História Invictus - Calmaria

POV Arizona

Se quando eu fui dormir meu humor estava maravilhoso, agora eu estava péssima. Acordei tão enjoada que quase vomitei em cima de Daryl. Tinha tido um enjôo já, mas ainda não sabia que estava grávida. Acho que agora sabendo o enjôo era ainda pior, como se meu corpo todo resolvesse aumentar os sintomas.

Dei descarga pela terceira vez e me olhei no espelho respirando fundo.

-Ei, ta melhor?- Daryl perguntou da porta do banheiro.

Assenti meio mole e lavei a boca.

-Vou dar uma passada em Maggie, ver se ela tem alguma dica sobre como sobreviver a isso.

-É uma boa ideia.- Sorriu me envolvendo quando me aproximei dele. -Escuta, Rick quer organizar alguns grupos de busca por sobreviventes e mantimentos. Eu vou acabar ficando em algum, então tô te avisando pra não ficar preocupada caso eu saia hoje.

-Tudo bem, você tem que fazer o que tem que fazer.- Sorri fraco pra ele. -Só toma cuidado.

-Claro.- Me deu um selinho.

-Eu acho que vou passar o dia assim.- Fiz uma careta me soltando dele. -Seu filho agora que é conhecido está querendo que eu coloque tudo pra fora.

Daryl riu.

-Nosso filho.- Falou com naturalidade pegando a crossbow.

Olhei pra ele com carinho.

-Que foi?- Perguntou levantando uma sobrancelha quando viu que eu o encarava.

-Você.- Dei de ombros. -Parece mais calmo em relação ao bebê.

Ele sorriu fraco.

-É, essa cria veio pra dar um jeito em mim.

-E em mim.- Rolei os olhos. -Porque vou ter que ficar de repouso a força. Mas tudo bem, faço isso feliz porque é por uma ótima causa.- Passei a mão na barriga.

Obviamente não estava nem um pouco crescida, mas era como se eu sentisse meu bebê ali todos os momentos. Ainda mais quando passava a mão fazendo carinho, sentia como se ele recebesse meu carinho.

Daryl chegou perto e agachou.

-Valeu parceiro.- Sussurrou na minha barriga.

Ri passando a mão no rosto dele, que deu um beijinho no meu ventre e levantou.

-Vamos começar o dia?

-Claro Dixon, vamos lá.

Descemos as escadas e entramos na cozinha. O cheiro de panquecas invadiu meu nariz e eu agradeci mentalmente que meu estômago não revirou, estava faminta.

-Hmm, que cheiro bom.- Falei pra Dakota que virava mais uma no prato.

-Fiz especialmente pra minha maninha grávida.- Disse colocando mais massa na frigideira.

-E pra mim não né Doda?- Oliver perguntou franzindo a testa.

-Claro que fiz pra você também, mas agora a Nana tem que comer mais e melhor por causa do neném.

-Isso é verdade.- Oliver concordou. -Nana.- Me chamou.

-Hm.- Resmunguei me sentando com um prato de panquecas, Daryl rindo da minha cara de esfomeada.

-Como os bebês são feitos?

Parei de cortar a panqueca e olhei pra Oliver piscando algumas vezes.

-É o que Oggy?- Dakota perguntou rindo.

-Como que se faz bebês? É do nada que eles aparecem na barriga?

Cocei a cabeça e olhei pra Daryl, ele prendia o riso e tentava manter uma expressão séria.

-Quando duas pessoas se amam muito Oggy.- Comecei com cuidado. -Elas acabam fazendo algumas coisas juntos, e às vezes essas coisas levam a mulher a engravidar.

-Que coisas?

Arregalei meus olhos sem saber responder. Eu sabia que esse dia chegaria, claro. Afinal, Oggy já tem quase onze anos e já tem que aprender esse tipo de coisa. Como eu queria que meus pais estivessem vivos, eles sem dúvida nenhuma saberiam ter essa conversa sem parecer que ia engasgar assim como eu.

-Sexo Oggy.- Trevor entrou na cozinha falando.

Olhei pra ele nervosa.

-Que é? Já ta na hora dele saber dessas coisas, e antes ele saber por nós do que por outras pessoas não é?

