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História Invisible - TAEGI - The darker the night, the brighter the star


Escrita por: JhamilleBelmino

Capítulo 22 - The darker the night, the brighter the star


Fanfic / Fanfiction Invisible - TAEGI - The darker the night, the brighter the star

BTS – Mikrokosmos

“As luzes que vimos um no outro estavam dizendo a mesma coisa […] Quanto mais escura a noite, mais forte o brilho da estrela”

(The lights we saw on each other were saying the same thing […] The darker the night, the brighter the star)

 

Naeun estava ocupada preparando novas porções de acompanhamento para as refeições de toda a semana. Vargem e espinafre com gergelim torrado e molho de soja, tomate cereja conservado com suco de limão, vinagre e mel. Rabanete cozido, ovo cozido com molho de soja e molho de ostra, cenoura e pepino em conserva e salada de repolho. Tudo caseiro. Também estava separando porções individuais de kimchi e montando pequenas marmitas com arroz cozido, porque aí Yoongi não teria desculpas alguma para pular refeições ao chegar da escola ou então, ficar comendo apenas lanches sem se alimentar adequadamente.

Ela amava fazer aquilo. Organizando as refeições do filho e deixando o refrigerador abastecido para ele, dava uma sensação de que ele ainda era pequeno e como não desejava ter mais filhos – antes ela sempre desejou ter no mínimo 3, mas seu ex-marido nunca quis ter mais filhos consigo, então precisou matar aquela vontade e agora não se via com mais nenhum – iria cuidar do seu doce filhote até Yoongi ter a própria família para cuidar, e depois disso, se dedicaria aos netos.

Amava essa sensação doméstica de cozinhar, cuidar de filho, cuidar da casa. Amava. Não achava que fosse obrigação de ômegas fazerem isso, mas amava mesmo. E ainda mais agora sendo só ela e Yoongi, dava ainda mais gosto de fazer porque o filho era agradecido por isso. Ele comemorava do seu jeitinho toda vez que ela se sentia forte o suficiente para levantar da cama e ir fazer algo que gosta. O ômega era um filho maravilhoso e ela sentia-se realizada em fazer aquele tipo de coisa por ele, mesmo achando que era pouca coisa por quem ele era.

Também estava fazendo geleia de morango, porque adorava geleias caseiras e o quão práticas eram para tomar café antes de ir ao trabalho. E Yoongi ainda podia comer no lanche da tarde.

Então estava preparando tudo naquele domingo de tarde, depois de um almoço junto do filho e dele ter ido para o quarto fazer algumas lições da escola. O clima estava bem agradável já que não fazia calor naquela tarde, dando a ela liberdade para usar um par de pijamas fresquinhos dentro de casa.

Usando seu tablet de trabalho apoiado perto da janela, ela assistia uma das suas séries favoritas enquanto preparava tudo, andando apenas de pantufa pelo espaço aconchegante da cozinha. Separando todos os alimentos em pequenos recipientes de vidros adequado para irem do refrigerador ao microondas. Os potes que iriam a geleias tinham acabado de sair da água fermente aonde tinham sido higienizados e ela esperava o doce dar o ponto certo para fazer a divisão certa.

Passava pouca coisa das 16h da tarde e ela estava bem distraída com o que fazia, quando ela ouviu um barulho bem conhecido vindo do lado de fora e em menos de 60 segundos, a campainha da frente sendo tocada.

- Estou indo...- ela desligou o fogo e limpou as mãos em um dos panos de prato, antes de atravessar o pequeno espaço e abrir a porta sem cerimônias alguma – Eu sabia que era você assim que ouvi o barulho do seu carro.

- Oi, tia. – Seokjin cumprimentou aceitando de bom trado quando a mulher lhe ofereceu um abraço. Naeun sempre abraçava. Quando ele, Jimin ou Jungkook chegavam na casa dela, a ômega os cumprimentavam com abraços e eram tão bons que nenhum deles ficava sem jeito, pelo contrário, o Kim nunca escondeu de ninguém o quanto o fazia se sentir acolhido quando ela fazia isso – Eu ainda estou juntando um dinheiro pra levar ele no mecânico e resolver isso.

- Peça aos seus pais, eles quem te deram um carro velho. – ela o soltou logo em seguida o puxando para dentro da casa e já fechando a porta, seguindo para a cozinha com ele junto de si.

- Hm, eles não pagariam nada pra mim, tia, ainda mais agora.

- Ainda mais agora, por quê? Tem alguma coisa a ver com esse seu olho machucado?

- Putz, e eu achando que você não tinha visto. – ele fez graça se aproximando da bancada aonde ela estava fazendo as coisas, tentando enfiar o dedo dentro da geleia quente, mas recebeu um tapinha antes de fazer isso – Aí...

- Não coloca a mão suja na minha geleia e está quente também. – ela alcançou rapidamente uma colher, recolhendo uma quantidade de geleia do canto e entregando a ele para experimentar – E voltando ao assunto, é impossível não ver se sua cara está verde. Como conseguiu isso?

- Briguei na escola, peguei uma suspensão e tudo.

- E por que você brigou?

- Nem queira saber, isso já me causou muita confusão, tia. – ele não queria dizer que tinha sido porque, aparentemente, estava defendendo a honra do filho dela de um alfa mal intencionado. Não mesmo. Naeun iria querer saber mais sobre aquilo e ele iria se meter em mais confusão ainda. Chaewon lhe deu o conselho de ouvir mais pra depois agir e era isso que faria. Primeiro iria conversar com o Yoongi e, se precisasse mesmo, iria fazer algo. Até lá, boquinha fechada. – E a propósito, a geleia está uma delícia.

- Obrigada, querido. Vou separar um pouco pra você, quer?

- Opá, quero sim. – ele foi até a pia lavando a comer que usou antes de colocar no escorredor, estava realmente muito bom – O Gi está em casa?

- Lá em cima, vai lá, ele anda meio triste esses últimos dias e eu já tentei de tudo pra ver se melhora e nada.

- Vou ver se ele aceita conversar comigo um pouco.

