História Internet Crush - I Loved To Type With You, But I Gotta Go To Bed.

17 anos, recém completados, e tudo o que o garoto de pele alva, rosto redondo e cabelos negros queria era sair dessa monotonia que assombrava seus dias. Nada era capaz de deixa-lo animado, nem mesmo aquele frio delicioso que caía sobre a cidade sul coreana de Busan.

Os olhos rasgados se fechavam preguiçosamente, enquanto seu corpo, ainda coberto pelo uniforme escolar e estirado sobre sua cama bagunçada, tentava unir forças para retirar seus fones de ouvido e seguir para o banheiro para fazer sua última higiene diária depois de um sufocante dia na escola.

O relógio de seu display mostrava que já eram 10:45 da noite e em um ato natural, ao ver que mal tinha chegado da instituição e já era tão tarde, suas sobrancelhas caíram em sua expressão, enquanto uma leve elevação se formava em seus lábios deixando para quem visse de fora uma visão totalmente pura e afofada do jovem moreno.

Logo essas expressões mudaram para um enorme sorriso, ao ver a mulher baixa, de cabelos longos e de estatura bem magra, até mais que o normal, adentrar seu quarto informando que o jantar estava pronto, que o Park e o mais novo, deveriam se apressar para tomar banho e fazer tal refeição.

Ah, como amava sua mãe, seus olhos brilhavam somente por acordar e ver todo o esforço que a mulher fazia, antes de seguir para sua empresa, apenas para se certificar que tudo estava bem com Jimin e seu primo Jeongguk, o qual os pais faleceram em um terrível acidente de avião e a justiça decidiu que seria melhor ele morar com a viúva tia e seu primo.

Jeongguk era um garoto muito sentimental. À primeira vista, parecia um tanto frio e arrogante, porém Jimin conhecia seu primo como a palma de sua mão e sabia que esse era o jeito do garoto evitar possíveis danos sentimentais futuros, já que mesmo com uma simples companhia, o garoto não conseguia controlar sua devoção que dava à pessoa alheia. Não o julgava, apenas entendia, mas isso dificultava muito o garoto à fazer amizades, inclusive com pessoas da mesma idade, uma vez que demonstrava não estar interessado em conversar, mesmo com seu coração ansiando por atenção.

Ainda mantendo o sorriso, o mais baixo dos três presentes naquele quarto retirou o acessório do ouvido e olhou para cama ao lado.

— Você quer ir primeiro, Jeongguk?

— Não, pode ir! — O rapaz sequer desgrudou os olhos da tela de seu notebook para responder, apertava os botões do teclado frequentemente e de maneira até um tanto primitiva, o que fez o Park rir soprado, junto da mulher que observava da porta o que acontecia no cômodo.

O mais novo era fissurado por games, quando não era na sala pelo videogame, era em seu notebook, até mesmo Jimin chamava a atenção do rapaz quando conversava com ele pelos cantos e o mesmo só fazia por onde o responder brevemente por estar mais interessado em tocar o display de seu celular.

— Sim, mãe, logo iremos.

A mulher sorriu em resposta e voltou aos seus afazeres e o Park se levantou da cama, sentindo seu uniforme pesar dez vezes mais que o normal, talvez fosse seu cansaço. Ignorou o fato e seguiu porta a fora, com a toalha nos ombros, em direção ao banheiro, se trancando lá dentro. Pendurou a toalha em um canto qualquer e então se despiu, colocando suas roupas dentro do cesto próprio para roupas usadas e se olhou em frente ao enorme espelho que caía sobre uma das paredes.

Quem visse de fora, acharia o corpo do rapaz extremamente perfeito e escultural, mas se tinha uma coisa que Park Jimin se preocupava mais do que com sua mãe e seu primo, era sua aparência. Nunca estava bom ou bonito o bastante para ele, achava seu rosto muito redondo, e principalmente, se achava gordo demais, mesmo que seu corpo dissesse o contrário.

Se desfez de tais pensamentos e se dirigiu ao box do banheiro ligando o chuveiro e esperando a água do mesmo se esquentar para começar a se molhar. Ensaboou todo o seu corpo e aplicou shampoo em seus cabelos e logo tornou-se a molhar seu corpo, retirando toda e qualquer espuma presente sobre sua pele. Ao estar com o corpo e os cabelos higienizados, o Park cogitou em desligar o chuveiro, mas seus olhos se fecharam e aquela sensação deliciosa da água lhe envolvendo todo seu mesocarpo lhe fazendo relaxar o fez fechar os olhos novamente e pensar em sua vida.

