1. Spirit Fanfics >
  2. (In)Sanity >
  3. A investigação

História (In)Sanity - A investigação


Escrita por: gontagirl

Notas do Autor


Esse capítulo foi muito emocionante de fazer! Boa leitura!~~~~

Capítulo 4 - A investigação


         {Interferência} 

...Eu realmente não sei exatamente o que aconteceu com as vítimas, depois da chegada do policial. Simplesmente esse momento ficou extremamente borrado em minha mente.  

Só tinha certeza de uma coisa: de um dia para o outro, eu não estava mais naquela casa que tachavam como ‘’circo dos horrores’’. Me encontrei em uma casa deprimente, de cor deprimente, com crianças deprimentes.  

Haviam desenhos e rabiscos pelas paredes, além de muitos brinquedos espalhados no chão e também, é claro, muitas crianças fingindo que estavam brincando. 

Eu digo ‘’fingindo’’, porque sabia que no fundo daquela alegria no momento da brincadeira, era apenas para chamar atenção dos adultos que chegavam. Porque após sua saída, elas voltavam com aqueles mesmos olhares vazios e opacos. 

Acredito que fiquei lá por uns 6 meses. De uma antagonista ofuscada pelos holofotes, repentinamente virei uma boneca indefesa e medíocre em uma loja de mercadorias. Pelo menos era o que eu pensava. Afinal, que tipo de lugar é esse onde adultos podem escolher que crianças querem para cuidar? Eles pagam por isso? Como bichos de estimação? 

Lá era onde supostamente deveria me recuperar de ‘’todo trauma passado’’’, mas apenas fiquei extremamente deprimida. Os olhares miseráveis das crianças e a cara de aborrecimento dos funcionários era algo visivelmente incômodo. Alguns até me estimulavam a brincar com os outros, a me divertir com os brinquedos, mas, mesmo que tivesse uma pequena vontade, não tinha um pingo de força. A energia horrível que aquele lugar sem vida mostrava, era capaz de destruir o humor da pessoa mais feliz que pudesse encontrar.  

Após 6 meses, finalmente surgiu uma ‘’família’’. Essa família era um homem, que oscilava em ter um olhar frio ou um olhar cheio de vida. Ainda me pergunto o porquê de ele ter me escolhido. Às vezes tenho a teoria que o forçaram. Única explicação plausível, afinal, ele escolheu uma menina de 8 anos fragilizada, apática e que ainda está supostamente tentando superar um trauma. O que levaria a um homem tão solitário como ele, me escolher? 

Imagino que isso apenas era um puro e simples azar.  

O homem era supostamente o chefe de uma empresa. Nunca realmente quis me interessar qual era o nome dela. Se é que realmente existiu. 

Demorou um bom tempo até aceitarem legalmente a minha adoção. Após pegar os meus míseros pertences, acompanhei aquele misterioso homem até sua casa. 

Admito que me surpreendi. Era grande, espaçosa, enfeitada e tinha um estilo ótimo para os meus padrões de 8 anos. Me acomodei em um quarto grande e simples e me perguntei se talvez agora pudesse ir à escola. 

As primeiras semanas foram de certa forma tranquilas. Fui bem alimentada, tive conforto e o homem me explicou que fui matriculada em uma escola primária. À primeira vista, tudo parecia estar dando certo em minha vida.  

Até ele em um certo fim de semana me levar em um bar, deixando visível que ele era o dono dele. E pelo seu olhar, não parecia que eu estava ali por mero acaso. 

                                                       

                                                                                                     {. . .} 

Dewer chega em nossa frente de novo e me entrega a enorme sacola que ajudaria na autópsia do corpo. 

Olhei para todos aqueles equipamentos e estremeci, mas sabia que pânico não me levaria a nada. Por isso, engoli o choro e vesti em minhas mãos trêmulas, luvas do laboratório, além de colocar uma máscara, para evitar estar muito atordoada com o cheiro do corpo.  

-Precisa de mais alguma coisa? Não irá usar nenhuma das coisas que trouxe da enfermaria? - Perguntou Dewer, confuso. 

-H-Hum... Primeiro deixe-me examinar o corpo... D-Depois posso ver o que pode ser útil para mim... 

Respirei fundo e me agachei novamente ao corpo. De repente, me senti levemente mais calma. As pessoas a minha volta podiam até estar com certa pressão para eu dar-lhes a autópsia correta e isso pode até ser assustador, mas a sensação de ser útil, das pessoas realmente confiarem em mim a fazer uma coisa dessas...  

