História Innocent Doom - I'm not a monster

"Pergunte para quem você quiser, vida, te juro que isso não é assim, eu nunca tive uma má intenção, eu nunca quis brincar com você"

Point of view KYLIE JENNER

Miami Beach, Florida

Dia seguinte

Trouxe o cigarro até a boca, inspirando a nicotina, liberando a mesma pelo nariz, jogando a cabeça para trás. Com a mão livre espalhei a água em minha perna, enquanto mantinha meu olhar fixo na parede de acrílico em minha frente, pisquei lentamente, suspirando pesado,lliberando a fumaça pela boca. Chegava a ser engraçado o fato de que eu julgava pessoas viciadas, mas hoje, não consigo passar um dia sem me drogar, merda, com certeza vou acabar com a Katherine, mas pelo menos vou acabar com peito e bunda

Apaguei o cigarro o batendo levemente na borda, e tirei meu corpo da banheira de hidro, cobrindo o mesmo com um roupão branco que achei por ali. Me dirigi para o imenso closet que ainda continha minhas antigas roupas, e abri minha mala começando a caçada por uma roupa apropriada para o dia um pouco gelado,optei por um conjunto de lingerie  verde, de camurça que a parte de cima era praticamente um tope, uma calça moletom que fazia conjunto com uma jaqueta, ambas cinza, e deixei o moletom aberto afinal não estava com tanto frio

Sentei-me no balcão na frente do espelho, deixando as costas apoiada na parede quentinha, e comecei a passar um pouco de maquiagem pois minha cara estava horrível, já que depois daquela conversa maravilhosa, eu voltei pra casa, enchi a cara, me droguei até não poder mais e apaguei. Assim que finalizei a make com um batom qualquer, penteei meu cabelo com uma escova que achei jogada por ali e me retirei de meu quarto, trancando a porta em seguida

Passei pelo imenso corredor, até chegar ao final, e desci as escadas devagar, sentindo meu corpo todo se arrepiar com o contato do chão gelado em meus pés nus pois havia esquecido de colocar meias. Caminhei lentamente para a cozinha. Chegando lá, encontrei uma senhora, usando um vestido preto de frio, que batia na altura de seus joelhos, de gola alta, seu cabelo de raiz grisalha e resto preto estava preso em um coque, e a mesma estava muito focada em limpar a louça.

—— Hum... Bom dia —— não sabia direito o que falar então acabei me enrolando um pouco, pois esperava estar sozinha na casa com Bieber

—— Bom dia menina Kylie —— comprimentou a senhora, muito animada por sinal, ainda focada na louça qual ela lavava numa rapidez louca —— Em que posso ajudá-la? Estou ao seu dispor

—— Eu... Só queria saber aonde o Bieber tá, ou ele ainda não chegou?

—— Senhor Bieber assim que chegou foi direto para o escritório, e não saiu de lá desde então

—— Ah sim, obrigada

Sai da cozinha antes que a mulher respondesse, então corri para o andar de cima, atravessei o corredor até chegar na última porta qual dei duas  leves batidas porém que com certeza foram ouvidas. Uns 10 segundos depois, recebi permissão, e adentrei no  escritório fechando a porta atrás de mim

—— O que você quer? —— o tom usado por Bieber foi rígido, bravo, grosso e frio, senti uma pontada em meu peito devido aquilo e liberei um baixo suspiro desviando o olhar

—— Eu só quero conversar —— expliquei em tom inofensivo, deixando claro que não tinha ido ali para brigar

—— Eu tô ocupado, sai daqui!

Porra cara! Não fode também!

—— Eu sei que não tá ocupado Bieber, você não tá fazendo absolutamente nada. E mesmo que tivesse ocupado de verdade, sabe que eu não iria sair, sabe que isso nunca funcionou comigo —— rebati me alterando um pouco, mas logo tratei de me acalmar

—— Não Kylie eu não sei! Eu praticamente não sei nem quem é você

—— Então cala a porra da boca e me deixa dizer quem eu sou, deixa eu dizer o que me aconteceu nesse último ano. Se não quer ouvir, firmeza Justin, não vou ficar implorando por atenção, principalmente pela sua, mas eu quero de verdade te contar o que aconteceu, pra não ficar dizendo merda sobre mim pros seus amiguinhos e suas vadias!

