História Intoxicated - Love Me Like You Do

POV CAMILA

Nunca imaginei que iria gastar tantas calorias em um dia, subimos três lances de escadas. Bendito dia para o elevador do prédio dela quebrar. Lauren como sempre cabeça dura resolveu ignorar a ajuda das amigas por ser orgulhosa e se negar a admitir que precisava de ajuda. Depois de muita insistência minha ela aceitou que eu a ajudasse a subir. Nos trancos e barrancos conseguimos chegar ao apartamento dela. Eu ainda não conseguir assimilar todos os últimos acontecimentos, porém, acho que teria algum tempo pra pensar sobre isso ou não. O apartamento continuava igual... até a TV que eu quebrei da ultima vez que estive aqui permanecia no mesmo lugar, o que de fato era bizarro. Porque ela não havia se livrado daquilo? Sento Jauregui no sofá fazendo-a resmungar alguns palavrões.

– Precisa de alguma coisa, Laur? – Pergunto sentando ao seu lado.

– Tira o celular do meu bolso de trás, por favor.

Posiciono minha mão sobre o bolso dela puxando o celular em seguida. Ela pega o celular da minha mão e liga pra alguém.

– Vero, preciso que você venha aqui urgentemente...sim estou no apartamento... não se preocupe ...só não demore...ok...tchau. – Ela desliga o celular voltando a sua atenção para mim.

– Você tá bem, Camz? – Lauren perguntando franzindo o cenho.

– Acho que sim...e você?

– Vou ficar, só em saber que você está do meu lado já é meio caminho andando.

Não respondo nada. De que maneira eu ira me posicionar depois de tudo o que havia acontecido. Iria apenas fingir que nada aconteceu? Ok, eu tinha perdoado, mas isso não significava que não doía. Quem me garantia que ela não iria fazer a mesma coisa novamente? Confiança não é algo fácil de conquistar e quando se é quebrada é triplamente difícil confiar novamente em alguém que já te deixou em pedaços. Eu não estava duvidando das boas intenções da Lauren em tentar reatar, só que dessa vez eu desejava ir com calma. Seria muito arriscado me afundar nela de novo sem saber se no final ela realmente estaria lá pra me tirar da sua própria lama.

– Você tá ao meu lado, certo? – Ela pergunta visivelmente abalada pela minha falta de resposta.

– Vamos com calma, ok? – Afirmo alisando sua perna por cima da calça jeans.

– Eu entendo Camz. Você não confia mais em mim, eu te entendo. Mas você vai entender tudo um dia.

– Entender? Você me largou Lauren, não tem nada pra ser entendido. – Falo irritada.

– Não vamos discutir sobre isso agora. Prometo te explicar tudo com calma depois.

Covarde. Depois, depois, depois. Estou saturada dessa palavra. Mas não prolongaria a discussão em respeito à situação física dela. Respiro fundo acalmando o amontoado de sentimentos.

– Ok.

Vero abre a porta do apartamento encarando Lauren com uma expressão angustiada no rosto. Ela nem me cumprimente, se ajoelha na frente da menina de olhos verdes.

– Ele encontrou ela? Droga Laur...eu disse pra ...

– Cala a boca Verônica – Ela fala firmemente– Não foi nada disso, eu apenas entrei em uma briga e acabei levando a pior.

– Quem foi o super-herói que conseguiu te bater? – Verônica fala prendendo uma risada.

– Ariana. – Lauren responde secamente.

– Pollypocket conseguiu bater em você? Não acredito. –Ela explode em uma gargalhada fazendo Lauren fechar a cara irritada.

– Não vejo graça alguma – Laur repreende – Agora olha esses ferimentos pra mim, por favor.

Depois de cessar a crise de riso, Verônica analisa os ferimentos de Lauren.

– A má noticia é que o corte no supercílio pega pontos. A boa noticia é que sua costela não tá fraturada. Ainda tem seu kit de primeiros socorros? – Ela assente com a cabeça.

– Camz, pega a garrafa de vodka na cozinha.

Me levanto sem entender. Mais bebida? Pensava que ela tivesse bebido o suficiente na festa.

Entrego a garrafa pra Lauren enquanto Verônica se posiciona no sofá com uma agulha na mão. Oh...Deus. Ela ia costurar o corte sem anestesia?

– Não acho isso uma boa idéia. Melhor irmos para o hospital. – Falo tentando colocar juízo na cabeça daquelas duas.

– Camz, não se preocupe. Já fizemos isso antes.