...Eu fiquei feliz. 

Comecei tocando os bolsos da vítima, a ponto de procurar sua carteira de identidade. Como pensei, lá estava sua ficha de matrícula. Ainda era necessário usá-la para algumas coisas. 

-Kotoko Utsugi... Classe 9C1... - Digo relutante. 

-Certo... Então podemos supor que todos os colegas dela são suspeitos, né? - Perguntou Kazuichi. 

-Depende... - Pensou Rantaro - Será que todas as pessoas que a conheciam eram apenas da sua classe? 

-Vamos torcer que sim, né... Porque senão vai complicar bastante as coisas... - Disse Akane. 

-Por favor, Mikan, prossiga. - Pediu o monitor. 

Com as luvas, virei o corpo de Kotoko para o outro lado, a fim de ver o que poderia ter causado um sangramento tão forte. 

Ao virar, arregalei os olhos e exclamei. Era uma cena realmente grotesca: havia um enorme corte que ia do pescoço de Kotoko até o fim de sua coluna. Seja lá o que foi usado para fazê-lo, foi capaz de quase abrir o corpo dela por inteiro. 

-Caralho...! - Rantaro arregala seus olhos. 

-Pobre alma... Parece que sofreu muito antes de morrer... - Murmurou Gundham. 

-Como pude deixar isso acontecer...? - Dewer olhava com culpa nos olhos. 

Agora, o corpo havia 2 fatores que poderiam ter ocasionado a morte de Kotoko: o corte que dilacerou seu corpo, podendo causar uma hemorragia muito grande, levando a vítima a óbito... Ou, algo aconteceu capaz de torcer o corpo da vítima, causando deslocamento no pescoço e no pé. 

-B-Bom... Posso afirmar apenas uma coisa... - Digo – A-Acredito que o corte profundo no corpo dela poderia ter ocasionado seu óbito... 

-Por que isso? - Perguntou Akane. 

-Hum... P-Parando para analisar... S-Se a vítima morreu de queda e deslocou partes vitais do corpo... Está tudo bem... Só que não tem sentido ela ter esse corte enorme... A vítima já teria morrido na hora do impacto... Não há o porquê de cortá-la desse jeito... 

-Será que a queda não ocasionou isso? - Akane insistiu. 

-Mas que tipo de local seria capaz de além de rasgar a vítima, quebrar todo o seu corpo? Tenho certeza que no ginásio não tem nada parecido com isso... - Kazuichi resmungou. 

-Aliás, por que o corpo foi deixado aqui? Se não há materiais capazes de fazer esse corte... 

-H-Hum... - Gaguejei, com medo de falar essa hipótese - Há uma grande chance... Do assassino ter m-movido o corpo pra cá... 

-Ele foi tão imprudente assim? - Rantaro pergunta, em uma expressão surpresa. 

-A posição do corpo... Se foi uma queda que resultou no corte e n-no deslocamento dos ossos... E-Eu tenho certeza que a posição da vítima não estaria assim. A única explicação para a posição atual desse corpo... S-Seria se alguém tivesse mexido nele... 

-Merda...! Então não sabemos nem onde ela morreu! - Exclamou Kazuichi. 

-Mas o assassino foi tão imprudente assim? - Insistiu Rantaro – Tipo, gente... Se o assassino matou Kotoko em outro lugar... Por que diabos ele moveria pra cá? Ele ficaria andando por aí com um cadáver? Isso chamaria atenção de qualquer um... 

-Se ele usou algum lugar mais deserto, com poucas pessoas na área... - Pensou Akane. 

-Mas então a morte da Kotoko ocorreu porque ela estava sozinha...? Ou em algum lugar sem ninguém? Eu acho que... Tanto para ambos os lados, seria muita coincidência em um só dia.  

-O que diabos está querendo dizer, Rantaro? - Kazuichi revira os olhos. 

-Estou querendo dizer, que talvez o assassino tenha planejado o assassinato de Kotoko com antecedência. 

-Isso parece meio óbvio... - Disse Gundham. 

-A-Acho que entendi o que ele quis dizer... O-Olha... há muita coisa para investigar, mas... Tenho certeza que se para Kotoko aparecer em um lugar deserto e ficar lá... Talvez seja parte de alguma rotina... E-Então o assassino ou já sabia dela... Ou a observara... 

-Então o culpado é qualquer pessoa que sabia da rotina de Kotoko e que não tem um álibi! - Disse Kazuichi sorrindo - Missão cumprida!  

