não partilhar dessa viagem, em nome dos inúmeros rituais cuja sua esposa deveria participar. Aparentemente, Sakura faria uma pequena viagem de purificação na qual — segundo sua ama Tsunade — lhe deixaria preparada para deixar o Sul e iniciar uma nova vida em outro Reino, como a esposa pura e virtuosa que lhe foi prometido quando casaram.

Bom, dessa balela, Sasuke só conseguia repudiar-se. Perguntava-se quando havia dito tais palavras, quando, em sua plena consciência, havia ordenado que sua futura esposa tivesse qualidades tão superficiais. Em questões de virtudes, é claro que ele apreciava. Mas ele sabia sobre qual virtude, em específico, eles estavam falando. Bufou com um gênio irritadiço já intrínseco de si.  Queria ter a palavra para cancelar toda aquela sandice e voltar para casa, livre de tantas burocracias prematuras.

Ainda era um jovem rapaz, em plena disposição para o exército, para o trato com seus animais e para estudar história e finanças. E embora ainda pudesse fazer tudo isso, como encaixar uma esposa na lista de seu pergaminho? Entretanto, Sasuke não podia escapar de seus compromissos agora e muito menos ficaria chorando aos cantos como um garoto. Eles o queriam um homem, pronto para assumir o trono, não?

Pois assim seria.

Decidiu por um fim nessa estória e dirigiu-se aos aposentos de seu pai. Era desesperador como não suportava mais um único dia feito um bibelô naquele palácio. Havia muitas pendências em seu reino deixadas abruptamente para trás, devido àquela missão inesperada e maluca. Sasuke era homem atarefado, muito, inclusive. Não tinha o tempo infinito dos sulistas para gastar e perder enquanto espera que banhem sua mulher em um amontoado de mato e preces opressoras. Já o haviam testado o suficiente, bastava para ele aquele ensaio disparatado de uma vida que claramente nenhum deles seguiria.

Marchou ininterrupto para o quarto onde hospedaram seus pais e irrompeu a porta com rudez. Fugaku lhe encarou de soslaio, os olhos por cima de um grosso livro e com um ar cansado, suspirou antes de abandonar a leitura e voltar sua atenção para o caçula nervoso à sua frente. Cruzou uma perna sobre a outra e pigarreou, lhe dando a palavra, sem nem importar-se em dizer alguma coisa diante da falta de tato de seu filho.

Sasuke não se deixou vacilar.

— Nós não seremos deixamos para trás. — decretou. A voz firme e irredutível. Fugaku franziu o cenho pela primeira vez.

— Do que estás a falar? — perguntou com um tom investigativo. Sasuke assumiu uma postura ereta, firme e séria de alguém que seria um rei.

— Eu retornarei para o Norte com minha esposa, como todos os nórdicos trazidos ao Sul. No mesmo navio, é claro.

A ousadia dele fez Fugaku rir um pouco e levantar-se, para apoiar uma mão no ombro do filho. Os olhos experientes do patriarca fitaram com certa admiração o jeito resoluto do príncipe, embora soubesse tratar-se de um episódio de rebeldia.

— Receio que não seja possível, Sasuke. — disse simplesmente. O caçula retirou a mão de seu ombro e negou com a cabeça, os olhos em flamas negras inflamavam na direção do pai com uma coragem redobrada. Sabia que seria negado e não pretendia fraquejar ou demonstrar submissão aos Imperadores como apenas uma peça de seu jogo de xadrez.

— Não tenho tempo para perder com ritos desnecessários, e não o farei.

— Sasuke — Fugaku começou, estalando a língua como discórdia. — Nós não podemos desdenhar da crença desse povo, seria ruim para a Aliança e além disso…

— Eu sou a Aliança. — Sasuke interrompeu com as mãos em punhos. Fugaku lhe encarou por um momento, nitidamente bravo.

— Ora, não seja tão autossuficiente. Além disso, é sua responsabilidade honrar esse compromisso sem pestanejar, afinal eu não sei se a sua cabeça conseguiu raciocinar no meio de tanta rebeldia, mas eu e sua mãe acabamos de lhe presentear com dois Reinos! — ralhou alto, bufando para controlar-se em seguida. O Rei ajeitou o traje num puxão rígido e deu as costas para Sasuke, indo procurar por uma distração na janela.

— Não me venha com essa conversa de que fui presenteado. Eu não sou um príncipezinho frívolo. Eu sou um general! — Sasuke esbravejou. Tomou o ar com raiva e engoliu o nó na garganta para prosseguir quando notou o respeito de seu velho pai retornar aos poucos de seu momento paternal. — Sou eu quem vai defender esses dois Reinos do qual tanto orgulha-se de dizer ter me presenteado, como se fosse do meu desejo. Quando os rebeldes voltarem, esses quem realmente merecem tal título, serei EU quem estará na linha frontal, carregando os brasões e a espada empunhada contra aquilo que ameaçar destruir essa Aliança. Portanto, como herdeiro desses Impérios e como General responsável pela cabeça de todos os senhores, eu exijo que reconsiderem aquilo que realmente importa e me permitam finalmente voltar aos meus afazeres, que não são poucos. Os soldados não se fazem sozinhos, Majestade.

Seu discurso tomou toda a atenção de Fugaku e ele teve de reaver suas palavras árduas. Com um suspiro profundo, o rei voltou-se para seu filho. Detestava quando perdia a razão diante dos meninos, mas de certa forma também não lhe satisfazia deixar Sasuke sozinho no Sul antes de terem definitivamente confiado a vida de Lady Haruno para os Uchiha primeiro. Mas o caso era difícil, os sulistas não eram nada práticos e faziam de tudo para arranjar uma enrolação. E um Rei não podia deixar seu trono por tanto tempo assim, com sua Rainha e herdeiros, bem como o principal Conselheiro. Haviam arriscado a ordem do Norte por essa Aliança, e sendo os sulistas aqueles menos prejudicados, estavam mesmo demorando em apressar o final desse contrato.