Tudo era perfeito para si, tinha uma mãe maravilhosa, um primo que mais parecia um irmão, já que eram inseparáveis, mas sua vida ainda estava vazia, seu coração estava vazio, sua mente estava vazia, seria falta de um amor? Não sabia, mas as vezes olhava as pessoas de sua sala de aula com seus devidos namorados e namoradas e se sentia tão sozinho e infeliz. Toda vez que deitava para dormir, sua cabeça sonhava com o homem perfeito que fosse tirar a vida dele da monotonia mas no fim, passava-se os dias, as semanas, os meses e caia novamente no vazio da solidão. O Park já tentou sair com os rapazes de sua escola, porém, sempre acabava falhando, até uma vez se apaixonou por um dos garotos da sua sala quando estava no início do ensino médio e construíram um relacionamento, porém, acabou sendo sufocante demais para Jimin e só o deixou menos esperançoso de que estava destinado à alguém nesse mundo.

Finalizando esses pensamentos, se desfez do chuveiro saindo box com uma expressão nada animada, tomando em mãos sua toalha que logo lhe foi útil para secar todo o seu corpo. Vestiu-se dentro do banheiro mesmo, com uma calça de moletom, uma camiseta de manga longa e calçou seus chinelos, seguindo diretamente para o quarto, avisar seu primo que agora poderia tomar seu banho.

O resto da noite passou assim, após o jantar, sem muitos afazeres e com os dois garotos deitados em suas devidas camas, uma ao lado da outra, aonde só tinha um pequeno corredor entre as mesmas.

Jeongguk olhava para seu celular o tempo inteiro e seus olhos brilhavam de acordo com o que via na tela. Já Jimin, escutava suas músicas preferidas enquanto olhava as notícias sobre suas séries, filmes e grupos musicais que se considerava “fã”, em seu twitter.

— Nossa, como a vida é chata. — Disse o moreno mais velho, olhando para o teto enquanto bloqueava seu celular e o deixava em um canto qualquer de sua cama. — Queria ter o que fazer, alguma coisa que preste da vida!

— Você é exigente demais consigo mesmo. — O menor bloqueou seu celular também e se ajeitou na cama, pendendo sua cabeça para o lado para olhar para o primo. — Qual o problema dessa vez?

— Nada, é que... Eu só me sinto um pouco sozinho, agora que completei 17 anos e estou no último ano da escola, não sei como vai ser minha vida depois disso... eu meio que... — Engoliu em seco, retribuindo o olhar do mais novo. — Queria alguém, sabe? Pra dividir e criar momentos bons. Pra chorar nesses dias que eu fico desse jeito. — Talvez Jimin fosse mais carente do que imaginasse.

— Ué... mas você tem à mim, Jimin. — O Park lhe olhou com uma das sobrancelhas arqueadas.

— Mas você eu não posso beijar. — Disse com um rosto de reprovação. — Eu queria um namorado.

Jeongguk apenas sorriu soprado enquanto escutava o que seu primo dizia.

— Você ainda é novo! Não tem necessidade de um namorado! — Exclamou o mais novo.

— É, talvez eu nunca precise mesmo, talvez eu esteja destinado a ficar sozinho para sempre. — Virou-se de costas para a cama do mais novo, se encolhendo embaixo de sua coberta. — Boa noite.

Sem entender muito bem, o mais novo apenas se ajeitou melhor para dormir e respondeu ao boa noite do primo, esperando que o mesmo não estivesse bravo consigo. O que era quase improvável, já que o mais velho adorava fazer drama.

Jimin virou e revirou na cama por várias horas, porém seus pensamentos não o deixava dormir. Tateou pela cama às cegas e conseguiu alcançar seu celular. Desbloqueou o display, encaixou os fones de ouvido -tanto no celular quanto em sua audição-, e colocou uma das suas músicas favoritas para tocar enquanto voltava a olhar a timeline de sua rede social.

Baby baby  그대는

Caramel Macchiato

여전히 내 입가엔

그대 향기 달콤해

Baby…

Baby… tonight…

 

Os olhos do Park se fechavam calmamente e logo aquela tristeza atingia-o profundamente fazendo o rapaz suspirar fundo à fim de não deixar nenhuma lágrima cair de seus olhos.

Não sabia porquê disso, não sabia porque se sentia dessa maneira, talvez a perda do pai, quando já tinha seus 14 anos o fizera ficar mais carente que o normal. E por mais que tentasse aceitar esses destinos e que seu ente querido estava em um lugar melhor, clamava pelo seu nome, por seu abraço e afeto quase sempre.

Quando percebeu, já sentia seu rosto molhado, é a visão embaçada ao olhar para seu celular.