-Que ser mais patético... - Suspirou Gundham. 

-Olha, perguntar sobre os álibis... Acho que está tranquilo... E-Entretanto sobre a rotina... Qualquer um pode mentir sobre saber ou não... 

-Acho que já tenho alguma ideia. - Disse Dewer confiante - Aliás, Mikan, já que identificou todos os ferimentos da vítima... É capaz de determinar uma autópsia? 

Olho uma última vez para o corpo e encaro o corte mais uma vez. Havia partes secas, com o sangue já coagulado, provando que o assassino não poderia ter feito o corte depois da queda no ginásio, afinal não havia nem sentido em fazer isso. A não ser que, após a queda na verdadeira cena do crime, ele ter feito o corte, mas não há sentido nisso. Foi aí que uma ideia correu em minha mente. 

Se o corte foi feito durante ou após a queda, não importa. Se há certeza de que a cena do crime ocorreu em outro lugar, haveria rastros de sangue na mesma... 

-A explicação mais plausível disso seria que foi o corte que resultou em sua morte... E após isso, o corpo caiu... - Expliquei – E como tenho certeza de que aqui não foi a cena do crime... É possível que ainda tenham rastros de sangue em outro lugar... Talvez a cena do crime... 

-Afinal, o corpo foi de fato trazido pra cá. - Concluiu Dewer - Então é inevitável ter sangue ou resquícios de sangue em outro lugar. 

-Hum... Eu sou meio lenta pessoal... O que faz o ginásio não ser a cena do crime? - Perguntou Akane. 

-Não há nenhum equipamento afiado assim no ginásio. - Explicou Dewer – Na verdade... Em nenhum local existe um equipamento tão afiado capaz de causar isso. E como a causa da morte foi o corte... 

-Mikan... Não quero duvidar de você nem nada, mas... O que é que prova que é mais provável que foi o corte que matou...?  

-E-Eu sei que não parece ser um motivo muito convincente... Porém não tem sentido matar alguém de queda... E depois simplesmente abrir um corte tão grande... E-Eu não tenho muitas provas eu só sinto que... Não tem sentido pensar que o corte apareceu depois... M-Me desculpe... 

-Ei, tá tudo bem, Mikan. - Rantaro sorriu – Aqui também não tem quase nada que possa nos levar a suspeitos ou a imaginar o que aconteceu. Nem temos recursos o suficiente para você conseguir dar uma autópsia precisa... De uma forma ou de outra... Teremos que seguir nossa lógica e intuição. 

-Sim... Aqui está muito... limpo, para uma cena em que ocorreu um show de horrores... - Comentou Gundham. 

-O assassino facilmente poderia ter se livrado de tudo, certo? - Perguntou Kazuichi.  

-Depende da arma do crime... E depende do tempo em que ocorreu o crime... - Pensou Akane – Quando poderia ter ocorrido isso? 

-Isso posso garantir para vocês... Não poderia ter sido durante as aulas. - Falou Dewer – Em pontos desertos e poucos usados durante esse horário como refeitório, dormitório e telhado há sempre monitores. Alunos não teriam permissão de entrar nesses locais nesse tempo, temos sérias restrições nisso. Claro, segundo a política do internato, para garantir que os estudantes não se percam nos estudos.  

-Também não tem sentido o crime ter ocorrido no ginásio porque alunos tem aula aqui... 

-E também quando o ginásio está vazio, sempre há um monitor rondando por perto. - Complementou o monitor. 

-Podemos descartar a possibilidade do assassino ser um monitor... Né? - Akane arregala os olhos. 

-Isso é óbvio! - Dewer se exalta - Conheço os caras há anos... Eles não seriam capazes de machucar alunos sem motivos! 

-T-Também... Eles poderiam ter cometido um assassinato a qualquer momento... P-Por que especificamente esse ano... E com a Kotoko? - Me perguntei. 

-Não vamos sair do tópico... - Prosseguiu Rantaro - Então, se o assassinato não ocorreu durante as aulas... Só resta de manhã cedo e o início do intervalo. 

-De manhã podem descartar essa possibilidade. Tudo está fechado, não haveria nem como arranjar alguma arma, nem ao menos local para ser capaz de... atirar alguém. Enfim, tudo está trancado e tem monitores rondando os arredores. - Assegurou o mais velho. 

-Então não há outra possibilidade: o assassinato ocorreu no início do intervalo. - Gundham concluiu. 