— Muito bem, Sasuke. Seu discurso torto e muito ousado tem um contexto racional. Não fico feliz em deixá-lo no Sul, tampouco como tu estás. Mas não direi nada ao Imperador Kisashi! Aquele homem já me cansou em todos os sentidos. — decretou, querendo dar um fim a discussão, antes que precisasse se submeter aos pedidos racionais demais de seu surpreendente filho mais novo.

Sasuke sorriu com escárnio. De certa forma aquela ordem era até interessante de se cumprir, afinal não perdera o olhar observador e cauteloso do sogro desde que isso se fizera oficial. Saiu dali com uma reverência e um olhar obstinado, garantindo ao Rei que concluiria facilmente aquela missão.

E nesse momento, por uma infeliz característica patriarcal, Fugaku desejou poder ver aquele mesmo olhar no rosto de Itachi.

 

 

 

***

 

 

 

 

O olhar de Kisashi na direção de Sasuke era impassível, numa análise silenciosa.  O príncipe reconhecia a postura de um Rei diante de um problema — ou uma desconfiança — por isso apenas esperou sua palavra, com os braços atrás do corpo e o rosto muito bem erguido. Internamente, ele queria poder lidar com aquele velhote esdrúxulo como fazia com seus jovens soldados, pois seu lado selvagem não conseguia lidar com nenhum tipo de prisão, quando esta se torna fora de seus afazeres militares e/ou políticos. Por todos os deuses! Ele havia aceitado a miserável missão de casar-se e firmar uma Aliança, em plena situação de risco, com os rebeldes fora dos muros de ambos os reinos na espreita de qualquer guarda baixa.

E o intragável Imperador do Sul simplesmente comandava ilhas festivas e vazias da praticidade e seriedade da qual os Uchiha se apropriam com perspicácia. Havia uma faísca insistindo para incendiar tudo por ali na visão cansada de Sasuke: seja no temperamento irritante de seus sogros ou até mesmo a ardência pungente entre ele e sua esposa. Com tal pensamento, ele levantou um breve sorriso. Ansiava retornar às suas terras para poder vê-la de outra perspectiva, dessa vez como a estrangeira excêntrica. Sasuke mal podia esperar para ver como ela se sentiria sendo tão diferente dos nórdicos. Aliás, tinha certeza de que jamais vira alguém de cabelos com aquela tonalidade por lá. A maioria das pessoas era pálida demais, muito louras ou ruivas. E claro, também havia a sua família incomum: os Uchiha.

Alguém como Sakura chamaria atenção demais. E apesar disso ser preocupante, em muitos sentidos, no momento político atual, Sasuke não conseguia conter o desejo sutilmente maligno de vê-la sentir-se como ele sentia estando ali. Mas seus pensamentos foram interrompidos assim que ele ouviu uma mudança vir do Imperador.

— Pensamos que esses rituais fossem agradar aos senhores. — começou com o cenho franzido, após pensar por um tempo, encarando o genro. Kisashi crispou os lábios. — Temos uma cultura muito religiosa, nós cultivamos Sakura com muito cuidado, pois imagino que deva saber que ela abençoa essas terras. Sabes o que ela representa para o nosso povo?

A pergunta fora cautelosa, calma, mas ligeiramente acusativa. Sasuke estreitou os olhos com impaciência.

— Porém, meu senhor, não posso mandar minha família de volta sozinha, muito menos deixar que eles retornem e fiquem por lá sem meu comando. Imagino que se recorda que casou sua filha com um general, não meramente um príncipe. Meus instintos não me permitem executar duas viagens em poucos dias, quando há por aí ameaças desconhecidas.

Sasuke esperou que suas palavras surtissem o efeito que desejava e viu o rosto do Imperador tornar-se pensativo. De fato, estava cansado de ter que repetir isso, mas ter descoberto que eles pretendiam mandar sua família num navio e dias depois ele sozinho em outro era inadmissível. As pessoas por ali pareciam ter o péssimo hábito de pensar nele como apenas um membro da realeza inexperiente e indolente. Sasuke teria acredito que os sulistas eram vaidosos demais se não fosse por seu amigo Naruto, que mesmo fazendo parte da realeza secundária no Sul, tinha a postura de um príncipe realmente interessado naquilo que de fato significa tal título.

Kisashi, entretanto, sabia que não estava lidando com qualquer homem ali. Ele mantivera seu desgosto quando soube da mudança inesperada de genro em segredo. Mas seus interesses maiores tinham voz mais alta e na verdade não lhe importava muito com quem sua filha fosse casar-se naquela família, desde que estivesse protegida como fora prometido. Porém, aquele Sasuke tinha algo de diferente. Sim, era muito notável para ele, um Rei, que os modos daquele rapaz não se pareciam em nada com alguém covarde, mesquinho ou inocente. Ele tinha um olhar que via coisas demais, ele tinha planos, ele tinha uma jogada interessante. E de certa forma, isso o intimidou, humilhando-o.

No fundo, sua mente o alertava de que quando Sakura assumisse o trono, o novo Rei do Sul seria melhor do que ele, além de nem mesmo ter o sangue dos Haruno. E isso para seu temperamento vanglorioso parecia ser uma imagem pouco agradável.

Agora, havia mais essa: o Uchiha queria ir embora. Seria uma afronta terrível para seu Clero abandonar o ciclo dos rituais ao meio por um capricho do Norte. Embora compreendesse as palavras de Sasuke, ele também tinha seus compromissos por ali. Estava num grande paradoxo, entre permitir a partida imediata de sua filha, firmando o respeito entre os Reinos com sua generosidade, ou ser firme com a própria cultura e obrigar que o príncipe Uchiha cumpra suas ordens.

Suspirou. Seus instintos o diziam para não afrontar aquele rapaz. Afinal, além do mistério por trás daquele olhos negros, ele ainda detinha a vida de sua única filha em mãos. Maldito fosse! Que vida cruel era aquela em que ele precisava apelar por outrem em busca de proteção? Ah, isso o cansava tanto! Como precisava de um banho morno e aquela massagem especial… ah, teria de requisitar aquela ama quando essa reunião acabasse.

