História Into The Snow - Clexa (COMPLETA) - Capítulo 46 - Pela Última Vez

Clarke

Lexa parou de me beijar na mesma hora.

- Calma... – Ela cochichou ao ver minha cara de assustada.

- Srta. Griffin, volte para a sala de aula! – A diretora mandou.

- Diretora, a srta. Woods...

- Não me interessa! – Ela me interrompeu. – Com a srta. Woods eu me resolvo, agora volte para a sala!

- Vai Clarke, depois a gente conversa.

Já estava tudo fudido mesmo, então dei um abraço muito forte em Lexa antes de sair de lá, também, que ideia, se pegar no banheiro. Mas o que estava feito já estava feito, eu só prometi a mim mesma que não deixaria que sofresse as consequências sozinha.

Eu voltei para a sala e me mantive calada pelo resto do dia, estava preocupada com a Lexa, não fazia ideia do que ela estava falando e nem do que aquela maluca ia fazer com ela.

Para minha sorte e azar, aquela maluca, a diretora, me chamou para conversar, mas somente no último período.

- Pois é srta. Griffin...O que foi aquilo que eu vi?

“Um beijo” eu responderia se o meu futuro não estivesse em jogo.

- Desculpa diretora, não vai acontecer de novo, eu juro. Eu assumo toda a responsabilidade, me expulsa se quiser, pode me dar qualquer castigo!

- Srta. Griffin, a questão aqui não é castigo, mas sim aquela cena, porque na universidade? E se algum aluno tivesse visto aquilo?

Ta! Eu não tinha resposta para aquilo...

- Vocês pensaram alguma vez em como ficaria a nossa imagem?

- Só pensa na imagem de vocês?

- Eu não vou discutir com você srta. Griffin! Falta um mês para o término das aulas, porque não esperaram um mês? Ou, porque não resolveram isso fora daqui?

- Eu sei, desculpa...Essa é a parte que você me expulsa?

- Eu não vou te expulsar...

- Não?! – Falei sem entender.

- Não, apesar do regulamento pedir a expulsão imediata..., eu conversei com a srta. Woods, e chegamos a um acordo, então preciso que prometa uma coisa.

- Qualquer coisa...

- Que não vai falar do que aconteceu aqui.

- Tudo bem, não vou.

- Ótimo, agora volte para a sala.

Me levantei.

- Espera, diretora.

- O que?

- E a Lexa? Quer dizer...srta. Woods...o que vai contecer com ela?

- Como eu te disse, nós chegamos a um acordo, então se quiser saber, fale com ela depois.

Eu assenti e sai de lá, indo direto para a sala de aula, onde terminei o dia em silêncio total, e somente quando o sinal bateu, me levantei e fui até o meu armário.

- Deve ter sido bonita a cena, queria estar lá para ver. – Niylah apareceu do meu lado.

Fechei o armário e segui para o lado de fora, a ignorando.

- Não vai dizer nada? Porque? A srta. Woods comeu sua língua? Ou ela só te come por baixo mesmo? – Ela veio me seguindo mas ainda vingi não ouvir. – Ah ta, entendi, é o joguinho do silêncio, mas não se preocupe, eu falo por você já que não está muito afim, a propósito, ficou sabendo que a Lexa vai ter um filho com a minha irmã? Daora isso né, na verdade, não é muito daora para você, ah! Já sei o que vou te dar de natal, um par de toucas, um para cada chifre que a Lexa colocou em você!

Eu só queria ter ido embora dali sem dizer nada, mas aquilo foi demais, eu simplesmente me virei e meti a mão na cara daquela ridícula.

- Só diz isso porque você queria estar no lugar dela, porque você queria me comer toda noite, ou melhor, por 10 segundos, esse é o seu recorde, não é mesmo?

- Cala a boca Clarke!

- Ah, claro, porque falar de mim pode né?

- Quer saber? Que se foda você e a sua namoradinha! Eu tinha certeza que vocês iam se encontrar por isso contei tudo!

- Foi você... – Por mais que Niylah fosse uma vaca, nunca na minha vida imaginei que ela seria capaz disso. – Eu não acredito! Porque fez isso?! Qual é o seu problema?

- Vocês são meu problema, você e aquela srta. Woods, eu voltei por você Clarke! Fiz um inferno na outra universidade para que meus pais me colocassem aqui para ficar com você! E quando chego, minha querida irmãzinha diz que você esta de rolo com a ex-submissa dela, vocês destruiram minha vida!

