1. Spirit Fanfics >
  2. Into The Dead >
  3. Capítulo 32

História Into The Dead - Capítulo 32


Escrita por: control5h

Notas do Autor


Olá! Tudo bem com vocês? Ainda me encontro na piscina que criei depois das músicas da Camila e da Lauren, só não digo qual o tipo de líquido.

Antes de tudo, vi que a quantidade de comentários diminuiu :/ Desistiram da história ou não estão mais gostando assim? Espero que me digam, porque há muitos que não comentam mais e estou bem triste por isso.
Vou postar um capítulo no meio dessa semana, pois infelizmente não vai dar pra ser dois hoje. Estou trabalhando agora e o tempo está quase inexistente.

Esse capítulo é estilo flashback para explicar uma parte de tudo que aconteceu. Como já disse antes, fiquem de olhos nos marcadores de tempo.
Boa leitura e me perdoem pelos erros.

Capítulo 32 - Capítulo 32


Fanfic / Fanfiction Into The Dead - Capítulo 32

NARRADOR PDV

Primeira semana de Junho

Trinta e cinco dias após o Acontecimento

 

Apenas o barulho estrondoso e feio do motor da Camionete Chevy ecoava pelo silêncio da mata. Alguns animais, aqueles que sobreviviam na copa das árvores, andavam para lá e para cá vivendo suas vidas normalmente. Os pássaros sobrevoavam o local lançando-se no ar fresco.

Uma morena preocupada segurava o volante da Camionete e passava a quinta marcha no motor antigo. O veículo roncou e pegou mais potência, acelerando ainda mais. A loira ao seu lado estava na mesma posição há mais de vinte minutos encarando a floresta do outro lado.

- Eu vou estacionar apenas para ir fazer xixi, ok?! – Normani perguntou enquanto olhava atentamente a expressão neutra de Dinah.

A morena estudou as sobrancelhas franzidas e o maxilar travado. A expressão de Dinah permanecia a mesma há meses, onde nem um sorriso, nem um mísero sorriso que era tão característico de sua personalidade, nasceu.

A loira alta apenas fez um afirmativo com cabeça, mantendo seus olhos focados no horizonte onde as ondas de calor tremiam sobre o asfalto quente.

Era verão e o calor estava infernal no estado de Tennesse. O Sol estava tão intenso que seus raios estavam amarelos e no céu nenhuma nuvem de chuva sequer existia.

Normani virou o volante da Camionete Chevy e diminuiu a velocidade à medida que parava na lateral da estrada adjacente de cascalho. A morena estacionou e puxou o freio de mão, mantendo a chave do veículo na ignição já que tinha a intenção de ser rápida.

A morena estava extremamente preocupada com a sua loira. Tudo estava indo tão bem entre elas e então a desgraça aconteceu.

A busca por suplementos foi dividida em grupos e cada qual tinha a sua semana respectiva. Aquela era a de Normani e Dinah, pois as duas haviam se tornado – antes do Acontecimento – uma boa dupla para ir até as vilas em busca de produtos.

Dinah era rápida e Normani instintiva.

A morena então, quando chegou sua semana, não pensou duas vezes em chamar a loira para lhe acompanhar. Ela pensava que Dinah precisava urgentemente arejar a mente e não ficar apenas trancada dentro do quarto – lugar que permaneceu por duas semanas consecutivas. Ela tinha medo que Dinah se afundasse tanto no próprio poço de martírio que chegasse um ponto que não conseguisse mais ser socorrida.

- Já volto, ok? – ela falou outra vez, procurando os olhos tão amorosos da loira, mas não encontrando nada além de órbitas sem emoção.

- Vou descer um pouco também. – Dinah sussurrou tão baixo e tão fraco que Normani pensou que tivesse ouvido vozes do Além.

A morena concordou freneticamente, feliz de um jeito idiota por finalmente ver a loira respondendo a algo. Arrumou a blusa xadrez cinza que vestia por cima da camiseta – as duas peças sem as mangas por causa do calor infernal – e abriu a sua porta da cabine. Dinah também fez o mesmo e ambas saltaram no asfalto quente.

Dinah se deslocou em direção da carroceria da Chevy. Abriu o compartimento de trás e se assentou na lataria amassada, retirando uma faca do exército do coldre na cintura – de modo defensivo caso algo aparecesse – e voltou a encarar o horizonte.

Normani deu um suspiro sôfrego, a analisando. A morena sabia que precisava ser paciente, e seria, se significasse trazer sua loira de volta.

- Não saia daí! – Normani avisou retoricamente e virou-se de costas, começando a adentrar na floresta. Não iria muito longe, mas também não via necessidade de urinar na frente de Dinah.

A verdade era que Dinah não prestava atenção nisso. A loira alta estava absorta a tudo que acontecia a sua volta. Era como se existisse um sino batendo dentro de seu septo nasal, vibrando sua testa, vibrando sua cabeça, ao mesmo tempo em que um porrete martelava seu coração.

Ela se sentia entorpecida, se sentia anestesiada enquanto a voz sádica de sua mente dizia que finalmente ela agora tinha noção do que Lauren poderia ter sentido em sua perda.

Dinah então inspirou fundo, mas se arrependeu no segundo seguinte quando sentiu cada átomo de oxigênio queimar o interior do seu corpo.

Ela precisava de mais daquela dor.

Olhou então para sua mão direita e viu o brilho causado pelo Sol na lâmina de sua faca. Ponderou consigo mesma se aquele objeto afiado conseguiria trazer a mesma dor que as partículas de oxigênio fizeram em seu pulmão.

Dinah então ergueu o objeto na mão direita e o analisou.

Ergueu o punho esquerdo e o analisou.

A loira alta então parou de raciocinar e simplesmente fez aquilo que ansiava fazer.

Ela só queria acabar com a dor em seu peito fazendo com que outras dores a mascarassem.

A cada corte, a cada passada de lâmina nos pulsos de ambas as mãos, era uma lembrança com sua irmãzinha, era uma recordação com sua família.

Quando ela terminou, um filete grosso e quente de sangue escorria por cada braço e pingava de seus cotovelos. A mão esquerda tremia, que agora segurava a faca para terminar o ato no punho direito.

O rosto da loira estava marcado pelos caminhos úmidos que as lágrimas fizeram durante aquele quase um minuto de paz.

Foram segundos de camuflagem da dor psicológica.

