História Into You - Jealous.

Insistência.

Substantivo feminino.

1- Ato ou efeito de insistir;

2- Persistência;

3- Perseverança.

De duas formas pode-se avaliar a insistência, boa e ruim. Eu estou, infelizmente, no meio de ambos os casos. A insistência vinda de Lauren e de Andrew é a mesma, visto que os dois flertam comigo afim de algo a mais. Entretanto, eu quero esse "algo a mais" com a garota de olhos verdes, o que faz com que a sua insistência em me conquistar me agrade. Por outro lado, Andrew está sempre tentando fazer o mesmo, mas não ten como dar certo quando eu não veho nele mais do que um amigo, por mais que ele tente. E a culpa nunca foi dele, Andrew é um garoto incrível : engraçado, inteligente, bonito e um ótimo amigo. Mas, para a sua infelicidade, eu já não tenho espaço na minha cabeça para pensar nele com segundas intenções, pois meus pensamentos estão dominados por Lauren.

Nos últimos dois meses, havíamos nos aproximado assustadoramente e isso é, para nós, ótimo, só que Sofia e Andrew morrem de ciúmes dessa relação que estamos construindo. De qualquer forma, para a frustração de ambos, o que eles acham ou deixam de achar nos afeta em nada. A garota de olhos verdes e eu estamos mais próximas do que nunca, saindo toda semana ou indo para a casa uma da outra.

Outro dia eu havia tido um momento de coragem para tentar algo a mais com Lauren e, quando eu estava prestes a beijá-la, seu celular tocou e não aconteceu mais nada depois daquilo além do normal. Agimos naturalmente.

Agora eu estou na escola, no meio da aula de geografia quando sinto meu celular vibrar no meu bolso traseiro. Vvejo que o professor está de frente para o quadro, escrevendo, eu pego o aparelho. Uma mensagem de Lauren brilhava na tela.

Lo : Camz? Ainda está em aula?

Camila : Estou, Lo, mas pode falar.

Lo : Eu posso passar aí para buscar você e aí lanchamos juntas?

Camila : Saio às quatro e meia, Jauregui.

Lo : Costumo ser pontual, Cabello.

E, desse momento em diante, foi como se os minutos passassem muito lentamente, se arrastando. Eu fiquei riscando o meu caderno com a cabeça distante do que acontecia em sala. Para a minha surpresa, ou nem tanto, os riscos tomam forma e eu vejo um par de olhos bem conhecido por mim, afinal, são os mais belos olhos que eu já havia visto. Suspiro fechando o caderno e olho para o relógio de novo, pra quê? Reviro os olhos. Aenas cinco minutos haviam se passado. Deito minha cabeça sobre os braços e tento dormir.

Quando o sinal que indica o final das aulas toca, arrumo minha mochila com um pouco mais de pressa do que o normal. Meus amigos e eu vamos até a frente da escola juntos, onde vejo o carro de Lauren estacionar.

- Mila, vai fazer alguma coisa hoje? Podemos sair para comer alguma coisa, pegar um filme... - Andrew sugere.

- Não vai dar, Andy, sinto muito. Eu vou sair com a Lauren e, falando nela, ela já chegou - falo. Andrew suspira chateado e assente.

Ele detesta a garota de olhos verdes, por puros ciúmes, e não se preocupa em esconder isso.

Rapidamente me despeço de todos, ouvindo Ashlee, Liam e Perrie fazerem brincadeiras sobre Lauren e eu, o que me deixa sem graça. Dou um beijo na bochecha de Andrew e vou até o carro de Lauren, que sorri para mim quando abro a porta.

- Eu ia dizer que está linda hoje, só que ficaria repetitivo não é? - pergunta assim que eu entro. Rio sem jeito.

- Obrigada, Lo. - Seguro seu rosto e beijo sua bochecha. - Aonde nós vamos?

- Eu andei consultando algumas das minha fontes e, bem, você vai ver aonde vamos - fala.

Um sorriso de canto enfeita seu rosto e Lauren começa a dirigir.

- Não me deixe curiosa! - reclamo. Ela se limita a rir no começo.

- Não vamos demorar para chegar lá, prometo - diz, e eu faço bico.

