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História Is this desire? - Único


Escrita por: bia_douwata_13

Notas do Autor


Vocês acharam que eu não ia honrar o meu compromisso com o outubro vmin? Atrasada, porém não faltosa! No entanto, a fic não está betada então podem haver erros de escrita e talvez alguns buracos na narrativa. Prometo me esforçar e trazer a fic da semana que vem melhor!
Hoje também é aniversário de uma pessoa muito fofa e eu sou uma pessoa muito feliz por ter conseguido terminar a fanfic bem no dia dela. Dudinha, você é um amor e que nem a "Doll", essa fic também é pra você ❤

Capítulo 1 - Único


    Jimin era só uma criança quando conheceu Kim Taehyung. Onde ele morava em Busan era muito frio durante o inverno e, às vezes, nevava, o que ele apreciava muito na hora de brincar. Na época, Jihyun ainda não havia nascido, então ele não tinha muitas pessoas com quem brincar e alguns pais não gostavam que seus filhos se expossem ao frio, mesmo protegidos com várias camadas de casacos, luvas e cachecóis. Os pais de Jimin não se preocupavam tanto assim, pensando que era muito melhor do que deixar o rapaz preso num dia que ele podia aproveitar seguramente.

    Agora que o rapaz pensava sobre isso, foi muito irônico conhecer um raio de sol num dia de neve. Taehyung sempre foi assim, um raio de sol na vida de Jimin, um farol iluminando os caminhos mais escuros e a única lembrança boa que ele tinha da sua infância solitária até que seu irmãozinho nascesse. Jimin estava sentado no meio da praça em frente a sua casa, num banco semi-congelado, fazendo bolas de neve com as mãos apenas para deixá-las cair sobre o chão novamente. Ele era a única criança no parque naquele dia.

    Pelo menos, até um outro rapaz aparecer e lhe tacar uma bola de neve bem no ombro. Jimin rapidamente correu para se esconder atrás de um outro banco, juntando neve em suas mãos e mirando no outro rapaz, que deu uma risada ao ser atingido. Eles ficaram assim por vários minutos, correndo para se esconder e evitarem ser atingidos, até que por fim, os dois se jogaram no chão, um do lado do outro, para fazer anjos de neve.

- Meu nome é Taehyung… - O outro rapaz disse com uma voz baixinha, fazendo com que o menor virasse a cabeça para observá-lo melhor e associar seu nome ao seu rosto. Ele tinha um cachecol cobrindo sua boca e nariz e Jimin, com toda a inocência e impaciência de uma criança, puxou o cachecol do outro para baixo para poder observá-lo, dando de cara com um sorriso quadrado. - E qual o seu nome, menino puxador de cachecol?

- Eu sou Park Jimin! - O rapaz exclamou, continuando a fazer anjos de neve empolgadamente, os braços e pernas balançando afoitamente. - Eu tenho 6 anos e você? Se você tiver 5, eu sou seu hyung!

- Eu tenho 6 também. - Tae virou a cabeça para dar a língua para o outro, rindo de si mesmo. - Mas você deve ser mais velho que eu, já que eu nasci no dia 30 de dezembro.

- Aha! Eu nasci 13 de outubro, logo sou mais velho e você pode me chamar de hyung! - O mais velho dos dois deu uma risada feliz e Tae revirou os olhos, deixando que o outro continuasse se sentindo melhor sobre si mesmo.

    No fim do dia, os dois se despediram com um aperto de mãos, como se fosse adultos e prometeram brincar juntos durante o resto do inverno. Todos os dias, Park Jimin esperava Tae no banco semi-congelado que, quanto mais perto da primavera, tornava-se o mesmo banco de sempre. As duas crianças aproveitavam a neve enquanto ela ainda aparecia para criar bonecos de neve variados, brincar de guerra de bola de neve e tudo mais. Quando menos neve aparecia, os dois passaram a brincar de pega pega e nos balanços do parquinho.