— Bom, senhor Uchiha, como deve imaginar, este é um pedido bem delicado para mim. — anunciou, a fim de manter sua honra, embora fosse concordar com ele. A ideia do banho o deixou ansioso.

— Tanto quanto para mim, majestade. Porém, quais interesses são mais urgentes nessa questão, hm? — Sasuke continuou irreversível. Kisashi assentiu desgostoso, de forma cansada.

— Sim, sim. Eu sou um Rei, general Uchiha. Posso compreender perfeitamente nossa pequena questão. — ele provocou com um sorriso que Sasuke considerou nojento. — Entretanto…

Ele foi interrompido pelo batucar na porta e uma voz doce chamar do lado de fora.

Os olhos esverdeados do Rei faiscaram com certa rudez para a madeira da porta, com uma cara visivelmente aborrecida. Sasuke quis revirar os olhos, sabia muito bem de quem se tratava. O sogro mandou que ela entrasse e ele contemplou o olhar tímido e confuso de sua esposa ao passar e notá-lo ali. Ah, algo se acendia selvagem dentro dele cada vez que a via. Precisava controlar isso logo, antes que fizesse alguma besteira. Maldita era a beleza daquela menina!

— Papai —ela disse numa reverência — Perdão por importunar os senhores… mas minha mãe pediu que eu o chamasse pois, bem, houve um problema com a decoração.

Ela parecia dizer aquilo com pesar, como se soubesse o quão inútil aquele problema era para um Rei. Sasuke sorriu de leve, achando graça.

— Porque diabos ela pediu que justo tu viesse me dizer tal tolice, Sakura? Não percebes que estou numa reunião importante? - Kisashi bronqueou com a filha. A pequena mulher encolheu os ombros e Sasuke se sentiu ofendido. Aquele casamento forçado havia despertado dele um sentimento incômodo e insensato de posse sobre Lady Haruno. O haviam casado com ela, pois bem agora ela era dele. Sua esposa! E lhe ardia quando outro homem tentava soar dono de sua mulher.

Deu um passo a frente e pigarreou. Kisashi lhe encarou sem modificar a expressão enfezada e Sakura apenas fingiu que ele nem havia feito qualquer movimento.

— Tenho certeza de que tu podes ajudar a Rainha, minha querida. — ele enfatizou a posse olhando diretamente para o sogro. Sakura encolheu os ombros de novo e arriscou olhar por cima de um deles timidamente para vê-lo encarar seu pai de forma séria.

A contragosto, Kisashi concordou:

— Sim! Ajude sua mãe e nos deixe terminar o nosso assunto.

Seu tom de voz foi levemente suavizado e como Sasuke, ele não olhou para a filha para completar a frase. Sakura notou algo entre eles e encarou o marido outra vez, mas obteve a atenção de seu olhar e estremeceu.

— Certo, papai. Perdão outra vez pelo importuno. — ela disse tal como uma boa garota, reverenciando antes de sair. Mas ao chegar à porta, parou e virou o rosto com suavidade em busca do príncipe.

Sasuke olhou para ela com uma interrogação ligeiramente em descrença. O que poderia querer dele, afinal? Pelo o que sabia, sua adorável esposa tinha como adorável mesmo o culto de odiá-lo.

— Podemos nos falar, senhor Uchiha? — a voz doce tinha um toque especial de ansiedade. Sasuke se sentiu curioso, porém tinha outra conversa pendente antes de poder sanar sua curiosidade. Mordeu o lábio inferior em provocação e lhe fitou por entre as pálpebras caídas.

— Espere no salão, estarei lá assim que conversar com vosso pai. Temos assuntos de extrema importância em tratamento agora. — respondeu de forma persuasiva, tal como ele julgava ser o único apto para fazê-lo. Sakura entreolhou os dois e arqueou uma sobrancelha. De repente, o Rei Kisashi suspirou pesadamente e levantou-se de sua cadeira, com um ar enfezado que não deixava dúvidas do quão impaciente estava com aquela batalha de olhares.

O que o príncipe Uchiha tinha de perspicaz e maduro, ele tinha de dramático.

— Ou melhor, os dois podem ir logo para o salão, hum? Inclusive, Sakura, prepare Tsunade. Vocês partem com o resto dos Uchiha e sendo assim, eu tão sinceramente espero, que este assunto esteja muito bem pontuado. — ele terminou a frase olhando diretamente para Sasuke, na intenção de demonstrar que apesar de seu pedido ter sido atendido, ainda era ele quem dava as ordens por ali.

Sasuke conteve-se. O Rei era petulante, sem dúvidas, mas ele havia conquistado seu objetivo. Por isso arrastou uma Sakura paralisada para fora do escritório, com uma reverência ao sogro que garantia o fim daquela conversa. Já estava farto de ficar ali, de qualquer forma. Quando fechou a porta, não pode conter o sorriso presunçoso que nasceu em sua face, esquecendo-se de que abaixo de si havia uma princesa sofrendo do inicio de uma possível histeria.

Sakura arfou, finalmente expondo sua reação.

— Por que estava adiantando nossa ida para suas terras, Sasuke? — perguntou com indignação. O príncipe começou a andar, obrigando-a a segui-lo. Não queria que Kisashi tivesse a oportunidade de ouvir uma lamúria indesejada. Os passos em sapatos altos ecoavam pelo Palácio, apressados atrás do marido que dela fugia sem explicações. — Por favor, será que podes parar de fingir que não existo e me dar uma resposta?

Sasuke riu em deboche, sem parar de seguir.

— Minha cara Sakura, nem que eu quisesse eu poderia fingir tal coisa.

Ela enrubesceu por sua frase ambígua, em vergonha e raiva. A contragosto, apressou-se outra vez e enlaçou seu braço ao redor do dele, a fim de diminuir seu passo e chamar menos atenção de criados que por ali passavam.

— Insolente — resmungou baixo, quando o viu sorrir com malícia.