- Vai, mas deixa a porta aberta, em? – brincou, porque ela sempre brincava daquele jeito, e ele apenas riu sabendo que aquele era o jeito dela.

- Pode deixar.

Seokjin já conhecia a casa, então não precisou de apresentação para subir as escadas e chegar ao quarto do amigo.

No meio do caminho até ali, ele ficou imaginando que talvez Yoongi batesse a porta em sua cara assim que chegasse. Ou se recusasse a ouvi-lo e que também, poderia muito bem não o desculpar depois de conversarem. Não iria julga-lo caso fizesse qualquer uma dessas coisas porque pisou feio na bola. Mentiria se falasse que não pensou em entrar na via contrária e voltar para casa, seria tão mais fácil de fazer assim.

Em contrapartida, ele não fez, se obrigando a seguir com sua primeira ação e não desistindo em momento algum. Estava cansado de ter medo e ele tinha, sinceramente, medo de tudo. Precisava enfrentar e iria, sem muita forçar, sem grande motivação e com o peito apertado em aflição, mas iria, sem pensar duas vezes para não desistir.

Não podia esquecer quem era Min Yoongi e que devia aquele pedido de desculpas a ele, na verdade, devia já fazia um tempo bem considerável, seu amigo não merecia todos os comentários maldosos que estavam fazendo com ele devido a isso, não merecia os olhares atravessados e muito menos, ele não merecia ser tratado daquele jeito nem pelos outros e tão pouco por alguém que era considerado um dos seus melhores amigos.

Não Yoongi. Não o ômega que era capaz de passar por cima das próprias dores em favor dos outros. O ômega que ele sempre pedia para não deixar que as pessoas o tratassem mal, mas por ser tão, tão bom, ele apenas ignoravam as coisas negativas e guardava tudo no seu coração. O coraçãozinho que era tão grande, imenso, ao ponto de ainda ter espaço para um alfa bobão como ele, porque Seokjin sabia que tinha um espaço no coração dele. Se não tivesse, não teria sido capaz de machuca-lo tão profundamente quanto fez e essa era a parte que mais deixava o alfa mal, saber que o machucou daquela forma.

Não podia usar de inverdades ao afirmar que acreditou que daria toda aquela confusão quando optou por se calar quando Yongsun o questionou sobre está apaixonado por Yoongi. Sabia que era errado, não era nenhum maluco, claro que sabia, mas mesmo assim, ainda não acreditava que daria tanta confusão quando aquela e se arrependia amargamente por não ter agido antes.

Ele estava sempre errando pra depois aprender, queria ser capaz de aprender as coisas sem quebrar a cara antes, mas não. Estava sempre lá errando. O bom é que aprendia depois, o ruim é que, vez ou outra, arrastava alguém para o meio da sua confusão mesmo sem querer. E a maioria dessas pessoas, ele gostava de verdade.

Porém, a parte boa daquilo tudo, era que estava aprendendo a resolver. Não era fácil. Mas estava aprendendo a resolver seus problemas e era isso que estava fazendo ali, parado na porta do quarto de Min Yoongi, um dos seus melhores amigos, dando duas batidinhas contra a madeira para chamar a atenção dele.

- Pode entrar, mãe. – ele ouviu Yoongi dizer e isso foi o impulso necessário para fazer o alfa agir. Quando abriu, viu o ômega sentado na mesa de estudo, meio de costas para a porta escrevendo alguma coisa no caderno sem nem olha-lo. – Quem era na porta?

- Oi...

Não precisou de muito para Yoongi reconhecer aquela voz, virando-se para dar de cara com o amigo parado na sua porta. Estava sentindo falta de Seokjin, fazia muitos dias que os dois nem se falavam e gostava demais do alfa para não sentir falta dele.

Mas ao olha-lo, ele não fez nenhuma menção de que sentia tantas coisas. Apenas ficou lá, olhando para ele, esperando que Seokjin falasse qualquer coisa impossibilitado de falar ou fazer algo. E o Kim conhecia ele fazia tempo suficiente para reconhecer isso.

- A gente pode conversar? – ele questionou baixinho fazendo, inconscientemente, uma carinha de filhote que caiu da mudança, porque era meio assim que ele se sentia. De todas as pessoas que já havia decepcionado em todos os seus 18 anos de vida, a decepção que causou em Yoongi foi a que mais lhe doeu, mesmo o ômega não tendo falado nem mesmo uma palavra pra confirmar o que sentia – Sei que talvez eu seja a última pessoa com quem você queira falar no momento, mas queria muito conversar com você.

- Se sabe que não quero falar contigo, por que veio?

- Porque quem errou foi eu, então eu quem devo dá o primeiro passo.

- Hm, ainda bem que você sabe. – Yoongi se virou mais uma vez para seus livros, apertando os lábios firmes um no outro para não sorrir porque deveria está com raiva e faria o amigo pensar que sim até aonde conseguisse. – Entra ai.

O Kim nunca havia ficado desconfortável dentro daquele quarto, quanto estava daquela vez. Com passos hesitantes, ele entrou e sentou-se na cama, esperando Yoongi terminar seja lá o que estivesse fazendo para destinar um pouco se atenção para si.

E o ômega não tinha nada pra fazer, estava adiantando algumas lições porque domingos eram sempre entediantes e ele não tinha nada para fazer. Mas as que precisava entregar no dia seguinte já estavam todas preparadas e ele só estava querendo matar tempo, esperando criar coragem pra encarar o amigo.

Seu celular ainda estava com o chip desativado e tanto Seokjin quanto Taehyung estavam bloqueados para lhe mandar mensagem. Podia parecer drama excessivo tudo aquilo, mas Yoongi sentia que precisava daquele tempo, entende? Precisava respirar um pouquinho longe da presença deles dois e foi isso que fez. Se não estava sendo maduro ou qualquer coisa do tipo, sinto muito, mas ele não ligava porque ninguém estava sentindo o que ele sentia toda vez que pensava sobre aquela briga. A mágoa era sua, a angustia também e ele tinha o direito de sentir-se mal por isso.

