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História Isso não é uma história de amor - Practice


Escrita por: Mrs_Queen

Notas do Autor


OI OI MEUS AMORES!!! sim, eu ainda estou viva rsrsrs

Eu poderia escrever um texto gigante explicando pra vocês os motivos por eu ter demorado tanto, mas prefiro apenas dizer pra todo mundo que não importa o que aconteça, eu não vou abandonar essa fic e muito menos vocês. Aliás, ainda tem alguém aí? 👀👀 comentem!!

Desculpem qualquer erro! Sem mais delongas, boa leitura! ❤

Capítulo 16 - Practice


Fanfic / Fanfiction Isso não é uma história de amor - Practice

Point Of View Peeta Mellark

 

 

 

Olho ao redor pela décima vez, coçando a nuca de forma nervosa.

 

- Calma, ele deve estar bem. - Katniss segura meu braço e eu assinto, sentindo meu celular vibrar no bolso.

 

Pego o aparelho quase que com desespero e desbloqueio o mesmo, abrindo nossa conversa.

 

PM: Onde você está?

 

PM: O que aconteceu?

 

PM: Finnick???????

 

FO: Estou bem

 

FO: não estava afim de estudar hoje

 

FO: Mais tarde conversamos

 

FO: Me encontre depois da aula

 

FO: Você sabe o lugar

 

Bloqueio o celular e encontro o olhar ansioso de Katniss sobre mim, o que me faz suspirar.

 

- Finnick está bem.

 

- Onde ele está?

 

- Não sei. Ele não vem hoje. - Digo e ela dá de ombros.

 

- Ele deve ter dormido mal essa noite.

 

- É. - Lhe mostro um sorriso fraco. - Deve ter sido isso mesmo.

 

Me recosto na cadeira e tento prestar atenção na aula, ignorando a sensação estranha que dizia que algo estava errado com meu melhor amigo.

 

A manhã se arrasta como uma tortura e mesmo com as brincadeiras e piadinhas que Katniss faz para tentar me fazer sentir melhor, não consigo tirar a pulga que fica atrás da minha orelha.

 

- Aleluia! - Katniss exclama assim que o sinal toca, guardando suas coisas. - Eu não aguentava mais ouvir você resmungando. - Brinca e eu reviro os olhos, fechando o zíper da minha mochila e batendo o meu ombro no seu de leve, enquanto eu e Katniss ignoramos os olhares que a morena recebe.

 

Ela já havia me tranquilizado dizendo que não se importava mas eu não sabia até que ponto isso era verdade. Só de imaginar a garota ao meu lado triste ou chateada por comentários idiotas e olhares julgadores, meu sangue fervia.

 

- Sorte a sua que mais tarde eu tenho treino. - Caminhamos juntos pelos corredores e nos sentamos na nossa mesa no refeitório, colocando as bandejas lado a lado. - Minha competição vai acontecer em poucos dias. Você quer ir?

 

- É claro que sim! - Diz animada. - Quero ver se você merece mesmo esse título de capitão. - Ela faz uma cara de desdém.

 

- Eu só vou te dar um desconto porque você estava desacordada e não viu o meu impressionante resgate. - Digo convencido e ela ri.

 

- Bom dia, periquitos. - Johanna senta de frente pra nós e coloca a bandeja sobre a mesa, mordendo uma batata frita. Katniss faz uma careta.

 

- Periquitos, Johanna? Não tinha algo melhor pra nos chamar?

 

- Pra você eu não sei, mas pro Mellark posso pensar em vários... todos impróprios pro horário. - Ela sorri de forma maliciosa e pisca pra mim. - Gostoso, tesudo, coma-me-se-quiser…

 

- Johanna! - Katniss repreende e eu sorrio de lado.

 

- O quê? Vai me dizer que você não acha esse cara um pedaço de mau caminho? - Johanna aponta pra mim e Katniss desvia os olhos assim que eu olho pra ela, pigarreando.

 

- Você viu a Annie? - A morena muda de assunto e Johanna a olha confusa.

 

- Achei que ela estivesse com vocês.

 

- Bom, você não está vendo ela aqui, está? - Pergunta irritada e a outra morena arqueia a sobrancelha.

 

- Isso tudo é ciúmes, Katniss? - Diz debochadamente. - Eu só estava brincando quando disse aquelas coisas pro Mellark. - Ela se aproxima de mim e sorri de forma maliciosa. - Mas se você quiser, eu quero. - A morena pisca pra mim e volta para sua posição anterior, mas Katniss não parece achar graça da brincadeira pois simplesmente levanta da mesa balançando a cabeça em negação.

 

- Já que vocês querem ficar aí com essas brincadeirinhas sem graça, eu vou atrás da minha irmã. - Minha melhor amiga pega a bandeja com seu lanche intocado em mãos e o devolve na lanchonete, caminhando para a porta enquanto diversos olhares a acompanham até que a morena desapareça pela mesma.

 

- E então, quando você vai contar pra ela? - Volto meus olhos para Johanna com uma expressão confusa.

 

- Contar o quê?

 

- Que ela é a mãe do bebê que você está esperando. - Diz com ironia e eu balanço a cabeça, fazendo uma careta.

 

- O quê?

 

- Que você está apaixonado por ela, idiota! - Exclama e eu arregalo os olhos.

 

- Eu não…

 

- Tudo em você te entrega, Mellark.