— O que disse, minha senhora? — desafiou.

Sakura suspirou e calou-se até chegarem ao salão. Havia um tumulto especial dos servos ao redor dos corredores, devido ao baile que aconteceria naquela noite. Ela fora envolvida na decoração, inesperadamente, com o argumento de sua mãe, que acreditava ela possuir conhecimento sobre os gostos dos nórdicos.

Em seus pensamentos mais íntimos, ela se arrepiava cada vez que imaginava o povo ser crente de que sua relação com o príncipe fosse real e possivelmente apaixonada. Soava uma catástrofe apenas a imagem de ser tocada por aquelas mãos. E ainda pior parecia ser imaginar que houvesse amor dentro dele para qualquer que fosse. Com exceção, aparentemente, de seu esbelto cavalo.

Quando chegaram ao grande salão, tiveram os olhos repletos de detalhes negros e rubros, que tomavam todos os cantos em diversidades decorativas. Na visão de Sasuke pouco lhe importava, pois em seu distante Castelo, os bailes costumavam acontecer ao redor das pessoas e não do próprio edifício. Não que não houvesse decorações ou coisas do tipo por lá, é claro. Apenas não se tratava de uma característica tão barroca como era para os sulistas. Quem sabe o clima frio do Norte seja responsável pelo seu povo não tão hospitaleiro.

E por falar em hospitalidade, a convivência naquele palácio era demasiadamente estressante para Sasuke, como por exemplo, a descomedida recepção de Mebuki quando avistou os dois ali. Tal como se fossem personificações de um milagre. A bajulação não era bem o gesto preferido do príncipe. Tampouco era sua sogra a pessoa com quem mais apreciava partilhar o mesmo ambiente. Salvo seus sentimentos infelizes, ao menos ele ainda podia deitar sua cabeça em paz naquela noite, pois dormiria com a certeza de que navio nenhum partiria dali sem levá-lo consigo.

 

 

 

 

 

***

 

 

 

 

 

O Imperador Fugaku suspirou pelo que lhe parecia ser a centésima vez, parado naquele mezanino, com os olhos vagando pelo mar de convidados num baile tão sem razão quanto podia imaginar. Era gentileza, claro, porém pouco aconselhável. Esperava que Kisashi tivesse a perspicácia de não datar a partida deles para todas aquelas pessoas, ou era ele tão confiante de seu povo? Bem, ao menos em se tratando de si mesmo, não confiava em ninguém em demasia.

Acerca da Aliança que fizeram com aquele reino, Fugaku tinha algumas certezas e algumas dúvidas. Como por exemplo, a plena convicção de que o Norte teria sua crise no plantio solucionada, pois o Sul tinha terras muito férteis, disponíveis para dar diferentes de plantas durante todas as estações. E em períodos severos do inverno que se apossava de seu lar, teria segurança, escolta e um pacto irrevogável com os sulistas para suprir suas necessidades. Isso ainda poderia agradar ao exército de Sasuke, inclusive, pois os fazendeiros teriam mais chances de enviar seus filhos para a escola militar, do que mantê-los sob o trabalho exclusivo da plantação.

Da mesma forma, o Norte trabalhará na providência de soldados e minérios para a confecção de armas, os dois pontos fracos do Monopólio Haruno. Essa era a grande diferença econômica entre eles, afinal. Onde um tinha demais, o outro de menos. A Aliança não pudera ter vindo em melhor época, com a proposta do casamento para assegurar sanguineamente esse tratado. Outra certeza dele, aliás, uma vez que tão logo surgissem os herdeiros, os dois reinos jamais poderiam romper o pacto e atacar um ao outro.

Porém, na menção dessa união, Fugaku ainda duvidava se um matrimônio fosse o tipo de coisa da qual seu caçula se acostumaria tão fácil. O rapaz era muito cobiçado, com dezenas de mulheres a sua volta sempre que dava a graça de sua presença em algum lugar além de estábulos, áreas de treino militar e campos de guerra. Além disso, Sasuke era um excelente cumpridor de ordens, mas com a mente mais desregrada de todas. Ele não gostava de ser invadido pessoalmente, de ser acorrentado, por mais quieto que o garoto fosse, era notável.

Sua aceita para a oferta de Mikoto não era surpresa alguma, seria se o casamento não possuísse absolutamente nada de interesses políticos. Mas Fugaku conhecia seu filho, seu herdeiro impecável, ele jamais deixaria sua selvageria interior sobrepor às demandas do Reino. E embora isso fosse satisfatório, além de acalmar o detestável casal de Imperadores do Sul acerca da segurança de sua filha, ter casado Lady Haruno com Sasuke ainda lhe fazia perder um pouco do sono durante a noite. Passava horas pensando sobre como levar aquela menina para casa, para especificamente os aposentos de Sasuke e o que Mikoto inventaria para com ela fazer, durante a infinita ausência de seu marido. Teria tomado a decisão certa? Não poderia confirmar, entretanto ao menos o calor das palavras de sua esposa na calada da noite conseguia lhe fazer construir aquele seu tipo maternal de fé que só ela conseguia ter.

Pensando sobre, ele tentou enxergar através da perfeita postura de seu filho quando ele e a pequena garota entraram no salão de braços dados, muito bem vestidos e muito diferentes de como seria, caso aquela ocasião — embora muito mais austera — fosse na Ilha Nipônica nórdica. Com olhos de águia ele captou o movimento sutil do olhar analítico de Sasuke, procurando por algo. Pelo restante de sua família, provavelmente, como se estivesse querendo sair dali o mais rápido possível. Mas como que na intenção de lhe arrancar um riso, o destino brincou com aquela situação, trazendo para a cena um dos nobres sulistas cheios de galanteios frívolos pendurados na língua, com os dedos magricelas direcionados a mão livre da princesa.

O novo olhar no rosto de seu filho para o intruso talvez o fizesse dormir melhor naquela noite.

