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História Intoxicate - 6- Six



Capítulo 6 - 6- Six


Fanfic / Fanfiction Intoxicate - 6- Six

- fala Aiden - atendi o telefone e continuei andando nas ruas frias cobertas por uma fina camada de neve. São mais ou menos nove horas da manhã, eu acho, e estava indo até a cafeteria comprar um café para mim e para o Nick como sempre fazia antes de ir para o trabalho quando meu celular tocou.

- Hey Lou - sua voz era um tanto cansada - eu soube do seu acidente. Desculpa não ter ligado antes. Como estão as coisas?

E como sempre, ai estava o Aiden que eu conheço. Na noite da boate ele me colocou contra a parede com aquele assunto idiota de amor, como se soubesse da minha vida mais que eu, e agora do nada ele me liga e finge que nada aconteceu. Talvez eu até prefira que as coisas sejam assim. É mais fácil ignorar do que falar sobre, de qualquer forma.

- Está tudo bem. A Holly acabou quebrando uma perna, mas já está até trabalhando - balancei a cabeça rindo dela na semana passada quando saiu do hospital e não conseguia ficar parada em casa, mesmo com as muletas e o gesso - e eu machuquei meu ombro, mas já estou bem.

- ah que bom - ele suspirou e eu entrei na cafeteria ouvindo o som do sino soar pelo local aconchegante. Estava quentinho lá dentro e a maioria das mesas já estavam ocupadas por pessoas com seus casacos e suas canecas nas mãos - está no the mug? - Ele deve ter escutado o som do sino.

- sim, eu vim comprar café para...

- pro o Nick e pra você antes de ir para a galeria - Aiden me cortou e riu depois. Algo nisso me deixou extremamente incomodado, mas eu não falei nada além de rir educadamente de volta - você faz isso todos os dias.

- sim... - Aiden adora deixar claro o quanto ele me conhece, como se isso nos tornasse mais próximos. Holly estava certa, ele nunca deixaria de tentar - eu vou comprar meu café agora. Bom falar com você.

- ei Lou, espera. Estava pensando em ir na sua casa hoje, ou quem sabe você vai na minha - ele disse esperançoso e eu me senti encurralado novamente, mas afinal, quem sabe eu não esteja precisando disso? Iria ser apenas uma noite e Aiden não seria perdoado novamente se viesse com aquele assunto de amor - quem sabe a gente não podia ver um filme? - filme, sei - fiquei meio mal quando soube do seu acidente e queria pedir desculpa sobre... Tudo. Ainda somos amigos?

- claro Aiden, apenas esqueça isso - mordi meu lábio inferior pensando na ideia... - mais tarde eu te dou a resposta okay? Tenho que ver algumas coisas antes. 

Ele pareceu desapontado quando respondeu um "tudo bem" antes de desligar. Não o culpo, afinal, quando você avisa para alguém que vai pensar, na maioria das vezes, é um não. Eu comprei meu café e o do Nick que levava caramelo, cada um com seus gostos. Voltei para a galeria admirando as pessoas que entravam e saiam. Isso é uma coisa que sempre vai me deixar orgulhoso: parar em frente a fachada e ver algo que eu construi, do zero.

Passei pelo primeiro andar, que era apenas para as lojas, e logo peguei o elevador para o segundo. O segundo andar era mais como um estoque. Os produtos ficavam divididos por etiquetagem de cada loja. Minha sala ficava perto do elevador e eu entrei já pronto para me deparar com Nick usando o computador para ver alguma série ao invés  de estar trabalhando, mas assim que eu entro, a sala está totalmente silenciosa até que uma voz rouca cortar o silêncio. Nick estava sentado na minha mesa e em frente a ela estava Ele. Eu o conhecia apenas pelo desenho de suas costas cobertas por um sobretudo, mesmo que agora ele esteja um pouco maior do que era, ele ainda tinha a mesma mania de ficar apenas sobre a perna direita. Um coque prendia seus longos fios bem no alto da sua cabeça. Perdi um bom tempo perdido em mim mesmo até perceber que Nick me chamava e então agora Ele me olhava, seus olhos nos meus quase me impedindo de respirar. Mas que merda estava acontecendo com a minha vida? Porque eu tenho certeza que estou me afundando cada vez mais nisso.