Claro que não era fácil pensar dessa forma, ainda havia uma grande parte em si que insistia em dizer que ele estava fazendo drama excessivo, que ele estava errado e que era um idiota por ligar tanto. Porém, pelo menos naquele pequeno pedaço de tempo, ele estava tentando fechar os ouvidos para aquilo e seguir pelo lado que lhe fazia bem. E esse lado pediu para ele tirar um tempo, pra pensar direito e se permitir sentir tudo. Não se cobrar tanto.

Jimin tinha lhe dito uma coisa naqueles dias que o tinha feito refletir bastante, algo como: “ninguém tem que achar nada, ninguém tem que opinar nada, porque só você sente o quanto dói”, quando comentou que as pessoas poderiam está achando que ele estava fazendo muito caso em algo tão pequeno. E sinceramente, essas palavras lhe acertaram em cheio e o fez pensar melhor em toda a situação. Ninguém saberia o quanto aquilo significava para si, o quão aquela briga o afetou devido a todos os significado subentendido por trás dela, então como as pessoas poderiam ditar como deveria se sentir?

Não fazia sentido, certo? Na cabeça dele, não muito, e por isso ele tirou aquele tempo. Mas agora Seokjin estava ali, centímetros de distância, disposto a resolver aquilo e por mais que soubesse que a intensão do alfa não era aquela – até porque sabia que ele iria embora sem contestar nada caso pedisse – ainda assim, Yoongi se sentia levemente pressionado em resolver aquilo.

Era melhor colocar tudo as claras, ver até às quantas ia aquela amizade, do que protelar uma situação que deixava todo mundo mal.

Porquê, sinceramente, não era só Yoongi quem estava mal com aquilo. Seokjin estava, Jimin e Jungkook também. Os ômegas tinham ficado ao lado do Min, também ofendidos por tudo que aconteceu e sentiam-se quase na obrigação de apoia-lo, mas eles também sentiam falta do Kim e Yoongi sabia que se resolvesse toda a situação com o amigo, tanto o Park quando Jeon iriam resolver também.

Não que eles fossem cortar amizade com o alfa caso as coisas não fosse sanadas entre eles. E nem Yoongi queria. Mas nunca mais seria a mesma coisa e isso era a última coisa que ele desejava.

Eram seus amigos e amigos era pra isso também. Brigar, ficar se mal e se resolver. Você não desiste da pessoa sem antes tentar e o Min agradecia – mesmo que não fosse dizer uma única palavra a respeito – por Seokjin não ter apenas desistido e deixado para lá.

- Pensei que sua cara estava bem pior que isso. – Yoongi começou, dando de ombros, antes de fechar o caderno e se virar para olhar o amigo. – Por toda a truculência que eu vi na segunda...

- Hm, acho que é pela pomada que tô' passando, ela é bem boa.

- Você não iria precisar usar se não tivesse entrado em uma briga, a propósito. – alfinetou virando-se totalmente para o amigo. Ele ergueu as pernas para cima da cadeira, sentando com as pernas de índio, cruzadas, a coluna meio curvada para frente e a cabeça baixa, sem conseguir encara-lo de frente – Por que aquilo aconteceu, hyung?

- Porque eu sou um idiota.

- Sim, essa parte eu já sei, quero saber os outros motivos.

- Uau, eu não conhecia esse seu lado, Min Yoongi. – Seokjin não levava a mal quando um dos seus amigos agia daquela forma mais ácida para consigo, sabia que na maior parte do tempo merecia aquele tratamento e até achava bem humorado da parte deles. E quando acabava se chateado de verdade, ele tinha liberdade de chegar e dizer “ei, não foi legal, não gostei” e as coisas eram resolvidas. Daquela vez, de qualquer forma, fez ele rir um pouco agradecido pelo clima não está tão tenso – Mas você quer que te responda com toda honestidade?

- Acho que já teve muitas coisas não ditas entre a gente, então vá em frente, pode falar.

- Eu não gosto de Kim Taehyung e não gosto da ideia dele ser seu amigo, de verdade me incomoda e eu estava tão, tão irritado naquela manhã que eu acabei entrando na onda e perdendo a cabeça.

- Onda de que?

- Sei lá, Gi, eu só... – o alfa suspirou pesado, passado a mão pelo rosto e os cabelos, sentindo-se frustrado só de entrar naquele assunto outra vez. Era uma droga. - Eu falei algo do tipo “ta’ olhando o que?” quando vi ele perto do meu carro, e ele respondeu alguma coisa e eu acabei provocando e ele também provocou e chegamos até o seu nome, acho que eu trouxe a tona, sei lá. Sinceramente, eu não lembro 100% de como aconteceu, mas foi por aí, depois começamos a trocar socos e chutes. Foi uma combinação de coisas que levou a isso. Eu deveria apenas ter entrado no carro e ido embora, mas não fiz.

- Eu posso te perguntar uma coisa bem direta e você me promete que vai me responder honestamente?

- O que você quer saber?

- Por que te irrita saber que ele é um amigo e estamos próximos?

- Porque eu não acho que você deva andar com esse tipo de gente, acho que essa amizade não vai te fazer bem e que você deveria se afastar. – se Yoongi queria honestidade, Yoongi teria e era exatamente isso que achava sobre aquela amizade. Não queria ter que explicar tudo porque não teria estômago pra falar, mas não achava que Taehyung fosse bom para seu amigo, e o fato de ver, claramente, que Taehyung estava tentando algo a mais com o ômega além de amizade, deixava ele apreensivo e irritado. Mas não queria ter que explicar, não iria conseguir. – É isso que eu penso.

- Mas, por quê? Hyung, o que há de errado em mim que seja tão ruim assim que me impeça de ser amigo dele?