 

 

 

 

 

Sasuke precisou inspirar com cuidado, contendo-se. Rodou os olhos pelo rosto do homem de estatura mediana, com os cabelos escuros escorrendo sobre a testa numa franja lisa demais, demasiadamente alinhada e que nada harmonizavam com as sobrancelhas pretas e grossas. Sua pele bronzeada lhe traduzia um fajuto conquistador, que gastava seus dias no porto tentando conhecer qualquer donzela estrangeira, sob o sol do diabo e o mormaço do mar lhe cozinhando a boa noção. Petulante, ele ousara segurar a mão de Sakura, com aquele olhar nojento lhe sondando, lhe cobiçando com muita educação poupada, num cumprimento ensaiado.

— Estás tão bela nesta noite, senhorita Haruno, que meus olhos se tornam teus admiradores eternos. — despejou boca a fora, com um beijo nada casto sobre as costas da mão pequena que na visão enraivecida de Sasuke lhe pertencia em cada pedacinho de unha.

Soltou o braço do enlace anterior e abraçou a cintura de Sakura, puxando-a suavemente contra sua lateral. Sem deixar-se intimidar pelo contato, ele voltou seus olhos para o homem e com um sorriso falsamente cordial — e ligeiramente ameaçador — lhe cumprimentou, tornando sua presença pelo o que parecia ser a primeira vez, perceptível para o patife.

— Minha esposa deixa a todos sem palavras, não é mesmo, senhor…?

Os olhos escuros do rapaz sondaram Sasuke com certa rudez.

— Rock Lee, este é o meu nome, Alteza. — a ultima palavra saíra quase cuspida. Sasuke sentiu-se egoísta por apreciar o título naquele momento, mas sem conseguir se conter, sorriu com um pouco de presunção evidente demais.

— Pois bem, senhor Lee, vejo que suas poucas palavras tentam fazer jus à minha adorável esposa, porém receio que ainda não seja o suficiente, embora com certeza apreciamos tua delicadeza em vir-nos cumprimentar. — respondeu, olhando-o de cima. Sakura ergueu os olhos para o marido com confusão pairando em sua mente. O nobre, por sua vez, manteve um olhar desgostoso para o grande nórdico, inesperadamente cheio de uma petulância que tão breve levaria o Uchiha ao descontrole.

— É claro, jamais poderia me expressar da forma mais digna que a senhorita Haru…

Senhora! — Sasuke interrompeu, exclamando com seu sorriso cordial intacto. Levantou o dedo indicador da mão livre para cima a fim de continuar. — Na verdade, agora é senhora Uchiha.

O nobre, cujo Sasuke arriscava ser um marquês, assentiu de forma lenta, compreendendo a ameaça por trás do eufemismo. Seu sorriso amarelo fez Sakura ficar quase com pena do pobre rapaz, embora não gostasse muito dele por seus incontáveis elogios, ainda não precisava ser humilhado em sua frente. Mas o príncipe parecia irredutível de sua pequena vingança contra as atitudes daquele homem, por isso nem mesmo passou por sua cabeça que talvez aquele encontro constrangesse Lady Haruno.

Ela soltou sua mão do aperto de Lee, que insistia em capturá-la, e a repousou no peito de Sasuke. O tronco dele tinha uma respiração pesada, rápida, mas que ele controlava muito bem. Seu coração frio pulsava forte e ela se sentiu intimidada, apesar de tê-lo tocado a fim de acalmá-lo e o conter para que não fosse mais tão grosseiro, acabou por perder as palavras na boca. Os olhos astutos de Lee não perderam esse singelo movimento e tampouco ela deixara de notar seu descontentamento. Por fim, irritou-se. Como pudera ele manter tanta esperança em seduzir-lhe? Ou até casar-se com ela! Era completamente fora de cogitação, por maior que pudesse ser a dificuldade em seu reino, seu pai jamais a casaria com alguém menor que um príncipe. Ao menos isso era certo em sua vida. Pensou que este conhecimento fosse sabido por todos aqueles nobres, até mesmo esperado por eles quando estivesse perto de se tornar Rainha.

— Perdão, minha querida Sakura — ele interrompeu os pensamentos dela, irritando-a ainda mais com tal intimidade não concedida. — Às vezes eu me esqueço de que já és uma jovem compromissada! Meu pobre coração não consegue parar de lembrar daqueles dias no jardim…

Uma veia saltou na testa de Sasuke e seu corpo todo contraiu-se. Sakura pode sentir em seus dedos e congelou, olhando desacreditada para o homem a sua frente.

— Por favor, senhor Lee, peço gentilmente que não mencione a mim nesta situação como se fosse algo além. Naqueles dias no jardim, em sua hospedagem, foram apenas momentos em que lhe encontrei a me seguir em meus passeios. — Sakura adiantou-se, nervosa. Lee sorriu largo.

— Claro! Imagino que tenha apreciado minha admiração e que…

Sasuke soltou um pigarro tão imperativo que poderia parar aquele salão inteiro.

— Meu caro Lee, deva ser um… marquês, não? Acho que já provou a mim o suficiente o quanto cobiças minha mulher, porém eu preciso lembrar-lhe de que Sakura em sua condição atual, é a futura rainha de duas grandes ilhas e tenho certeza de que tal responsabilidade a faça querer um pouco mais de respeito. Além disso, senhor, não se esqueça de uma coisa muito importante: eu não sou um sulista, eu sou um nórdico. — Sasuke deu dois tapinhas amigáveis no ombro do rapaz. — Espero que goste de sua própria cabeça.

Com tal ameaça proferida assim cordialmente, Sasuke preferiu puxar a princesa para longe daquele homem antes que sua educação fosse inferior ao seu orgulho. Ela deixou-se ser arrastada, com o rosto impossível de esconder sua assombra. Estremeceu de leve e o encarou, em busca de reconhecer as últimas palavras ditas. Sasuke fingiu não perceber e apenas tomou uma caneca de cerveja, que eles haviam trazido do Norte, e a tomou num único e molhado gole.

— Sasuke! — a princesa exclamou, tomando a caneca vazia de suas mãos com o olhar verde alarmado. Ele lhe encarou de soslaio.