-O-O assassinato ocorreu entre 12:00 a 12:20... - Falei - Não parece ser meio... r-rápido demais...? 

-Como você mesma disse, o assassino planejou isso com antecedência e se descobrirmos como ele conseguiu fazer esse corte e atirar a vítima de um lugar alto... Acho que esse crime pode ser possível. - Falou Rantaro. 

-Temos duas coisas a fazer então: pegar os álibis de todos os colegas de classe dela e ver possíveis lugares que podem ser a cena do crime. - Sorriu Akane. 

-C-Cena do crime... J-Já tenho uma ideia... - Falei – T-Tirando o ginásio, que torna improvável que seja o local do crime... A única hipótese que imagino seria... O telhado... P-Porque, se formos por método de eliminação... Refeitório não seria por não ser alto o bastante, além de chamar muita atenção... Vestiários poderia, mas... Precisaria escalar para chegar até lá em cima... E aí teríamos que imaginar uma história muito mais complicada de como a vítima e o assassino subiram lá... D-Dormitórios... Hum... N-Não sei se é possível subir até o alto de lá... 

-Não, além de que no intervalo lá é movimentado. - Explicou Dewer – Precisa de uma chave, sim, mas mesmo se de alguma forma inesperada conseguisse, a maior parte dos alunos fica nos dormitórios e provavelmente teria uma testemunha.  

-Mas temos que lembrar que há apenas alunos do 9º ano. - Apontou Rantaro – Nem sempre os alunos ficam lá e se ficam, não necessariamente ficariam no último andar. 

-E como foi um crime planejado, não há sentido o assassino se basear em sorte ou coincidência. - Suspirou Kazuichi - Aliás, o telhado é bem vazio, se parar pra pensar. Geralmente tá sempre tomado de alunos de outros anos, mas agora que todo mundo vazou...  

-Por que eu sinto que esse sumiço de todos os outros alunos pode estar relacionado com esse assassinato...? - Pensou Akane. 

-P-Pessoal... Vamos pensar nisso depois... M-Melhor irmos para o telhado, antes que o assassino destrua as p-provas... 

-Certo. - Dewer se empertigou – Eu e Mikan iremos para o telhado. Irei avisar outros monitores sobre esse incidente e eles cuidarão do corpo, sendo os mais cuidadosos possíveis para não mexer em nenhuma suposta pista.  

-P-Por que eu tenho que ir j-junto...? - Resmunguei, nervosa. 

-Ah...! Me desculpe Tsumiki... Não queria te arrastar nessa confusão mais do que já está sendo... O problema é que preciso descobrir a arma do crime e já que você viu o tamanho do corte, poderia me auxiliar a descobrir possíveis armas. Aliás, você tem alguma ideia do que seria capaz de fazer isso? 

-H-Hum... É algo extremamente afiado e pontudo... C-Consigo até ter uma ideia, mas não sei se existe algo assim...  

-Por isso achava melhor ir comigo, mas se não quiser, tudo bem. - Ele sorri. 

-N-Não... E-Eu posso ir sim... S-Só estava impressionada que aceitaria a ajuda de uma pessoa c-como eu... 

Gundham bufou, irritado e me encarou com raiva. Será que eu tinha feito algo de errado...? 

-Não é uma boa hora para ter baixa autoestima. - Rantaro sorriu – Enquanto os monitores não chegam, podemos ficar aqui de guarda. Estamos contando com você, ok Mikan?  

-O-Ok...  

Pessoas contarem comigo... Bem, era algo extremamente raro e inusitado para mim, mas não era a hora de ficar satisfeita com isso. 

Afinal, tinha um crime para resolver.  

Seguindo Dewer, Rantaro, Kazuichi, Akane e Gundham ficaram aguardando a chegada de outros monitores.  

Pensando sobre o crime, não havia dúvidas que ocorreu no telhado. A queda além de ser possível de quebrar completamente o corpo de alguém, pode ainda ser possível ter algum objeto ao redor capaz de causar aquilo. 

Chegando no telhado, olhamos em volta e estava completamente vazio. Não havia absolutamente ninguém. Não era à toa que o assassino decidiria matar Kotoko aqui. Agora precisávamos descobrir se a vítima decidiu vir aqui por rotina, ou se foi capturada pelo assassino.  

-Aqui não tem nada... - Pensou Dewer - Não há nenhuma arma, nenhum resquício de sangue ou de luta... Nada... Será que erramos? 