- Ei, Taetae? - Jimin chamou em um dos últimos dias do inverno seu novo melhor amigo, que olhou para ele, diminuindo o quão alto ele ia no balanço.

- O que foi, Jiminie? - O mais jovem dos dois finalmente parou, segurando as correntes do balanço em suas mãos.

- O inverno acaba amanhã e logo minhas aulas vão voltar também… - Para Jimin, pelo menos, já que Tae disse que estudava em casa, sendo ensinado pelo seu avô. - Você quer ir lá em casa algum dia pra gente brincar?

- Eu posso perguntar pro meu avô, talvez ele deixe. - O mais jovem dos dois pareceu refletir sobre aquilo antes de dar um sorriso caloroso para Jimin, que se sentiu empolgado. Talvez os dois pudessem brincar com seus novos bonecos, aqueles que seu pai havia feito com restos de metal da fábrica onde trabalhava.

- Mal posso esperar. Minha mãe faz um ótimo tteokbokki, Taetae. - O sorriso de Jimin faltavam um dos dentes da frente, que havia caído recentemente. Tae ainda tinha todos os dentes de leite e seu sorriso era completo - evidenciando que ele era mais novo que Jimin, que gostava de usar todas as oportunidades possíveis para provar que era o mais velho dos dois.

Eles passaram a tarde toda brincando, tomando cuidado para não escorregar nos espaços molhados que haviam em toda a pracinha, ficando extremamente sujos de lama quando escorregavam por aí. Jimin tinha uma sensação estranha tomando conta de seu corpo, como um mal pressentimento e não estava muito empolgado em ir para casa, olhando o sol se pondo com desgosto. Por que os dias eram tão curtos no inverno? Os dois jovens brincaram até o último momento de luz possível, o mais velho dos dois relutante em terminar.

- Jiminie, já está bem tarde... Eu vou ter que ir mesmo. - Taehyung disse, parecendo também relutar em ir. As duas crianças sentiam o peso daquele adeus com mais intensidade que nos outros dias.

- Eu sei, eu também tenho que ir. - Ele tentou limpar a lama das calças, falhando miseravelmente, para não ter que olhar nos olhos do outro. Jimin sentia que se fizesse contato visual com ele, começaria a chorar que nem um bebezinho e não queria arriscar parecer bobo na frente de seu amigo. - Amanhã, a gente se encontrar aqui e eu te levo para minha casa?

- Tudo bem, aqui, perto do banco descongelado? - Tae apontou e o mais velho simplesmente acenou com a cabeça. - Até amanhã, Jiminie. - Logo o mais novo estava correndo para casa enquanto Jimin segurava as lágrimas que não sabia porque estavam lá.

- Até amanhã, Taetae! - Ele gritou, torcendo que o mais novo pudesse ouvir o que ele dissera, a risada de Tae confirmando que sim, ele estava ciente.

Quando chegou em casa, sua mãe já havia feito a janta e brigou com ele por ter se sujado tanto brincando. Ele normalmente não chegava assim, mas ele havia se empolgado bastante naquele dia para brincar. Ele tomou um banho, chegando na mesa de jantar com uma roupa mais folgada e limpa, os cabelos penteados e brilhantes.

- Mamãe, meu amigo vem aqui amanhã. - o rapazinho anunciou enquanto seu pai e mãe mastigavam a comida, parando apenas para considerar aquela ideia.

Eles não tinham muito para eles mesmos, mas eram generosos o suficiente para deixar um pouco para uma criancinha, até porque, não eram tantos amigos que vinham visitá-los assim e eles ainda estavam no começo do mês. Embora Jimin fosse adorável, ele não tinha tantos amigos assim e eles gostavam de saber que ele havia encontrado um parceiro de brincadeiras naquele inverno então fariam uma pequena excessão.