Decidi me dar por vencida. Perguntei para Lauren sobre seu dia e ela me disse que não aconteceu nada fora do normal. Acordar cedo, ir para a aula, almoçar com Sofia e Allyson, estudar em casa e, agora, vir me buscar. Não demora mesmo para ela estacionar o veículo na frente de uma lanchonete de temática latina, que, por acaso, é a minha favorita. Automaticamente me sinto ainda mais animada.

- Eu nunca comi aqui. Na verdade... eu acho que quase nunca comi comida latina, então vou confiar em você para escolher, Camz - diz, seu braço abraça meus ombros após saírmos do carro.

Atravessamos a rua fora da faixa, com um pouco de pressa já que carros se aproximam, e já estamos na frente do estabelecimento que eu tanto amo.

- Pode confiar então, eu sou a pessoa mais apaixonada por comida latina que existe. - Passo o braço pela sua cintura e entramos.

Do lado de dentro, as cores vermelho e verde são fortemente destacadas, porque o dono, Carlos, é mexicano. As mesas encostadas nas paredes são retangulares, com toalhas de cor branca e sofás verdes e vermelhos. As mesas espalhadas pelo salão são redondas e menores, com no máximo três cadeiras. Uma grande bandeira mexicana é exibida orgulhosamente atrás do balcão, mas não só lá. Bandeiras menores estão em todos os cantos, até mesmo nos copos e embalagens.

O local está movimentado, com muita gente entrando e saindo o tempo inteiro. Isso torna o ambiente um pouco mais barulhento que o normal, mas ainda é possível ouvir uma música em espanhol tocar nas caixas de som, em um volume agradável.

- Uau.. - Lauren presta atenção em tudo.

- Vem, vamos sentar. - Seguro sua mão e nós sentamos em uma das mesas redondas.

- Bem patriota - ela murmura. O cardápio com a bandeira do México está em sua mão agora.

Sua observação me faz rir baixo.

Ela abre o livro de opções e começa a perguntar sobre os pratos que ali estão. Tiro sua dúvida sobre cada um pacientemente. No fim das contas, ela fica curiosa sobre várias coisas e decide pedir pequenas porções de cada um : garanpinãdos, tortilla, burritos, tacos e mixiote. Eu faço os pedidos para o garçom e, quando ele sai, Lauren começa a tentar falar os nomes dos pratos. Isso me faz rir, porque seu sotaque inglês interere bastante na pronúncia.

- Ei! Eu estou tentando aqui, ok? - Cutuca minhas costelas e eu me esquivo.

- É adorável. - Ela sorri divertida.

- Isso porque você não me viu tentando cantar em espanhol. - Rio alto só de imaginar.

- Você tem que me mostrar - peço, vendo Lauren negar com a cabeça rindo junto.

- Vai ter que se esforçar muito para tirar isso de mim. - Ela pisca e eu reviro os olhos.

O garçom chega com as bebidas nesse momento, de crachá com o nome Luis, traz nossas bebidas, que havíamos pedido para vir antes. Para mim, um suco de laranja e para Lauren, uma coca-cola.

- Hm. - Chama a minha atenção quando o garçom se afasta. - Tem um amigo seu que parece não gostar de mim, definitivamente. - Ri pelo nariz e eu arqueio as sobrancelhas.

Ok, talvez eu já saiba quem é, mas vou deixá-la falar.

- Todas as vezes que eu vou buscar você, ele olha para mim como se quisesse me fazer ter medo dele. E, na verdade, eu acho meio engraçado vê-lo tentar - diz, sorrindo divertida.

- Provavelmente é o Andrew. - Nego com a cabeça em reprovação. - Não dê bola para ele - digo vagamente.

- E que motivos levariam seu amigo que, por acaso, não me conhece a não gostar de mim? - pergunta.

- Bem... ele tem ciúmes. Andrew vive tentando sair comigo e fica dando em cima de mim, mas não o vejo dessa forma. - Dou de ombros. - Então ele meio que sente ciúmes porque nós vivemos juntas e sempre que ele me chama pra sair, eu digo que vou sair contigo. Ele só tem que se tocar, alguma hora ele vai, então não ligue pra ele - falo.