Okay, eu não consigo ficar calma

—— Tem dez minutos, e depois não pise mais em meu escritório! —— sabia que Bieber estava se segurando para não voar em mim, seu maxilar estava travado, as veias de seu pescoço saltadas, seu rosto estava levemente avermelhado, e suas mãos estavam fechadas em um punho, com força, deixando as veias de seu braço ressaltadas

—— Só preciso de cinco —— aquela altura eu já estava me odiando por ter me dado o trabalho de sair da banheira para vir falar com ele, por poucos segundos a Kylie antiga, boazinha, quietinha, frágil estava começando a voltar, mas graças aos céus isso não aconteceu, pois o veneno da nova Kylie impediu a antiga de vir à tona —— Quando eu saí daquele apartamento, casa, sei lá nem lembro, eu comecei andar pelas ruas, e umas oito quadras depois uma limousine parou na minha frente, eu tava noiada já era o meu segundo cigarro naquela noite, não tava acostumada com aquilo então, acabei realmente me comportando feito uma puta barata igual como você disse que eu era 

—— Ah não, espera aí! —— interrompeu-me Justin, se levantando da cadeira —— Eu não disse que você era uma puta barata, eu disse que estava se PARECENDO com uma puta barata —— deu ênfase no "parecendo" me fazendo revirar os olhos 

—– Tá que se foda! Cala a boca e me escuta! —— Justin revirou os olhos, voltando a se sentar, repousou os pés sobre a mesa e gesticulou com a cabeça para que eu continuasse —— Como eu disse, eu tava noiada só que eu continuava pensando em você, eu só pensava em você —— suspirei pesado, passando a mão em meu braço —— Só que eu não queria pensar em você, nem naquela noite nem nunca mais, então eu comecei a beber com aquele cara, me drogar, e o caralho a quatro, então eu apaguei... Só acordei dois dias depois, nua em um quarto que só tinha uma cama de casal, em um outro país, com uma horrível dor na minha boceta

Respirei fundo, puxando meus cabelos na tentativa de eliminar as cenas daquele dia de minha cabeça. Bieber retirou os pés da mesa, mantendo um semblante assustado, chocado, surpreso, e apoiou os cotovelos na mesma, enquanto sua boca estava um pouco aberta

—— Eu não sabia porra nem uma que tinha acontecido comigo, só sabia de uma coisa: tinham tocado meu corpo sem minha permissão. Além da maldita dor na minha vagina, que escorria um pouco de sangue o que não deveria estar acontecendo pois não tava na época, tinha chupões que antes não estavam ali. Menos de um minuto depois que eu acordei, um velho entrou naquele quarto, ele tava falando uma língua que  eu não entendia porra nem uma, e quando ele começou a me agarrar, tocar meu corpo, eu comecei a me debater a gritar desesperada... Gritar seu nome

—— Para... —— sua voz vacilou, ele mantinha seus olhos fechados como se estivesse imaginando a cena, balançava sua cabeça levemente de um lado para o outro, e apertava suas mãos com força —— Para...

—— Eu acho que, eu fiquei uns três meses naquele quarto, sendo estuprada todos os dias, não tinha um dia sequer que um homem não entrava naquele maldito quarto e não me machucava, nem pra me doparem, não... Eles queriam que eu sentisse aquela dor. E sabe... Não teve uma vez sequer que eu não gritei seu nome, que eu não implorei pra ter meu príncipe do meu lado, que eu não rezei pra você vir me salvar... 

—— CALA A BOCA! CALA ESSA MALDITA BOCA!... —— Drew se levantou furiosamente, socando as mãos na mesa, e abaixou a cabeça permitindo que lágrimas caíssem ——Cala a boca —— sussurrou, liberando um soluço baixo no final

—— Então, depois de uns três meses sendo violentada todo santo dia, o carinha apareceu e me levou pra casa dele, eu tava fraca, eu tava com medo, eu tava assustada, eu tava vulnerável... —— prossegui, limpando as lágrimas o  que foi inútil pois as mesmas voltaram a cair —— Eu queria ir pra casa, eu queria a Katherine, eu queria você, eu queria até meu pai, eu só queria que alguém me protegesse igual você me protegia, igual você me protegeu durante 9 anos... Aí eu não sei como, eu consegui fazer aquele maldito se apaixonar por mim, ele ficou louquinho por mim, ficou de quatro igual você era e ainda por mim, eu fiz aquele desgraçado pagar todas as minhas plásticas, todinhas, fiz ele me bancar, fazer tudo o que eu queria, se eu queria, quando eu queria