Olhei em volta. Ele estava dizendo a verdade: não havia um traço de pista sequer que mostrasse que ali ocorreu um assassinato.  

Mas se não ocorreu no telhado, onde diabos poderia ter ocorrido? Não havia dúvidas que Kotoko foi sim atirada de um lugar alto e tinha quase certeza que o corte ocorreu antes ou durante a queda... O que estava acontecendo? 

Será que estava errada? 

Engoli seco e caminhei em volta. Não havia nada afiado o bastante para fazer aquele corte. O assassino poderia ter se livrado, mas a arma que me vinha em mente não seria nem capaz de ser conseguida facilmente. Havia alguma coisa que eu não estava entendendo. Uma peça daquele quebra-cabeça que estava faltando, mas parecia estar em um lugar óbvio.  

-Droga... - Suspirou Dewer - Não há nada aqui, Mikan. Vamos voltar... Talvez se procurarmos melhor ao redor da escola pode haver algum tipo de arma descartada.  

-N-Não... - Falei baixo. 

-Como...? 

-N-Não... F-Foi aqui a cena do crime... E-Eu tenho certeza... 

-Tsumiki, eu sei que parecia que nossas deduções estavam certas, mas vai ver é algo ou mais complicado ou mais simples que isso. Aqui não há nada, mas não se preocupe, está tudo bem não termos conseguido achar a cena do crime ainda. Você foi de muita ajuda. 

-N-Não, senhor Dewer... E-Eu tenho certeza que foi aqui... P-Porque eu acho que já descobri qual foi a a-arma do crime... 

-O quê? - Ele arregala os olhos – Por favor, fale o que descobriu. 

-A-Ali... - Eu aponto para a porta que havia no telhado, que dava para um minúsculo andar, cheio de suplementos de limpeza – V-Vocês já comentaram isso, certo? A única forma de conseguir chegar até a-aquele topo... É necessária uma escada, certo? 

-Tsumiki... Me desculpe, mas... O que está querendo dizer? 

Eu caminhei até aquela porta e a abri. Como imaginei, estava aberta. E como haviam mencionado algumas semanas atrás, contando a história da construção do internato, a única forma de conseguirem chegar ao topo daquele andar, para conseguirem colocar uma bandeira em sua haste, foi a construção de uma escada. 

-Isso está destrancado? Como? - Dewer exclama, surpreso – Tsumiki... Como você...? 

-V-Vamos até o topo... S-Se for o que eu estiver pensando... F-Ficará claro do porquê estar aberto... 

Entramos lá dentro e fomos até a escada. Os suplementos estavam todos amontoados e jogados de forma desorganizada, parecia que era pouco utilizado lá, mas eu tinha certeza que via mais de uma vez funcionários entrando e saindo daqui.  

O que me fez pensar que não era para estar desorganizado. 

Chegamos ao topo, um vento forte batia no meu rosto e ajeitei meu cabelo para conseguir enxergar. 

-Então...? - Perguntou Dewer – Por que estamos aqui?  

-A-A haste da bandeira.... P-Precisamos alcançar... 

-Tsumiki... Eu sei que não há nenhuma bandeira aqui, o que é muito suspeito, mas... Está me dizendo que o assassino pegou a vítima, a prendeu na haste da bandeira e caiu? Como diabos ele alcançaria isso? E carregando uma pessoa?  

Eu olhei para os lados. Óbvio que não haveria nenhum tipo de ferramenta que foi usada naquele lugar, mas se o assassino precisou usar algo para alcançar a haste... Quer dizer que provavelmente usou algo da sala de suplementos de funcionários para conseguir isso. 

Sem explicar, desci novamente as escadas e comecei a mexer na bagunça que tinha ali. Se for exatamente o que estava pensando, tinha que estar ali. Não haveria outro lugar para estar. Tinha que ser algo que não está à vista dos alunos. 

-A-Aqui...! - Exclamei e olhei para Dewer, com um objeto comprido e pesado nas mãos: uma corrente.  

-Uma corrente? - Foi aí que seus olhos se iluminaram – Meu Deus... Será que...? 

Nós subimos correndo novamente e enrolamos a corrente na haste da bandeira. Com força, nós puxamos a corrente contra o objeto. 

Como esperava, a haste aos poucos começou a se abaixar. Corrente de ferro era um material muito pesado, até para um material tão resistente quanto. Adicionando com uma força humana... Era inevitável que se abaixasse. 