-É, mas eu pretendia ser mais suave Trevor.- Falei entredentes.

Ele riu mordendo uma panqueca.

-E o que é sexo?- Oliver perguntou colocando mais panqueca na boca.

-Sexo é uma coisa que você ainda não é grande o suficiente pra entender totalmente. Só saiba que é uma forma de dois adultos se amarem.- Respondi antes que Trevor falasse mais merda.

-Ah, parece estranho.- Ele respondeu.

-Não é nem um pouco estranho.- Trevor disse. -No começo confesso que é um pouco, mas depois é natural.

-Trevor cala a boca.- Cantarolei o fazendo rir.

Dakota estava vermelha como um tomate, e tentava não olhar muito pra nós. Daryl do meu lado soltou um riso nasalado e pegou uma maçã se levantando.

-Eu vou achar os outros pra resolver a questão dos grupos, qualquer coisa me chama.

Deu um beijo na minha testa e saiu pela porta da frente.

-E você, o que vai fazer hoje?- Perguntei pro mais velho.

-Tenho alguns walkers pra eliminar, estão forçando o muro no lado norte e daqui a pouco vão chamar muita atenção se não resolver logo. Uma horda maior pode se formar.

Lembrei da podridão dos walkers e meu estômago deu uma remexida.

-Sabe como são aqueles miolos moles, mas vou dar conta disso com mais alguns.

-Sei.- Respondi respirando fundo.

-Você ta bem?- Ele me perguntou.

-Meio enjoada.- Tomei um gole de água me sentindo um pouco melhor.

-Bom, eu tenho que ir agora mas repito as palavras do Dixon, qualquer coisa me chama.

Assenti e ele piscou um olho.

-Isso vale pros dois também.- Falou pra Dakota e Oliver se levantando. -Nada de arrumar ideia.- Falou e saiu pela mesma porta que Daryl.

-Eu vou ensinar mais algumas coisas para as crianças hoje Nana.

-Sim, é dia de armadilhas para animais.- Oliver falou animado.

-Que bom que todos tem o que fazer, espero que tomem cuidado.- Falei vendo Oliver estufar as bochechas de tanta panqueca que colocou pra dentro.

-Tomaremos, pode deixar.- Dakota respondeu sentando pra comer.

-Eu vou até Maggie agora, espera o Connor vir comer e então pode ir fazer suas coisas.

Ela concordou e eu beijei a cabeça dos dois antes de sair sentindo uma brisa gélida fazer cócegas no meu rosto.

Michonne saia de casa na hora em que coloquei os pés na calçada.

-Ei Arizona.- Sorriu se aproximando. -Como está? Soube que mais um bebê está a caminho.

-Pois é, parece que virei a mais nova grávida do apocalipse.

Ela riu.

-Fico muito feliz por vocês dois, e qualquer coisa que precisarem é só me falar.

-Pode deixar.- Respondi sorrindo. -Fico feliz que a guerra tenha acabado.- Suspirei. -Mas e Washington?

-O lugar é incrível, um dia você tem que ir até lá. As ruas continuam bonitas, as pessoas tem um ar de que acreditam no futuro. E eles têm um centro de pesquisa que está estudando a cura.

-A cura?- Perguntei surpresa. -Finalmente.

-Sim, cura. Fiquei muito feliz em saber que estão se esforçando pra isso, só espero que cheguem a alguma coisa um dia.

-Ah eu também, ninguém merece mais ter que lidar com os walkers.

-Mas o que é isso?- Paul disse chegando perto. -O médico diz pra repousar, e a senhorita está andando por aí?

Revirei meus olhos.

-Olá Michonne.

-Jesus.

-Essa moça não pode fazer gracinhas, e agora que você já sabe pode me ajudar a dar bronca nela quando a ver burlando orientações médicas.

-Ele disse que eu poderia andar um pouco, e eu estou indo ver Maggie.

Paul cerrou os olhos.

-Ta.- Disse meio contrariado. -Mas então vamos logo, é bom que conversamos mais sobre o casamento.

-Casamento?- Michonne perguntou confusa.

-Dixon tomou vergonha na cara e pediu ela em casamento.