- Tudo bem então, Jimin. - A mãe foi quem respondeu e o pai acenou com a cabeça, selando o acordo. - Qual o nome do seu amiguinho?

- Taehyung! Kim Taehyung! E ele tem a minha idade, mas ele é mais novo que eu alguns meses. Se ele tivesse nascido dois dias mais tarde, ele teria que me chamar de hyung. - A criança explicou a lógica para os pais, que agiam como se fosse uma grande surpresa, incentivando o rapaz a falar mais. - Ele é filho único e mora com o vovô dele, então ele não brinca muito com pessoas da idade dele e tem poucos brinquedos. Tae me disse que o avô também não gosta que ele saia para brincar, mas que deixou ele aproveitar esse inverno...

- Que bom que o avô dele deixou ele sair pra brincar, assim vocês puderam se conhecer. - a mãe comentou, comendo mais algumas colheradas de seu arroz e kimchi, Jimin balançando a cabeça, feliz.

- Taetae é meu melhor amigo. Espero que ele goste de vir aqui, eu disse que a senhora faz a melhor comida do mundo inteiro. Eu também vou poder mostrar pra ele os meus brinquedos! E a minha coleção de bolinhas de gude. Você acha que ele gosta de bolinhas de gude? Eu nunca perguntei... - O rapaz parou para refletir - da forma que crianças costumavam refletir - antes de sua mãe interromper o trem de pensamentos.

- Por que não pergunta para ele amanhã quando ele estiver aqui? - Jimin acenou a cabeça, concordando com aquela constatação e pensando que sua mãe era uma mulher muito esperta. - Mamãe vai lavar a louça agora e você vai ser um bom menino e vai..?

- Ajudar a mamãe ficando quietinho. - Ele fez um zíper sobre a boca antes de se acomodar na cadeira e ficar quietinho.

A mãe não demorou muito tempo na cozinha, mas Jimin pode notar pela silhueta dela de lado, que ela estava ganhando bastante peso, a sua barriga parecendo ainda mais protuberante. Ele, como toda criança, costumava fazer as asserções que crianças fariam sobre coisas assim e logo virou-se para o pai que ainda estava sentado na mesa.

- Papai, a mamãe andou comendo melancia? - O seu pai apenas riu daquilo, antes de chamar o garoto para mais perto, dando um tapa em sua perna para que o filho pudesse sentar em seu colo.

- Não, meu filho. Dentro dela, está crescendo seu irmãozinho. - O homem mais velho explicou, fazendo com que Jimin levantasse uma sobrancelha.

- Meu irmão é uma melancia? Mas eu não sou uma melancia, papai! - O homem riu novamente, dando tapinhas gentis na cabeça do filho.

- Jimin, tem uma pessoa crescendo dentro de sua mãe, mesmo que o formato da barriga seja de melancia, ok? - A criança apenas assentiu, não parecendo acreditar muito e ainda encarando a barriga de sua mãe com um pouco de suspeita antes de ir dormir, sonhando com seu melhor amigo que logo logo iria visitá-lo, sonhando com horas e horas de brincadeiras, um sorriso em seu rosto até a hora que ele acordou.


***


- Será que ele não vem? - Jimin se perguntou, balançando mais uma vez sozinho, torcendo para que seu amigo surgisse do nada e viesse empurrá-lo no balanço de surpresa, como ele fazia às vezes quando se atrasava. Mas já fazia um bom tempo que ele estava ali esperando e ele já havia brincado sozinho em tudo que era possível brincar sozinho.

A neve já havia ido embora, o sol de verdade estava brilhando, mas Jimin queria o seu amigo, o seu raio de sol humano e particular. A chegada da primavera, antes tão acalentadora e confortável parecia quase opressora, como se o inverno estivesse chegando de novo, só que nem a neve e a felicidade. As flores que desabrochavam no parque e as ervas que cresciam por entre as rachaduras no concreto pareciam caçoar dele ali, esperando e esperando.