- Entendi - diz assentindo. - E você acha que ele tem razão para ter ciúmes de nós, Camz? - pergunta, dando um sorrisinho divertido.

Eu quero matá-la no momento por isso. Lauren Jauregui ama me encurralar.

- Não sei. Ele tem? - devolvo, e ela sorri estalando a língua.

- Se ele não tiver razões, eu darei a ele. - Ela sorri de canto e eu nego com a cabeça sem conseguir reprimir um sorriso.

O garçom se aproximou novamente com nossos pedidos e pediu licença antes de começar a servir tudo na mesa. Agradecemos e ele se afastou de novo. A primeira coisa que Lauren experimenta é um taco. Ela aprova de cara e logo em seguida pega um burrito para provar.

Entre tudo o que há na mesa, admito que tortillas são do que mais gosto, então é a primeira coisa que eu como, fechando os olhos na primeira mordida.

Jesus, obrigada por isso.

Cada vez que como tortilla, é inevitável, minha cabeça migra para Cojimar, em Cuba. Meu lugar. Minha avó fazia tortilla todo final de semana, quando meus amigos iam para a nossa casa, e todo mundo se empanturrava.

Que saudade fodida.

No final de tudo, Lauren diz que gostou mais dos tacos. Típico. Pedimos a conta e eu faço questão de pagar metade, o que deixa Lauren um tanto chateada a princípio. "Eu te chamei, eu pago", ela dizia, mas isso não funciona comigo.

E foi fácil acalmar a mulher de olhos verdes.

Agora estamos voltando para o carro. Na verdade, esperando o fluxo de carros parar, só então poderíamos atravessae a rua.

- Você tem que estar em casa que horas, Camz? - pergunta.

Estamos de mãos dadas e ela acaricia a minha com o polegar.

- Até onde eu sei, não tenho um horário para voltar... acho que meus pais nunca estabeleceram isso. - Dou de ombros. - Por que? - pergunto.

O caminho fica livre para atravessarmos e não demoramos nada para fazer isso.

Ela abre a porta do carro para mim quando chegamos perto e eu agradeço. Lauren fecha depois que eu entro e dá a volta no carro para entrar e sentar no banco do motorista.

- Eu estava querendo ver o novo filme do Homem-Aranha, mas, sabe.. não queria ir sozinha. - Coloca seu cinto e eu faço o mesmo, havia esquecido de fazer isso quando entrei.

- Se estiver mesmo me convidando, Jauregui, eu topo. - Ela sorri.

Vamos ao shopping atrás de um cinema e encontramos, mas não tem nenhuma sessão do filme para esse horário, apenas para mais tarde.

- A gente pode voltar mais tarde ou outro dia. - digo, tendo seus olhos em mim.

Decidimos voltar durante a noite, na sessão de 09:30PM. Por precaução, compramos logo os ingressos, para não correr o risco de estarem esgotados quando voltarmos à noite.

Vamos andando com calma de volta pada o estacionamento, de mãos dadas e falando sobre as expectativas para o filme. Lauren se mostra uma acídua telespectadora dos filmes da Marvel, uma vez que demonstra facilidade falando sobre o MCU.

Lauren me deixa em casa quase sete horas e diz que volta às nove em ponto para me buscar.

- Tudo bem, Lo, vou esperar - falo, abrindo a porta do carro e dando um beijo demorado no canto da sua boca antes de sair do veículo. - Até mais tarde. - É tudo o que digo antes de fechar a porta, mas pude ver o sorriso em seu rosto.

Entro em casa e meus pais estão na sala. Os dois respiram aliviados quando põem os olhos em mim, mas logo em seguida me fuzilam com eles.

- Karla Camila Cabello Estrabão. - Engoli em seco. - Sente-se. - Obedeci minha mãe e ocupei uma poltrona enquanto eles permaneceram no sofá.

Sinuhe Cabello pode ser a pessoa mais amorosa e tranquila do mundo, isso até ela te chamar pelo nome todo. Não queria que ela te chame pelo nome todo, isso só significa uma coisa: encrenca.

- Onde diabos você se meteu, Karla? - papai pergunta.