E como eu esperava, havia sangue escorrendo da ponta, até o meio da haste. Estava meio seco e grudado e provavelmente o assassino não teria tempo o suficiente para esconder o corpo no local desejado e limpar o sangue.  

-Tsumiki... Você estava certa! - Ele sorriu – Então a haste afiada foi sim a arma do crime! Mas como isso poderia ter resultado nisso e na queda...? 

-E-Eu não tenho certeza de nada, m-mas... Acho que tenho uma ideia de como a vítima morreu... 

-Prossiga, detetive. - Ele riu. 

-H-Hum... - Gaguejei envergonhada – Eu não sei como... Ou por que... O assassino conseguiu trazer a vítima até aqui em cima. E-Enquanto subiam... É-É bem provável que o mesmo pegou a corrente de ferro... Ou obrigou a vítima a carregar... N-Não sei... E-Enfim... A-Após chegarem no topo, p-provavelmente ele usou intimidação com a vítima para não ousar se mexer... Usando uma arma ou... simplesmente usando palavras... E-Enquanto a vítima estava em choque, imobilizada, ele usa as correntes para puxar a haste, tirando a bandeira do lugar. As correntes são pesadas o suficiente para fazer uma haste ser derrubada por uma pessoa só... e se duvidar... com uma mão... Com isso em mente... E-Ele puxa a vítima até a haste e a prende na ponta afiada... O material... Apesar de não ser supostamente flexível... Quando abaixado por uma força... Não seria capaz de quebrar, essa seria a única explicação. C-Com a vítima presa, ele solta a corrente e a força que exercia sobre ela, fazendo com que a haste volte a posição original... O azar é que... A vítima, quando presa, foi usada sua própria pele... E-Então a parte afiada da haste foi usada para furar Kotoko e prendê-la como um gancho... 

-Só que ao soltar, a parte afiada talvez não estava enfiada nela de forma apropriada, então quando a haste voltou ao lugar original... - Dewer pensou. 

-A parte afiada rasgou a pele de Kotoko, deixando-a pendurada lá no alto, mas apenas sendo suportada e segurada pelo pescoço... P-Provavelmente o sangramento foi muito intenso e a dor insuportável, m-mas ela não permaneceu naquela posição por muito tempo... A haste foi feita para suportar bandeiras... N-Não corpos... Então é bem provável que a ponta da haste arrebentou a única pele que a segurava, fazendo-a cair... E quebrar partes do seu corpo... - Conclui. 

-Céus... Que crime inacreditável... - Suspirou Dewer – A haste da bandeira...? Como isso é possível? 

-O-O mistério ainda não acabou... - Falei – Ainda p-precisamos descobrir como o assassino conseguiu a chave daqui... E-E como levou o corpo de Kotoko até o ginásio...  

-A chave não há problema. - Tranquilizou Dewer – Posso resolver isso com os monitores. Aliás, se Kotoko caiu dessa altura... Não seria provável que tivesse sangue caído no verdadeiro local de sua queda? Ela sangrava muito... Seria estranho não ter traços de sangue no chão. 

-E-Eu irei descer e procurar... P-Por gentileza... Senhor Dewer... F-Fale com os outros funcionários sobre a chave... 

-Claro. Muito obrigado, Tsumiki. Você realmente tem uma habilidade incrível. - Ele sorri – Por favor, acredite mais em si mesma. 

Apenas concordei e descemos juntos em silêncio até o térreo. Falando aquilo para alguém, parecia loucura. Uma haste de bandeira usada como arma do crime... Isso era muito bizarro. Por que diabos o assassino não simplesmente puxou a Kotoko daquela altura? Em vez de simplesmente prendê-la? 

Talvez se... 

-Feiticeira. - Gundham surge ao meu lado, fazendo pular de susto – O que planejas agora? Conseguiu descobrir o que está por trás da maldição horrenda em que a indigna humana foi jogada? 

-Irei procurar por mais pistas... J-Já descobri como ela morreu... S-Só preciso de provas mais concretas sobre a parte do ginásio... 

-Eu, o Poderoso Soberano do Gelo, ousa ouvir a explicação do crime, em nome do Império Tanaka! 

-C-Certo, certo...! M-Me siga... Eu te conto tudo. 

Enquanto caminhávamos até o local onde o corpo realmente acabou caindo, tentei o máximo possível para explicar sobre a trágica e torturante morte de Kotoko. Ainda tinha minhas dúvidas, especialmente porque a recém descobrimos como ela morreu, mas não quem poderia ter feito isso.  