- Você nem a conhecia! Dizia até que ela era gata, que queria pegar...

- Esta certo! Eu não a conhecia, mas queria que tivesse ciúmes de mim, por isso falei aquelas coisas!

- De você Niylah? Ah, por favor! Nunca! E achou que acabando com o meu relacionamento eu ficaria com você?

- Claro que não! Essa era só uma parte da diversão, quando te vi com aquela mulher eu soube que nunca mais seria minha, então infernizar sua vida e a da Lexa se tornou nossa missão.

- Nossa?

- Minha e da Costia.

- Então ela não está grávida? – Perguntei quase pulando de alegria.

- Claro que esta! Ela não mentiria sobre isso. – Uma buzina tocou atrás dela. – Até mais srta. Griffin, tenho que chegar em casa para contar as boas novas para a minha irmãzinha. – Ela saiu dando risada.

Aquela vaca! Que raiva! E pensar que eu briguei com a Lexa milhões de vezes por causa dela.

[.....]

Eu cheguei em casa depois daquele dia cheio de emoções e liguei para a Lexa, na primeira vez achei que estivesse ocupada demais para atender, horas mais tarde, achei que estava corrigindo alguma prova ou preparando alguma aula, quando a noite caiu ela não tinha retornado nenhuma das minhas mais de 20 ligações e nem respondido nenhuma das minhas mensagens. No dia seguinte ela não apareceu na universidade e no outro dia, também não deu as caras, minhas mensagens não visualizadas e minhas ligações não atendidas só se acumulavam. Dias depois, quando apareci na empresa de seus pais eles não me falaram nada demais, apenas falaram para dar um tempo para ela. Fui até sua casa, a chave que tinha me dado ainda funcionava, mas ela não estava lá, os funcionários disseram que ela já não aparecia há alguns dias. Se o objetivo da Lexa era sumir, ela conseguiu.

Niylah não dirigiu mais nenhuma palavra a mim, o que era ótimo, quanto a diretora, bem...ela sempre sorria quando passava por mim, no fundo ela sabia o que tinha feito, mas era orgulhosa demais para admitir que havia acabado com um amor verdadeiro. O mês se passou e Bellamy se tornou bem mais presente no meu dia a dia, eu precisava dela e, enquanto isso minhas ligações e mensagens se acumulavam, 10 por dia era o meu mínimo.

As provas finais chegaram e eu logo me formei, para a minha surpresa, ela não apareceu, mas naquela noite ela atendeu minha ligação, depois de um mês ela finalmente me atendeu.

- Lexa! Finalmente! Onde você esta? Como você esta? – Disparei ao perceber que tinha atendido.

- Oi Clarke...

- Nossa! Como é bom ouvir sua voz. – Falei aliviada. - Porque você sumiu?

- Eu não liguei para responder perguntas, só quero saber como VOCÊ esta.

- Estou bem, mas queria que estivesse aqui...

- Se formou? – Senti que ela esperava ansiosamente pela resposta.

- Sim, graças a você.

- Parabéns! Estou tão feliz por você! – Sua voz não soou tão animada.

- Obrigada, quando você volta? Agora ninguém vai nos atrapalhar, nem mesmo a faculdade.

- Eu....não vou voltar Clarke...

- O que?! Porque não?

- Estou com algumas responsabilidades que não podem ser deixadas agora.

- Então me diz onde esta, eu vou até aí, esta na Austrália não é? Cuidandos dos negócios do seu pai.

- Não, a empresa mudou, me mandaram para outro país.

- Lexa...por favor.

- Desculpa, mas não vou destruir sua vida mais uma vez.

- Lexa...

- Já estou indo. – Ouvi ela falar com alguém do outro lado. – Olha, vou ter que desligar agora, mas estou orgulhosa de você!

- Lexa..., - Fiz uma pausa. - eu te amo...

- Espero poder te rever algum dia... – Então ela desligou sem dizer mais nada.

Após isso, os dias para o natal já estavam em contagem regressiva, 10 dias, para ser mais exata, continuei minha vida já que não poderia fazer nada para trazê-la de volta, nem mesmo tive a chance de convidá-la para a noite de natal na casa da minha avó. Então decidi que tentaria esquecê-la, só tentaria mesmo, pois todos os dias que aparecia na casa da minha avó, ela perguntava sobre a Lexa, como estava, porque sumiu, perguntou até mesmo se viria para a noite de natal, depois de um tempo contei a verdade para ela, Lexa não voltaria mais e meu coração precisava aceitar isso.