Dinah só queria que aquilo acabasse para que ela pudesse encontrar sua irmãzinha e sua família de novo.

- DINAH!

A loira alta escutou seu nome ser chamado por aquele anjo maravilhoso que vinha correndo em sua direção em câmera lenta.

Normani tinha os olhos arregalados e respiração presa dentro do pulmão ao ver uma Dinah pingando sangue pelos cotovelos e segurando uma faca na mão esquerda.

- DINAH, o que você está fazendo?!

A loira alta novamente não respondeu e continuou analisar a expressão aterrorizada da morena bonita.

Ela sempre achara Normani maravilhosa. Ela era uma mulher tão bela tanto no interior quanto no exterior. Dinah se sentia sortuda por ter tido aquela mulher, sentia-se bem pela chance de tocá-la, de amá-la, de senti-la.

Normani, desesperada, segurou os pulsos de Dinah em uma tentativa inútil de impedir que o fluxo de sangue saísse. A morena tinha os olhos marejados e praguejava por ter deixado a loira sozinha.

- Eu fui estúpida... – choramingou em desespero. – Eu não devia ter lhe deixado sozinha!

Dinah engoliu seco sentindo os primeiros sintomas pela perda de sangue surgirem: a boca seca, coração acelerado, sentidos lentos e confusos.

- Eu só queria ir embora... – Dinah sussurrou baixo ao ver Normani retirar a blusa xadrez do corpo.

Normani envolveu a blusa nos pulsos manchados de vermelho de Dinah e tentou fazer pressão para que o fluxo de sangue diminuísse.

- Você não vai a lugar nenhum, me ouviu? – Normani rosnou meio apavorada.

Ela piscou com força para driblar as lágrimas nos olhos e encarou fixamente a maior. Disse então com a voz mais séria e com o tom mais sincero que conseguiu:

- Não ouse me deixar! Ouviu?! Você não tem esse direito, Dinah Jane!

Normani guiou Dinah, com as mãos em sua cintura, até que a maior estivesse devidamente sentada no lado do carona na Camionete Chevy. Dinah, já pálida e fraca, se escorou ao banco enquanto Normani corria para o lado posto e sentava à frente da direção. A morena girou a chave que continuou na ignição e pisou fundo no acelerador, fazendo os pneus de trás cantarem no asfalto.

- Por que você está fazendo isso?! – Dinah então reclamou quando teve consciência que Normani estava a levando de volta para a Fazenda.

A loira alta tentou retirar o tecido da blusa de ao redor dos pulsos para que eles voltassem a sangrar. Mas a morena, mesmo com a esquerda no volante, com a mão direita conseguiu impedir que Dinah fizesse isso.

- VOCÊ ME ODEIA, VOCÊ SEMPRE ME ODIOU! – Dinah ralhou alto, enraivecida. – Sempre implicou comigo! Sempre me retrucou! Então deveria me deixar fazer isso! Seria um problema a menos para você lidar!

- EU NÃO TE ODEIO, VOCÊ ENLOUQUECEU?!  – Normani gritou na mesma intensidade, revezando em olhar para a loira fraca e para estrada vazia. – EU NUNCA TE ODIEI! E a última coisa que quero nesse mundo é que você morra, Dinah Jane, então pare! Pare de tentar bloquear as pessoas que se importam e gostam de você!

Ver a expressão desesperada de Normani e ouvir aquilo de sua boca fez um soluço sôfrego escapar pelos lábios de Dinah. A loira se entregou ao choro doloroso enquanto olhava para a blusa da morena bonita e via o tecido ficar embebido por seu próprio sangue.

Ela agora se sentia uma completa estúpida.

- Mani... está doendo! – Dinah então encarou os olhos da morena, cheios de dor.

A morena suspirou ao responder ao contato visual existente entre as duas. De alguma forma ela sabia que a dor a qual Dinah se referia não era a que estava vindo de seus pulsos e sim a que vinha de seu peito.

- Eu sei... DJ... eu sei... – a morena sibilou carinhosamente e acariciou o ombro esquerdo da loira. Sua mão subiu até que estivesse afagando o rosto de Dinah. – Mas eu vou estar aqui para te ajudar a superar isso.

###############

Trinta dias antes do a Acontecimento

26 de Março

 

 

- Happy birthday to you! Happy birthday to you! Happy birthday, dear Regina! Happy birthday to you!

*(Feliz aniversário para você! Feliz aniversário para você! Feliz aniversário, querida Regina! Feliz aniversário para você!).

Dinah tinha um sorriso completamente idiota no rosto enquanto observava sua irmãzinha toda feliz em cima de um banco de madeira. A sapequinha, com um sorriso grande, olhava para o bolo disposto à frente de si na mesa com velas acesas indicando seus sete anos.

- Assopre e faço um pedido! – Normani instruiu à garotinha.

Regina assentiu freneticamente e inclinou-se para frente já com as bochechas cheias de ar. Fez um biquinho extremamente fofo para todos os adultos ali e assoprou a chama alaranjada da velha de aniversário.

O seu pedido foi o mais singelo de todos: “Que ela e sua família fossem felizes”.

Mas sabemos que felicidade vem em momentos.

Após a sapequinha assoprar, outra salva de palmas ressurgiu.

Felizmente o grupo havia conseguido se situar no tempo e com isso relembraram o aniversário da garota.

Simon costumava marcar em um velho calendário na cozinha os dias que terminavam, para assim não ficar perdido com a calmaria que vida havia se tornado.

O ex-militar, aliás, estava sentado em uma cadeira de balanço velha de fora da casa, na varanda ampla. Sua mulher, Chelsea, lhe fazia companhia. Ambos estavam felizes – por mais que o velho permanecesse com sua carranca – por terem companhia após tantos meses sozinhos.

Chelsea tinha câncer nos pulmões e precisava ficar o tempo todo com a cânula no nariz. A velha tossia constantemente e com isso sua garganta vivia seca e irritada, o que a fazia ficar na maioria das vezes em silêncio. Mas seus olhos bondosos indicavam sua gentileza e ela, particularmente, adorava as crianças.

Ficara orgulhosa do marido por ter deixado que aquele grupo de pessoas ficasse ali.

Depois do início do Apocalipse o casal de idosos se viu afastado de todo o caos que estava acontecendo na cidade. Simon, há mais de dez anos, havia se aposentado de suas obrigações como Coronel no exército, tornando-se um ex-militar. Eles viviam com a irmã de Simon, a Lindsay Elizabeth Cowell.