O jovem tentou esperar seu amigo o máximo que dava, mas ele não apareceu e logo, o sol estava desaparecendo pelo horizonte, a pracinha ficando escura e o estômago de Jimin começou a fazer barulhos, implorando por comida. Ele voltou para casa, sem esconder o seu sofrimento e assim que chegou em casa, correu para os braços da mãe, chorando audivelmente enquanto ela fazia carinho em seus cabelos. A mulher não perguntou sobre o que ele estava chateado, já que era muito fácil de pressumir a razão: Kim Taehyung.

A partir dali, começou uma triste rotina que durou quase a estação inteira. Todos os dias depois da escola, um pouco antes do anoitecer, Jimin ficava no parquinho, brincando sozinho nos balanços até que ficasse tarde demais para que ele estivesse fora de casa. No começo, seus pais brigavam com ele por chegar tarde na janta, mas passaram a se acostumar com aquilo depois do primeiro mês. No fundo, ambos esperavam que ele superasse logo o amigo de infância e voltasse a ser um rapaz obediente, mas sabia que não podiam fazer muito para que ele não se sentisse triste.

Jimin conheceu alguma crianças que moravam por ali e brincavam no parque durante as estações mais amenas, mas nenhuma o deixava tão feliz quanto Tae havia deixado. Logo, a primavera tornava-se verão e o sol de verdade não parava de raiar sobre sua cabeça, os dias ficando cada vez mais longo e Jimin se tornando exausto de esperar por alguém que infelizmente nunca viria. Sua mãe estava ficando mais redonda a cada dia e isso significava que a qualquer momento seu irmãozinho ou irmãozinha nasceria e ele não estaria mais sozinho.

Alguns dias depois do começo do verão, Park Jihyun nasceu e, na mente infantil e magoada de Jimin, Kim Taehyung morreu.


***


Poucas coisas machucaram Jimin tanto quanto o sumiço repentino de seu melhor amigo de infância: descobrir que gostava de garotos numa sociedade extremamente violenta com pessoas assim? Doeu bastante. Apanhar por não querer beijar uma garota? Também foi bastante doloroso, mas ainda assim não chegou perto do que ele sentira aquele dia. A morte de seus pais, no entanto, doeu mais do que aquele momento fatídico de sua infância, especialmente porque Jimin mal tinha um emprego e seu irmão ainda era muito novo.

Ele não teve muito tempo de chorar as mortes de seus pais - a época do governo militar pesada demais para que ele pudesse reclamar sobre isso, seus pais desaparecendo que nem tantos outros que se opunham ao regime. Em 1964, no entanto, Jimin tinha 20 anos e teve que segurar a família em suas costas, torcendo para que Jihyun pudesse ter um futuro melhor e continuar estudando.

Depois de seis longos anos, Jihyun era finalmente adulto e ele começara a estudar na universidade, um passo muito grande já que nem seus pais e nem seu irmão mais velho haviam começado o ensino superior. O rapaz também trabalhava para ajudar nas despesas, mas recebia bem menos que seu irmão mais velho que não reclamava muito. Solteiro aos 26 e sem muito interesse em ser morto por namorar alguém do mesmo sexo, Jimin era um membro ativo na sociedade.

Além de trabalhar feito um louco na mesma fábrica que seu pai trabalhara, ele costumava fazer parte de movimentos em prol de melhorias no bairro onde morava, ajudando na reforma do parquinho que ele costumava brincar. Depois de tantos anos, ele mal se lembrava de Taehyung, apenas se sentindo estranhamente triste ao chegar naquele local de vez enquanto. Ele costumava chegar em casa mais tarde que seu irmão universitário e, dois anos depois, Jihyun finalmente se mudou de casa, para casar com uma moça linda que conhecera em seu trabalho e finalmente empregado em algo que pagava bem melhor.