- Pelos deuses, Yoongi... – Seokjin suspirou mais uma vez, seus cotovelos agora apoiados contra os joelhos ao que ele balançava a cabeça de um lado para o outro, incrédulo com o que tinha acabado de ouvir. Pelo amor ao criador, que tipo de conceito Min Yoongi tinha sobre si e o quão baixo era? – Você não percebe que a situação é totalmente o contrário? Não há absolutamente nada de errado em você, há nele. Eu não acho que ele seja bom o suficiente pra você, que ele que não merece ser seu amigo e não o contrário. Gi, não há nada de errado contigo, eu só não quero que ele acabe machucando você de alguma forma, eu só... Queria que você ficasse seguro de qualquer mágoa.

- Você não pode me proteger o tempo todo, hyung.

- Mas eu posso tentar, não posso?

- Você me acha incapaz de me proteger ou algo do tipo? Porque claramente você não faz isso com o Minie e o Gguk.

- Não é questão de incapacidade, Gi, mas, eu não sei se você vai entender, só que eu sempre ouvi meu pai falando que alfas foram feitos pra proteger ômegas, que vocês ômegas não eram tão forte e precisavam de ajuda e por mais que eu saiba a coisa toda não seja assim, eu ainda sinto que devo proteger vocês três, mas com você é que...

- Eu não tenho um alfa pra me proteger.

- Não, a coisa não é assim, mas eu sei que você não está passando pela melhor fase, sei como a quebra do vínculo que você tinha com o seu pai te afetou, e eu te conheço o suficiente pra saber que você costuma se julgar muito mal, então na minha cabeça, de uma forma até inconsciente, eu deveria te proteger pra ninguém ser capaz de te machucar. Mas acabou que eu agi de uma forma muito ruim com a coisa toda e estraguei tudo.

- As vezes eu sinto que você está me tratando como um inválido e isso é muito ruim pra mim, hyung, porque eu tenho a impressão de que você só sente pena de mim e por isso me manter por perto. E eu não gosto de sentir isso, porque você é meu melhor amigo e eu não quero acreditar que a nossa amizade tenha sido formada em cima de compadecimento.

- Gi, entre nós dois, não é você quem digno de pena aqui. – arriscando um pouco mais, ele agarrou a mão do ômega, deixando um beijo contra os dedos dele antes de sorrir em sua direção. – Me desculpa se eu te fiz se sentir assim esse tempo todo, nunca foi minha intenção. Eu só... Minha intenção era só proteger você, assim como o Jimin e o Jungkook, eu só quero proteger vocês e eu me meti no meio daquela briga achando que era isso que estava fazendo.

- O Taehyung não vai me fazer mal, alfa, eu sei que é bem incerto falar isso, mas eu sinto isso, sinto que é de verdade aquele jeito dele e que ele não vai me machucar intencionalmente.

- Olha, eu vou ser completamente honesto com você ao dizer que não acredito muito nisso, não porque duvide de você, mas eu duvido dele e isso eu não posso mudar assim. Mas... – ele deu ênfase naquela palavra ao ver que Yoongi estava prestes a lhe interromper para falar alguma coisa, talvez para defender o outro Kim e ele não queria nem ouvir. Já tinha ouvido o suficiente para tão pouco tempo. – Mas, eu confio em você, Gi, e se você me dê uma chance de me redimir de toda essa droga, eu vou me manter quieto na minha e não entrar em confusão alguma. Juro.

- Eu ainda não entendo porque não gosta dele.

- Não é que eu não goste dele, entendeu? Agora gostar também, não gosto. – ele dá de ombros, tão despreocupado, fazendo Yoongi rir um pouco. – Mas vou ficar na minha.

- Isso é bom.

- E quanto a Yongsun, eu vou resolver tudo, eu não deveria ter deixado essa droga ficar desse tamanho.

- Ainda não entendia como você me colocou nessa confusão, alfa, sei lá, tem gente agindo como se eu tivesse te roubado dela.

Aquela era a parte mais complicada em toda aquela conversa pra Seokjin, porque havia coisas que ele ainda não se sentia preparado pra falar com o amigo e não achava que seria capaz de explicar tudo sem adentrar tal assunto. Não gostava de enganar ninguém ou esconder algo tão importante em sua vida dos seus melhores amigos, não era uma coisa que o deixava orgulhoso de fazer em hipótese alguma. Mas sinceramente, acontecia por mais cansado que estivesse em esconder tudo.

Era como uma vida secreta e era tão difícil manter tudo, ainda mais porque não lhe trazia benefício algum isso. Gostaria tanto de se mostrar quem de fato era, de deixar todo mundo saber de uma vez e parar de ter medo. Mas Seokjin se sentia covarde demais pra isso. E aquele não era o momento porque não queria que as coisas fossem sobre si.

Tinha tido uma semana de merda. O clima estava tenso em casa – e naquele domingo não parecia melhor porque, aparentemente, seu pai se recusou em ir na escola para ele ser liberado e sua mãe não estava feliz em fazer isso – e apesar de fingir muito bem que não ligava, ainda assim, tudo era ruim demais. Somado a essa confusão toda que andava se metendo com Bae Chaewon, Seokjin tinha até receio de começar a falar alguma coisa e acabar caindo no choro. Sério, seria vergonhoso para ele.

Por isso, diante tal impasse, sabendo que Yoongi estava esperando uma explicação e que ele merecia, Seokjin suspirou mais uma vez antes de olha-lo. Sua mão ainda segurando as mãos do ômega, bem junto de si.

- No dia que ela terminou comigo, ela me perguntou porque eu aceitei começar o namoro e eu falei que havia sido pra ela sair do seu pé. Você sabe, parar com toda aquela merda de ficar de procurando pra saber coisas de mim e tal. Ela pediu honestidade e eu dei. – ele jogou levemente os ombros para cima, arriscando uma risadinha no meio do processo porque soava muito insensível da sua parte falando daquele jeito. Por mais que fosse verdade, ainda assim, agora ele tinha uma ideia do quão duro foi em falar tais coisas para a ômega. Mas nem conseguia se arrepender diante toda a confusão que ela lhe causou. – Depois ela questionou se eu era apaixonado por você e eu fiquei calado. Não disse que sim, porém também não disse que não e vendo agora, qualquer um teria entendido como ela entendeu.

- Ainda bem que você não está tentando negar nada.