Linds, como costumava ser chamada, decidira se mudar para ali para ajudar o irmão a cuidar da esposa.

Obra ou não do destino, Lindsay que era totalmente saudável partira antes que Chelsea e o marido quando, em uma noite, saiu para checar o barulho da cadela labradora – Hera que estava prenha e latindo constantemente – e foi atacada por um andarilho mediano. Ela além de ser mordida bateu com a cabeça no tronco cortado de uma árvore, o que explica o seu corte grotesco.

Isso acontecera um mês antes do grupo chegar a Fazenda.

Mas, o que nem Chelsea, nem Simon e nem o grupo sabia era que o câncer da idosa já havia se espalhado pelo seu corpo. A velha já demonstrava sinais de fraqueza, enjoo constante, inchado nos membros.

Chelsea, ao contrário do que todos esperariam que fizesse, tentou esconder aquilo, principalmente do marido. Ela via como Simon a amava e por isso não tinha coragem de dizer ao homem, que já havia perdido a irmã, que seus dias de vida estavam contados.

Ela esperava aguentar um pouco mais.

Esperava ter mais tempo.

Mas como já se sabe: o tempo acaba quando menos se espera.

Todo o grupo estava reunido na cozinha e olhavam com alegria para Ally que agora cortava o bolo mediano. Normani e Lauren haviam feito o bolo de chocolate. E por mais que não fosse tão visível assim, ambas dividiam esse pequeno amor pela culinária, assim como Troy e Allyson.

A enfermeira já tinha a barriga com um formato um pouco oval por causa dos meses de gravidez. E isso deixava seu amado, Troy, completamente idiota por sua beleza.

- Para quem vai o primeiro pedaço, querida? – Ally perguntou retirando a fatia do bolo com uma faca e a colocou em um prato de vidro.

Lauren e Normani reuniram todos os ingredientes existentes na fazenda – e obrigaram Christopher e Louis a irem à vizinhança procurarem por fermento – para fazer o bolo para Regina.

Eles precisavam de um momento de felicidade.

Eles precisavam esquecer-se das mortes.

Eles precisavam esquecer que estavam no meio de um Apocalipse.

- Hum... – Regina colocou os dedinhos na frente da boca e fingiu estar em um pensamento muito árduo.

A semelhança da personalidade entre Regina e Dinah Jane era surpreendente.

E, ao notar o jeito esparolado das duas, Normani revirou os olhos. Mas, não fora algo provocativo. Era mais algo do tipo: “Eu realmente gosto de aturar as duas”.

Harry ao ver a carranca da morena bonita deu uma gargalhada gostosa.

O jovem de cabelos longos estava sentado à uma cadeira no canto da cozinha e Louis estava ao seu lado. Estranhamente o cientista havia se tornado seu amigo depois de oferecer o ombro, mesmo indiretamente, para toda a lamúria que consumiu seu corpo após a morte de sua melhor amiga.

Claire estava perto de Troy, e ambos, parecendo duas crianças, estavam estrategicamente perto da mesa do bolo.

Apenas esperando para comer.

Tal pai, tal filha.

Demetria estava por perto e segurava Sofia nos braços. A latinazinha já estava bem pesada, mas a cientista sempre teve um apelo por crianças. Ela havia aceitado de bom grado ficar responsável por cuidar de Sofia, Claire e Regina quando seus respectivos familiares não estavam por perto.

Christopher tentava, enquanto isso, amarrar pela milionésima vez os balões nas mobílias da cozinha. O Jauregui e Harry haviam encontrado as bexigas vazias em um quarto de bugigangas no segundo andar do casarão e não pensaram duas vezes em enchê-las para as crianças.

Fazer as três pessoinhas felizes havia se tornado o objeto de felicidade do grupo.

Cuidar das crianças e tentar recomeçar.

Lauren e Camila estavam escoradas a pia de porcelanato. A jovem de olhos verdes tinha um braço passado sobre os ombros da latina, que sorria docemente ao ver a alegria da irmã de sua melhor amiga. E Lauren, apenas por ver Camila tão serenamente bem, se sentia aos poucos melhor depois da perda da irmã.

Camila estava sendo sua âncora que a impedia de se perder no mar dos pensamentos destrutivos.

- O primeiro pedaço será para a Normani! – Regina ergueu os braços após passar longos segundos cogitando.

- Espera aí, como é que é?! – Dinah rapidamente retrucou, de fato ofendida.

A loira alta já lançava sorrisos para todos e tinha uma expressão de “Idiotas, serei eu quem ganhará o primeiro pedaço de bolo!”.

Mas tal irmã, tal sapequinha.

- Oh, sério, querida?! – Normani gaguejou completamente tímida e com as bochechas corando. – Muito obrigada, princesa!

Enquanto Dinah Jane tinha uma careta de incredibilidade, Normani se aproximou de Regina e a agarrou em um abraço apertado.

- Foi você quem deu a ideia do meu aniversário! E eu gosto de você! – Regina respondeu ao soltar-se do abraço caloroso de Normani.

- Oh, obrigada! – a morena murmurou e pegou o prato de vidro que estava sendo entregue por Ally.

- E você também faz minha irmã feliz! – Regina completou e ergueu os bracinhos outra vez como se fizesse uma grande descoberta.

E, naquele momento, a carranca emburrada de Dinah se tornou uma expressão de surpresa para logo em seguida se tornar uma careta tímida. As bochechas da loira coraram como brasa quando as risadas dos amigos ressurgiram na cozinha.

Deixar Dinah Jane envergonhada só poderia ser obra de sua própria irmã.

Normani não disse nada, mas não conseguiu evitar em sorrir com aquilo. Ela apenas ergueu o olhar para Dinah e percebeu que a ex-mecânica também a encarava de um jeito nada sutil.

Até um cego veria as faíscas que saíam entre as duas.

E naquele momento, naquele contato visual, as duas perceberam que se queriam.

E precisavam disso naquela noite.

 

Havia apenas três dias que o grupo havia encontrado o gerador de quase 200 quilos. E por causa dessa descoberta, a alegria estava contagiante entre todos.

Eles realmente esperavam que as coisas melhorassem agora.

Decidiram então que usariam o gerador na casa por uma semana – dica de Louis e Demetria, pois eles queriam testar a potência elétrica antes de instalá-lo nas cercas.