- Hyung, você tem certeza que não precisa? - O jovem disse e Jimin apenas meneou a cabeça para tranquilizar seu irmãozinho que queria ajudá-lo financeiramente. Agora que morava sozinho, ele conseguia pagar as despesas da casa e comprar comida com relativamente mais facilidade do que antes já que era um só. Voltar para casa era sempre solitário, mas tirando isso, não ter Jihyun em casa não era tão doloroso quanto ele achava que seria.

- Se eu precisar de algo, você vai ser o primeiro a saber, Jihyunie. Agora vá logo pra casa ou a sua esposa vai querer me matar. - Logo Jihyun foi despachado para casa e Jimin trancou a porta de casa, observando o cenário ao seu redor quietamente, a casa pacifica, apenas o barulho da pequena tv que ele havia comprado ressoando pela casa. Em toda aquela solidão, o jovem desejou que algo bom acontecesse em sua vida e, no fundo, que ele pudesse amar alguém que nem seu irmão amava sua esposa.

Durante aquela semana, Jimin havia escutado algumas coisas sobre alguém se mudando para a rua, para aquela casa sinistra que ninguém morava fazia anos. O homem costumava ouvir boatos sobre aquilo desde novo e durante a infância, era uma brincadeira recorrente as crianças desafiarem umas às outras a irem até aquela casa. Nem precisavam bater na porta ou tentar invadir, mas chegar perto e mesmo assim, ninguém queria. Havia uma vibração estranha que a maioria dizia sentir quando passava perto e essa declaração sempre resultava em alguém chamando o outro de covarde.

No entanto, ele era um adulto agora e essas invenções de criança pareciam muito tolas para ele e ainda mais tolas quando adultos reproduziam o mesmo discurso. O medo que ele sentia quando criança não existia mais e ele passava por aquela casa normalmente, a rua dela sendo o caminho mais rápido para sua casa. Logo, ele não se importava se alguém estava se mudando para lá... Talvez, aquela mudança pudesse ser positiva e fizesse com que as pessoas parassem de temer uma simples propriedade e passassem a se acalmar.

Depois de um longo tempo deitado, ele teve uma ideia no meio da noite, a insônia se misturando a vontades estranhas e a pensamentos esquisitos. Ele começou a fazer um bolo às duas da manhã, pensando que talvez o novo morador ainda não tenha feito amizade nenhuma já que ninguém no bairro faria questão de passar por perto dele. E, honestamente, Jimin era um homem curioso e solitário... Ele só queria ter algo para pensar sobre. Então, quando o bolo de chocolate estava pronto e tinha uma calda quentinha sobre, ele cortou um pedaço enorme e colocou sobre um prato, voltando a dormir porque em algumas horas ele teria que acordar para ir ao trabalho. Depois, no entanto, ele iria conhecer o novo vizinho.


***

Park Jimin quase nunca dava para trás em suas aventuras, a coragem misturada com cabeça dura impedindo-o de pensar no "e se eu não fizer isso?". No entanto, havia um peso sentado sobre seu estômago enquanto ele fazia seu caminho até o local e quando ele avistou a grande casa, engoliu em seco. Jimin não tinha medo daquele lugar e nunca tivera, mas aquela sensação de antecipação poderia matá-lo da mesma forma que um grande susto. Quando ele bateu na porta, ficou se perguntando se estava fazendo a coisa certa, a sementinha da duvida começando a florescer e a tomar forma.

- Olá! - Ele disse, sorrindo automaticamente para a pessoa que abriu a porta, antes mesmo de olhar de verdade para ela. Seu sorriso falhou um pouco quando ele viu talvez o homem mais lindo que ele havia conhecido durante toda a sua vida.

A pele dele era morena, como se o sol a tivesse beijado dezenas e dezenas de vezes até que ele absorvesse o seu brilho e seus olhos eram de um castanho profundo, com um reflexo vermelho que o homem tinha certeza de que estava imaginando e logo, ele começou a sorrir, um sorriso retangular que fez o coração de Jimin doer, batendo loucamente em seu peito e ele nunca tinha reagido tão fortemente a uma pessoa bonita antes. Tinha algo naquele sorriso também que lhe traziam memórias e risadas a cabeça e logo ele continuou.