-Uau.- Michonne disse surpresa. -É Arizona, seu bebê já veio trazendo novidades incríveis. E quando será?

-Ainda não sabemos.- Respondi. -Mas não vai ser nada demais, Paul e Maggie que estão se empolgando demais.

Michonne riu.

-Se quiserem minha ajuda pra isso também, é só falar. Agora com licença que eu preciso fazer algumas coisas.

Me despedi com um aceno e segui com Paul para a porta da casa de Maggie.

-Já te disseram que você é muito exagerado?

-Você, várias vezes. Mas sabe que só sou assim com você, então lide com isso.

-Não vai com os outros pra procurar pessoas e mantimentos?- Perguntei batendo na porta.

-Nah, eu tô tomando conta de você.

Ri balançando a cabeça.

-Ei.- Maggie disse abrindo a porta. -Entrem.

Entramos e fomos para a sala.

-Maggie eu preciso te perguntar, como fez pra lidar com enjôo?- Perguntei me sentando.

-Ah eu não tive muito enjôo.

-Não?

-Não.- Ela riu. -Ainda bem. Mas os poucos que tive eu controlava dando uma volta, ar puro faz muito bem pra isso. Por que? Está tendo enjôos?

-Sim, hoje eu acordei colocando tudo pra fora. Já vomitei umas três vezes, e falando sobre walkers meu estômago revirou. Eu consegui comer pelo menos, achei que até isso ia me enjoar.

-Tenta ficar um pouco na varanda quando isso acontecer.

-Na varanda Arizona, não ficar andando por Alexandria.- Paul disse.

-Eu prometo que vou tomar cuidado, e obrigada Maggie. Ar puro pode ajudar mesmo.

-Ok, agora vamos falar de um assunto que eu tô super animada. Seu casamento.

-Maggie, você e Paul estão exagerando. Eu não quero nada demais, só uma coisa simples e que não dê muito trabalho. Por mim na verdade eu só colocava a aliança e pronto, eu e Daryl não precisamos de muita coisa. E você também não teve uma cerimônia pelo o que já me contou.

-Sim, não tive e por isso quero que você e Daryl tenham.- Ela levantou uma sobrancelha.

-Não adianta Angel, nós vamos organizar algo decente e você vai só concordar e vai gostar porque eu sei que no final vai acabar gostando.

-Eu desisto.- Respirei fundo me encostando no sofá.

-Ainda bem.- Maggie disse. -Eu estava pensando que já que a senhorita quer algo não muito trabalhoso, e Daryl com certeza ficaria sem jeito com alguma coisa mais elaborada, nós podemos fazer perto do lago, um pouco mais simples mas ainda assim uma festa.

-Hm, no lago? Gostei.- Paul fala meio que pra si. -Eu vou obrigar Alex a ir comigo lá fora e encontrar uma loja de roupa de noiva e de festa, e pegar roupas pra todo mundo.

-Vai lá fora só pra isso?- Perguntei rindo.

-Angel, calada.- Ele disse levantando uma mão.

Maggie riu.

-Nós vamos organizar um casamento lindo, você vai ficar muito feliz.- Paul disse. -Acho que estamos merecendo uma festinha pra variar.

Sorri vendo que os dois se animavam cada vez mais com o casamento. Realmente, precisávamos de algo que não tivesse relação com sobrevivência, lutar, matar walkers e proteger a comunidade de vez em quando.

Acho que eu podia curtir a preparação do meu casamento.

POV Daryl

Tinha sido decidido que eu ia ficar no grupo de busca de sobreviventes, ia com Aaron lá fora de vez em quando ver se achamos alguém. Com Arizona grávida, eu e Aaron tínhamos combinado que nossas idas não demorariam muito. Ele quase me esmagou em um abraço quando eu contei sobre a gravidez, e depois em outro quando contei do casamento e então pediu desculpas por invadir o meu espaço. O mais estranho era que eu não liguei tanto, eu estava tão feliz que não me importava que me abraçassem do nada assim. Eu estava genuinamente feliz, e achava sinceramente que nada nesse mundo tiraria esse sentimento maravilhoso de mim.

-E então vamos ter um casamento.- Rick disse se sentando do meu lado perto das obras.