-Mas por que prendê-la na haste? Não seria mais fácil atirá-la até o Abismo da Morte? - Gundham questiona. 

-Eu sinto que... N-Não sei se está certo, mas... Acho que a queda de Kotoko não estava realmente nos planos do assassino... 

-Como assim?! 

-O assassino talvez não soubesse do peso que uma haste seria capaz de suportar... Ou talvez foi um erro de como prendeu a vítima... Acredito que originalmente a vítima iria morrer de hemorragia, de uma forma mais dramática, mas ela acabou caindo, complicando as coisas para o assassino. 

-Mas se ela caiu, ou não, não importaria. As pessoas iriam assumir que ela caiu do telhado e quebrou o pescoço! 

-M-Mas eles perceberiam o corte enorme em seu corpo... S-Se os funcionários achassem o corpo primeiro... E o local em que ela caiu... N-Não seria difícil assumir que ela possa ter caído onde a bandeira estava... 

-Qual seria o problema se descobrissem o mais cedo possível que a morte de Kotoko foi causada pela haste da bandeira? 

-N-Não gosto de pensar muito nisso m-mas... T-Talvez fosse para ocultar evidências? E-Eu também não sei o real motivo dele querer mover o corpo... Provavelmente tem a ver com as evidências deixadas para trás... 

-Mas que tipo de evidências? 

-Talvez... - Pensei – Talvez algo que tivesse sido utilizado para l-levar Kotoko até lá em cima? 

Antes que ele respondesse, exclamei ao chegarmos no local. Corri rapidamente até lá e me agachei naquele gramado. Não havia nenhum indício óbvio de sangue e pausei, me perguntando. Se a vítima caiu aqui... Por que não havia nenhum sangue?  

Decidi então tocar na grama. Percebi uma certa textura mais espessa e grudenta. Primeiro achei que era a textura da grama, mas para checar, toquei em outras partes do gramado. A textura era diferente. 

-T-Tinha sangue aqui... - Falei. 

-Mas não tem nada. 

-O assassino provavelmente limpou... P-Porém é difícil se livrar de sangue facilmente. Sempre há marcas, respingos ou... dependendo do tipo de local em que o sangramento ocorreu... o sangue pode grudar ou mudar a textura do objeto... 

-Nesse caso... - Gundham se abaixa e toca na grama com sangue e após isso na grama limpa – O sangue grudou na grama, só que é difícil perceber a olho nu, já que grama naturalmente tem aparência úmida... 

-E-Então após o corpo cair, o assassino se apressa e corre até aqui e... - Olho para os lados e começo a tocar freneticamente no gramado – H-Hum... O assassino carregou a vítima até o ginásio? 

-Parece mais provável. Arrastar um corpo demoraria muito mais tempo e deixaria muito mais evidências... Já podemos traçar um certo perfil do assassino, já que não é qualquer mero ser humano que pode carregar outro com tanta facilidade e rapidez. 

-E-Entendo... Então ele carrega o corpo até o ginásio, porque é um lugar igualmente alto... E o assassino, por sua mudança de planos, queria deixar a impressão que a vítima morreu de queda... Porém ele precisava esconder o corte, então deixou a vítima de costas... A-Ainda pareceria que ela morreu de queda, só haveria aquela poça de sangue... A-Até a polícia chegar, d-demorariam a mexer no corpo para perceber aquele rasgo na sua pele... 

-Então o assassino teria muito mais tempo para esconder evidências que comprovam que a vítima morreu pela haste da bandeira! Quase um crime perfeito! 

-S-Se não fosse pela ideia de investigar o corpo... O assassino poderia ter tido tempo de l-limpar superficialmente a haste da bandeira e trancar a sala do telhado... A-Acredito que ele ainda conseguiu se livrar de evidências importantes infelizmente... 

-Quais, imagino? 

-Ele conseguiu esconder o rastro de sangue e t-também conseguiu esconder o que quer que estivesse usando para a-ameaçar Kotoko... 

-Ameaçar? 

-E-Eu não acredito que Kotoko aceitou seguir o assassino por livre e espontânea vontade... D-Deve ter tido algum tipo de ameaça... Provavelmente com alguma arma... N-Não faço ideia qual... 

-Tem razão... O assassino, após abandonar o corpo de Kotoko no labirinto do inferno, deve ter obviamente se livrado de qualquer coisa que pudesse ser usada como ameaça... Provavelmente poderia ter queimado no Buraco Do Fogo Infinito... 

-V-Você quis dizer o incinerador...? 