- Vai adiantar se eu negar? – ele riu quando Yoongi negou com a cabeça fazendo uma carinha pra lá de fofa ao responder. – Quando a gente se conheceu, eu tentei me apaixonar por você, sei lá, você sempre foi um ômega muito bom e que tinha tudo que eu acreditava ser o meu tipo ideal e eu tentei de verdade me apaixonar por você. Eu quis muito me apaixonar, mas não consegui. Não porque tem algo de errado contigo, não, mas tem algo de errado comigo. Algo muito errado e eu acabei usando a coisa errada pra espantar a Yongsun porque foi mais fácil.

- E você iria me contar?

- O que?

- Sobre ter usado isso pra acabar o namoro?

- Ia, na segunda mesmo, eu ia sentar contigo e contar tudo. Mas aí você ficou distante toda a semana e depois eu achei que tinha a ver com aquele dia, que aquele alfa e eu nós estranhamos e você não gostou. Depois descobrir qual era a verdadeira razão. Eu deveria ter ido atrás de você e falado, sido honesto, mas não fiz.

- Aquilo me magoou muito, hyung, eu me senti como se fosse qualquer coisa, tão insignificante que você não tinha a menor consideração em me usar quando queria. Ainda mais quando a Yongsun falou pra eu aproveitar porque só você seria capaz de se apaixonar por mim e eu pensei: ela pensa assim por achar que ele é apaixonado por mim, mas não é verdade, então, na verdade, ninguém nunca vai se apaixonar por mim. E isso ficou na minha mente o tempo todo, hyung.

- Só um idiota não se apaixonaria por você, Min Yoongi, e eu digo por mim, porque eu sou um idiota. E você não sabe o quanto dói em mim ter feito você se sentir assim. Gi, você é tão especial que só um louco não seria capaz de ver isso. – ele jogou um dos braços só redor dos ombros do amigo, em abraço de lado, tendo a cabeça dele pousado em seu ombro também enquanto as mãos continuavam juntas. O cheiro de Seokjin era muito bom e Yoongi sempre se sentia bem acolhido quando o alfa lhe soltava um pouco de feromônio para acalma-lo. – Eu vou me redimir adequadamente com você, amigo, pode me dizer o que eu devo fazer pra você me perdoar, que eu vou fazer.

- Isso pode parecer que eu sou um bobo, hyung, e eu acho isso um pouco, mas... Você está aqui já é o suficiente, porque eu senti muita falta sua esses dias longe, e se você prometer que não vai fazer mais, eu já estou satisfeito.

- Você tem a minha palavra que não vai acontecer, e por mais que ela não esteja valendo de nada no momento, eu ainda assim, vou fazer por onde você confiar em mim mais uma vez.

- Eu já confio, só não quero mais você me usando e nem quero você se metendo em brigas com o Taehyung ou qualquer outra pessoa, pode ser? Eu até imagino o que teus pais fizeram quando souberam disso.

- O de sempre, Gi. – ele deu de ombros mais uma vez, fazendo Yoongi erguer a cabeça para olha-lo porque o Min nunca gostava quando ele fazia aquilo, agindo como se não se importasse. – Mas eu não vou mais brigar, pode confiar em mim.

- E quando você tiver pronto, vai me contar o que é essa coisa errada que você diz ter? – Yoongi sabia o que era, ou pelo menos, fazia uma ideia bem certa do que podia ser, mas não iria insistir. Seokjin era bem mais parecido consigo do que ele gostava de pensar e não seria ele o responsável por puxar a todo custo o amigo do armário. Se ele não estava pronto, não estava, não iria forçar nada.

- Você será o primeiro a saber, ômega.

- Hm, então acho que estávamos resolvidos, só tem mais uma coisa que eu quero.

- Que seria?

- Você vai pedir desculpas ao Taehyung pela briga.

- Isso é sério?

- Seríssimo.

- Então, tá'. – ele fez uma carreta ao falar isso, nada, nada feliz com a situação. Mas também não falou mais nada. Prometeu que não iria implicar mais com o alfa e não iria, por mais que não estivesse lá muito feliz com tal coisa, iria apenas cumprir tudo que se propôs a fazer. – Se isso vai te deixar feliz, eu peço.

- Vai me deixar muito feliz, alfa. – pegando-o de surpresa, e uma muito boa vale ressaltar, Yoongi levantou para abraça-lo, envolvendo o pescoço dele com os braços enquanto era abraço também. Talvez fosse um bobo por perdoar tão rápido, mas sinceramente, não dava a mínima. Estava feliz agora e por mais que ainda tivesse coisas a serem resolvidas, ainda assim, estava feliz. – Senti sua falta, amigo.

- Eu também senti a sua. E me desculpa mais uma vez.

- Estar desculpado, não precisa mais se preocupar com isso.

Os dois ficaram ali, presos naquele abraço por um par de minutos, até Naeun gritar do andar de baixo chamando os dois para lancharem. A ômega havia preparado sanduíches e chocolate quente para os dois, e os dois comeram sob um clima bem aconchegante e divertido.

Seokjin agora devidamente feliz por ter se resolvido com o amigo. Até mandou uma foto no grupo de amigos avisando que estava tudo resolvido e pedindo desculpas a Jungkook e Jimin também pelas suas más ações.

O Park lhe xingou um pouco, Jimin jamais deixaria a situação passar sem lhe dizer umas boas verdades, mas depois expressou o quanto sentia falta do amigo. No final, apesar dos pesares, tudo parecia está indo para seu devido lugar e depois de tantos dias na escuridão, Seokjin estava comentando a ver as pequenas estrelas surgindo.

***

- Isso é bizarro. – Jungkook resmungou, espalmando a mão contra a barriga da mãe ao ver as gêmeas se mexendo, empurrando a pele da ômega e parecendo tão agitadas. – Isso dói?

