História Into You. - Goodbye, who knew?

Camila Cabello.

- Já chega Camila! – meu pai disse, pela centésima vez naquela discussão que durou horas.

- Não! Eu não vou pra um maldito acampamento pai! – rosnei. – Eu já sou madura o suficiente para lidar com meus erros.

- Enquanto você morar sobre meu teto, e viver pelo meu dinheiro, você não pode decidir nada. – ele deu a palavra final. - Seu motorista sai de manhã, não se atrase.

Meu pai deixou a sala com outra discussão vencida. Na maioria das vezes era o empresário milionário que as vencia, e não o homem que me segurava na mão.

- Mila... – minha mãe me esperava nas escadas. Subi sem ao menos olhar para ela.

- Vocês conseguiram! Destruíram minha vida. – gritei, antes de bater a porta.

Droga. Droga. Droga. Porque tudo não podia ser como noite passada? A música, a dança, as pessoas se divertindo, o frio da noite não me incomodando, nenhuma ordem, nenhum grito de meu pai. Somente eu, e o momento perfeito. Nem me lembrava de Dinah nos clipes em minha lembrança bagunçada. Dinah... DINAH!

Procurei meu celular com pressa, bagunçando tudo ainda mais. Disquei com os dedos trêmulos e as lagrimas já prestes a descer.

- Linda, oi! – ela disse, normalmente animada. – Como está a ressaca?

- Sem brincadeiras Dinah. – eu disse, já com a voz presa. – Eu... Eu... Não sei o que fazer.

- Ai amor... O que aconteceu? Scott teve outro chilique?

Tinha me esquecido completamente de Scott Evans, meu namorado. Nos conhecemos á um realmente longo tempo, quer dizer, nossos pais eram sócios.

- Não, não foi Scott. – continuei. – Meu pai... Ele surtou com a festa de ontem. Eu não sei como dizer tudo, vou somente resumir que agora vou para um internato.

- Um internato de modelos da Calvin Klein aposto. - ela riu. – Espera... Mila você está chorando? Me desculpe eu, eu... Continue a falar, por favor.

- É uma maldita escola em Long Island, em uma floresta e coisa do tipo. – eu gaguejei. – Dinah eu vou ficar lá o ano todo, ou até terminar o colegial.

- Mila tem certeza? Ele só está de cabeça quente, amanhã mesmo vai te levar para viajar em algum lugar maravilhoso.

- Eu nunca o vi assim. Eu nunca fui tratada assim. – choraminguei. – Ele liga demais para a imagem daquela maldita empresa. Mandar a filha problemática dele pro meio do nada é a melhor ideia.

- Camila eu sinto muito. – e ela realmente sentia. – Qual o nome do lugar?

- Acampamento Light, ou alguma coisa do tipo. – limpei a garganta. Não iria chorar ainda mais.

- Oh! – ela exclamou. – Eu tenho um primo que está lá. Pelo menos da ultima vez que ouvi dele...

- Isso deveria me deixar mais calma?

- Qual é Camila, eu procurei no Google, não é tão ruim. É como passar as férias com um monte de animais.

- Dinah... Você poderia vir aqui? – supliquei. – Não faço ideia de como contar á Scott, ou como preparar minha mala para aquele inferno.

- Claro princesa. – ela disse docemente. – Em alguns minutos estou ali.

Desliguei sem ao menos me despedir dela. Eu queria guardar tudo o que poderia para daqui a algumas horas.

Sentei-me no chão, ao lado de minha cama, olhando para o enorme quarto ao meu redor. Ainda era rosa, como quando papai me pediu para escolher a cor.

“Rosa e brilhante, como uma princesa merece” lembro-me do que ele disse, quando me trouxe pela primeira vez ao cômodo. Uma princesa certo? Não um problema?

Alguns minutos depois ouvi os passos altos dos saltos de Dinah nas escadas. Limpei as estupidas lagrimas que corriam por meu rosto.

- Oi boo. – ela disse, quando abriu a porta do quarto.

Não pude dizer nada, apenas me lancei em seus braços. Queria passar a eternidade ali.

Lauren Jauregui.

- Isso foi ótimo. – Victoria, a morena do corredor, disse. Ela terminava de abotoar o sutiã.

Estávamos em uma sala qualquer. Ela estava tão animada, que tivemos que parar no corredor mesmo.

- Claro. – sorri, já pronta para sair.

- Ei, Lauren. – ela pulou de cima da mesa e parou em minha frente. – Vamos nos ver em breve certo?

- Você sabe que eu sou observada o tempo todo. – fingi uma cara desapontada. – Não quero atrair problemas para você Vanessa.

- Victoria. – ela pigarreou.

- Certo. – suspirei. – Mas você sabe, que quando eu estiver em uma situação melhor com a diretoria, irei te procurar.

