Instinto Dissonante - Capítulo único.
O sorriso que se fazia naqueles lábios finos talvez fosse o que mais chamava a sua atenção. Lábios doces e convidativos, de um formato perfeito e um gosto viciante. Vício este que jamais esqueceria.
E agora estava ali, bem diante de si. Os lábios que tanto almejava, mas que agora não poderia mais toca-los. Não poderia mais senti-los, beijá-los... Por mais que fosse seu, que lhe pertencesse, já não era mais ele a apreciar aquela boca doce e convidativa.
Porém, nesse exato instante, Tobirama sentiu uma vontade absurda de provar novamente o sabor que somente aqueles lábios finos eram capazes de oferecer. Que lhe dava uma sensação de plenitude e provocava-lhe um desejo insanamente profundo em seu âmago.
Os olhos castanhos de um tom levemente rubro não conseguiam desviar a atenção dele. Além dos lábios apetecíveis, o rosto alvo e adormecido o deixava com um ar de pureza. Os longos cílios negros eram evidentes, os quais contrastavam com a pele leitosa de sua face levemente delicada. Os cabelos negros encontravam-se espalhados pela cama e por parte de seu corpo, cabelos nos quais tanto amava tocar e sentir entre seus dedos as madeixas sedosas.
Izuna era a personificação de tudo que mais almejava. Não havia mais dúvidas quanto a isso.
Mas então, por que o perdeu de uma maneira tão miserável? Por que deixou a situação chegar àquele ponto?
Tobirama não tinha respostas para suas próprias indagações. Não tinha mais nada. Ou melhor, tinha um único desejo no momento: tocá-lo.
E foi o que fez.
Inconscientemente os dedos de sua destra pousaram sobre os lábios avermelhados de Izuna, podendo sentir a textura macia. E aquele simples toque foi o suficiente para fazê-lo despertar do leve sono que o entorpecia no momento, fazendo Izuna abrir os olhos em um ímpeto, revelando a íris abaçanada, tão negra quanto seus longos cabelos.
Por um instante, apenas a troca de olhares se fez no momento. O olhar fleumático de Tobirama observando atentamente a expressão de dúvida no rosto do Uchiha, que após longos segundos resolveu quebrar o silêncio instalado entre ambos.
– O que você quer? – Izuna perguntou diretamente, expressando dúvida. Ainda estava um pouco aturdido, afinal, estava deitado na cama, lendo um livro qualquer que lhe fez cair no sono. E como se não bastasse, Tobirama simplesmente o acorda tocando-lhe nos lábios.
A resposta que o moreno obteve foi um longo momento de silêncio. Mas logo quando pensou em refazer a pergunta, a mão direita do outrem lhe tocou o rosto, o deixando ainda mais atordoado.
– O que você quer Tobirama?! – Voltou a perguntar em um tom mais severo, franzindo o cenho, sentando-se.
– Você.
Em outra situação o Uchiha com certeza começaria a rir. Porém, neste momento não teve tempo para nada. Não houve tempo para pensar em alguma resposta, ou para sequer pensar sobre aquilo, pois seus lábios foram tomados ousadamente.
Podia sentir a urgência em que foi tomado naquele ósculo. A língua fogosa envolvendo a sua, tornando o beijo mais intenso à medida que o deixava prosseguir. Pensou em protestar àquilo, mas inconscientemente entregava-se naquele beijo impávido. Talvez quisesse senti-lo...
Talvez ainda o quisesse. Só talvez...
Mas um lapso de consciência se fez em Izuna, e rapidamente suas mãos espalmaram no peitoral largo do albino, empurrando-o e parando aquele beijo. Franziu o cenho, demonstrando ira em seu olhar e encostou as costas de sua mão esquerda sobre seus lábios, indignado pelo fato de ter tido um beijo roubado daquela forma.
– Você está bêbado, Tobirama?! – Perguntou colérico.
– Não! – Respondeu em alto e bom tom, sorumbático, em seu típico comportamento de mal humor. Respirou fundo e passou a mão nos cabelos platinados, deixando-os ainda mais em desalinho, denotando seu nervosismo em um gesto que Izuna conhecia muito bem.
E realmente estava nervoso. Não pelo o fato de estar próximo de Izuna, mas pelo o fato de o porquê estar com aquela vontade tão inesperada. O casamento de ambos já era um fracasso. Haviam se casado há oito anos, e nos últimos dois anos o casamento só ia de mal a pior.