Eles então usufruíram de energia elétrica por uma semana, o regando de gasolina para tal.

E nada melhor que fazer isso logo no dia do aniversário de Regina.

Regina, Claire e Sofia estavam na sala dançando ao som de I’m a Beliver que tocava na televisão. As crianças, principalmente, ficaram completamente elétricas com a oportunidade de ver algo na TV. Shrek, Frozen e trezentos outros filmes infantis foram repetidos incansáveis vezes naquela semana.

Victoria, a cadela, ainda com apenas três meses tentava pular no meio das três crianças, mas suas patinhas eram pequenas demais e ela acabava se espatifando no tapete a todo do tempo.

Allyson, Simon, Troy e Christopher estavam na cozinha e conversavam sobre assuntos não triviais.

O Jauregui aos poucos estava tendo seu psicológico de volta e retornava a ser aquele rapaz doce que fora. Por mais que às vezes seus olhos e expressão endurecessem e ele ficasse longas horas em silêncio olhando para o horizonte.

Troy e Allyson estavam curtindo a gravidez de um jeito que o loiro alto não pudera fazer com a mãe de Claire. Na primeira gravidez do homem a sua “namorada” não aceitou muito bem a situação. Pensou várias vezes em abortar o feto, mas o ex-motorista era totalmente contra e felizmente conseguiu mudar o pensamento da mulher.

Chelsea estava em seu quarto descansando e Simon, por ordem da mulher, tentava socializar mais com o grupo.

Lauren e Camila se encontravam na sala de estar da Fazenda.

A de olhos verdes segurava na mão esquerda um copo americano cheio de refrigerante gelado. Estavam passando pela Primavera e ter aquele líquido gasificado gelado era quase uma benção.

Havia tanto tempo que ela não tomava uma Coca-Cola que quando bebeu do líquido sua garganta chegou a queimar.

A Jauregui havia ficado responsável pelas crianças já que Demetria, Louis e Harry estavam de vigias naquela noite.

E Dinah e Normani haviam sumido magicamente.

Lauren riu sozinha por imaginar o que as duas estavam fazendo no andar de cima e bebeu um gole de sua Coca-Cola.

- Está rindo sozinha agora?! – a voz angelical de Camila surgiu fazendo Lauren olhar para o lado e encontrar a latina a encarando com uma sobrancelha erguida. – Devo me preocupar com isso?

- Hum... – Lauren ronronou, fazendo o grunhido arranhar sua garganta. – Isso depende... – sussurrou e enlaçou a cintura de Camila com um braço, a trazendo para perto de si. – Vai conseguir aturar uma mulher doida da cabeça?

- Hum... – a latina entrou no jogo da maior e semicerrou os olhos. – Acho que essa mulher e eu faríamos um belo par... – murmurou e colocou os braços nos ombros de Lauren, adentrando com os dedos em seus cabelos encaracolados e longos.

- Por quê? – Lauren perguntou galanteadora e aproximou seu rosto ao de Camila. Tão próximo que os narizes das jovens se tocavam levemente.

- Porque eu também sou doida da cabeça... – Camila completou e abriu um sorriso largo nos lábios carnudos.

Isso automaticamente também fez Lauren sorrir.

#

- Normani?

Dinah chamou pela morena bonita, mas não recebeu nada além do silêncio.

A loira andava meio receosa pelos corredores do segundo andar do casarão enquanto a música infantil ainda tocava baixinho lá em baixo. Normani havia dito que iria descansar, pois se encontrava com “dor de cabeça”.

“Dor de cabeça? Sério?”, pensou Jane enquanto subia os degraus da escada.

Aquela parte da casa era banhada pela claridade das velas acesas sobre os móveis próximos. Não era porque eles dispunham momentaneamente de energia elétrica que todas as luzes poderiam ficar acesas – até porque se fizessem isso, seria um convite à longa distância para olhares curiosos.

Dinah continuou a andar pelas penumbras, abrindo as portas dos quartos vazios à procura da morena.

A ex-mecânica ao chegar ao penúltimo quarto do corredor, que na verdade lhe pertencia, viu a porta entreaberta.

A tensão então começou a corroer seus ossos e o coração idiota acelerou ainda mais.

Dinah e Normani não haviam tocado no assunto do beijo que acontecera meses atrás ainda na viagem à Georgia.

A loira estava tão bêbada na noite do CDC que não conseguira falar nada coerente com a morena, que também não estava sóbria. Mas Normani havia entendido algumas palavras em meio aos soluços antes de Dinah apagar completamente sobre a sua cama.

Isso, com certeza, justificava a tamanha irritabilidade da morena no outro dia com a loira.

A mulher viera ao seu quarto, tentara se declarar, mas apagara por causa da quantidade de álcool. E para completar em cima de sua cama.

E depois agiu como se nada houvesse acontecido.

Dinah não se orgulhava disso. Na verdade, tinha seu ego bem ferido.

E depois os acontecimentos se desenrolaram e nenhuma das duas teve psicológico para debater isso. O que mais aflorou entre as duas foi a necessidade de proteção. Dinah protegia Normani com todas as suas forças e a morena bonita fazia o mesmo com sua loira.

Entretanto, agora, nesse exato momento, o tesão entre as duas estava completamente aflorado outra vez.

Os olhares de Normani para ela, os toques sutis. As mordidas nos lábios enquanto se encaravam, as piadinhas cheias de segundas intenções. As provocações descaradas. Os amigos incentivando.

Elas tinham estabilidade, planos para sucesso da Fazenda, proteção.

As duas poderiam arriscar.

Dinah então ergueu a mão e devagar empurrou a porta, fazendo as dobradiças da madeira rangerem no silêncio do quarto.

E então seu coração foi até sua garganta e voltou.

- Oh Deus... – Dinah sussurrou tão fraco que Normani quase não a escutou.

A loira alta estava petrificada na porta do quarto com queixo caído e olhar travado na pele morena à vista. Dinah tentava raciocinar com clareza a bomba de informações que se passava em seu cérebro enquanto encarava uma Normani vestindo apenas um conjunto de lingerie vermelho vivo.

Os cabelos da morena estavam selvagens, do jeito que Dinah gostava. Seus olhos desciam analisando clavícula exposta e paravam nos seios tão fartos apertados no sutiã vermelho rendado da jovem. A cintura desenhada parecia ter sido feita perfeitamente para que quem olhasse enlouquecesse no mesmo instante.