- Promete? – ela passou as mãos por meu cabelo.

- Claro. – que não.

A morena me deu um selinho rápido antes de eu nos afastar. Fechei a porta rapidamente, ouvi o sino da troca de aula soar.

Obrigada.

- Essa foi rápida. – Normani disse ao meu lado, levei um pequeno susto. – E seu vestido está aberto.

- Ficou aqui o tempo todo? – perguntei, puxando o zíper de volta.

- Deus me livre. – ela fez uma careta. – Qual é Lauren eu conheço suas salas... Especiais.

- Eu sou bem velha nesse lugar.

- Vai ficar aqui até criar ruguinhas. – ela passou os dedos por meu rosto, dei um tapa leve em sua mão enquanto ela explodia em uma gargalhada.

- Meninas. – disse uma voz conhecida.

Ally Brooke estava parada em nossa frente, segurando uma pilha de livros.

- Ally. – disse desanimada.

- Senti sua falta na aula de química hoje. – ela disse. – Na diretoria de novo?

- Só porque sei pai é o diretor dessa droga não quer dizer que eu te deva satisfações. – cuspi.

- Lauren... – Normani sussurrou. – Não vale a pena.

- Ok. – limpei os lábios. – Nos vemos no próximo período? Boa sorte na educação física.

A garota bufou de raiva quando passei ao seu lado com um sorriso. O que foi? Eu não suportava aquela garota.

Quando chegamos ao ginásio eu e Normani chegamos atrasadas, como sempre, no vestiário. A maior parte das meninas já estavam vestidas com o uniforme ridículo.

A roupa era uma camiseta cinza e vermelha com um “A.L” em amarelo no lado direito, o short vermelho só piorava as coisas.

- Eu odeio essas coisas. – disse, tirando minhas peças de meu armário.

- Nem me diga. – Normani completou.

Depois das peças colocadas optei por fazer um rabo de cavalo alto, pelo menos não me incomodaria enquanto eu destruísse Ally Brooke na queimada.

- Pegue leve. – Normani me disse, quando ela também ficou pronta.

- Você até parece que não me conhece. – ri.

Camila Cabello.

- Pronto. – Dinah disse fechando a ultima mala. – Precisa de mais alguma coisa?

- Talvez um creme para a pele. – murmurei. – Dinah eu não vou aguentar!

- Calma Mila. – ela sorriu. – Quem sabe você não acha algum bad boy gostoso pra você lá?

- Scott e eu ainda estamos juntos. – lembrei-a. – Não contei toda a historia, mas ele pareceu acreditar facilmente que eu iria passar todo o verão de férias no Caribe.

- Proibido é sempre mais gostoso. – Dinah fez uma careta provocativa.

- Vou sentir sua falta. – abri os braços para outro abraço. – Obrigada por passar a noite aqui.

Dinah era muito mais alta que eu, de modo que quando ela me envolvia com seus braços o mundo inteiro ficava melhor. Ela era minha melhor amiga, mas não conseguiria me proteger disso.

- Mila... Quer dizer, Srta. Cabello. – Nonna apareceu na porta, com o mesmo olhar triste que ela me deu desde ontem. – O carro está aqui.

- Claro. – suspirei, me separando de Dinah.

- Eu te amo, vai ficar tudo bem. – ela disse, enquanto descíamos as escadas.

Na parte da frente da casa estava minha mãe, meu pai e Nonna. E claro, o carro preto parado na frente, dois caras já subiram pegar minhas malas.

- Camila. – meu pai disse. – É para o seu bem.

- Já disse isso. – disse, o mais seca possível.

- Amo você. – mamãe me puxou para um abraço mais do que apertado. – Se cuide ok? Irei ligar todo dia para a diretoria.

- Não se meta em encrenca. – disse ele.

- Colocou tudo o que precisava? – disse Nonna, em nosso abraço. – Quem irá lavar suas roupas? Quer que eu passe as instruções? E sua dieta?

- Tudo bem Nonna. – sorri, tentando não parecer vencida na frente de todos. – Vou ficar bem. E voltar em breve.

Meu pai não parecia concordar muito com isso, mas sorriu quando uma dos caras de terno fechou o porta-malas e me abriu a porta dos passageiros.

- Tchau. – murmurei para Dinah.

Entrei no carro, segurando as lagrimas. Pude ver minha mãe, Nonna e Dinah acenando quando o veiculo partiu pela estrada da saída.

Coloquei os fones, apertei o “aleatório” na sessão de musicas e pude ouvir “Who Knew” da P!nk preencher meus ouvidos.

‘Se alguém dissesse que daqui três anos

Que você iria embora

Eu me levantaria e socaria todos eles

Porque eles estariam errados

Eu sei melhor que eles

Porque você disse "para sempre"

"E sempre"

Quem diria’

E quem diria mesmo?