- Dói, as vezes mais do que outras, mas dói. – ela sorriu vendo as filhas ainda mais agitadas quando ouvia a voz do irmão. Elas pareciam já gostar tanto dele e por mais que não sentisse que o sentimento fosse muito recíproco, ela ainda se sentia bem com a interação. Jungkook nunca pulou de alegria ao saber que seria irmão, mas Bonah acreditava que fosse muito pela idade e também, porque era o jeitinho dele. Apesar de ser um ômega muito carinhoso, ele ainda era bem retraído em certos aspectos. – Mas acredita que você mexia ainda mais? Me chutava o tempo inteiro.

- Sério?

- Sim, ficava empurrando a cabeça nas minhas costelas e ficava em cima da minha bexiga o tempo inteiro, eu ia ao banheiro milhares de vezes ao dia.

- Foi muito difícil, mamãe, engravidar de mim e me criar?

- Um pouco, sim. – ela arrumou os cabelos dele, tirando de frente dos seus olhos para poder ver melhor. As filhas chutaram ainda mais quando Jungkook pousou a mão do outro lado da sua barriga estufada, a camisa erguida até a altura dos seios deixando a pele livre. – Eu era muito nova, então tinha toda as circunstâncias. Mas não me arrependo de nada, olha só o ômega lindo que eu fiz.

- Você poderia ter feito tanta coisa se não tivesse engravidado cedo...

- Podia, mas eu também podia ter feito depois que tive você e optei por não fazer. Eu quis te criar, ficar junto de você e te educar, eu poderia ter te deixado com meus pais, ou com meus sogros, contratado alguém para cuidar de você e ido fazer algo, mas não quis e não me arrependo de nada.

- Eu gostaria que você tivesse tido outra chance, mamãe, queria, sei lá, que você tivesse tido a chance de se formar, tido uma carreira, sido independente e vivido uma vida melhor, e não ter ficado presa as obrigações de ser mãe logo cedo. – ele recolheu a mão da barriga da mãe, os cabelos grandes e cheios caindo sobre seu rosto quando ele baixou a cabeça com os ombros caídos. Ele parecia triste ao falar aquilo e Bonah sentiu que havia algo de muito errado com naquilo.

- Jungkook, eu não foi assim, eu não mudaria nada, filho, acredite, eu faria tudo de novo se fosse possível.

- Eu não acho que faria, mamãe. – ele deu de ombros, sem ânimo para insistir naquele assunto.

Bonah quis insistir, questionando o porque dele está falando aquelas coisas, porém não teve tanto tempo assim. Porque, logo em seguida, Solji apareceu descendo as escadas, e isso fez Jungkook se retrair ainda mais.

Quando a mãe chegou perguntando o que estavam conversando, o ômega apenas se levantou e saiu dali indo direto para seu quarto, ainda não estava falando com ela e nem tinha intenção de fazer. E isso estava começando a afetar a alfa, porque veja só, ela amava o filho, essa nunca foi uma questão a ser duvidada, ela realmente amava Jeon Jungkook e não era nada divertido ter o filho lhe dando um gelo.

Não achava que era pra tanto, sinceramente, não achava que suas atitudes eram tão extremas para que o filho agisse de tal forma. Queria protegê-lo de fazer uma besteira e se chateava por Jungkook não perceber isso, e pior, por ele nem tentar entender.

Então a situação toda não estava lhe deixando nada contente, chateada e irritada com o jeito que o ômega vinha lhe tratando nós últimos dias. E também, a forma como era um tremendo desaforado para consigo.

- Quero saber até quando ele vai ficar com essa birra para o meu lado.

- Até você pedir desculpas, quem sabe.

- Eu deveria pedir desculpas pelo que? – ele levou a mão grande até a barriga da esposa, fazendo um carinho na região aonde as filhas estavam. – Foi ele quem agiu mal, quem já se viu falar daquele jeito comigo?

- O Jungkook está crescendo, alfa, ele não é mais o ômega que baixa a cabeça sempre que recebe uma bronca e você bateu nele, nunca fez isso antes e o acertou bem no rosto. Você fez ainda mais errado e o proibido de namorar, está sendo muito dura e é claro que ele está chateado com isso.

- Você acha certo ele namorar?

- Ele está na idade, não? Eu comecei namorar você um ano mais nova.

- E veja o que fizemos.

- Eu também tenho medo dele engravidar logo cedo, não vou mentir, mas sei que impedi-lo de namorar só vai fazer com que o Jungkook queira ainda mais. – ela fez um carinho contra os cabelos da alfa quando Solji se curvou e deu um beijo contra a barriga dela. Estavam juntas fazia tanto tempo que mal dava para acreditar que ainda vivam em tamanha harmonia. – Nosso papel é de guia-lo e não ficar prendendo e o exigir que termine com o alfa. A gente precisa conhecer o Hoseok-ssi, conversar com ele antes de tomar qualquer decisão. E o Jungkook anda tão feliz desde que começou esse namoro que não vejo porque atrapalhar.

- Quero ver você com esse discurso quando ele aparecer grávido aqui.

Bonah não tinha lá grande paciência pra lidar com aquela teimosia da alfa, sempre tão parecida com o seu sogro quando agia daquela forma que particularmente a irritava bastante. Porque ele também tentou separar as duas quando eram adolescentes e mesmo assim, tiveram um filho logo cedo.

Jungkook não estava livre de nada se o impedisse de ver o namorado, pelo contrário, isso só o daria ainda mais vontade. E preferia que o filho tivesse um namorado, que pudesse saber bem tudo que estava lhe acontecendo do que ficar perdido sem ideia de com quem e o que ele andava fazendo.

- Eu não quero e não vou perder o meu filho, Solji. – ela disse de uma forma quase ríspida, chamando a atenção da alfa para si quando ergueu a cabeça para olha-la. – Ele está prestes a completar 18 anos, e eu não quero que o Jungkook vá embora assim que ficar maior de idade e vire as costas para a gente. Eu prefiro tê-lo perto, ajudá-lo a crescer bem e saudável, do que vê-lo se perdendo por aí só porque não soubemos dar espaço a ele.

- Dar espaço demais só abre mais chance para ele errar.