Continuei me aproximando lentamente, sem tirar os olhos do homem destruído a minha frente, usava um tom frio, na esperança de mostrar o quão horrível me sentia por tudo aquilo.Ergui seu rosto com o dedão, apoiando minhas mãos sobre a mesa ficando cara cara com ele, e continuei:

—— Acredita que ele chegou a  me pedir em casamento? —— coloquei a aliança no cômodo, vendo o olhar de Bieber descer para a mesma depois voltar para mim —— Mas eu descobri que ele tava me traindo com uma piranha lá do morro, então eu juntei um dinheiro e já tava pronta pra fugir só que um segurança contou pra ele e ele foi atrás de mim, ele me estuprou e me espancou por mais de cinco horas... Eu não gritei seu nome, não rezei pra você me salvar, eu rezei pra você morrer Bieber, da pior forma que alguém poderia morrer

Justin recuou um pouco o rosto, assustado com minhas palavras, e sorri maldosa continuando em seguida

—— Daquele dia em diante eu alimentei um ódio e um nojo tão grande de você, de todos os seus amigos até os que gostavam de mim, o principe? Eliminei qualquer mínima lembrança dele da minha cabeça, o ódio por você era tão grande, mais tão grande, que só lembrava das merdas que me fez. Depois que eu já tava bem, eu roubei um dinheiro do desgraçado, peguei minhas malas e fugi pra Miami, eu juro que não sei se vim pra cá pra te fazer sofrer tudo o que eu sofri, ou pra fugir do verme... Acho que os dois

—— Eu não five culpa do que aconteceu com você... —— Drew mantinha seus olhos fechados, enquanto chorava sem parar. Acabei não conseguindo segurar, e soltei uma alta gargalhada bem em sua cara, segurei seu rosto entre dois dedos e cravei as unhas em suas bochechas fazendo o mesmo pestanejar

—— Não? Não teve Bieber? Tem certeza? Porque eu acho... Que se você tivesse ido atrás de mim naquela noite, eu não teria passado por nada que eu acabei de te contar. Você sabia que eu não tava em um bom estado e mesmo assim me deixou sair por aí, sozinha nas ruas mais perigosas de Miami. Você podia ter ido me salvar Bieber, mas você preferiu me deixar, e me jogar em um poço sem fim

Empurrei-o pelos ombros, o fazendo cair sentado na cadeira, dei a volta na mesa e prendi seu rosto entre os dedos novamente, inclinando o corpo para que assim voltássemos a ficar cara a cara

—— Eu não sou um monstro Bieber, eu fui machucada e usada por monstros... Talvez eu seja sim uma vadia fria, uma cobra asquerosa, uma puta desalmada, mas foi porque a vida me obrigou a ser assim, você me obrigou a ser assim —— bati o dedo em seu peito com força, causando do mesmo uma feição de dor

—— Eu sempre quis o seu bem, você sempre foi minha razão pra continuar, eu sou louco por você desde seus 14 anos, eu tô aos seus pés desde seus 14 anos, eu sou doente por você desde seus 14 anos, eu sou obcecado por você desde seus 14 anos —— Justin se levantou, começando a andar em minha direção, me fazendo recuar a cada passo que ele dava, até que senti minhas costas irem de encontro com a parede. Uma mão dele foi colocada sobre a parede, ao lado de minha cabeça, a outra ao lado de minha cintura me impedindo de fugir, e seu corpo estava amassando o meu —— Eu nunca te pedi em namoro antes, porque você não tinha maturidade o suficiente pra ter um relacionamento com um cara da minha idade, com um cara que vive no mundo que eu vivo, eu não precisava de uma garotinha do meu lado Kylie, eu precisava de uma mulher, que não fosse só me dar sexo ou amor quando eu quisesse e sim fosse me orientar e me ajudar no que eu precisasse. Se eu namorasse com você naquela época, eu iria regredir por causa daquelas suas paranoias, suas inseguranças... Sinto muito Kylie, mais você não passava de uma garotinha mimada que queria tudo exatamente do seu jeito