Cansado disso, limpou o rosto com o dorso da mão, e esperando sua visão voltar a se normalizar, dirigiu seu polegar até a caixa aonde poderia digitar alguma coisa e então seus dedos moviam rapidamente pelos caracteres do teclado.

“그 손을 내 미러줘  Save me. Id: chimchim357”

“Estenda-me sua mão e me salve. Id: chimchim_905”

Duvidava muito que alguém fosse lhe adicionar no Kakaotalk e lhe puxar uma conversa interessante que o fizesse apenas se esquecer momentaneamente que estava sozinho, mas não custava tentar.

Inusitadamente seu celular vibrou em sua mão e seus olhos brilharam em meio à notificação que aparecia ali.

“Lovely boy: Olá chimchim.”

Visualizou quase que de imediatamente a mensagem, porém, tirou um tempo para olhar a foto do perfil do tal “Lovely boy” porém falhou ao ver uma foto artística de um personagem qualquer de anime.

“Lovely boy: Eu vi sua mensagem no twitter. Está acontecendo algo com você? Não fique triste!”

Bom, se ele era ou não bonito, não tinha a mínima certeza, mas que ele era preocupado e carinhoso; ele era demais.

Ficava ocioso para responder, aliás... não sabia como responder. Até que forçou um pouco.

“Chimchim_905: Olá, lovely! Bem... de certa forma está sim. Hahaha. Como você está? Está tudo bem?”

Jimin sorria para a tela, essa sensação de alguém que não seja seu primo ou sua mãe estarem preocupados consigo, mas sim outro rapaz, o deixava intensamente intrigado.

“Lovely boy: Bem sim! O que está acontecendo pode me dizer?”

“Chimchim_905: Eu digo, mas confesso que você vai ter que esperar um pouco pois vou ter de digitar uma bíblia para explicar a bagunça que é minha vida.”

“Chimchim_905: Mas antes, tem como você me dizer seu nome, e me mostrar uma foto do seu rosto? Eu me chamo Park Jimin.”

E então, rapidamente o garoto visualizou e Jimin manteve a janela da conversa aberta, e logo, sem muito demorar, apareceu a foto que pedira. Jimin rapidamente baixou e então abriu o arquivo.

Não tinha palavras para descrever tamanha beleza e perfeição naquela foto. Obviamente que rolou uma certa desconfiança por parte do jovem de 17 anos que seriamente duvidava que ele era realmente assim por trás daquela foto de um personagem de anime.

Seu rosto era extremamente delineado, o que surgiu a ideia de que ele poderia ser mais velho, suas linhas do maxilar eram bem definidas, suas sobrancelhas grossas, seus lábios eram extremamente cheios e largos e um sorriso quadrado adornava-os naquela imagem. Ele parecia estar sem camisa, e a foto parecia ter sido tirada com flash, deixando um brilho perfeito em volta de sua clavícula.

“Lovely boy: Me chamo Kim Taehyung, Jimin. Posso te chamar de ChimChim? Você pode me chamar de TaeTae se quiser.”

Não sabia nem o que responder, apenas suspirava fundo e abria milhares de vezes aquela foto, tentando resolver mentalmente se daria atenção à tamanha beleza estampada naquele retrato ou ao garoto que queria falar consigo.

“Chimchim_905: Sim, tudo bem, Taetae. Mas agora eu devo dormir, está tarde, preciso ir ao colégio durante a manhã tudo bem? Assim que eu acordar eu te conto o que estou te devendo. Foi um prazer te conhecer, aliás. Você é lindo.”

E então resolveu desligar seu display e enfim se concentrar em pegar no sono, mesmo que em sua cabeça só tivesse a imagem do garoto qual conheceu hoje.

Enquanto que para Taehyung, uma incógnita se formava, não conseguia digerir o que aconteceu, e certamente tinha medo de ter assustado o rapaz, ou então não ser bonito o suficiente e ele ter dito aquilo só por educação. O respondeu com um simples “Boa noite, tenha bons sonhos.” E então resolveu ir dormir também, uma vez que também teria de assistir aulas durante a manhã. Mas em sua cabeça, ainda pairava a imagem do perfil do rapaz de Busan. O fazendo de certa forma, até perder o sono, mesmo tendo o celular já desligado.

Taehyung sempre acreditou que seu amor estava longe de si, porém nunca se preocupou em procurar alguém, sabia que de algum jeito ou de outro, ele iria aparecer na sua vida. Se preocupava mais com seus estudos e sua formação, mas não podia negar que seu coração palpitava mais rápido, talvez fosse ansiedade em falar com o Park novamente. Mesmo sabendo que podia acordar e o rapaz nem mesmo lembrar de si.