- Ele não foi um erro, alfa, e a gente deveria parar de usar esses termos para o que fizemos. Fomos imprudentes, mas já passou da hora da gente parar de usar o termo “erro” pra se referir a termos tido um filho tão cedo.

Sem mais ânimo, ou paciência, para continuar naquela conversa, ela apenas se levantou usando uma das mãos para amparar a coluna dolorida por todo o peso que carregava. Os sete meses havia chegado e aquela barriga andava particularmente ainda mais pesada.

- A louça do jantar é sua, vou me deitar, não faça barulho ao entrar no quarto. – foi tudo que falou, antes de dar as costas e deixar a alfa sozinha, com espaço e tempo suficiente para pensar um pouco em todas as atitudes que andava tomando.

***

Saeron observou de longe, sentada no seu lugar de sempre, quando Park Jimin chegou na escola, sorrindo e cumprimentando algumas pessoas no meio do caminho. Ele até mesmo falou com o porteiro e sinceramente, não era muito gente que fazia isso, ainda mais o beta sendo estrangeiro. Mas ele fez, e ainda sorriu, educado, falando alguma coisa com o funcionário que o fez rir também.

E ela queria dizer que vê-lo agindo de tal forma não mudava nada para si, mas havia algo naquele ômega que atraia a atenção dela de alguma forma e isso deixava Saeron apreensiva. Tinha se envolvido há poucos meses com uma ômega e não deu certo, não queria ficar fascinada por outro só pra ter seu coração esmigalhado outra vez, mesmo achando o Park muito legal pra fazer isso consigo.

O que a deixava duas vezes mais apreensiva, porque ela era uma beta e se engana quem acreditava que ela nunca havia desenvolvido sentimentos por alguém que era impossível para si. Lógico que sim. Quem a mandou nadar contra a maré e gostar logo de ômegas? Segundo os conservadores, ela deveria gostar de betas, e macho de preferência porque assim eles poderiam reproduzir, e por mais que ela não desse um puto para o que aqueles babacas pensavam, ainda assim, até certo ponto, ela acreditava que sua vida séria bem mais fácil se seguisse o que eles tanto julgam certo.

Mas não, ômegas eram fascinantes e Saeron eram particularmente fascinada demais neles e nos seus cheiros, para achar que havia algo de errado naquilo. Sério. Ela já tinha tentado ficar com betas, também tentou com alfas, porém nada se comparava ao cheiro dos ômegas. Céus, quem nunca provocou jamais saberia o quão delicioso era mergulhar o rosto entre as pernas deles e senti-los na ponta da sua língua.

Saeron adorava. E Park Jimin era um ômega. Um ômega que lhe deixava meio nervosa sempre que estava por perto. Era insano.

Ainda mais que ela sempre teve uma quedinha por loiros e Park Jimin estava loiro, os cabelos dourados e sedosos, que sempre mexia quando ele passava os dedos curtos por eles, espalhando seu cheiro deliciosamente doce para longe. Ela não deveria ser tão sensíveis a cheiros, na realidade, betas não tinha tanta sensibilidade assim, mas Saeron, putz, ela poderia se perder fácil.

E foi por isso que quando Jimin apareceu junto de si, sorriso com seus olhinhos fofos e a pequena covinha em sua bochecha, ela apertou ainda mais a expressão tentando não demostrar o quanto a presença dele, ainda mais os dois a sós, deixava ela alterada de certa forma.

- Oi, bom dia. – ele cumprimentou ainda sorrindo, tinha acordado de bom humor depois de saber que seus melhores amigos tinham enfim se resolvido e não precisava mais ficar com raiva de Seokjin. Estava feliz em estarem todos juntos mais uma vez e não conseguiu desfaça isso. – Só chegou você.

- Sim.

- Que aula você vai ter agora? – aquela beta despertava um ar de mistério em Jimin que ele não estava familiarizado em sentir. Algo nela chamava atenção dele e, para ser bem franco, ele não via mal algum nisso, até porque não aspirava nada. Era só alguém com quem estava tentando fazer amizade, porém, não deixava que ele se aproximasse muito. – Minha primeira aula é biologia, ninguém merece. Você gosta de biologia, beta?

- Sim.

- E você consegue tirar boas notas, também?

- Sim.

- Hm, vou te pedir algumas dicas então, você se importa se...

- Por que está fazendo isso? – Saeron não era uma pessoa que sabia lidar adequadamente com emoções, nunca foi, era algo da sua personalidade que ela nunca conseguiu mudar. Isso não significava que ela era insensível ou não fosse capaz de sentir, o grande problema era que ela sentia demais e isso acabava lhe colocando em maus lençóis, como naquele instante, aonde ela interrompeu Park Jimin de uma maneira tão brusca que o ômega se assustou.

- Isso o que?

- Sorrindo e falando comigo, e sendo legal. Por quê?

- E por que eu não faria? – o sorriso dele perdeu tamanho ao questionar aquilo, sua sobrancelha se erguendo no ar e o seu ar bem humorado de segundos, dando lugar a uma expressão confusa e levemente irritadiça. – Você nunca me fez nada de mal, e eu não sou um babaca, então por que iria te tratar diferente?

- Tem um ponte de gente querendo um pouco dessa sua simpatia e você está destinando ela pra mim... Não faz sentido algum. – ela foi meio dura ao falar, assistindo de perto quando o Park transformou a expressão alegre em uma dura e zangada. Jimin não era o tipo de ômega que apenas baixava a cabeça para críticas, e sabia muito bem qual o seu lugar. E não era ali, definitivamente. – Por que você não vai lá, ser simpático com um dos seus inúmeros admiradores?

Saeron não queria ser rude, longe disso, mas ela queria manter uma barreira contra aquele ômega, porque Park Jimin era bonito demais para a sua sanidade. E por mais simpático e educado que ele fosse, a beta já estava cansada de lidar com babacas.

Ainda mais que ela não tinha chances ali nem se quisesse tentar. A forma como Kim Namjoon olhava para o ômega alguns metros de distância e em como o próprio Hyung-ski parecia fissurado nele, já dava a ela provas o suficiente para saber que ele era cobiçado por muita gente naquela escola. E nem queria falar fora dali.