- Eu sou Jimin, moro aqui no bairro e decidi te dar as boas vindas, já que deve ser complicado se mudar assim tão de repente... - O homem empurrou o prato com o bolo, coberto com uma redoma de plástico para o outro, que a segurou.

- É um prazer conhecê-lo, Jimin. Devo dizer que essa é uma recepção bem calorosa... - O outro deu alguns passos para trás, gesticulando para que o menor entrasse. Alguma coisa em sua cabeça disse para ignorar seus instintos sobre casas de estranhos e entrar, então o menor apenas fez isso. - Meu nome é Taehyung.

- Prazer em conhecê-lo, Taehyung. - ele fez uma reverência, perdendo o sorriso que o outro lhe dera antes de fechar a porta atrás do convidado.

- Eu digo o mesmo, Jimin. - O outro rapaz disse, guiando-o para dentro da casa e fechando a porta atrás de si. O menor observou a casa bem decorada e bonita, pensando na sua casa pequena e apertada do outro lado do bairro. - Eu não esperava que eu fosse ter uma recepção dessas. Você costuma ser gentil assim com todo mundo?

- B-Bem... - Ele passou uma mão pelos cabelos, o rosto avermelhando um pouco. - Eu costumo ser cordial com todos os vizinhos, mas muita gente acredita que essa casa aqui é mau-assombrada então eu sabia que não viria muita gente te recepcionar... Mas não os leve a mal! É só uma superstição e você sabe como pessoas mais velhas são com esse tipo de coisa.

- Superstição? - O outro levantou uma sobrancelha bem definida e Jimin nunca havia se sentido tão atraído por alguém daquele jeito e tão rápido. - Aposto que você pode me contar tudo sobre isso enquanto comemos bolo com uma xícara de café, quem sabe?

- Eu não recuso um bom cafezinho. - Os dois acabaram por sentar num sofá no primeiro cômodo da casa, Jimin observando enquanto o outro partia na direção de onde deveria ser a cozinha.

O rapaz olhou ao redor, pensando sobre aquilo, não conseguindo evitar imaginar coisas com o dono daquela casa. Àquela altura, qualquer pessoa do bairro estaria tremendo de medo, pensando que iria morrer ali mesmo, mas em sua cabeça, ele só podia ansiar por ficar ali, naquele lugar isolado e quieto apenas com a companhia de Taehyung, que conseguia mexer com seu coração apenas com algumas frases trocadas e um sorriso aqui e ali.

Pensar em gostar de Taehyung a primeira vista o lembrava do primeiro rapaz pelo qual ele tinha se apaixonado. Jimin sempre soube o que era esperado dele: gostar de uma garota, casar-se com ela e dar netos aos seus pais. Porém, haviam passado 15 anos de sua vida e nenhuma vez havia se interessado por garota nenhuma de sua sala. Na verdade, ele nunca teve nenhuma relação muito próxima com uma mulher além de sua já falecida avó e sua mãe e não conseguia sentir nada ao ver meninas.

Até o dia que ele conheceu Kim Seokjin. Seu hyung já tinha 18 anos e tinha ombros largos e um sorriso caloroso toda vez que Jimin aparecia em sua sala a mando do professor para entregar alguma coisa. Mesmo assim, o jovem sabia que o hyung nunca iria sentir nada por ele - até porque, em sua cabeça, o que ele sentia por Seokjin era errado. Ele podia abraçar o outro às vezes, podia conversar com ele e fazê-lo sorrir mas nunca poderia beijá-lo ou casar com ele.