Soltei um riso nasalado e dei de ombros.

-Parece que sim.

-Estou muito feliz por você irmão.- Ele disse colocando a mão no meu ombro.

Assenti sorrindo sem mostrar os dentes.

-Acho que uma festa é tudo o que precisamos pra renovar as forças agora.- Rick falou olhando as pessoas construindo o muro. -Tivemos muita tensão, muita preocupação, muitas coisas ruins aconteceram e agora é hora de termos algo pra aliviar isso tudo. Pode contar comigo para os preparativos.

-Obrigada. Arizona me disse que Maggie e Jesus estão cuidando disso, na verdade ela parecia até meio assustada com a animação dos dois. Queremos algo simples, não queremos dar muito trabalho e nem tomar muito tempo.

-Não se preocupa com isso Daryl, vocês merecem e nós também merecemos uma festinha.

Rick sorriu e respirou fundo.

-As coisas vão melhorar agora, eu sinto.

Olhei pra ele e vi um olhar em Rick que uma vez eu vi na prisão, mas esse agora brilhava mais e te fazia acreditar que tudo ia mesmo melhorar.

Pensei no meu bebê, o mini Dixon escolheu uma hora perfeita pra dar as caras.

Merle podia estar vivo. Pra conhecer a minha cria, pra ver tudo melhorar. Se bem que eu aposto que ele diria uma boa dose de palavras sujas, depois daria um trago no cigarro e riria daquele jeito cretino. Posso até ouvir sua voz dizendo “É, não é que o pinto do caçula funciona mesmo? Eu já estava duvidando do bom funcionamento do seu equipamento maninho, mas pelo visto me enganei.”

Cretino. Mas eu sinto falta dele. As merdas que Merle falava me tiravam do sério, mas no fundo me divertiam. Ele teria adorado Arizona, porque ela com certeza o afrontaria e ele gostava da afronta. Desgraçado filho da puta, você deveria estar aqui pra viver isso também.

-Parece que Carl está mesmo gostando da sua cunhada.- Rick quebrou o silêncio.

-É, pelo visto os King eram as peças que faltavam no quebra cabeça de Alexandria.

-Sim.- Rick riu. -E eu faço muito gosto. Dakota é uma boa menina, e parece ser forte como os irmãos mais velhos. É bom pra Carl ser domado.

Ri. E passou na minha cabeça que domar era uma coisa que aparentemente os King sabiam fazer. Arizona me tinha de quatro por ela, totalmente rendido e devoto. Aquela mulher teimosa e mandona era o que faltava na minha vida miserável. Com ela eu não me sentia tão desgraçado assim, eu me sentia melhor e mais capaz. Essa mulher, ela era rara e era minha. E agora me daria um filho.

Dixon, quando foi na sua vida que você pensou de ter isso tudo?

JC estava sendo muito bom.

Ainda bem.

POV Trevor

Coberto de sangue e miolos. Era assim que eu estava caminhando tranquilamente em direção a minha casa. Antes de chegar nela, reparei três pessoas na varanda de Maggie. A própria, Paul e minha irmã nova grávida.

-Fala aí.- Me aproximei.

-Que cheiro horrível Trevor, vai tomar um banho.- Arizona disse tampando o nariz.

-Euem, nunca teve nojo desse cheiro.- Falei cruzando os braços.

-Eu não. Seu sobrinho, ou sobrinha, sim.

-Eu só vim dar um oi pra vocês e essa mulher linda.- Falei pra Maggie que corou um pouco ficando ainda mais linda.

-Hmm quem diria, Trevor King entoando palavras bonitas.- Paul zombou sorrindo de lado.

-Eu sou um cavalheiro.- Estufei o peito.

-Sei.- Arizona disse rindo.

-Quando vamos repetir o passeio no lago?- Perguntei pra Maggie sorrindo.

-Quando você quiser, só me chamar.

Ela deu um sorriso maravilhoso. E eu juro que minhas pernas bambearam.

-Tudo bem então, agora eu vou tomar um banho porque a cria da minha irmã quer o tio cheiroso.

-Acho que todos queremos que vá pro banho Trevor.- Paul disse.