Então iria mantê-lo longe para seu próprio bem, mesmo que tivesse que cortar as coisas antes mesmo de criar vida.

Ela só não sabia que Park Jimin era um pequeno ômega orgulhoso que jamais deixaria barato alguém lhe tratando de tal forma. Ah, mas não ia mesmo. Podia ser, e era, um doce, mas não baixava sua cabeça nunca.

- Bem, se isso te afeta, não se preocupe, beta, que você não vera mais minha simpatia sendo destina a você. – de uma forma quase bruta, ele agarrou sua mochila ao se levantar, tão irritado que suas bochechas pareciam um pouco vermelhas agora e só pela fora como Jimin a olhou, Saeron pode ter certeza que ele não estava brincando ao falar aquilo. – Se não queria que eu sentasse aqui, era só ter me mandando embora, mas pra uma pessoa que se diz tão direta, você enrola pra cacete... Babaca.

A beta o observou se afastando para longe, pisando violentamente para longe, carregando sua mochila e uma expressão dura no rosto. Mas ela não era a única que o observava, porque Kim Namjoon já havia chegado na escola, ele e o melhor amigo, e era particularmente impossível para o alfa manter seus olhos longe do Park toda vez que o via.

Ainda não conseguia superar o fato de ter perdido aquele ômega. Céus, como era idiota.

- Olha a baba caindo, mané. – foi Siu o responsável por trazê-lo de volta a realidade, estralando os dedos em frente ao seu rosto para tirar Namjoon da hipnose estranha que ele aprecia ter entrado. – Se você soubesse o quão assustador fica olhando pra ele com essa cara, você nunca mais faria.

- Eu ainda não consigo lidar com o fato de ter perdido ele.

- Mas perdeu, bola pra frente, segue seu rumo.

- Você soa como um insensível falando desse jeito, sabia?

- Eu só quero te dar um choque de realidade, alfa, Park Jimin nunca vai ser seu e o quanto antes você conseguir compreender isso, melhor será pra você.

***

Taehyung se sentiu constrangido até o último fio de cabelo em sua cabeça, quando sua mãe saiu da sala da diretora naquela manhã de segunda-feira, parecendo nada feliz depois da conversa que tiveram. Dar-hu inicialmente quem iria até a escola liberar o filho para ter aulas, mas acabou que um cliente marcou sessão na primeira hora e ele precisou ir para clínica as 6h da manhã naquela segunda-feira, então Gayoung ficou com aquela missão.

A conversa não foi tão longa, mas foram 20 minutos bem tensos para o alfa, sentado em uma cadeira do lado de fora da sala. Quando a mãe saiu, o coordenador ficou de conduzi-lo até sua sala e sua mãe não deixou de dizer “comporte-se ou você vai ficar encrencado de verdade agora”, e ele sabia que era verdade.

Não encontrou nenhum dos amigos enquanto seguia até sua primeira aula, mas dividiu a classe com Soojon na segunda e o alfa fez questão de lhe deixar mais ou menos inteirado sobre o que tinha sido passado naquelas dias. Apesar de não ter tido lá muitas coisas, ainda assim, tinha assuntos atrasados para pegar e o seu pai havia deixando bem ciente de que deveria resolver isso.

Sorte que suas notas eram sempre boas, e não tinha perdido prova nenhum, porque aí sim a coisa ia ficar feia para o seu lado.

No entanto, mesmo que aquele fosse um assunto que deveria ser tratado com urgência, ainda havia outro ainda mais urgente na frente e foi isso que ele tratou de ir resolver assim que o sinal bateu para o intervalo.

Recolheu todas as suas coisas e seguiu direto para a classe de física do 3°B. Ignorou alguns chamados no meio do caminho, aparentemente havia muita gente querendo saber o quão encrencado ele tinha ficado nesse meio tempo. Também ignorou Hyung-ski que tentou segura-lo na porta, querendo saber das novidades. Não iria falar com ninguém sobre aquilo, não tinha motivo pra se orgulhar, então não iria.

Apenas seguiu em direção ao seu destino, chegando bem a tempo de ver Min Yoongi saindo da sala de aula.

O ômega estava particularmente muito incomodado com a quantidade de atenção que estava recebendo nós últimos dias. Porque, até aonde sabia, o boato de que seu nome estava envolvido na briga de Kim Seokjin e Kim Taehyung foi longe por todos aqueles corredores, somado ao fato deles ainda acharem que tinha sido o pivô do fim do relacionamento de Yongsun e seu melhor amigo, as pessoas pareciam interessadas em si, porém de uma forma bem negativa.

Já não estava gostando de vê-lo andando com Taehyung, ainda mais aquilo.

Sabia que hora ou outra todos iriam se esquecer daquilo, eram só adolescentes entediados que adorava fofocas, mas até lá, ainda assim era muito incômodo toda a situação.

E foi com a cabeça cheia desses pensamentos que ele saiu a da sala de aula, não indo muito longe quando sentiu alguém lhe tocando no ombro. Ao virar, viu Kim Taehyung ali, o rosto ainda com todo o vestígio da briga e um olhar quase triste.

Não parecia bem e isso fez com que Yoongi se sentisse ainda pior.

- Oi... – resmungou, meio caído, cabisbaixo, sem ânimo algum – A gente pode conversar?


Notas Finais


Música do capítulo: https://youtu.be/Fw7C6IsDYgI

Guia básico de como evitar um momento contratador com alguém que está escrevendo uma fic que você não gosta:
Dica 1: NÃO LEIA A FIC!.
Obrigada.

Eu gostei desse capítulo e no próximo vai ter enfim o desfecho de todo esse clima chato de inimizade e tudo mais, tudo vai ser resolvido de vez!

A música de hoje tem um peso muito significativo pra mim, sério, essa música enche meu coração de coisas boas e eu achei que coube direitinho no capítulo de hoje. "Quanto mais escura a noite, mais forte o brilho da estrela", essa frase resumi tudo.

Bem, foi isso, até mais! Espero que tenham gostado.


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