Ah! E o apartamento que Lexa havia comprado para mim, entreguei aos pais dela e voltei a morar com meus pais, se ela não queria ficar comigo, eu também não queria mais nada que fosse dela, não por raiva, mas por mágoa, se ela fez isso para me ajudar a terminar a faculdade porque não volta? Eu ainda não entendia seus reais motivos para se manter tão longe e isso era o que mais me machucava.

[.....]

Na noite de natal, minha alegria não estava estampada no rosto, como havia sido nos últimos anos, eu estava diferente, me sentia diferente, durante esses 10 dias, evitei ao máximo ligar ou mandar mensagens para a Lexa, agora ela tinha outras coisas com o que se preocupar, e tais coisas não envolviam uma garota como eu.

Por um lado achei até que Costia, apesar de uma tremenda filha da puta, era a pessoa certa para ela, sua vida já estava pronta, agora, teriam um filho, quem sabe se casariam e passariam a morar juntas? Na minha cabeça eu sabia que Lexa jamais faria isso, mas ainda sim me permitia cogitar essa possibilidade, ainda mais agora que estava solteira.

Não, nós não terminamos oficialmente, mas aquele “não vou voltar” já bastou como um adeus, pelo menos para mim.

Naquela noite, vesti minhas melhores roupas, um vestido vermelho com alguns brilhos e minha mãe insistiu em colocar uma tiara na minha cabeça como se eu fosse uma criança de 5 anos, eu não discuti, não valia a pena e se ela queria que eu usasse, não custaria nada.

Quando chegamos na casa da minha avó, recebi o abraço de alguns primos, inclusive de Loren, que logo perguntou onde estava minha namorada que ela tanto sonhava em conhecer, tratei de engolir minhas lágrimas ao dizer que ela não viria e que a nossa história tinha acabado, ela não entendeu o porque daquilo ter acabado assim, mas não fez perguntas, apenas assentiu, se virou e se juntou às outras crianças.

Na minha cabeça, os natais em família costumavam ser mais divertidos, ou talvez eu que era animada demais para a ocasião, as coisas só melhoraram um pouco quando Bellamy chegou, ele meio que me obrigou a brincar com meus primos, já que fazíamos isso todas as vezes e aquela foi a primeira vez que distraí minha cabeça e a tirei completamente de mim por alguns instantes, até que ouvi a campainha e vi minha avó abrir a porta.

Esfreguei meus olhos e os apertei algumas vezes, permiti até que Bellamy me desse um beliscão, só para que tivesse a certeza de que aquilo tudo não era um sonho. Era ela, Alexandra Woods, com um vestido vinho, tomara que caia que cobria seu corpo terminando um pouco antes dos joelhos. Ela olhou diretamente para mim após dar um “oi” para a minha avó e entregar duas caixas em suas mãos, então sorriu, um sorriso sincero cheio de culpa.

Droga de sorriso que me derretia por completo!

- Vem Clarke! Vamos brincar! – Meu primo de 7 anos começou a me puxar, mas Bellamy logo o tirou de perto de mim, levando ele e todos os outros para brincar no enorme jardim de trás.

Lexa caminhou até mim sem desviar os olhos dos meus nem mesmo uma vez.

- Oi Clarke... – Falou quando se aproximou de mim.

- Lexa...O que faz aqui?

- Sua avó me convidou, espero que não se importe...

- Claro que não, quer dizer, - Coloquei algumas mechas do meu cabelo atrás da orelha. – fui eu quem colocou seu nome na lista de convidados.

- Fico muito feliz de estar aqui.

- Pensei que não ia voltar mais.

- E eu não ia, mas quando recebi a ligação da sua avó, dizendo como você estava bagunçada, - Ela riu. – resolvi aparecer. Quer que eu vá embora?

- Não! Claro que não! Eu...estou feliz que veio..

- Sério? – Ela perguntou.

- Sim... – Olhei para os lados como se procurasse um lugar. – Podemos conversar?

- Claro!

- Vem comigo...

Eu a levei para o andar de cima até o meu antigo quarto que minha avó se recusava a desmontar, e fechei a porta.

- Porque você tem um quarto aqui? – Lexa perguntou mais por curiosidade.