Seu olhar sobre mim é o tipo mais severo.

- Eu estava com a Lauren. Ela me buscou na escola e nós fomos lanchar... - Sinto uma gota de suor percorrer minha nuca. - Depois fomos ao shopping para ver um filme no cinema, mas só tinha sessão para a noite e compramos a das nove horas - explico pausadamente.

Me socorre, Senhor.

- E o que custava ligar ou ao menos enviar uma mensagem avisando, Karla? - Sinuhe pergunta, gesticulando mais do que o normal.

- Eu não... pensei nisso, desculpe. Prometo que não vou fazer de novo - falo e ela suspira.

- Não pensou em ligar para os pais... - mamãe resmunga, mas aos poucos suas feições relaxam.

- Não vai se repetir, mãe - tento.

- É bom que não, Karla - papai diz. Eu assinto.

- Tudo bem. Agora suba. Sofia estava atrás de você mais cedo - mamãe fala.

Levanto do sofá, apenas o som da televisão, que não está muito alto, preenche o ambiente durante todo o meu percurso até a escada.

Antes de ir ao quarto de Sofia, vou até o meu. Tomo um banho e visto outra roupa, um conjunto de moletom azul bebê. Não seco o meu cabelo com secador, porque sei que ela vai secar naturalmente até a hora de sair com Lauren de novo.

Pego o meu celular e ponho no bolso. Vou até o quarto da minha irmã, na porta ao lado, e dou três batidas com o punho. Sofia não demora a abrir para mim, claro que ela não perde a chance de cerrar os olhos em minha direção.

- Finalmente chegou. - Me dá espaço e eu entro. - Eu nem vou perguntar o que estava fazendo, porque tenho certeza que você estava com Lauren. - Ela vira para mim depois de fechar a porta e eu dou de ombros já sentada em sua cama.

- Eu estava, qual o problema? - eu pergunto. - Só fomos lanchar. - Ela revira os olhos. - E fomos ao shopping também, queríamos assitir um filme, mas não tinha sessão para agora. Vamos às nove. - Ela arqueia a sobrancelha.

- E eu posso saber que horas vocês pretendem voltar hoje, Camila? Se você esqueceu, amanhã você tem aula, assim como Lauren - diz. Eu franzo o cenho.

- Isso não implica em nada, Sofia, e você sabe, só está com ciúmes e sabe disso muito bem. - Minha vez de revirar os olhos. Ela suspira.

- Eu estou mesmo! Qual foi a última vez que nós saímos juntas?

- Segunda-feira, Sofia, e hoje ainda é quarta. - Ela bufa.

- Mesmo assim, você sabe que tem dado mais mais atenção para ela, Kaki. - Faz bico e eu rio pelo nariz.

- Tudo bem, ciumenta, prometo que vamos sair amanhã e passaremos a sair mais, como antes - digo.

- Como antes. - Ela sorri.

Sofia me pede para assistir um filme com ela e eu topo. Escolhemos o filme A Proposta, da rainha Sandra Bullock, e ela apaga as luzes antes de voltar a deitar comigo. Todo filme dessa mulher me faz rir horrores, ela com certeza está entre minhas atrizes favoritas.

No meio do filme, Sofia dorme. Rio pelo nariz, mas deixo-a quieta. Minha irmã está sempre muito cansada, assim como Lauren, porque o curso de administração é bem puxado. A diferença é que a garota de olhos verdes tenta ignorar isso de todas as formas, pelo menos quando está comigo, já Sofia está dormindo sempre que pode.

Acabo por assistir o filme até o final enquanto troco mensagens com Dinah, minha melhor amiga de Cuba. Não conto sobre Lauren, querendo manter isso entre a mulher de olhos verdes e eu, pelo menos por enquanto. É gostoso assim.

Quando a comédia romântica acaba, tiro o cd do aparelho e guardo na estante de dvd's de Sofia. Minha irmã é uma grande fã de cinema e seu quarto deixa isso muito claro. Além de pôsteres de vários filmes, como De Volta Para o Futuro, Capitão América, Alice no País das Maravilhas, entre outros, ela também tem bonecos de personagens espalhados por todo o cômodo. Isso fora a coleção enorme de filmes que eu havia citado.

