História Insano - Histórias

Hinata caminhava pelas ruas de cabeça baixa. O frio na Inglaterra havia sido rigoroso esse ano e a jovem Hyuuga mantinha um grosso cachecol ao redor do pequeno pescoço o que a fazia parecer ainda menor do que realmente era. O caminho para a faculdade geralmente era feito de carro, mas o carro da mesma havia sido tomado pelo pai. Hiashi Hyuuga um dos maiores empresários da Europa, era dono de uma das maiores indústrias farmacêuticas que havia e era conhecido mundialmente. A jovem Hyuuga sempre fora criada para seguir os passos do pai e se tornar a herdeira perfeita, a administradora fria e cruel que conseguiria, ela vinha sendo treinada desde criança para ocupar a cadeira de presidente das empresas e tal foi a surpresa do pai quando ela resolveu sair de casa e se tornar professora. Hiashi considerou a maior afronta que já tivera na vida e Hinata teve de escolher entre perder a herança ou ser o que o pai queria que ela fosse.

Ali estava ela, cursava literatura a noite e trabalhava de dia na escola que havia há duas quadras dali lecionando para o jardim dois, onde seus alunos tinham de quatro a cinco anos. Hinata estudava para dar aulas a adolescentes, mas aquele emprego era o que pagava suas contas e Hinata não poderia abrir mão daquilo. Havia compro um apartamento simples com o dinheiro que economizara de sua mesada antes de sair de casa, o apartamento era aconchegante e era o orgulho da Hyuuga que o mantinha sempre em ótimo estado, o que de acordo com Ino, sua amiga, era desnecessário já que desde seu ultimo namorado, Inuzuka Kiba, a Hyuuga nunca recebia ninguém.

Hinata assistiu as aulas de maneira arrastada, estava cansada por ser o inicio do semestre letivo e teria alunos novos. Suspirou. O amanhã seria um longo dia.

Sasuke ainda estava no consultório, seu último paciente acabara de sair e o Uchiha estava exausto. Sua secretária, Kurenai, havia saído a mais de uma hora e sua paciente, a senhorita Haruno insistia em lhe falar coisas desnecessárias ao tratamento, Sasuke sabia que a moça de cabelos rosados, que jurava ser natural, estava nutrindo um sentimento a mais pelo moreno e o mesmo já a havia indicado a outro psicólogo, mas a moça insistiu em permanecer com ele e por ser amiga de sua cunhada, Konan, Sasuke resolveu terminar com o tratamento da rosada, mas concluíra que ele próprio precisaria de acompanhamento psicológico quando terminasse com a Haruno. Bufou.

Trancou o consultório e saiu para a rua que já se mostrava escura com o passar das horas. Sasuke fechou os olhos sentindo os pequenos flocos de neve tocarem sua pele pálida. O telefone tocou assim que começou a caminhar até seu carro.

- Otouto trabalhando até tarde? – A voz grave do outro lado da linha se fez divertida e um sorriso brincou nos lábios de Sasuke.

- Alguém têm que trabalhar Itachi, - Falou rouco no telefone.

- Hiro não para de perguntar por você, amanhã começa na nova escola e até Konan perdeu a paciência. Você precisa vir nos ver. – Um grito pequeno do outro lado da linha foi ouvido e um barulho como se o telefone caísse fez Sasuke o tirar do ouvido.

- Oji-san? – Uma voz de criança tomou o outro lado da linha e Sasuke sorriu abertamente, seus pais eram japoneses e mesmo sendo inglês de nascença, Itachi ainda mantinha a cultura dos pais em si.

- Hiro. Ainda está acordado? – Sasuke falou enquanto entrava no carro.

-  Oji-san amanhã eu vou pra uma escola nova, você vai me ver? Pode estudar comigo, aí ficamos mais tempo juntos o que acha? – O pequeno apesar de muito infantil era bastante inteligente, Itachi, irmão de Sasuke e pai do pequeno era um arquiteto renomado e sua esposa, Konan, era uma médica pediatra. Os pais de Sasuke haviam falecido em um acidente quando ainda eram pequenos e foi Itachi que criou o irmão e fez de tudo para que tivesse uma vida decente e com o pensamento de não decepcionar o irmão mais velho, Sasuke se tornou um psicólogo renomado apesar de ainda novo.

- Não há como estudarmos juntos Hiro, mas prometo te ver em breve. – Falou enquanto o pequeno resmungava.

- Acho que ele é resmungão igual ao Oji-san dele.- A voz grave novamente no telefone.

- Vamos marcar esse fim de semana para sairmos, o que acha? Estou com saudades do Hiro. – Sasuke falou firme.

- Admita otouto, você está com saudades desse seu irmão gostoso. – Sasuke ouviu a risada de Konan ao fundo da linha.

- Você é muito idiota. Amanhã nos falamos.

- Se cuida. – Itachi falou apenas e logo desligou.

Sasuke dirigiu pelas ruas de Londres em silêncio. Seu apartamento era consideravelmente luxuoso, por não ter família e não ser uma pessoa considerada de balada o Uchiha administrava seu dinheiro muito bem, tendo uma boa vida e mantendo um alto padrão social. A única coisa que Sasuke prezava mais que sua carreira era sua família, Itachi, Konan e Hiro vinham acima de qualquer coisa para o moreno e isso já havia acabado com muitos de seus relacionamentos, quando suas namoradas não se davam bem com Hiro ou mesmo maltratavam o garoto deixavam de ser opção na mesma hora e Sasuke nunca se arrependera de tal decisão.

Ligou as luzes do apartamento e ele pareceu maior na noite gelada. Suspirou e adentrou o local em silêncio. Gostava quando Hiro ia ficar consigo, o pequeno alegrava toda a casa e quando não estava lá, o apartamento parecia mal assombrado, grande demais silencioso demais. Sasuke tomou um banho demorado e comeu qualquer coisa pronta que estava na geladeira, deitou-se logo depois suspirando.

- Um psicólogo de vinte e quatro anos em casa dormindo as dez da noite. – Sasuke falou para si mesmo e a voz ecoou por todo o quarto. Sorriu. Afetado demais. Pensou antes de fechar os olhos para tentar pegar no sono.

Hinata chegou em seu apartamento quase as onze horas e preparou um ramém rápido para comer, banhou enquanto a comida esfriava e demorou demais no banho, a comida ficou fria o que acabou com boa parte de seu apetite. Comeu e silêncio e preparou o material da aula que daria no dia seguinte, colocou tudo em sua mala e suspirou.

- Uma professora de vinte e três anos, Hyuuga, deserdada. Bela vida Hinata. – Virou-se para tentar dormir e ficou olhando a noite cinzenta pela porta de vidro em seu quarto, a pequena varanda iluminada pela lua.