— Um admirador, hum? — provocou, rindo sombriamente. Ela corou e abandonou a caneca na mesa de onde o marido havia tomado.

— Vais mesmo lhe arrancar a cabeça? — ela cochichou com nervosismo, o rosto todo corado e os olhos tremendo nas órbitas. Lhe apavorava só a visão que aquilo poderia proporcionar. Sasuke sondou a veracidade de seu temor e achou graça.

— Ora, Sakura, por que não? — brincou. Ela franziu a testa.

— Porque seria horrível e aquele pobre homem não merece tal destino cruel e…

— Ah, não merece, é? Vamos ver com que cara ficarias tu se de repente brotasse aqui mesmo neste salão aquela tua prima ruiva, que descaradamente teria adorado se eu a tivesse jogado em uma cama, para me fazer galanteios e provocar-te! Não penses que é fácil para mim fazer essa brincadeira de casinha de bonecas que estamos vivendo, eu sou um homem de respeito! — ele esbravejou a última parte, inclinado sobre ela. Sakura ficou assustada com tantas informações jogadas de mau jeito. Sabia que Karin tinha se interessado por ele num primeiro momento, mas não conseguia imaginar a situação que havia dito. Sua prima jamais lhe destrataria dessa forma. Além disso, o que diabos ele queria dizer com tais palavras para ela?

— O que queres insinuar com isso? Por que pensas ser tão difícil ser o meu marido? Não achas que é muito pior para mim? — ela perguntou baixinho, com ofensa tingindo o tom de voz.

Sasuke se aproximou com uma expressão presunçosa.

— Todos os homens desse palácio a imaginam nua em suas cabeças sujas, querida esposa. Teria mesmo eu que lhe explicar o motivo de minha raiva ou é plausível em sua mente que eu não gosto muito de me sujeitar ao ridículo de aceitar que cobicem a minha mulher em minha própria cara?

O rosto alvo da garota enrubesceu de forma insuportável e ela ficou ligeiramente tonta com tamanha vergonha. Ao mesmo tempo, outras coisas incendiavam dentro dela, fazendo-a querer rir e chorar no mesmo minuto. Encarou Sasuke por um instante e toda sua expressão corporal intimidante, com uma questão escorregando vaidosamente por sua imaginação.

— Estás com ciúme, Sasuke? — a pergunta saiu ainda mais com tom improvável de sua boca. Ele mudou sua feição na mesma hora, apertando a mandíbula e inclinando tanto as sobrancelhas para baixo que seus olhos pareciam ainda mais escuros. O silêncio entre eles foi perturbador e Sakura começou a se arrepender por tê-lo provocado quando já se encontrava nervoso.

Sem nada responder, a expressão obscura do rosto de Sasuke foi dando lugar a outra cheia de pretensão e um sorriso de canto mergulhado em zombaria. Ele varreu todo o rosto dela com os olhos e proferindo um singelo “hum" saiu dali, abandonando-a ao lado da mesa de bebidas.

Sakura apavorou-se por um segundo, sentindo-se estranha por ter dito aquilo. Correu atrás dele, não gostando de deixá-lo por ai tão bravo sozinho, com intenções mortíferas em mente. Quando o alcançou, ela foi surpreendida com um giro e logo o baque de seu próprio corpo contra o dele. No breve tempo em que conseguiu pensar, Sakura se perguntou como ele sabia que era ela ali e como conseguia mudar a situação a seu favor tão ligeiro.

— Os sulistas acordaram dispostos para provocar os Uchiha hoje, Sakura? É um rito de despedida? — ele disse num murmúrio irritado e ao mesmo tempo tomado por excitação sexual. Ela estremeceu diante do som escorregadio, como se fosse animalesco, prover da boca carnuda e próxima da sua.

— N-não, senhor Uchiha, eu…

Ele a apertou mais forte e trincou os dentes.

— Senhor Uchiha? O que aconteceu com o íntimo e provocativo “Sasuke”? — a voz dele saiu ainda mais baixa, mais calorosa.

Sakura arfou e ele soltou um dos braços de sua cintura para segurar seu queixo, ligeiramente rude. O dedo longo e áspero contrastava com a bochecha rosada e delicada como a pétala de uma rosa. Inclinando o rosto para baixo, Sasuke respirou bem entre os lábios entreabertos dela e sorriu com malícia.

— Tu vai me beijar… — ela sussurrou em tom de afirmação dolorosa, mas inevitavelmente sensual, pelo jeito suave e manhoso que sua voz possuía. Sasuke sorriu ainda mais.

— Eu vou? — jogou de volta, quase roçando os lábios contra os dela.

Com medo, ela não se mexeu nem um milímetro, mas fechou os olhos. Temia negá-lo e o deixar ainda mais irritado, temia embarcar com ele para o Norte e amaldiçoar a si mesma com um  ódio ainda maior.

— Tu pode me beijar — permitiu, sôfrega e ao mesmo tempo inesperadamente ansiosa. Ela imaginou, naquele segundo, como seria e não soube distinguir o que era maior: se o pavor de ser tocada por ele ou a curiosidade sobre esse toque.

Sasuke, entretanto, com o sorriso ainda no rosto, proferiu um som gutural de negativa e abaixou-se de leve para abraçar com mais força e encaixe aquela cintura, erguendo-a um pouco do chão. As mãos de Sakura não puderam mais repousar em seu peito largo, empurrando-o, devido a proximidade insuportável. Com naturalidade, seus braços ergueram-se para cima e seus dedos pequenos acabaram por se enroscar entre os fios negros de cabelo na nuca de seu marido.

Estava pronta, decidiu. Que o fosse!

Mas antes de abandoná-la mais uma vez, Sasuke soltou um grunhido de prazer e lamúria estranho, como se estivesse mantendo um controle absurdo de si mesmo. E como se fosse forte demais para tal desafio, ele logo se recompôs e num sorriso com respiração entrecortada, ele disse:

— Eu vou esperar tu me pedir.