Como eu poderia não me preocupar? Como assim já fizeram isso antes? Antes que eu pudesse fazer alguma pergunta. Lauren grita mordendo sua blusa. Verônica limpava o ferimento com álcool.  Eu não aguentaria presenciar aquela cena por muito tempo.

– MANEIRA A MÃO CACETE. – A menina de olhos verdes reclama.

– Deixa de ser mulherzinha, Jauregui. Bebe logo essa vodka. – Lauren obedece fazendo uma careta involuntária ao virar a garrafa. Após alguns gritos a mais, xingamentos, sofrimento e caretas. Verônica termina os pontos.

– Pensava que não ia terminar hoje. Você já foi mais rápida. Deve ser a idade pesando nas costas, não é mesmo?

– Mal agradecida, dá próxima vez eu deixo você sangrar até morrer.

– Você me ama demais pra isso.

– Não se iluda tanto Jauregui.

As duas entram em uma discussão boba. Me fazendo rir.

– Lacinh... quer dizer Camila. Desculpa minha falta de educação é que realmente fiquei preocupada com essa folha de A4 aqui. Acho que já vou indo, você cuida da Laur por mim? Tenho que resolver umas coisas...

– Tudo bem, prometo cuidar dela, acho que é o mínimo que eu posso fazer por ser o motivo da briga.

– Não quero que você fique por pena Camila. Pode ir, sei me virar sozinha. – Ela fala com arrogância se levantando do sofá choramingando.

Vero me lança um olhar irritado antes de servir de apoio para Lauren guiando-a até o quarto.

Mas que diabos... era um complô contra mim? Eu que deveria está irritada. Ela que me largou, ela que provocou a briga. Devo ter jogado pedra na cruz, ou tá pagando por ter me ignorado as testemunhas de Jeová quando vieram bater na porta do meu apartamento. Caminho o quarto e me encosto na porta cruzando os braços. Laur estava sentada na beira da cama com o olhar baixo.

– Pode ir Vero. Obrigada por ter ajudado, assumo daqui. – Digo com gentileza. Ela apenas concorda com a cabeça dando um beijo na testa da amiga saindo em seguida do quarto.

– Dispenso sua pena – Lauren fala sem me encarar.

– Ei, não fala besteira. Eu não continuo aqui por pena. Acho que ninguém merece esse sentimento tão triste. Laur...olha pra mim. – Ela continua encarando o chão como se aquilo fosse à coisa mais atrativa do mundo.

Ando até a cama parando em sua frente levanto seu queixo delicadamente com meus dedos. Uma lágrima escorre pelo seu rosto pálido fazendo uma trilha na sua bochecha.

– Não chora, Lolo. Eu continuo aqui porque o que eu sinto é maior do que eu. È maior do que meu orgulho. È maior do que minha magoa. È maior do que qualquer sentimento contraditório que habita aqui dentro. O resto parece tão pequeno diante disso que eu sinto. Com você eu sou apenas Camila sem o peso do meu sobrenome, você nunca se importou com isso, nunca se curvou diante da minha pose de toda poderosa. E eu te odiei por isso, te odiei por ter me desestruturado, por ter me bagunçado.  Mas depois eu percebi que nunca tinha me sentido tão feliz na vida mesmo bagunçada, eu gostei da bagunça. Gostei de todos os seus sorrisos... dos mais charmosos até os mais misteriosos. Eu gostei dos mistérios dos seus olhos, eu gostei da sua voz rouca que me acalma, gostei do efeito que seus toques me causam. Quando eu percebi já estava apaixonada. Eu quis dar o meu melhor em tudo por você. Eu te entreguei meu coração em uma bandeja... e você... deixou cair e pisou. Mas eu estou aqui, não por pena. Mas porque apesar de doer, dói muito mais ficar longe de você.

– Me desculpe... Um dia você vai entender Camz. Mas enquanto esse dia não chega eu prometo fazer o que estiver ao meu alcance para que pare de doer. Eu sei que você não confia em mim, mas eu vou ganhar sua confiança novamente. Porque tenha certeza se doeu em você, doeu muito mais em mim. Você é toda a beleza que existe em mim, onde quero chegar, para onde quero voltar. É o meu ponto de partida, o topo da montanha, meu lugar ao sol. É uma parte de mim e ao mesmo tempo tudo que me preenche, liberta, completa e renova a cada dia. Por favor, me dá essa chance de consertar as coisas... de conquistar sua confiança.

Deposito um selinho nos seus lábios. Ela deita na cama e eu faço o mesmo. Ficamos trocando carinhos gentis e naquele momento eu sentir que estava completa novamente, todo o vazio evaporou diante daqueles olhos verdes.