Embrulho melhor minha irmã e saio do quarto. Desço as escadas e minha mãe ainda está sentada no sofá, ela assiste televisão e parece bem mais tranquila.

Aqui vamos nós.

- O que está vendo, mamá? - eu pergunto.

Oucpo o lugar ao seu lado e ela sorri fraco.

- Um programa de culinária. Sabe que não sou a maior fã de cozinha, mas seu pai diz que não entende esses programas, então eu tenho que aprender para ensinar para ele depois. - Ela nega com a cabeça rindo e eu sorrio junto.

- Papai é mesmo uma figura - eu murmuro. - Mas cadê ele?

- Está naquele cômodo onde será a biblioteca - responde divertida, e eu sorrio animada.

- Vamos ter uma biblioteca e não um escritório? - pergunto feliz.

- Talvez tenhamos os dois. - Sorrio ainda mais. - Mas a biblioteca vem primeiro, foi o que decidimos ontem - ela diz. - Seu pai até já entrou em contato com um arquiteto para planejar as coisas melhor.

- Acho que vou passar meus dias nessa biblioteca quando estiver pronta! - Ela ri.

Continuo com minha mãe conversando enquanto o programa passa. Vez ou outra ela anota algumas coisas em um bloco de notas, coisas sobre as receitas que a moça na televisão ensina passo a passo.

Quando o relógio marca 08:20PM, decido que é hora de ir me arrumar para esperar Lauren. Subo para o meu quarto novamente e, como já havia tomado banho ao chegar, passo direto para o closet. Depois de alguns minutos olhando e pensando bo que vestir, opto por uma cropped preta com um casaco verde musgo por cima, além de uma calça jeans cintura alta e um par saltos marrons. Como eu havia previsto, meu cabelo, agora, já está mais seco - apenas um pouco úmido - e eu só passei um pente nele para desembaraçar. Para a maquiagem, decido usar cores nudes, nada muito forte. Eu não sou lá uma especialista nisso, então demorou um tempo para eu terminar.

Quando acabo de me arrumar, já são praticamente nove horas, faltam apenas alguns minutos para Lauren chegar.

- E essa produção toda aí? - Sofia entra no meu quarto de repente enquanto eu me checo no espelho.

Ela se joga na minha cama. Folgada.

- Eu estou normal, não estou? Ou acha que exagerei? - eu pergunto.

- Não, Kaki, está linda como sempre. - ela diz, eu sorrio para ela pelo espelho.

- Obrigada. Por que você não sai também? E aquele crush que fez você deixar de ir me buscar na escola outro para sair com ele? - pergunto virando em sua direção.

- Ele não me chamou para sair hoje, ué - diz, como se fizesse todo o sentido do mundo.

- Chame ele então, ora bolas - digo o óbvio.

Meu celular vibra e vejo uma mensagem de Lauren.

Lo :  Estou aqui na frente, Camz.

Camila : Tô descendo!

- Tenho que ir, Lauren chegou. - Minha irmã assente.

- Tudo bem, divirta-se, mas não tanto - ela diz.

Me aproximo apenas para beijar sua bochecha.

- Pense no que eu disse - falo antes de sair do quarto.

Desço rapidamente e apenas digo para meus pais que estou saindo. Dessa vez, deixo claro que não sei exatamente que horas vou voltar, mas que não será muito tarde.

Quando entro no carro, Lauren me enche de elogios, como sempre. Ela é campeão em me deixar sem graça. E claro, dou muitos beijos no seu rosto, sabendo que ela adora. No caminho, falamos sobre os outros filmes do Homem-Aranha e das expectativas para que esse fosse tão bom quanto.

- Faltam só alguns minutos para o filme começar, vamos comprar a pipoca e entrar - falo, segurando sua mão e guiando-a no meio das pessoas até a fila.

Nenhuma de nós se preocupa em soltar as mãos, então ela permanecem juntas, com dedos entrelaçados. Essa ideia me agrada.

- Eu sei que eu já disse isso, mas você está realmente maravilhosa, Camila - Lauren diz, olhando nos meus olhos diretamente e, por mais sem graça que eu esteja, não desvio meu olhar do seu.