 

 

 

***

 

 

 

 

 

 

Sasuke irrompeu o quarto com Sakura em seus calcanhares, já era tarde da noite e eles tinham brigado durante toda ela. Com a excitação da partida e estresse causado pelo indesejável marquês, o príncipe já estava com seus nervos em fervorosa. Que dirá após ouvir durante horas as lamentações de Sakura acerca de algo que nem possuía culpa, defendendo um homem que nem por ela respeito tinha. Eles tiveram que dançar e continuar aquele teatro, enquanto a princesa mantinha aqueles olhinhos verdes vidrados nos dele, tentando se retratar ou melhorar o seu humor que já estava para lá de negro.

O irônico era que a pobre garota nem imaginava como tornava aquilo difícil, fingir que estava tudo frio entre eles, com todo aquele olhar preocupado e a expressão de inocência, no corpo de uma deusa, bem ali em seus braços. Naquela noite, Sasuke pensava que a criação daquela pessoa era um pecado. Pecado este que continuava a missão exclusiva de lhe atazanar, quando além de partilhar um baile inteiro ao seu lado, tinha pela frente o restante da noite dividindo uma cama.

Deitaram ao mesmo tempo, quando ela voltou da sala de banhos sem o vestido espalhafatoso e ele com enfado arrancara as próprias roupas com violência e entrara em seguida dentro de uma calça qualquer. Deu-lhe as costas e ela fez o mesmo, ainda podia ouvi-la suspirar baixinho de frustração e por um momento até pensou que estivesse sendo exagerado demais, embora houvesse sido injustamente provocado e levado ao limite por um dia só. Decidiu não puxar mais nenhum assunto por ora e numa tentativa verdadeira, ele quis fechar os olhos e apenas dormir.

Sakura soltou um suspiro mais longo e de repente virou-se para o lado, os olhos nas costas  largas de Sasuke. Com os dedos trêmulos ela decidiu chamar-lhe, como se sua frustração não a deixasse dormir. E para a surpresa dele, a princesa realmente lhe tocou a pele quente, na região de seu ombro.

— Sasuke? — ela murmurou, com o tom cauteloso. Ele virou-se devagar, os olhos tentando se acostumar com a pequena claridade provinda do candelabro no lado dela da cama. Encarou-lhe em interrogativa e ela ajeitou-se melhor na colchão, apoiada no cotovelo. Desviando o olhar, a princesa mordeu o lábio inferior e inclinou a cabeça, fazendo com que uma cascata de seus cabelos ondulados despencassem de encontro ao travesseiro.  — Para, vai, não fiques bravo comigo assim! Não quero dormir com esta sua cara enfezada, prefiro quando estás me provocando do que quando mantém esse silêncio todo.

Sasuke tornou-se bem atento, os olhos negros faiscando contra os dela. Ergueu-se sobre o cotovelo também e a encarou próximo, sombreando seu rosto corado.

— Preferes quando eu te provoco? — perguntou rouco.

E tudo aconteceu num milésimo de segundo. Desde o momento em que ela oscilou os olhos entre os dele e sua boca, a permanência de seu corpo por perto e a sanidade dele indo para o além. Quando percebeu já havia roubado os lábios rosados, lhe abocanhado com vontade, numa respiração pesada soltando pelo nariz como se fosse vapor quente.

E quente fora o que ele se sentiu, quando provou a textura delicada da pele de sua esposa. O adocicar sutil do gosto de seu beijo e o estremecer que lhe proporcionou quando enfim pudera tocar sua língua com a dele. E Sasuke lhe sugou, inicialmente com força, debruçando-se sobre o pequeno corpo, com a mão livre enroscada nos cabelos rosados, abraçando parte da face e a proibindo sob pena de sua própria morte de se afastar. Ele inclinou o rosto para o lado, expandindo o espaço que tinha para degustar daquela boca, ansioso para o próximo tato, como se aquele toque lhe satisfizesse a alma, condenada a amargura longe dela.

Tonto, Sasuke sugou o lábio inferior dela com rudez, abrindo os olhos de leve para encontrar os dela enevoados, num tom verde cálido e selvagem. Aquilo era o gatilho que precisava para tornar um simples beijo no que seu corpo clamava em desespero. E ele enterrou-se mais fundo em sua boca, chupando a língua, criando uma dança para lá e para cá de suas cabeças, explorando, caçando seu próprio prazer. Sakura rodeou os braços em seu pescoço e o puxou de encontro a si mesma. A proximidade foi tamanha que Sasuke soltou-se de sua boca e desceu os lábios pelo maxilar, até encontrar o pescoço.

— Sasuke… — ela sussurrou com dificuldade, levando-o em ondas deliciosas de aprazimento.

Ele sugou a pele quente de seu pescoço, lambendo a extensão até alcançar o lóbulo da orelha e libertinamente lhe mordiscou, para então voltar pelo mesmo caminho e degustar mais uma vez do mel de sua boca. Ela parecia num estado de êxtase com apenas seus beijos e já conseguia imaginar como seria quando ele a preenchesse por dentro. Idealizava a força com que queria tomá-la, a precisão de seus movimentos sólidos de encontro ao corpo que ele imaginava ser todo rosado e curvilíneo. Sasuke queria segurar aquele cabelo enorme num laço apertado, puxá-lo para baixo e pedir que ela o cavalgasse sem a menor das delicadezas.

Ah! Ele sentia a tensão subir por seus ombros, o anseio e a consciência de que ela era feito um botão de rosa a se esfarelar. Tinha de tomar o cuidado para não ser tão grosseiro, mas Sasuke era um homem sedento e Sakura era a fonte da água mais pura. Mas arruinando toda a sua cautela, ouviu o sonoro arfar entre seus lábios e impedido de ser sutil, ele girou para o lado e a arrastou consigo, virando-a quase violentamente e trazendo-a para cima de seu próprio corpo, como outrora havia desejado.

