As estrelas brilhavam fortemente do lado de fora daquele quarto que artificialmente parecia uma noite estrelada também, por conta do projetor que ele havia recentemente comprado. As mãos do garoto estavam pousadas sobre o vidro da janela e seus olhos estavam fixos no céu lá fora enquanto um sorrisinho brotava em seus lábios. Desde pequeno, Kim Taehyung gostava de estrelas, galáxias e tudo a ver com o assunto — e ele acreditava, fielmente, que cada pessoa no mundo possuía um universo dentro de si apenas esperando o momento certo de enfim explodir e mostrar do que cada pessoa é capaz, fazendo-a conquistar todos os seus sonhos. Nas palavras do Kim, um grande fã de Saint Seiya, esse pedacinho de universo de cada um era denominado de cosmos. Desde a sua infância se imaginava com um cosmos dentro de si, bem ao estilo dos maravilhosos Cavaleiros de Atena, e esperava, ansioso, até o dia em que uma pequena explosão, à moda big-bang, o fizesse decolar e alcançar seus sonhos.
E de fato esse dia chegou. Lembrava até hoje de quando acompanhou seu amigo para um teste e acabou sendo chamado também. Afastando-se da janela, enfim, Taehyung caminhou até sua cama e jogou-se nela. Os olhos, quase fechados, focavam-se nos diversos pontinhos brilhantes no teto de seu quarto. As estrelas sempre foram como guias para si, tanto que muitas e muitas vezes fazia promessas e juramentos para elas.
Entretanto, houve uma época em que o garoto simplesmente deixou de acreditar em tudo o que tinha construído ao longo dos anos. Deveria ter por volta de seus dezessete ou dezoito anos, quando enfim embalou no trem que iria mudar sua vida. Era tudo muito novo, excitante e, ao mesmo tempo, assustador. Daria certo? Ele, juntamente com seus seis companheiros, conseguiria chegar aos céus e tocar nas estrelas? Realmente era possível acreditar nas galáxias e enfim sorrir ao conquistar seus sonhos? Tais pensamentos o bombardeavam sem cessar, fazendo-o ficar em um conflito interno sem fim.
Fechando os olhos de vez, Taehyung lembrou-se de todos os bons e maus momentos que passou junto com seus amigos. Todas as risadas dadas, brincadeiras, provocações, gravações de music videos, ensaios atrás de ensaios para executarem uma performance impecável que faria com que todos os fãs, e os haters, perdessem seus fôlegos. Todos os momentos de fraqueza do grupo, pensamentos ruins e o medo de não serem bons o suficiente para agradar o mundo lá fora. Houvera um tempo em que os membros pensaram, até mesmo, em dar disband.
Essa época foi a pior para Taehyung. Eles já haviam conquistado tantas coisas, mas havia muito chão e caminhadas pela frente para conseguirem, enfim, realizar seus sonhos. Era tudo tão cansativo e desesperador que parecia que os sete não conseguiriam aguentar a pressão e as cobranças. E o Kim se cobrava cada vez mais, não aceitava ser menos do que perfeito para conseguir impressionar os holofotes e, além disso, tentava a todo custo ajudar seus amigos a não desanimarem e continuarem firmes no percurso até as estrelas.
A batalha foi árdua, de fato. Kim Taehyung nunca imaginou que um dia passaria por isso, sentiria tantas dores — tanto físicas quanto mentais e/ou psicológicas —, sequer pensou que poderia ser algo além do que seu destino familiar o esperava: ser fazendeiro. E agora, cá estava ele deitado em sua cama, em seu quarto estrelado, morando com seus amigos que, na verdade, se tornaram sua família.
— Ei, Tae. — A porta do quarto se abriu, revelando Park Jimin.
Imediatamente uma bolinha de pelos saltitante entrou no quarto de Taehyung e pulou na cama, logo subindo no garoto. O Kim havia se esquecido que os meninos estavam na sala, brincando com Yeontan e ver o sorriso no rosto de Jimin, assim como a animação do cachorrinho, fez com que seus olhos se enchessem de lágrimas. Era gratificante demais ver o quão bem estavam, os quão felizes e realizados eles eram.
— Yeontan já me trocou de novo... — Jimin bufou, fingindo estar triste e, ao receber um latido em resposta, riu. — Ok, ok, Yeontan, eu sei que ele é seu papai. Bom, Tae, o Jin pediu frango pra gente e acabou de chegar, vem comer.
Segurando o cachorrinho no colo, Taehyung sorriu e levantou-se, indo até a porta. Colocou Yeontan no chão novamente e, abraçando Jimin, passaram a ir até a cozinha para comer enquanto conversavam e riam sem parar por lembrarem do episódio do bolinho.
E foi nesse momento em que Taehyung olhou para dentro de si mesmo, para sua criança interior e sorriu para ela. Se hoje pudesse conversar com o seu eu do passado, com certeza diria que tudo acabaria bem, que as tempestades iriam passar e um arco-íris iria nascer em sua vida e na vida de seus amigos tão amados.
Em meio a tantas recordações e nostalgias, a dor e a luta estavam presentes. Mas Kim Taehyung passaria por tudo isso de novo se fosse necessário, não apenas por si mesmo, mas, pelos seis garotos que sempre estavam ao seu lado, o apoiando e ajudando uns aos outros como uma verdadeira família. E, claro, pelos armys que nunca deram as costas para o grupo e sempre demonstraram amor por eles.
“Não se preocupe, Kim Taehyung. Você é muito novo, seus medos são bem maiores que os seus sonhos. Mas não se preocupe, tudo vai dar certo no final. Um dia, você vai ser uma pessoa maravilhosa, com feitos maravilhosos junto a seus amigos tão queridos. Um dia, você vai ser responsável por ajudar milhares de pessoas, mesmo não se dando conta disso. Olhe para as estrelas, sonhe e não se dê por vencido. Depois de muito trabalho duro, de muitas lágrimas, você será recompensado.”
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.