- Hãm... eu... merda... hãm... – Dinah gaguejou sentindo espasmos e principalmente fisgadas em seu útero. – Nossa... uau... – ela tentava formular frases coerentes, mas seu cérebro apenas parecia aquelas imagens de explosões que sobem uma nuvem de fumaça inacreditável.

Em Normani, o abdômen liso dava início a uma cinta-liga vermelho vivo, também rendada. As meias começavam no meio das coxas torneadas abraçando-as de um jeito tentador. A calcinha subia entre as nádegas arredondas e a virilha mal era coberta pelo tecido.

- Ai... – Dinah choramingou colocando a mão sobre o peito por causa do coração que batia descontrolado. – Eu vou passar mal...

Normani mordia os lábios para não rir da expressão embasbacada de Dinah. Temeu, ao ver as caretas de dor da loira, que ela tivesse um infarto bem ali em frente aos seus olhos.

Normani se sentia poderosa.

Ela faria Dinah pagar por cada provocação desde que se conheceram.

- Sente-se na cadeira, Dinah! – Normani ordenou e começou a dar passos sua direção.

Normani usava um salto alto deixando-a alta. Dinah precisou piscar com rapidez para captar tudo que as penumbras das velas distribuídas pelo quarto conseguiam lhe proporcionar daquele corpo maravilhoso.

Como a loira estava embasbacada demais, Normani precisou tomar rédeas da situação. Ela agarrou a gola da blusa de moletom que Dinah usava e a puxou rudemente, guiando-a até o centro do quarto onde uma cadeira de metal já estava estrategicamente esperando e a jogou sentada ali.

- Tire a blusa! – Normani ordenou outra vez enquanto voltava até a porta e a fechava, trancando-a.

Dinah assentiu freneticamente sentindo-se totalmente submissa. Puxou meio sem jeito a blusa de moletom pela cabeça – o que deixou seus cachos loiros alvoraçados. A loira ficou então apenas com uma regata branca que usava e um short velho gastado.

- Tire o short também... – Normani instruiu séria.

Dinah hesitou por alguns segundos, mas resolveu obedecer à jovem. Abriu os botões, desceu o zíper de metal e puxou o jeans pelas pernas jogando-o de lado também. Sua calcinha preta ficou à mostra.

- O que você está fazendo? – Dinah, após todo aquele tempo, conseguiu pela primeira vez formar uma frase coerente.

- Vou te dar um presente... – Normani respondeu com um tom galanteador e abriu um largo sorriso que deixava seus dentes brancos à mostra.

- Mas... mas... – Dinah travou ao analisar a morena se aproximando dela como um animal se aproxima de sua presa predileta. – O aniversário é da minha irmã...

- Então... – Normani ronronou roucamente e parou de andar a poucos centímetros da loira. – Eu acho que hoje é o seu dia de sorte. – completou e mordiscou o lábio inferior devagar.

Um sibilo exasperado escapuliu pelos lábios de Dinah ainda meio grogue com todo o ambiente.

Luz de velas, garota de lingerie vermelha e cadeira de metal no centro do quarto.

Não precisa pensar muito, precisa?

Dinah apertou uma coxa contra a outra enquanto encarava Normani caminhar até uma caixinha de som em cima de uma mesa no canto do quarto. O centro queimava a cada vez que os quadris de Normani remexiam de um lado para o outro e ela via o tecido vermelho da calcinha entre suas nádegas.

- Eu a achei em nossa última busca por suplementos... – a voz da morena estava arranhada, provocante. – Não pude deixar de aproveitar esse momento para testá-la, já que contemos energia por alguns dias.

Dinah nem sabia raciocinar direito o que a morena falava, apenas continuava a devorá-la em sua imaginação.

Logo quando Normani virou-se para ela outra vez os olhares se encontraram.

Dinah se encontrava indefesa e acuada; Normani via-se poderosa e dona por completo da situação.

*Music On* (Beyonce – Dance for You. HQ Audio) – Versão de 6:19min

A música sensual gritou na caixinha de som e graças à música infantil lá embaixo e ao quarto ser o último do corredor, o toque foi abafado.

Dinah observou Normani se aproximar dela com passadas firmes, com os barulhos do salto ressurgindo. A morena parou na frente dela com uma mão na cintura e um olhar predatório, fazendo uma pose de poder.

A loira logo percebeu que aquilo fazia parte de uma coreografia.

Com a boca entreaberta Dinah analisou os movimentos lentos e precisos de Normani. Enquanto a morena a olhava nos olhos, a ex-mecânica estava hipnotizada por seus quadris. Eles iam para lá e para cá.

Ela olhava as coxas torneadas quando a morena se agachava com rapidez e a bunda ficava empinada no processo. Encarava o quicar dos seios fartos a cada rebolada lenta, a cada toque que suas mãos faziam nos mesmos. Os dedos ansiosos deslizando pela cintura tão bem desenhada e perfeita sumindo por entre suas pernas, provocantemente.

Normani se aproximou dela e inclinou-se para baixo, com o rosto perigosamente perto do abdômen de Dinah. A loira arregalou os olhos quando viu aquela bunda empinada e toda aquela extensão de pele morena das costas à vista.

As mãos de Normani espalmaram as coxas à sua frente e as unhas arranharam lentamente a pele pouco bronzeada, fazendo as marcas vermelhas ressurgirem. Dinah gemeu, pois Normani continuava a rebolar lentamente para lá e para cá com o rosto perto de seu ventre.

Tudo pareceu piorar ainda mais a situação entre as pernas de Dinah quando Normani ficou ereta novamente, virou-se de costas e sentou em suas coxas.

A loira alta fez um “o” perfeito com os lábios ao sentir as reboladas lentas da morena contra seu ventre, fazendo um vai e vem tão vagaroso que ela sentia o roçar do centro da mesma contra sua pele.

- Mãos na cadeira, Jane... – Normani exasperou ao ver, por cima do ombro, Dinah levantando as mãos para tocá-la.

Dinah engoliu seco e em vez de agarrar as coxas de Normani como queria fazer, agarrou então as barras de metal da cadeira.

Normani apoiou as mãos nos joelhos de Dinah e continuou a roçar a bunda contra sua virilha. Ela trocava de peso e revezava em deslizar para frente e para trás nas coxas: uma hora na esquerda, outrora na direita.