E assim as traições tornaram-se constantes, para ambos. Não se sabe como começou ao certo, mas com o tempo, o relacionamento foi tornando-se algo de ‘fachada’. Dividiam apenas a mesma cama, mas trocavam poucas palavras, pouco se viam no dia-a-dia... Não trocavam mais nem sequer uma carícia. O tempo dilacerou o belo relacionamento de ambos, chegando a torna-los praticamente desconhecidos. E as traições já era algo normal naquela relação desfragmentada.
Porém, estavam num momento estranho. O que Tobirama queria de si, afinal? Ele deveria estar se divertindo com suas amantes nesse momento. Ou deveria estar bêbado para lhe beijar assim, repentinamente. Era a única explicação plausível para tal ato.
– Sabe que odeio quando volta para casa estando bêbado! – Volveu Izuna, visto que ele não iria prosseguir com a explicação que lhe pediu. Levantou-se da cama, pegando o livro que estava lendo, preparando-se para sair do quarto, quando teve seu pulso segurado com certa força pelo outrem.
Tobirama o virou bruscamente ao levantar-se da cama e segurá-lo, fazendo-o virar-se para si. A troca de olhares foi inevitável. Novamente o Senju sentia-se atraído pelos olhos ônix que estranhamente continham um luzir escarlate. Era fascinante!
O Uchiha olhou para o próprio pulso que estava sendo segurado com força, em seguida subiu seu olhar novamente para o marido, voltando a encara-lo. – Tobirama, eu não estou com paciência para...-
– Eu já disse que não estou bêbado. – O interrompeu, voltando a afirmar. – E também disse que quero você. E o terei. – E dito isto, aproximou-se novamente, quebrando a distância e colando os lábios nos do moreno, deixando-se levar novamente pela sensação de plenitude que aqueles lábios macios proporcionavam. Aquela sensação era única. Nenhuma outra pessoa e nenhum outro beijo jamais poderiam ser comparados... Os lábios de Izuna eram sua perdição. E estava perdido neste momento naquele ósculo cálido, que foi correspondido após alguns segundos de protesto pelo outrem.
Izuna deixou-se levar. Ainda pensou em protestar, afinal, o casamento de ambos estava um fracasso e não existiam mais motivos para isso... Porém, entregou-se ao momento. E naquele instante, notou o quanto sentia falta daquela boca impetuosa, daquelas mãos grandes e ousadas que agora passavam por seu corpo com ousadia, invadindo a camiseta que usava, tocando-o diretamente em sua pele. E aquele simples toque era capaz de fazer seu corpo todo estremecer com facilidade. Eram as mãos de Tobirama que o atacava agora, e isso fazia seu corpo reagir de uma maneira absurdamente deleitosa e entregue a ele.
Um gemido baixo saiu dos lábios finos do moreno ao sentir suas costas contra o colchão macio da grande cama de casal, sendo deitado novamente por ele e sentindo-o acima de si. O beijo não foi interrompido em nenhum momento, não queriam parar, queriam sentir e matar as saudades que os consumiam, e o simples ósculo já havia tornado-se mais intenso e abrasador à medida que ambos entregavam-se ao prazer do momento.
E ao parar o beijo, as mãos urgentes buscavam livrar-se das vestimentas. Aos poucos as roupas eram jogadas pelo chão do quarto, as mãos buscando tocar a pele um do outro, acariciando, sentindo...
– Awm... – O gemido baixo pôde ser ouvido e apreciado por Tobirama, que introduzia um dígito na entrada desejosa de Izuna. Os lábios carnudos do albino passeavam pelo pescoço de tez branca, deliciando-se com a pele macia e doce enquanto o penetrava com um único dedo.
Aos poucos adicionou o segundo dígito, tornando a velocidade daquele ato um pouco mais rápida, notando como ele estava entregue sob si. Seu corpo pulsava para sentir o dele e o corpo alvo de Izuna parecia clamar pelo seu urgentemente, por mais que nenhuma palavra estivesse sendo realmente dita. Havia esquecido como ambos tinham aquela conectividade, aquela ligação única que apenas o mais puro e forte sentimento poderia interliga-los.
– Tobirama... Rápido... – A voz era carregada de desejo, seu corpo tinha pressa em senti-lo novamente. Não se sabe ao certo como estava daquele jeito com ele, afinal fazia tempos que não se tocavam, e agora estava ali, implorando para recebê-lo como antigamente. E da mesma forma que antigamente, ele gostava de continuar a lhe torturar, tocando-lhe em seu local mais prazeroso levemente, e bem devagar... Era uma tortura deliciosa.