- Hey Lou - Nick cumprimentou vindo em minha direção. Agora você tira os pés da minha mesa né? - Esse é o Harry, ele disse que conhece você - Seus olhos eram atentos em mim como se estivessem me perguntando "eu podia ter deixado ele entrar?", mas agora era tarde demais e o demônio já estava ali, no meio da minha sala, me queimando com os olhos.

- E- eu...

- Olá Louis - Harry andou pela sala parando ao lado de Nick e estendendo a mão para mim. Que babaca, ele vai fingir que somos velhos amigos? Nós somos velhos amigos? Eu não sabia o que fazer e estava tentando evitar ficar com uma cara de nada enquanto olhava para a mão de Harry estendida para mim, seria muito infantil ignorá-lo?

Meu deus eu já estava suando. Antes que Harry abaixasse a mão sem graça eu a segurei a apertando educadamente. Por que ele veio atrás de mim depois de uma semana desde de que a gente se viu no hospital? Não pera, essa não é a pergunta. Por que ele veio atrás de mim (não importa o tempo que isso levou) agora?

Sua mão era áspera e delicada ao mesmo tempo, do mesmo jeito que era antes. Meu corpo se arrepiou e eu olhava nos seus olhos tentando decifrá-los. Um idiota iludido, é isso que eu sou. Quem sou eu para tentar decifrá-lo? Há muito tempo eu já não o conhecia.

- Olá - eu disse me espantando com o quanto minha voz pareceu calma. Nick suspirou ao meu lado e pegou seu café alegando que tinha coisas para fazer. Ele saiu mandando um "bom te conhecer" para o Harry.

O clima ficou tenso. Mais ainda quando eu percebi que ainda segurava sua mão. Eu pude sentir meu rosto ficar vermelho e a soltei limpando o suor na minha calça disfarçadamente enquanto corria para sentar na minha cadeira. Sabe-se lá quanto tempo eu ainda podia ficar de pé sem cair graças aos meus joelhos traíras.

Ele me seguiu e eu apontei para a cadeira em frente à minha mesa. Isso Louis, maturidade, mesmo que você esteja querendo muito deixar um tapa no rosto dele. Mas nada é definido por vontades. Seria fácil cumprir a vontade de deixar o tapa, mas e a vontade de beijá-lo depois? Não, definitivamente eu não posso pensar sobre isso. Esquecer nunca foi tão difícil.

Harry se sentou e ficou me analisando por um longo tempo, constrangedor para mim, mas antes que eu abrisse a boca pra perguntar o que ele estava fazendo ele foi mais rápido.

- Você está diferente - ele disse. Meu coração estava bombeando meu peito e eu temi que ele pudesse ouvir. O que podia tornar esse momento mais constrangedor?

- você também - minha voz saiu seca. Tinha uma grande vontade de mandá-lo ir direto ao ponto, mas uma pequena parte, lá no fundo, ainda queria fazer com que ele ficasse ali mais tempo me analisando. Queria que ele ficasse mais tempo, mas ele não pode ficar. Eu não quero que ele fique. Contraditório.

Harry tinha essa mania de falar lentamente e sempre rondar bastante um assunto até que ele finalmente chegasse ao ponto. Eu passava noites e noites ouvindo ele falar com sua voz sonolenta antes de cair no sono.

- você tem um bom negócio aqui - Harry analisou a sala - sempre soube que era capaz de construir grandes coisas sozinho.

- não foi sozinho - Eu disse rápido - eu tive pessoas que estiveram ao meu lado desde o início. Pessoas que me apoiaram e nunca me abandonaram. Sem elas eu não seria nada.