Ela então abriu bruscamente as pernas de Dinah, assustando a loira alta que soltou um “Porra!” desesperado. Normani se encaixou no meio das pernas, entrando em real contato com o centro de Dinah coberto pela calcinha.

Institivamente a loira começou a rebolar com o quadril também, roçando-se contra a bunda macia e arredondada. Ela jogou o pescoço para trás, com a boca entreaberta por causa da respiração ofegante com a fricção de seu clitóris no pano negro.

Mas antes que ela pudesse tirar mais proveito daquela posição, Normani virou-se em seu colo e sentou-se de frente.

A morena penetrou as mãos nas madeixas loiras de Dinah e puxou uma boa quantidade de cabelo fazendo-a grunhir surpresa e trazendo seu rosto perigosamente para perto do seu.

Os hálitos quentes se misturaram e os olhares fixaram um no outro.

Normani se aproximou da boca convidativa de Dinah e mordeu, com força, seu lábio inferior o trazendo para trás no processo. Isso só não fez Dinah gemer manhosamente, mas também fez a loira mandar um “foda-se” mental para a ordem da morena e retirar as mãos do metal da cadeira, colocando as duas palmas abertas sobre as nádegas arredondadas.

Ainda sugando o lábio de Dinah para dentro de sua boca, Normani recomeçou suas reboladas lentas sobre seu centro.

A luxúria e tesão era tudo o que se sentia naquele quarto.

Os corpos das duas se esfregando em meio às penumbras das luzes, as respirações ofegantes, os gemidos contidos.

Normani jogou a cabeça para trás dando espaço para que Dinah pudesse atacar seu pescoço com os lábios. E assim a loira o fez. Começou a distribuir mordidas relativamente fortes por toda a pele morena, lambendo logo em seguida para depois assoprar sobre o caminho úmido.

As mãos fortes de Dinah massageavam a bunda de Normani, apertando a carne macia e trazendo mais a morena contra si.

Os centros ainda se roçavam graças às reboladas ininterruptas de Normani, que dançava sobre o colo de Dinah.

- Você está com roupas demais... – Normani exasperou meio ofegante ao perceber as auréolas eriçadas da loira por debaixo do tecido da regata.

Dinah demorou alguns segundos para raciocinar aquilo por causa do grau de nebulosidade em seu cérebro. Mas, ao perceber o que aquilo quis dizer, segurou a gola da regata branca e forçou três vezes – cada vez mais forte – o tecido em sentidos opostos. Na quarta vez a blusa se rasgou e Normani gemeu audivelmente ao ver os seios grandes de Dinah saltarem.

Sem sutiã, como ela imaginava.

Sem esperar por mais ordens, Dinah segurou a ponte que unia as extremidades do sutiã vermelho de Normani e o puxou rudemente fazendo o tecido se rasgar na primeira tentativa. A morena grunhiu surpresa com a liberdade que seus seios tiveram e com o desespero da jovem à sua frente.

Normani então recomeçou suas reboladas usando apenas a cinta-liga enquanto Dinah encarava os seios de ambas se roçarem sem nada impedindo o contato.

- Normani... – Dinah gemeu, de olhos fechados quando sentiu as mãos da morena apertando-lhe os seios.

- Dinah... eu preciso... eu preciso que você me foda.

Se a loira alta pensava que não houvesse chegado ainda no inferno...

Aquele era o seu particular.

- Seu pedido é uma ordem... – Dinah respondeu com um tom sugestivo por causa da situação de Dominante vs Submissa.

A loira passou um braço pela cintura da morena, mantendo-a o mais quieta possível e deslizou a outra mão pelo abdômen liso. Parou em cima do tecido vermelho que cobria minimamente o centro e apertou o lugar de leve, fazendo um gemido arranhar a garganta de Normani.

Dinah puxou o tecido da calcinha para o lado e com a ponta dos dedos começou a fazer círculos invisíveis sobre o clitóris sensível. Normani mordeu o lábio inferior quando jogou a cabeça para trás, tentando conter o gemido de satisfação por estar sendo aliviada.

- Você é tão gostosa, Mani... – Dinah grunhiu quando a morena recomeçou as reboladas agora sobre a sua mão. – Você é maravilhosa! Você...

Antes que os elogios de Dinah continuassem Normani segurou o rosto da maior e uniu os lábios, calando-a. Depois de tanto tempo as línguas se encontraram de novo, reconhecendo, tocando, sentindo. Dinah abraçou ainda mais o corpo moreno e aumentou a intensidade dos movimentos circulares em seu centro.

Normani apenas soltou os lábios da loira e fechou os olhos com força ao sentir a invasão repentina.

Dinah observou então a expressão de prazer de Normani ao penetrar-lhe dois dedos.

- Dinah... – Normani choramingou, meio desconcertada, e apoiou os braços nos ombros da maior. – Oh, isso! – gemeu ao sentir o dedo médio e anelar começar a entrar e sair.

- Rebola para mim! Rebola, vai!  – Dinah implorou e depois colocou a língua para fora da boca, a passando no vale entre os seios da morena.

Normani então intensificou o movimento dos quadris e começou a quicar sobre os dedos de Dinah.

 ----------

No dia do Acontecimento

Final de Abril

 

“Dinah, oh isso!” “Rebola para mim! Rebola, vai!”.

- Dinah! – Camila chamou pela terceira vez o nome da amiga, mas a loira alta parecia perdida demais em pensamentos.

A ex-mecânica sorria como uma idiota enquanto olhava o horizonte a sua frente. A escuridão da noite deixava os campos de milho mais medonhos – que agora eram apenas metade, pois foram arrancados para dar lugar a cerca.

Tudo o que sua mente conseguia reproduzir eram os momentos que tivera com Normani desde aquela noite em seu quarto. No último mês as duas praticamente não se desgrudaram e com certeza os integrantes do grupo perceberam isso.

- DINAH JANE HANSEN! – Camila perdeu a paciência e gritou da porta da varanda.

Dinah arregalou os olhos com a raiva da amiga.

- Oi! Oi! Eu tô aqui! Para quê gritar? – perguntou virando-se de supetão para a porta da frente do casarão.

Camila bufou e lançou um olhar de soslaio para a alta.

- O que foi? – Dinah perguntou se aproximando da latina.

- Eu quero te avisar que já colocamos as crianças para dormir. – Camila deu então espaço para que Dinah entrasse na casa, passando pela porta.