Dei um soquinho no braço dele e segui pra casa depois de piscar um olho pra Maggie.

Que mulher linda. Eu estava cada vez mais na dela, e isso me deixava com uma sensação maravilhosa. As coisas vão melhorar, eu sei disso.

POV Arizona

-Maggie eu vou adorar ser sua cunhada.- Falei rindo.

-Para Arizona.- Ela disse corando.

-Para nada, viu como meu irmão te olha? Os olhos dele chegam a brilhar.

-Isso é verdade Maggie, não negue.- Paul disse.

-Podemos voltar a nos concentrar no casamento da Arizona?

-Não, por favor. Já falamos a tarde inteira disso.- Falei massageando as têmporas.

-Ok, até eu admito que podemos mudar de assunto.- Paul disse dando de ombros.

-Você não tem turnos de vigia Paul Rovia?- Cerrei meus olhos na direção dele.

-Não, estou em uma missão.

-Que missão?- Maggie perguntou.

-Vigiar Arizona, essa mulher não para quieta e eu tenho o dever de controlá-la.

-Eu não preciso de babá.- Falei entediada.

-Então está recusando a minha companhia?- Ele perguntou colocando a mão no peito se fazendo de ofendido.

-Claro que não meu amor.- O abracei. -Eu adoro passar o dia com você, mas fique sabendo que eu sei me cuidar.

-Homens.- Maggie disse. -Acham que quando engravidamos ficamos impossibilitadas.

-Nem me fale.- Ri.

10 dias depois

O resto do dia passou tão rápido que eu quase nem notei. E os outros dias também. Quando vi os minutos tinham virado horas, e as horas em dias. Dez dias pra ser exata. Quando dei por mim já era mais uma manhã em que eu estava mais uma vez com mais uma crise de enjôo.

-Posso ver alguma erva lá fora pra fazer um chá se quiser.- Daryl falou do quarto.

-Ta tudo bem, eu vou ficar legal.- Falei levantando a cabeça do vaso. -Ar puro, vou dar uma volta e respirar um pouco. Maggie disse que ajuda.

Escovei os dentes e voltei pro quarto.

-Tudo isso vai valer a pena.- Sorri pra ele e peguei meu arco no canto.

-Ei, o que pensa que está fazendo?

O olhei levantando uma sobrancelha.

-Pegando meu arco pra ir atirar um pouco.

-Sem esforços Arizona, larga de ser teimosa.

Bufei colocando o arco e a aljava de volta ao lado da poltrona.

-O que eu vou fazer o dia inteiro?

-Qualquer coisa que não envolva esforço físico.

-Não é justo, você lá fora tendo toda a adrenalina só pra você e Aaron e eu aqui tendo que ficar o dia todo fazendo nada.

-O doutor disse que você já pode dar caminhadas maiores por Alexandria, por que não faz isso?

-Hm, pode ser.- Suspirei. -Vou falar com meu guarda costas e a minha general particular pra fazermos isso hoje.

-Faça isso. Aquele seu amigo maluco é bom em te manter na linha, acho que vou começar a procurar presentes pra ele lá fora.

-Ah ele com certeza vai amar.- Ri abrindo a porta.

Depois do café eu chamei Maggie e encontramos com Paul saindo da casa onde ele dormia com Alex. Ele tinha uma cara meio emburrada, o que fez nós duas rir.

-Que bicho te mordeu?- Maggie perguntou.

-Alex, aquele idiota.- Bufou. -Onde vão?

-Dar uma volta por Alexandria, íamos agora mesmo te chamar.- Respondi.

-Então me levem pro outro lado da comunidade, onde esse babaca não esteja.

-O que ele fez?- Perguntei quando voltamos a andar.

-Nasceu.

-Hmm tô vendo que isso tem cheiro de ciúmes.- Maggie provocou rindo.

-Não é ciúmes, ele que insiste em querer passar uns dias na antiga comunidade dele e quer me arrastar junto.

-Ah sim, e por que não quer ir?

-Porque você precisa de mim Angel, eu não posso me afastar por muito tempo.

Sorri entrelaçando meu braço no dele.

-Pode passar uns dias fora se quiser meu amor, eu vou ficar bem. Maggie e eu nos cuidamos e ela vai me manter na linha igual você faz.