- Obrigada, Lo. - Faço uma carícia na sua mão que está entrelaçada à minha.

Chega a nossa vez na fila e nós compramos pipoca, refrigerante e doces. Lauren, atenciosa como sempre, pega a bacia com nossos lanches da minha mão, ainda sem lagar a minha. Vamos direto para a sala que nossos ingressos indicam. Algumas pessoas já estão sentadas em seus assentos e logo fazemos o mesmo, só soltando nossas mãos quando fomos nos organizar com os lanches.

- Vai comer primeiro a pipoca ou os doces? - ela pergunta.

- Hm... - penso por um segundo. - Me passa as balas. - Ela sorri e me entrega o pacote.

Nós realmente acabamos tudo durante o filme. Os doces, a pipoca, o refrigerante. E o longa superou nossas expectativas, sendo, para mim, melhor do que os demais filmes do Homem-Aranha já lançados até então.

Saímos da sala de cinema e, como os dois poços sem fundo que somos, vamos para a praça de alimentação. Iríamos jantar para, depois, Lauren poder me deixar em casa.

- Aonde você quer comer, Camz? - ela pergunta, segurando a minha mão.

Eu não demoro nada para entrelaçar nossos dedos de novo, fazendo-a sorrir.

- Sua vez de escolher. Lanchamos em um lugar que eu gosto - falo.

Estamos só andando pela praça e vendo as opções.

- Hum, tudo bem então. Aqui nesse shopping tem um restaurante que eu amo e acho que você vai amar também, vem - ela disse, e começa a me guiar até lá.

É um restaurante italiano, de nome Italian Panini, extremamente chique. Eu nunca comi nesse restaurante, mas já ouvi falar, foi eleito o melhor italiano de Nova York. Nós entramos e, apesar de parecer cheio, nós não demoramos a encontrar uma mesa.

- Dessa vez você também vai ter que escolher os pratos, eu não conheço muita coisa da culinária italiana - eu digo, ela sorri de canto e assente.

- Pode deixar, Camz, prometo que você vai amar - ela fala.

Lauren fez o pedido ao garçom assim que o homem barrigudo se aproximou. Ouvi ela pedir algo prato chamado Tiramisù para sobremesa, além de outros dois pratos que viriam antes, um Tortellini de Bolonha e um Gnocchi. Eu nunca ouvi falar nesses pratos, mas estou ansiosa para poder experimentar.

- Aqui tem um risoto incrível, Camz, mas eu pedi pratos que acho que você ainda não conhece para que possa experimentar. Outro dia voltamos e você prova o risoto deles, é divino - Lauren diz.

- Eu imagino, já que esse é tipo o melhor italiano de Nova York. - Ela assente.

- Eu já achava isso antes de ele ser eleito o melhor - diz e eu rio baixo. - Outra coisa muito boa daqui é o vinho. Não posso beber por estar dirigindo. - Faz uma careta. - Mas se quiser, posso pedir para você.

Assim como em Cuba, uma pessoa de dezoito, como eu, já pode, legalmente, comprar e ingerir bebidas alcoólicas sem supervisão dos pais no Reino Unido.

- Não sou muito chegada à bebida. -  Dou de ombros. - Bebi poucas vezes e todas foram nessas festas de pessoas da escola. - Reviro os olhos.

Nessa idade, no colegial, as pessoas não bebem nem porque têm vontade, apenas porque querem parecer descoladas.

- Uh, isso acontece muito durante o ensino médio não é? - Riu pelo nariz. - Mas acredite, piora na universidade. É sempre festa, festa, principalmente para os calouros - Lauren fala e eu torço a boca.

- Nunca gostei muito, eu ia mais por causa das minhas amigas. - Ela assente. - Eu posso te imaginar em todas as festas, Lo - digo rindo e ela revira os olhos sorrindo.

- Eu adorava, realmente. A Lauren do ensino médio era terrível e não se parece nada com a de hoje, nem queira saber - ela diz.

- Tarde demais. Não me deixe curiosa. - Ela ri.