- Oh, ok...

- Você está bem? – a latina ergueu uma sobrancelha ao ver a amiga tão aérea.

Dinah não precisou dizer muita coisa. Quando apenas abriu um sorrisinho malicioso e deu de ombros, indicando com a cabeça para o segundo andar da casa Camila entendeu tudo.

- Você e a Normani transaram? – perguntou Camila.

- Sim. – Dinah assentiu feliz.

- Tá, mas cadê a novidade? – a latina ergueu as sobrancelhas.

Isso fez o sorriso de Dinah morrer.

- Como é que é? – perguntou, ofendida.

- Achei que vocês já houvesse feito isso, aquela vez no CDC. Porra, vocês demoraram, hein?!

Dinah sentiu seu ego, que está enorme há dias, diminuir um pouquinho.

- Não somos como você e a Palmito que pareceu duas coelhas! – Dinah retrucou, se defendendo com superioridade.

- Não parecemos não! – Camila colocou uma mão sobre o peito, sentindo-se ofendida agora. – Você sabe muito bem que a Lauren não está tendo psicológico nem pra se abrir comigo, imagine...

- Abrir as pernas. – Dinah completou e riu da piada sem graça.

Camila revirou os olhos.

Dinah Jane nunca mudaria. Ainda mais agora que estava praticamente vomitando arco-íris.

- Desculpe, foi pesada essa piada. Estou rindo, mas meu coração diz que é errado. – Dinah inspirou fundo para parar de rir e finalmente colocou uma expressão neutra no rosto.

- Só abaixa a bolinha, ok?! – Camila pediu e deu um sorriso amistoso para a amiga loira. – Estou feliz que esteja feliz, sério! Mas Chris, Lolo e o Simon ainda estão muito ruins. Principalmente o Simon.

- Como está a Chels, por falar nisso? – Dinah perguntou usando o apelido que a velhinha gostava.

- Está finalmente dormindo. Ela mal conseguiu respirar agora há pouco. Eles precisam voltar e rápido! – Camila suspirou.

A latina então com o fim da conversa voltou para a cozinha onde terminava de esquentar um pouco de sopa para si e Dinah assentou-se no sofá da sala. O lugar já estava totalmente limpo e redecorado por eles, perdendo todo aquele ambiente decadente de filme de terror.

Lauren e Christopher foram juntamente com Simon, Allyson e Troy buscar por remédios em uma vilazinha que ficava a três horas de carro dali. Tennessee era um estado com grandes planícies e as vilas que existiam cá ou lá entre as plantações: ou eram distantes demais, ou eram agrupadas demais.

A Fazenda parecia distante de qualquer uma delas.

Eles saíram depois do almoço quando Chelsea deu outra crise de tosse crônica e essa resultou nela expelindo muito sangue pela boca.

Allyson, preocupada, disse que precisava de equipamentos médicos para fazer exames na velhinha e ter certeza o quão ruim o câncer já estava por seu corpo.

Então ela juntamente com o grupo e Simon, que era treinado para esse tipo de situações, saíram em busca de ajudar a velha Chelsea.

E até aquele momento não haviam voltado.

Dinah após ficar um bom tempo ali sentada – tanto tempo que Camila já havia subido para seu quarto onde dormiria com Sofia e Claire – resolveu levantar-se e subir as escadas. Caminhou pelo corredor e antes de ir para seu quarto parou em outro.

Abriu a porta devagar e avistou a velhinha toda encolhida debaixo de seu cobertor antigo. Chelsea mal respirava pela cânula que alimentava seus pulmões e tinha a pele muito pálida pela fraqueza que a consumia.

Dinah a achava tão amável e tão meiga. Chelsea era simpática com todos, oferecia seus pertences, suas comidas, suas receitas. Havia compartilhado com eles tantas risadas na cozinha dos Domingos que estiveram ali. Contara tantas histórias de suas aventuras no século passado.

Chelsea havia se tornado a mãezona do grupo e todos sentiam um carinho muito grande por ela.

Fora ela quem dissera para Dinah sucumbir-se a vontade de amar. Não sabia, claro, que se tratava de Normani, mas aconselhou do mesmo jeito.

Dinah então suspirou dolorosamente pela situação que a velhinha se encontrava e fechou a porta.

Voltou então a caminhar até o seu quarto, abriu a porta devagar e logo após a fechou atrás de si.

Normani se encontrava dormindo na cama com uma Regina toda estabanada desmaiada sobre ela. Dinah teve que morder os lábios para não rir da situação engraçada da duas.

Nunca imaginaria ir dormir abraçada com Normani em uma cama, com Regina entre elas.

A vida é mesmo uma caixinha de surpresas, não é?

Pois é. Mas a pior ainda estava por chegar.

Dinah retirou os sapatos dos pés e lentamente subiu sobre a cama, tentando não acordar as duas. Mesmo tentando ao máximo não fazer barulho as molas antigas fizeram Normani acordar.

Mas, manhosa ao reconhecer o calor de sua loira, simplesmente esticou o corpo e descansou a cabeça contra o peito de Dinah, com a Regina ainda abraçada ao seu corpo.

Dinah analisou o rosto tranquilo de Normani e ao perceber que a morena havia voltado novamente ao sono, não pode evitar em sorrir. Desviou o olhar para o rostinho angelical de sua irmã e a viu também dormindo.

Regina estava tão serena que parecia realmente um anjo. O rosto arredondado, olhinhos que quando abertos eram cheios de vida, boca bonitinha.

Um anjo que estava completamente feliz com tudo o que tinha.