Levantei a mão pronta para dar nele um tapa, porém o mesmo segurou meus pulsos a tempo, prendendo os mesmos em cima de minha cabeça. Rosnei me debatendo

—— Acha que eu só te pedi em namoro porque você tá gostosa? Acha que sou esse tipo de homem que se apaixona por peito e bunda? Quando eu me apaixonei por você, você não tinha praticamente nada, eu me apaixonei por o  que você tinha por dentro Kylie... Mas agora vejo que você não tem nada dentro, é só um vazio.

—— Se acostuma porque essa dé a minha nova eu! Se vai deixar de me amar o problema é seu, eu não preciso do seu amor Bieber, eu quero que você enfie esse amor no meio do seu cu. Era só isso que eu queria falar, se quiser me mandar embora firmeza, faço outro ricão se apaixonar por mim e faço ele me bancar!

Puxei meus braços com força, conseguindo fazer o idiota me soltar, o empurrei com força e dei dois passos na direção da porta, porém Bieber me puxou de volta, me empurrando com força na parede, levando suas mãos para minha cintura, aproximando seu rosto do meu

—– Essa sua armadura que se escondeu não funciona pra mim, pode agir feito uma vadia, uma puta, uma cadela, eu sei como se sente por dentro, sabe que do mesmo jeito que você me tem nas mãos, eu te tenho nas mãos. Esse seu veneno não pega em mim, eu sei lidar muito bem com vadias frías baby, e pode ter certeza que vou fazer você sair desse mundinho de ódio que se enfiou. Eu ainda vou fazer o meu anjo voltar pra mim, e nem pense em sair dessa casa

—— O seu anjo, não existe mais Bieber, mataram ele, destruíram ele, deixaram ele despedaçado!

Me sentia levemente tonta, por aquela proximidade desgraçada, já que seus lábios se esbarravam aos meus conforme o mesmo falava, e seu olhar penetrante me torturava por dentro. Droga! Eu preciso dar pra ele

—— Eu sei que meu anjo ainda tá aí, ele tá escondido? Tá sim, protegido por uma parede de tijolos, só que eu vou quebrar cada um deles. Eu amo você Kylie, e sei que me ama, também sei que independente do que acontecer, eu não vou desistir de te fazer minha

—— Então espera sentado Justin!

—— Espero sim baby, aí você aproveita e senta esse rabão gostoso no meu colo

Bieber beijou o canto de minha boca, levando suas mãos para minha bunda qual ele apertou com força. Gemi mordendo meu lábio inferior. O empurrei com força e sai correndo feio o flash daquele escritório, socando a porta, assim que cheguei na porta de meu quarto, respirei fundo, e voltei correndo para aonde estava a menos de cinco segundos, colocando apenas metade do corpo para dentro. Justin parou de andar, me olhando por cima do ombro e sorri ladino inclinando levemente a cabeça para o lado

—— Sentiu mesmo minha falta?

Drew riu baixo, abaixando a cabeça por dois segundos, enquanto negava calmamente com a mesma, e se virou para mim, apoiando uma mão na mesa

—— Todo maldito dia —— respondeu mantendo um sorriso igual ao meu

Mordi o lábio inferior sem tirar os olhos dos dele, e sai daquela sala dessa vez não batendo a porta. Abracei a mim mesma enquanto voltava a andar até meu quarto, até que ouvi a porta sendo aberta, e no segundo seguinte, Bieber me abraçou com força por trás depositando um longo beijo em minha bochecha

—— Eu amo você meu anjo —— sussurrou ao pé de meu ouvido, mantendo um sorriso imenso em seu rosto

—— Eu odeio você seu filho da puta cafajeste! —— usei um tom sério, tirei seus braços de mim e corri para meu quarto me trancando no mesmo 

Encostei as costas na porta de madeira branca, passando o dedão na bochecha que foi beijada. Sorri fracamente, rindo baixo pelo nariz enquanto abaixava a cabeça, e mordi meu lábio voltando a me abraçar 

—— Eu odeio você príncipe... —— sussurrei encostando a cabeça na porta continuando com o sorriso fraco no rosto 

Odeio....