Sakura arquejou e apoiou as mãos espalmadas no peito musculoso que subia e descia de forma descompassada. As bocas se separaram bruscamente com um ardor de despedida e os olhos verdes arregalaram-se ao sentir o que havia ali para sentar sobre. Sasuke abriu um sorriso sacana e segurou com força as coxas grossas, subindo a camisola e amassando completamente o tecido. Eles se encararam por um momento longínquo, reconhecendo ambas as expressões de prazer. No fundo Sasuke estranhava a liberdade que o estava concedendo, porque em nada aquela mulher corada e cheia de libido parecia ser sua esposa frágil e virgem.

Como imaginado, o cabelo muito longo roçava em suas pernas e ele soltou uma das coxas para segurar os fio bem firme, na base da nunca, e puxou a cabeça para trás num movimento bruto. A pele do pescoço ficou exposta e ele levantou o tronco para lamber toda a extensão que ela lhe dava. Apoiou-se numa mão e inspirou com os dentes serrados perto do maxilar dela, tentando controlar a vontade insana de beijá-la sem pudor algum.

— Sakura — ele chamou com rouquidão, de forma lenta e influenciável. Ela produziu apenas um som gutural para estimulá-lo a continuar. — Eu te quero, Sakura.

Sorriu contra sua pele quando a sentiu arrepiar-se. Ela forçou sua cabeça para frente e longe do puxão em seu cabelo e ele o soltou para segurar a bunda redonda e perfeitamente desenhada no fim da curvatura de uma postura estonteante. Os olhos verdes sondaram o negror que a fitava num pedido mudo. As bochechas coravam e os lábios mal podiam juntar-se com elegância, quando sua respiração insistia em escapar sem compasso.

O sorriso seguinte foi o que ele recebeu como resposta e embora desejasse muito ouvir daquela boca o quanto ela o queria igualmente, ignorou a vaidade e imediatamente a apertou contra si num beijo caloroso, empurrando-a para baixo contra sua excitação pungente. Sakura gemeu em seus lábios, um som tímido e baixo, involuntário que o enlouqueceu. Inverteu a posição deles, dessa vez com leveza, e a deitou sobre os travesseiros com uma mão e se apoiou na cama para puxar com a outra livre a sua calça para baixo com ligeireza. Seu órgão saltou para fora com vigor e ele suspirou, chutando para longe o resto da vestimenta de suas pernas. Completamente nu, ele elevou-se sobre os joelhos na cama e a obrigou a vistoriá-lo. Queria ver aquele olhar esverdeado mudar e apreciar a expressão que almejava fazer brotar naquele rosto.

Sakura respirava rápido e num olhar ágil ela encarou a virilidade de seu marido. Pareceu assustada de início, mas Sasuke imaginava que logo isso se tornaria instintivo e ela não veria mais nada ali além de sua exclusiva fonte de prazer. Segurou uma das mãos dela e fez os dedos escorregarem por sua pele, mas ela a puxou de volta e a segurou contra os seios, atraindo o olhar dele para o local. Numa tentativa de não constrangê-la, ele tomou o tecido da camisola em mãos e começou a subir pelo corpo delicado, revelando aos poucos a pele leitosa e rosada nas articulações. Ela arrepiou-se e contorceu as pernas em volta dele e involuntariamente as mãos deram espaço para que ele se livrasse de sua roupa. Sasuke apreciou quando teve sua esposa nua para si e toda sua imaginação imediatamente inventou as coisas que gostaria de fazer com ela. A cintura fina a fazia ter um formato atrativo de ampulheta, com os seios caindo rosados sobre as costelas e o quadril ligeiramente largo, que revelava os delicados ossos e o órgão tão cobiçado adornado por sutis poucos pêlos rosados.

Sasuke umedeceu os lábios e quando se preparou para tomar um dos seios em sua boca, uma sequência de batidas na porta o interrompeu. Não acreditou e preferiu ignorar, afinal ele era a porcaria da alteza ali e ninguém o incomodaria se assim não fosse de seu desejo. Abaixou-se contra a mulher em seus braços, o hálito quente soprando sobre o peito feminino e a língua finalmente conseguiu traçar seu desenho numa perfeita trilha que o deixou em chamas.

— Sasuke — ele ouviu ela chamar, mas sua voz era distante, estranha, como se fosse dual.

— Sasuke — ouviu de novo, seguido das batidas incessantes. Irritado, ele levantou os olhos para a porta, em busca de quem quer que fosse o intruso inconveniente àquela altura da madrugada.

— Sasuke!

E então, num solavanco quase doloroso, ele abriu os olhos e constatou, com humilhação, que era de manhã e sua esposa, muito bem alinhada e vestida, o encarava com confusão no olhar. As batidas na porta soavam ainda mais altas na realidade. Expirou, incrédulo, tentando lembrar-se em qual momento havia dormido, mas só conseguia se recordar de ter se deitado.

— Estás suando muito, se sente doente? — a voz de Sakura o alfinetava e naquele momento quis ignorar o mundo inteiro e apenas dar as costas para aquela maldita mulher. E ele nem precisaria olhar para baixo para constatar que ela logo descobriria sua “doença”.

— Tive um pesadelo — ele mentiu e levantou-se, mas parou na porta e a abriu com violência, encarando seu irmão do outro lado. — Pelo amor todos os deuses, vá para as profundezas de Helheim!

Num movimento apressado, ele bateu a porta com força e caminhou para a sala de banhos, jogando-se ainda vestido dentro da banheira, afim de apartar aquele calor insuportável que ameaçava tirá-lo do sério. Afetado, ele teve de prometer:

Aquela seria a primeira e a última vez que Sasuke Uchiha sonharia em fazer amor com sua esposa.


Notas Finais


Helheim é tipo o infernos dos vikings, galera! hehehehe
Agora meeeeeeeu deeeeeus, não vejo a hora de ver o que o vocês vão dizer sobre esse cap. Gostaram???

Torçam pro meu notebook ficar bonzinho logo porque o coitado do meu namorado ta sendo roubado todos os dias por mim ushuahsuahsuhasuauh
Um beijo pra todo mundo e até loguinho!!! <3<3


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