E, ainda na nuvem que a carregava, Dinah adormeceu plenamente e completamente feliz pela última vez em sua vida.

~~~~~~~~~~~~~~~

Deveria ser próximo da meia noite quando Regina abriu os olhinhos, sentindo a boca seca por água. Ela praguejou consigo mesma por não ter ouvido o conselho de Normani quando a morena avisou para não comer tantos biscoitos, ou, caso contrário, sentiria vontade de ir à cozinha de madrugada.

A criança sentou-se no colchão e olhou para os lados ainda meio grogue pelo sono pesado que sempre tivera. Viu-se em meio às duas adultas e sorriu sapeca, ao perceber Normani descansando a cabeça no peito da irmã mais velha.

*Music On* (Clairity – Don’t Panic (Coldplay Cover – Official Audio))

Ela queria voltar a dormir, mas sua língua estava muito áspera pela sede.

Arrastou-se então pelo colchão tentando não acordar as duas jovens e pulou como uma pequena ninja – como ela se denominava – no chão. Calçou seus sapatos macios e caminhou até a porta do quarto.

Ela praguejou outra vez mentalmente ao ter dificuldades em girar aquela maçaneta. Ela já era grande e forte, mas aquelas portas antigas sempre emperravam com ela e com sua amiga Sofia.

Ficou na ponta dos pés e com as duas mãos girou a maçaneta para o lado certo.

Um sorriso orgulhoso nasceu em seus lábios ao conseguir aquilo.

Empurrou a porta e saiu pelo corredor pisando com cuidado para não acordar o restante da casa. Por mais que a tia Demi e o tio Louis estivessem de vigia ela não queria preocupá-los.

Ela queria ser corajosa como sua irmã era.

Regina Hansen caminhou até o começo da escada e, inocentemente, não percebeu os grunhidos guturais vindo das sombras do corredor.

Não percebeu a andarilha que um dia foi Chelsea Cowell tentando entrar em um quarto aleatório.

A velha havia tido uma parada cardiorrespiratória e morrido sozinha em sua cama há duas horas, pouco depois que Dinah fora dormir.

A pequena estava passando por despercebida pela zumbi até que, como obra ou não do Destino, sentiu uma coceira no nariz.

E então espirrou.

- Atchim!

O barulho das articulações – agora rígidas pela morte – da andarilha ecoou no corredor quando ela virou o pescoço em sua direção, ouvindo o espirro como um bom cão farejador faz.

Os grunhidos tão característicos entraram pelos ouvidos de Regina que arregalou os olhos ao reconhecê-los. A pequena virou o rosto e ficou congelada no alto da escada, encarando a andarilha que agora corria em sua direção.

 

 

- DINAH!

O grito agudo fez com que Dinah Jane acordasse exasperada e se assentasse na cama.

Ela reconhecia aquela voz.

Normani também já estava acordada, grogue e preocupada. A morena passou as mãos pelo rosto querendo ficar menos zonza.

- Onde está a Regina?! – Dinah gaguejou, petrificada.

Normani também olhou para os lados, por debaixo da cama, por entre as penumbras nos cantos do quarto e se viu sozinha com a loira no quarto.

As duas então por breves segundos se encararam, em saber o que realmente fazer.

Dinah então com um tiro de adrenalina pelo corpo colocou-se de pé com um pulo e saiu às pressas do quarto. Seu coração batia tão descontrolado dentro do peito que chegava a doer.

Doer como se estivessem o arrancando dali sem nenhuma anestesia, sem nenhum cuidado.

Demetria também saía, no mesmo instante, completamente assustada de seu quarto.

Normani chegou perto de Dinah e a encontrou no corredor, tão branca quanto uma nuvem.

- DINAH! – a loira alta então escutou a voz da irmã vindo da escada. – DINAH! ME AJUDE!

Seus olhos se arregalaram. Coração congelou.

Tudo parecia mexer em câmera lenta enquanto as três adultas se moviam pelo corredor tentando correr o mais rápido possível.

As três com os corações do tamanho de uma moeda.

E então quando Dinah, a primeira, chegou ao topo da escada e olhou para baixo, seu coração parou de bater completamente.

Regina estava atrás de uma estante, perto do pé da escada, e tentava fugir dos braços esticados da zumbi – um dia uma doce Chelsea. A velha estava enraivecida, com os olhos brancos tão característicos, mandíbula estalando e grunhido gutural. A ponta das unhas da andarilha quase estava conseguindo agarrar o tecido fino do pijama de bolinhas da criança, que continuava a tentar se arrastar mais para trás do móvel.

As lágrimas escorriam pelo rosto da pequena, que estava apavorada.

Dinah não pensou duas vezes e desceu os degraus da escada com pulos grandes. Agarrou a zumbi pelo colarinho da blusa e a arrastou para trás.

A andarilha começou a rosnar ainda mais enraivecida e tentou se virar para agarrar quem a estivesse incomodando. Mas Dinah, guiada pelo instinto protetor, continuava a puxar a morto-vivo para longe de sua irmã.

Quando as duas já se encontravam no outro extremo do corredor Dinah agarrou um tufo de cabelo no alto da cabeça da zumbi, que um dia foi Chelsea, e a atingiu contra a parede.

Uma.

Duas.

Três.

Quatro.

Cinco vezes.

Até que sobraram apenas meninges e líquido encefálico grudados na parede.

Dinah então soltou o tufo de cabelo da zumbi, que caiu realmente morta ao chão, e virou-se em direção de onde estava Normani, Demetria e sua irmã.

E então naquele momento seu mundo parou de girar de vez.

As órbitas de Normani estavam arregaladas e marejadas enquanto embalava Regina nos braços, encarando a mordida de quase seis centímetros no bíceps da menina.

Normani se entregava ao choro desesperado tentando estancar com as mãos o sangue que fluía da abertura causada pelas marcas dos dentes da zumbi.

- Não... não, por favor, não! – Normani gaguejava tentando acalmar Regina que já estava gritando alto por causa da mistura de dor e medo.

Barulho de passos no alto da escada fizeram Demi olhar para cima e ver Sofia, Camila e Claire encarando tudo com olhos arregalados.

A cientista então subiu os degraus da escada correndo e tentou entrar no campo de visão das crianças, para que elas não vissem o que estava acontecendo. Camila, no entanto, estava petrificada e encarava o corpo imóvel de Dinah, que continuava no extremo da sala.

Demetria levou as crianças de volta para seus quartos e Camila desceu os degraus às pressas, já indo em direção de Dinah.

A loira alta estava tão traumatizada que nada, nada coerente conseguia passar por sua mente.

Tudo o que ela conseguia fazer era encarar sua irmã nos braços da garota que gostava.

Tudo o que ela conseguia fazer era ver o choro consumindo ambas.

Tudo o que ela conseguia fazer era repetir em sua mente:

Minha irmã foi mordida.

Regina irá morrer.

Morte.


Notas Finais


Ai que dorzinha no core... #RIPRegina

E aí? Como vocês acham que a Dinah vai responder a isso e como a entrada de Cara vai piorar ou não a situação?

Meu twitter é @control5h
Até algum dia dessa semana...


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...