Estava gostando de tortura-lo, vê-lo tão absorto em suas carícias ousadas. Gostava muito de torturar o seu Izuna antes de tomá-lo para si com impetuosidade e luxúria, mas dessa vez tinha muita urgência. Seu corpo implorava para estar dentro dele e sentia que enlouqueceria se não o fizesse.
E aos poucos ganhava centímetro por centímetro dentro do corpo cálido e apertado, enquanto agora ambas as mãos seguravam com firmeza a cintura delgada, com força o suficiente para marcar com seus dedos a pele branquinha. Era impossível descrever em palavras a sensação de sentir-se novamente dentro dele, de tê-lo novamente para si, de fazê-lo completamente seu...
Os longos cabelos negros espalhados de forma sensual pelo corpo pálido e pela cama deixavam-no perfeito. Izuna era a sua personificação do amor e sensualidade. Vê-lo daquela maneira tão perfeita, com o rosto corado e os olhos fechados o incitavam a intensificar mais aquele ato libidinoso, tornando agora as lentas investidas em algo mais acelerado e potente, acertando-o a todo instante naquele ponto em específico onde notava que o belo corpo contorcia-se de prazer sob o seu.
Gemidos deleitosos e sussurros de prazeres eram ouvidos a todo instante naquele quarto. O albino impulsionava com mais precisão e vontade o seu corpo contra o menor, fazendo-o contorcer-se de prazer e gemer cada vez mais alto. Era delicioso ver que era o causador de um prazer tão intenso e lascivo naquele homem que tanto amava.
Com impetuosidade o puxou rapidamente mais para si, fazendo-o sentar-se em seu colo. As mãos acariciavam-lhe as costas alvas e sentia que ele novamente voltou a buscar por mais de si a cada movimento em que fazia, subindo e descendo sobre seu membro em riste.
– Sentiu falta disto... Não foi? – O Uchiha murmurou sensualmente rente a orelha do maior, fazendo-o sentir seu hálito quente contra a pele, mordendo-lhe o lóbulo da orelha em seguida antes de passar a língua sensualmente por toda a cartilagem sensível enquanto seu corpo movia-se eroticamente, cavalgando-o e rebolando sobre ele, sentindo-se cada vez mais próximo ao prazer total.
– Não tanto quanto você... – Provocou num tom de voz rouco, buscando novamente os lábios finos para mais um beijo salaz. As mãos ousadas percorriam a pele macia, pelas costas, coxas... Até uma delas encontrar o falo enrijecido do menor, envolvendo-o com sua mão e movendo-a na mesma intensidade que ele ditava os movimentos.
E tão logo atingiram o ponto máximo do prazer, praticamente ao mesmo tempo, num orgasmo que veio de uma maneira avassaladora, tomando os corpos dos amantes com ondas magníficas de satisfação e plenitude. Um chamou pelo nome do outro, como a muito tinham vontade de chamar quando sentiam aquela sensação nos braços de outros.
Outro beijo se fez após deliciarem-se com a sensação do orgasmo recente... Troca de carícias e sussurros amorosos... Ambos deitaram exaustos na larga e confortável cama de casal, os olhos fixados, sustentando os olhares ainda inertes no erotismo.
– Vai me contar agora o porquê disso tudo? – Perguntou e um sorriso plácido se fez em seus lábios finos e avermelhados, fitando o albino ao seu lado. Seu peito subia e descia, assim como o peitoral forte dele, que o deixava de um jeito mais sensual ao estar suado daquela forma.
– Eu apenas te vi dormindo. E me deu vontade. – Respondeu com os olhos fechados, puxando o menor para si, o abraçando. Havia até esquecido como era bom ficar abraçado daquela forma com ele após o sexo.
Izuna riu baixinho e apenas aconchegou-se mais. Aquela surpresa havia sido ótima. Sentia saudades dos velhos tempos em que se amavam loucamente logo quando casaram, mesmo com o Senju insistindo odiar os Uchihas... Algo que havia mudado um pouco após a união de ambos, por mais que ele não admitisse. E sabia também que ele não admitiria tão facilmente o porquê disso tudo, mas não fez questão de procurar saber, apenas aproveitaria o momento com ele novamente.
A verdade é que Tobirama havia chamado o nome de Izuna em meio às carícias ousadas que estava tendo com uma de suas amantes. Claro, jamais diria isso para ele... Pois ele despertava o seu mais profundo e intenso instinto dissonante.
E não o perderia. Não mais.
FIM.
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