Harry suspirou e se ajeitou na cadeira desconfortável. Ele achou que viria aqui e simplesmente iria ser recebido com um buquê de flores? O que me espanta é que ele realmente estava agindo como se esperasse que eu aceitasse de boa tudo que aconteceu. Eu só quero que ele saia por aquela porta com a mesma intensidade que eu quero que ele fique. Eu odeio minha vida.

- fico feliz que você tenha pessoas assim na sua vida.

- Por que você voltou? - perguntei cansando de toda essa palhaça com indiretas. Eu merecia uma resposta justa, pelo menos uma vez.

- Porque as últimas tempestades causaram grandes acidentes por aqui - Sim eu sabia disso. Só se falavam sobre isso em todos os noticiários - Ligaram pra mim pedindo ajuda temporária já que não estavam dando conta de todo o prejuízo. Eu vim com mais vinte voluntários.

- Hum... - eu me senti mal por ter me colocado como centro das atenções, nem que tenha sido por um segundo, eu ponderei que Harry poderia ter voltado por mim, mas e daí? Eu não queria Harry de volta de qualquer forma. Eu Nunca iria ter esse tipo de relacionamento com mais ninguém, isso ainda era uma de minhas regras.

- Eu achei curioso o fato de que me mandaram exatamente para cá - Ele disse com sua voz suave, mas tensa, como se calculasse as palavras - quis saber como você estava.

Como aquele cachorrinho que fica na beira da mesa do seu dono esperando as migalhas caírem, é assim que eu estou. Esperando que ele diga alguma coisa que aumente minhas expectativas. Algum sinal de que ele voltou por mim e então eu poderia jogar na cara dele que não o aceitaria de volta, poderia fazer ele sentir tudo que eu senti quando ele me deixou, mas ele está tão impassivo quando a Holly dando um gelo em algum cara babaca que deu em cima dela.

- Eu estou bem - respondi rápido. De repente aquela vontade de que ele ficasse mais tempo estava sumindo e eu só queria poder ficar sozinho. Queria ter meu momento para beber meu café olhando para a neve que se acumulava na minha grande janela que ocupava a parede em direção a rua. E como em muito tempo eu apenas pensava em como tudo o que eu tinha, não me bastava.

Harry ficou em silêncio por um momento. Parecia que ele queria um assunto, mas não o achava. Eu agora só queria que ele fosse embora de novo, queria a paz que era a minha vida vazia e incompleta. Mas sabia que essa vontade era só momentânea, mesmo que ela bastasse por agora.

- Que bom... Eu tenho que ir agora - Ele se levantou e eu fiz o mesmo. Não durou nem meia hora e ele já estava indo graças a essa tensão horrível que nos separa - Sabe, meus turnos são todos a noite, então, eu tenho o dia livre. Se você quiser sair para fazer alguma coisa no seu horário de almoço...

- não dá - respondi inquieto - eu vou almoçar com um... Amigo, Aiden - É claro que não havia motivos óbvios para dizer o nome e eu nem se quer tinha marcado algo com ele. Eu não iria nutrir essa "amizade" que o Harry estava propondo, ele me machucou muito e eu não vou ser um otário e esquecer isso, fingindo que nada aconteceu, e também não vou ser um infantil e ficar de implicância. Eu simplesmente não sei como agir e isso sempre torna minhas atitudes as piores.

- ah sim, quem sabe outro dia? - ele parou na porta enquanto eu a segurava - bom te ver de novo.

-sim... - foi a última coisa que eu disse antes dele sair pela porta e eu a fechar.

E então eu cumpri meu desejo e passei a tarde na minha janela vendo a rua e um pouco da cidade, ao fundo só se via as árvores brancas pela neve e as montanhas. Eu só queria que Harry fosse embora novamente para que eu voltasse a ter o controle da minha vida, mesmo que quem tenha tirado o controle dela na primeira vez também fosse ele. 

E foi assim que eu terminei a noite dentro do apartamento do Aiden. O usando como minha válvula de escape, mesmo que isso seja algo horrível para se fazer com alguém, Aiden sempre me distraiu muito bem. E sua cama sempre foi bem macia.

 


Notas Finais


Como estamos?


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