-Eu sei, mas eu não quero ir. Ainda mais depois dele insinuar que eu não quero ir porque eu não faço nada por ele.

-Mas que drama.- Maggie disse.

-Exatamente.- Ele concordou.

-Eu falei dos dois.

Paul olhou pra ela cerrando os olhos.

-Acho que isso é culpa da tensão sexual entre os dois.

-Vocês ainda não fizeram nada?- Maggie perguntou surpresa.

-Não. É meio difícil em uma casa que dividimos com mais cinco soldados da divisão dele e com ele sempre saindo em missões.

-Vocês precisam resolver isso. Depois de uma noite ardente de puro sexo, cheio de desejo e amor aposto que vão ficar mansinhos.

-Angel!- Ele ralhou. -Acho que seus hormônios que precisam ser acalmados.

-Precisam mesmo.- Reclamei. -Daryl não quer fazer nada por conta da nossa cria, disse que até o médico dizer que podemos ele não vai fazer nada.

-E o doutor Carson ainda não liberou?- Maggie perguntou.

-Eu na verdade não perguntei.- Mordi o lábio.

-Então pergunta oras- Ela disse.

-Assim que Daryl chegar hoje de noite eu vou arrastar ele pra conversar com o doutor.

-Enquanto isso, vamos continuar nossa volta e depois comer uns pedaços de bolo que eu vou fazer. Ah, mas antes tenho que ir na dispensa e no arsenal, Rick pediu pra conferirmos tudo hoje.

-Graças a Deus alguma coisa pra fazer.- Falei dramaticamente os fazendo rir.

Tudo checado, arrumado e catalogado. Agora era só esperar o bolo que Maggie tinha acabado de pôr no forno ficar pronto.

Esses dias tranquilos me deixavam leve. Me faziam lembrar da vida antes do caos. Eu lembrava das minhas manhãs, quando levantava cedo pra ir pra academia e depois voltava pra casa pra tomar uma xícara enorme de café e relaxar um pouco antes de me preparar pra cozinhar meu almoço. Os dias tranquilos quando eu estava de folga eram maravilhosos, eu aproveitava todos ao máximo. Paul sempre ia passar dias comigo, e nós fazíamos maratona de filmes com muita pipoca e pizza.

Eram dias bons. E mesmo que estranho dizer isso, eu acho que não me importava mais com tudo o que aconteceu. Perdi parte da minha família, sim. Fui machucada de maneiras terríveis. Mas agora tudo parecia tomar seu rumo, se ajeitar. E isso me trazia uma sensação de paz que há muito eu não sentia. O amor tinha grande parcela nisso, já que todo o carinho e desejo de Daryl me envolviam e me fazia sentir meu coração quentinho de amor. Minha família finalmente estava segura, meus amigos e novos integrantes da família também, Alexandria estava segura e o mundo melhoraria. Acho que meu bom humor viria pra ficar.

Depois do almoço, sentamos na varanda como de costume. Meus irmãos mais novos estavam no jardim da nossa casa treinando com suas armas e as limpando. Oliver tinha demonstrado grande talento para flechas, e ele não sabia ainda mais ia ganhar seu próprio arco assim que Trevor achasse um lá fora.

Maggie e Paul conversavam sobre adivinhem o que? Meu casamento. Era o assunto favorito deles. E às vezes ainda arrastavam Michonne. Até Carol entrou na dança quando veio nos ver dois dias atrás. E segundo eles, tínhamos que agilizar tudo pra festa acontecer logo. E até convidaram pessoas das outras comunidades. O Rei disse que viria, o besta do Gregory disse que tentaria vir, a líder de Oceanside relutou mas disse que faria um esforço e o General Miller disse que não perderia por nada o casamento da filha de seu falecido amigo.

Eu e Daryl nos divertiamos com a animação de todos. Não que não estivéssemos empolgados, porque estávamos. Mas achávamos engraçado como tinham transformado seu singelo pedido, ao qual eu estraguei a surpresa, em um evento.

Meus pensamentos foram interrompidos pelo som de carros entrando em Alexandria. Uma visita? Essa era inesperada.