- Eu e meus pais moramos uma época com a minha avó na época que ela ficou doente, então fizeram esse quarto para mim...

- Entendi... – Ela rodou pelo quarto mais um pouco e se sentou nos pés da cama. – E então, o que quer conversar?

- Você foi embora e nem me disse nada, fiquei preocupada com você.

- A diretora não te contou do nosso acordo?

- Ela comentou, mas não disse o que realmente significava.

- Ela me pediu para ficar longe de você, te deixar em paz para terminar a faculdade.

- Resumindo?

- Era eu ou você Clarke, a diretora deixou bem claro que uma das duas precisava sair, bem...você precisava do diploma, mas eu não precisava realmente do emprego, então me demiti.

- E invés de me contar o que houve, preferiu ir embora e me deixar na dúvida.

- Que dúvida? – Ela perguntou sem entender.

- Se você tinha ido embora porque me amava ou porque me odiava.

- Mas que idéia! – Ela se levantou e veio até mim, colocando as mãos em meus braços. – É lógico que foi porque eu te amava, Clarke, eu...ainda amo...

- Ama? Mas você sumiu...

- Sim, minha cabeça estava muito confusa.

- Entendi, precisava de um tempo...

- É, assim como você.

- Você não tem ideia do quanto eu sofri...

- Desculpa por te fazer passar por isso.

- Você vai ficar né? – Perguntei mesmo sabendo a resposta.

- Não posso, meu pai esta contando comigo, mas podemos manter contato..

- Assim como mantivemos nos últimos dias? – Ironizei, dando alguns passos a frente, ficando de costas para ela.

- Dessa vez vamos mesmo, pode me ligar quantas vezes quiser que vou atender, pode me mandar mensagens que vou responder a todas elas.

- Não sei não Lexa... – Cruzei os braços.

- Eu prometo.. – A senti me envolver em seus braços pelas minhas costas. – Eu ainda te amo.

- Não foi o que você disse quando te liguei.

- Desculpa, a empresa estava um caos aquele dia.

- Sempre tem uma desculpa né. – Me virei para ela. – Nosso relacionamento será baseado em desculpas?

- Relacionamento?... – Eu não sabia se aquilo era uma pergunta ou se ela simplesmente resolveu repetir.

- É! Relacionamento, ou já se esqueceu?

- Achei que você não me considerava mais sua namorada.

- Não deveria né Lexa, mas não dá!

- Porque não dá? – Ela perguntou dando um passo para frente. – Me diz, - Senti sua mão esquerda deslizar levemente pelo meu rosto. – porque não dá?

- Porque eu ainda te amo.

Ela não disse mais nada, me puxou pela cintura e me beijou, era aquele beijo que eu esperava desde quando ela foi embora. Não era novidade que aquele beijo não pararia ali, nossas roupas de natal já não cobriam nossos corpos nos minutos seguintes e a cama que eu já não usava há alguns anos, finalmente estava servindo para algo, ali nós transamos pela última vez, arrumamos tudo e descemos logo em seguida.

Ela se sentou ao meu lado no jantar e eu a apresentei a Loren como uma amiga, mas ela entendeu que tipo de amiga que Lexa era. E quando o relógio bateu meia noite e todos cercaram a árvore para a entrega dos presentes, Lexa me puxou para entregar o seu presente.

- Só para não se esquecer de mim. – Ela falou colocando uma pequena caixa em minhas mãos.

- Eu não comprei nada para você, não sabia que viria.

- Não se preocupe! Só abre...

Fiz o que ela disse e abri a pequena caixa, dentro estava guardado um pequeno camafel (um tipo de colar com um pingente que guarda fotos dentro) onde Lexa havia colocado uma foto nossa.

- Que lindo Lexa...

- A nossa história esta aí e você pode levá-la para onde quiser, está em suas mãos.

De fato estava em minhas mãos, Lexa iria embora e eu a veria de novo se desejasse. Conversamos pelo resto da noite e ela jurou mais de mil vezes que me amava. Eu queria dizer que iria com ela para qualquer lugar, mas as duas precisavam de um tempo, logo Lexa teria um filho e teria que arcar com as consequências e quanto a mim, bem, eu continuaria por aqui, esperando o dia em que nossa história voltaria a fazer sentido. Naquela noite ela foi embora em um carro preto e foi a última vez que a vi.

[..... ]