Então Lauren começa a me contar suas histórias do colegial. Seu primeiro porre, os micos que ela pagou bêbada e as merdas que fez. O garçom de nome Carl trouxe nossa comida e o assunto perdurou, tornando o jantar repleto de risadas. Ela realmente era terrível.

Para não passar batido, confesso que eu amei os pratos que Lauren pediu, isso inclui a sobremesa divina de chocolate. Eu definitivamente vou voltar nesse restaurante muitas vezes.

Pedimos a conta e, novamente, não deixo Lauren pagar sozinha. O restaurante realmente é caro, mas isso faz jus à sua qualidade.

- Não queria que hoje acabasse - eu digo, voltando com Lauren para o estacionamento do shopping.

Nossas mãos juntas entre nossos corpos se mvem para trás e para a frente, encaixadas uma na outra como se feitas na mesma moldura.

- Nem eu, mas podemos repetir isso outras vezes - diz e eu sorrio com a ideia.

- Eu vou adorar - respondo.

Já são mais de meia-noite quando Lauren estaciona na frente de casa e eu torço muito para todos estarem dormindo. Apesar de não ter marcado um horário para chegar, eu sei que já estava ficando tarde e meus pais não vão gostar de me ver chegando essa hora.

- Obrigada por hoje, Lo, foi incrível, tudinho. - Ela sorri.

- Não agradeça, eu amo sair com você, Camz - ela diz e eu sorrio, mordendo o lábio inferior em um ato de nervosismo.

Meus olhos vacilam e descem para a sua boca delicada. O tom claro de rosa colore seus lábios macios. Suspiro quando ela passa a ponta da língua entre eles e volto a encarar seus olhos verdes. Eles revezavam entre meus olhos e minha boca. 

- Eu... quero muito fazer uma coisa - digo, tirando o meu cinto.

Os olhos de Lauren se direcionam aos meus, exalando expectativa.

- Faça - ela diz quase em um sussurro.

Minha mão direita sobe até seu rosto e eu faço uma carícia delicada em sua bochecha. Lauren fecha os olhos e os meus voltam para seus lábios tão atraentes. Me aproximo calmamente e fecho mes olhos quando nossas respirações se misturam. Minha boca toca a sua e eu relaxo imediatamente. Sinto como se tudo ao nosso redor sumisse, sinto tudo mais leve.

Lauren captura o meu lábio inferior entre os seus, chupando o mesmo, e depois pede passagem com a ponta da língua. Eu cedi, deixando-a ter o controle. Ela usou disso para explorar cada canto da minha boca com a língua me fazer suspirar. Suas mãos pousam em meus quadris enquanto eu acaricio sua nuca com as pontas das unhas.

Eu me sinto extasiada, meus lábios nunca haviam tocado outros tão macios quanto os de Lauren. E ela faz isso tão bem.

Diminuímos o ritmo do beijo até ele voltar a ser só um encontro de lábios. A respiração ofegante de Lauren se mistura com a minha e ela rouba mais um selinho antes de eu abrir os olhos, me fazendo sorrir.

Meus lábios estão formigando e os seus estão cheios. Minhas unhas ainda acariciam sua nuca, assim como ela faz na minha cintura.

- Manda uma mensagem assim que chegar em casa? - Minha voz saiu quase um quase sussurro devido a nossa proximidade.

- Vou mandar sim - ela responde.

- Eu vou esperar - falo, e ela olha para os meus lábios. - Agora eu preciso entrar, Lo. - Ela assente.

Antes de me afastar, deixo outro demorado selinho em seus lábios, e vejo a morena sorrir quando me afasto. Saio do carro e vou para casa, sabendo que Lauren ficaria ali até eu entrar - atitude que eu achava adorável.

Assim que entro na minha residência, o ambiente está silencioso e eu posso ouvir o momento em que o carro de Lauren vai embora. Subo para o meu quarto e me jogo na cama querendo pular em cima dela de felicidade. Depois de escovar os dentes e trocar de roupa, noto meu celular vibrar com uma mensagem de Lauren.

Lo : Acabei de chegar em casa, Boo. Eu espero que possamos repetir dias como o de hoje. Agora descanse, ok? Boa noite, Camz!

Sorrindo boba, respondo sua mensagem antes de me jogar na cama e apagar.