Alguns anos depois de se formar, Seokjin casou com uma menina linda chamada Joohyun e, pelo que Jimin sabia, eles já estavam no segundo filho. Às vezes, ele queria muito ter tentado com mais empenho encontrar alguma menina que ele gostasse - mas agora, com sua idade, casar deixara de ser uma prioridade. Como seus pais sumiram quando ele tinha vinte, o rapaz não chegou a ter a cobrança para ter uma família e, sendo bem sincero, Jihyun fora seu filho durante alguns anos e o homem já não tinha mais paciência para sofrer com um filho adolescente de novo.

- Então... Sobre a casa. - Jimin pegou a xícara de café que o outro lhe ofereceu assim que chegou e parou para refletir um pouco. - Existem várias histórias diferentes, mas a que mais assusta todo mundo é que, antes da guerra, havia uma família morando aqui. Um casal e seus dois filhos homens... Algumas pessoas costumam dizer que um deles foi possuído por algum espirito cruel e esse foi tomando conta de si devagar. - O homem tomou um gole do café, observando o outro devorar um pedaço do bolo com um sorriso no rosto ainda.

- O mais novo dos dois filhos era recluso, os pais preocupados achando que ele estava severamente doente. Ai, um dia, todos os integrantes da família foram achados com suas cabeças esmagadas... O assassino, o filho mais novo, havia se enforcado, ainda com o martelo que usara na mão. As pessoas costumam dizer que depois disso, vários outros assassinatos aconteceram nessa casa e que... - ele sussurrava agora, Taehyung chegando mais perto para poder ouví-lo e fazendo com que seu coração se acelerasse. - Espíritos rondam esse lugar, presos nas paredes e nos quintais e que eles não são restritos as noites. Algumas pessoas costumam dizer que vampiros moravam aqui e que, quem viesse para cá, estava fadado a se tornar uma besta da noite ou então... Morrer.

- Vampiros, é? - Tae agora estava em seu espaço completamente, uma mão descansando em uma coxa grossa e o nariz deslizando gentilmente sobre a veia em seu pescoço. - Você acredita nessas coisas, Jiminie?

- Eu acredito no que eu conheço... - Ele devagar começou a virar o rosto para observar o outro que decidiu encostar os lábios sobre a pele do seu pescoço. - E mesmo assim, eu não tenho medo.

- Não tem mesmo? - O outro sussurrou em seu ouvido e Jimin tremeu, mas ainda assim, não de medo. Era como se ele houvesse esperado aquilo desde que entrara naquela casa.

- Eu posso te prometer... Que eu não tenho medo. - O mais velho dos dois disse, uma voz solene e o outro o encarou antes de começar a chupar o lóbulo de sua orelha, o carinho fazendo com que Jimin gemesse. O homem ficou com vergonha do ato, dando um tapa na própria boca e começando a prensar as pernas uma contra a outra numa tentativa falha de evitar se embaraçar ainda mais na frente do outro homem.

- Não precisa de vergonha de mim... Você sabe que quer isso, Jiminie... - A voz do outro era profunda e arrepiava cada parte de seu corpo, Jimin não conseguindo evitar um choramingo. - Você sabe meu nome, meu amor?

- Taehyung... - Agora, ele finalmente fez a conexão necessária, pensando em olhos castanhos de sua juventude que também tinham um fundo quase vermelho. - Kim Taehyung... Por que você foi embora? - mesmo com a mente nebulosa com desejo, seu coração falou mais alto, apertando quase que instantaneamente ao falar o nome de seu melhor amigo de infância que havia o deixado.

- Eu não queria ir. - A irritação que transpassava pela voz de Tae parecia sincera e o menor relaxou temporariamente com isso, apreciando agora como o outro passeava uma mão pela sua cintura, olhando-o nos olhos agora. - Meu avô decidiu que voltaríamos para Romênia e para a família dele naquela primavera e eu nem tive como te avisar o que ia acontecer porque foi muito rápido. Eu cresci e aprendi muitas coisas por lá e meu avô faleceu quando eu me tornei adulto. Eu estava pronto para voltar para Coréia do Sul, pensando em rever você... Mas alguma coisa aconteceu.