Droga... Se o assassino queimou uma evidência, não há como conseguir de volta. A arma de ameaça poderia ser útil após a polícia chegar, para fazer teste de digitais e incriminar ainda mais o suspeito. Sem a arma de ameaça, não temos pelo menos nenhuma base de quem poderia usado ou o quê. E objetos que poderiam ser usados para ameaçar poderiam ser muitos. 

-Mas me pergunto... Se ele queimou mesmo a arma, por que não queimou as correntes? 

-P-Provavelmente para não chamar atenção... As correntes eram compridas, se alguém testemunhasse alguém queimando um material pertencente aos funcionários, se isso fosse possível, com certeza iria levantar muitas suspeitas. 

-Mas e as digitais na corrente? Seria muito imprudente da parte dele, se descobrissem que foi naquela sala que ocorreu o assassinato, deixar uma parte daquilo tão óbvia assim. 

Pensei um pouco... Por que o assassino queimou apenas uma evidência, mas não todas?  

-A chave... - Comecei – S-Se o assassino trancasse a porta e se livrasse da chave... N-Ninguém imaginaria que o crime ocorreu lá... 

-Mas por que ele ainda não trancou a porta? 

-E-Eu acredito que foi puro ato de descuido... A-Afinal... C-Como o assassino iria imaginar que os alunos iriam investigar o crime? 

-Isso não parece certo. Após se livrar do corpo ele vai limpar o sangue e se livrar de uma arma usada para ameaçar, não seria muito mais lógico que imediatamente também ele trancasse a porta? 

-V-Verdade, mas... Talvez se... - Tentei pensar em algo, mas nada vinha na minha mente. 

-Bem, pensando por um lado, talvez tenha uma hipótese... 

-Qual...? 

-Se o assassino estava seguindo a vítima, significa que estava sozinho. E acabou ficando sozinho por muito tempo. Isso dificultaria em um álibi, certo? 

-M-Mas é claro! - Exclamei – Se o assassino tivesse usado todo o seu tempo para destruir evidências... I-Iria ser descoberto por não ter nenhum álibi... E-Então ele deve ter deixado isso para mais tarde! Para ninguém desconfiar dele no m-momento... 

-Tudo está se encaixando aos poucos. Foi um crime bastante arriscado, mas ainda estamos no meio do caminho. Ainda não sabemos como ele arranjou a chave e nem temos um suspeito se quer. 

-V-Verdade... vamos atrás do senhor Dewer... Talvez ele tenha achado alguma coisa... 

Caminhamos até a sala dos funcionários. Dewer estava parado, parecendo que estava nos esperando, com uma certa expressão de preocupação no rosto: 

-E então...? - Perguntei. 

-Como imaginei... Enquanto faziam ronda ao redor dos corredores e dos prédios durante as aulas... Alguém deve ter entrado escondido na sala de arquivos dos monitores... E roubou a chave. 

-V-Você tem absoluta certeza que foi o-outra pessoa, c-certo?  

-Os funcionários, geralmente quando pegam qualquer chave específica, precisam se justificar para o uso dela. Eles teriam que inventar um motivo... E não é só isso que impede que um funcionário tenha sido o assassino, a forma que todos saímos é impossível algum monitor ter roubado a chave sem ser visto. Segundo eles, a chave estava lá quando abriram as salas de manhã, mas quando retornaram na hora do intervalo, havia desaparecido. Supomos que o único momento capaz de roubar essa chave, seria durante as aulas. 

-E-Então o assassino sabia realmente da rotina de Kotoko... - Comentei – C-Com vantagem disso, ele roubou a chave de lá, esperou até o intervalo onde a vítima subiu lá... E a matou... 

-Com todo desenvolvimento do crime justificado, agora nos resta questionar os mais possíveis suspeitos: os colegas de Kotoko. - Concluiu Dewer. 

-O que não tiver um álibi sólido, é o mais provável culpado... Rá! Quem diria que o crime seria facilmente desenrolado assim... - Riu Gundham. 

O problema é eu que realmente sentia que as coisas não acabariam por aí. Afinal, de por volta de 10 a 15 alunos, é impossível que apenas um não tenha um álibi... A lista de suspeitos pode ser curta, mas conseguir ter argumentos eficientes para provar que alguém é o culpado... E também tem a possibilidade de Kotoko ser conhecida não só pelos seus colegas... 

A investigação estava apenas começando. 

 

 

(Continua...)

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Desculpe qualquer erro de digitação!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...