- Alguma coisa? - Jimin tentava se concentrar em cada palavra que o outro dizia, mas sua mente divagava com a intensidade do olhar quase avermelhado e com a gentileza dos toques em seu corpo como se Tae tivesse empenhado em deixá-lo assim: maleável porém disposto, esperando o que quer o outro fosse fazer. - Me conta, Taetae.

- Bem, você disse que não tinha medo, Jiminie... - Taehyung, após dizer aquilo, deu um sorriso que talvez você um pouco amargo embora divertido, fazendo com que Jimin pudesse observar seus caninos brilhantes, afiados e grandes.

A palavra vampiro correu pela cabeça do rapaz por alguns segundos, o conceito talvez grandioso demais para que ele pudesse compreendê-lo em sua realidade. Vampiros não existiam mas o outro estava ali em sua frente, com aqueles dentes, com aquela história e Jimin, mesmo depois de tantos e tantos anos, confiava em Taehyung com tudo, inclusive sua vida. Quando ele parava para refletir sobre aquilo, era como se ele estivesse esperando: Talvez Tae fosse drená-lo de todo sangue, matá-lo ali mesmo e o homem tinha quase certeza de que ninguém iria procurá-lo mesmo. Ou, talvez, o outro fosse transformá-lo também e levá-lo embora dali para que ele finalmente tivesse alguma coisa para qual viver.

- A sua falta de resposta me deixa um pouco preocupado... - O outro novamente voltou a descansar a cabeça no espaço em que o ombro e o pescoço do menor se encontravam e apenas respirou sobre o espaço, reacendendo novamente o desejo dentro de Jimin. - Você está com medo, Jiminie? Eu consigo ouvir seu coração acelerar.

- Eu não estou com medo... - E não estava mesmo, seu coração batia forte por causa da proximidade e de como seu corpo reagia aos toques do outro. Ele então suspirou e decidiu ser sincero. - Eu estou excitado.

- Excitado? - O outro levantou uma sobrancelha, um dos dentes arranhando levemente o pescoço do menor, fazendo com que ele segurasse os braços de Taehyung. - O que você quer, Jimin? Você tem que me dizer.

- Me faz seu. - Ele quase se arrependeu das palavras, o rosto avermelhando. - Quer dizer, se você me q-quiser...

- Eu te quero. Eu voltei por você e eu não estava brincando quando eu disse isso, Park Jimin. - O mais novo dos dois murmurou, os lábios agora contra a bochecha do outro, descendo pelo máxilar em beijos leves, esperando por algum sinal. - Você sabe o que significar ser meu, não é? Acha que está pronto pra eternidade? - A resposta foi um beijo, a iniciativa partindo do outro, o coração apertado finalmente sentindo-se calmo, especialmente quando Tae correspondeu, apertando-o contra si, puxando Jimin para que ele se sentasse sobre seu colo, uma mão acariciando cada coxa, um sorriso entre os beijos até que Tae parou o momento.

- Eu espero que você tenha entendido, Taetae. - O sorriso sapeca de Jimin, que estava vermelho com a posição intimida dos dois, fez com que Taehyung risse. - Eu acho que é isso que eu estava esperando minha vida toda. Você.

- Já acabou o tempo de espera então... Você nunca mais vai se sentir sozinho, Jiminie. - O outro sorriu, novamente o beijando antes de começar a mover os beijos novamente para o pescoço do outro, dando um beijo gentil.- Vamos ficar juntos para sempre, meu amor.

- Eu não ia querer nada mais. - E então, ele se deixou ser mordido.





Notas Finais


Obrigada por lerem! Aos autores de fanfic de vmin, por favor, participem do outubro vmin. As informações estão todas no post fixado do @explicandovmin


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