 

- Você não sabe o que está falando. - Rebato e ela revira os olhos, soltando uma risada nasal e balançando a cabeça em seguida.

 

- Você é inacreditável. - Ela pega mais algumas batatas e enfia na boca, me analisando enquanto mastiga. - Aqui vai um conselho de amiga, capitão. - Johanna se inclina na minha direção e parece a pessoa mais séria do mundo quando diz: - Abre o olho. Enquanto você está aí mentindo pra si mesmo e fingindo que esses sentimentos não existem, tem outros caras muito mais espertos que sabem muito bem o que querem e não estão desperdiçando um segundo sequer. - Ela volta a se recostar na cadeira e então vejo que a morena roubou algumas batatas do meu prato. - Só espero que você não tente agir quando for tarde demais.

 

Como se fosse para provar sua teoria, assim que tento pegar minhas batatas de volta, ela as coloca na boca e sorri em seguida.

 

 

~ _|||_ ~

 

- Peeta! - Grita e eu pisco os olhos repetidas vezes, percebendo o olhar furioso de Cinna sobre mim.

 

- Desculpe, treinador. - Ele balança a cabeça e faz um sinal para que eu o acompanhe, saio da piscina e ele para em um canto mais afastado.

 

- O que aconteceu, garoto? - Cinna coloca a mão sobre meu ombro e eu suspiro. - É sobre a detenção do Finnick? - Pergunta e eu levanto os olhos até os dele, incrédulo.

 

- Detenção? - Exclamo e ele arregala os olhos.

 

- Droga, achei que você sabia. - Cinna gira o apito entre os dedos. - Chegou nas mãos do diretor Snow ontem pela tarde um vídeo do Finnick andando pelos corredores da escola apenas de cueca e sendo ajudado pela senhorita Cresta a se esconder alguns minutos depois. Os dois pegaram detenção.

 

Fecho os olhos com força e passo as mãos pelos cabelos.

 

- Você não tem algo a ver com isso, tem?

 

- Não diretamente. - Coço a nuca e ele arqueia a sobrancelha.

 

- De qualquer forma… Finnick vai ficar bem, Peeta. São só duas semanas.

 

- Duas semanas!? A tia Olívia vai matá-lo. - Começo a andar de um lado pro outro.

 

- Peeta! - Cinna segura meu braço, me obrigando a parar. - Você não pode fazer nada!

 

- Eu preciso ver meu irmão! - Digo e ele suspira, fechando os olhos com força.

 

- Tudo bem. - Ele se dá por vencido e eu o encaro com expectativa. - Eu deixo você ir. - Sorrio abertamente e ele levanta o indicador. - Com uma condição.

 

- Qual?

 

- Hoje depois das suas aulas na escola, você vai repassar todo o treino de hoje. - Diz e meus ombros desabam levemente. - Você precisa treinar, Peeta. A competição está mais perto a cada segundo e não há tempo a perder. Imagino que queira continuar sendo o capitão. - Cinna arqueia a sobrancelha e eu suspiro derrotado, assentindo. - Então faça por merecer, garoto. - Ele dá dois tapinhas nas minhas costas e aponta com a cabeça para o vestiário. - Vá pegar suas coisas e depois suma da minha frente. - Ele dá mais um tapinha carinhoso na minha cabeça e eu sorrio.

 

- Obrigado, Cinna.

 

- Vá logo antes que eu mude de ideia. - Ameaça e eu saio correndo para o vestiário.

 

Troco de roupas rapidamente e pego meu celular, mandando uma mensagem para Katniss e outra para Finnick avisando que eu estava saindo mais cedo para ir até a casa do meu melhor amigo.

 

Ambos mandam a mesma resposta: “Como conseguiu?” e eu lhes envio a mesma resposta enquanto entro dentro da caminhonete. “Ser o capitão da equipe de natação tem suas vantagens”.

 

Dirijo para a casa de Finnick enquanto minha cabeça volta a se dividir entre pensamentos sobre ele e sobre o que Johanna havia me falado mais cedo. O que ela queria dizer com aquilo?

 

Eu entendia e é claro que já havia visto diversos olhos em cima de Katniss. Eu não podia julgá-los, quando eu mesmo era um deles. Mas quem poderia estar tão interessado em Katniss a ponto de Johanna Mason me pedir para ficar atento?

 

De repente as peças se encaixam como um passe de mágica e eu preciso me controlar para não gritar. É como se o nome “Gale Hawthorne” piscasse em um grande outdoor de luzes neon bem na minha frente.

 

Trinco o maxilar e mudo a rota para o mercado, voltando a dirigir na direção da casa de Finnick alguns minutos depois com uma caixinha de cerveja no banco do passageiro. Passo as mãos pelos cabelos e quando finalmente estaciono em frente ao meu destino, saio quase que correndo pra fora do carro.

 

O portão se abre assim que fecho a porta e eu entro na casa, guardando todas as cervejas na geladeira - exceto duas, que eu levo para o lugar onde eu sabia que ele estaria.

 

- Dia difícil, irmão? - Lhe estendo uma cerveja e ele assente, pegando-a e tomando um generoso gole em seguida.

 

- Como foi no colégio hoje? - Pergunta e eu me sento ao seu lado no balanço sob a sombra de uma enorme árvore no seu quintal, tomo um gole da cerveja e suspiro.

 

- Péssimo. Além dos olhares sobre a Katniss eu fiquei bastante preocupado com você e depois Johanna colocou algumas coisas na minha cabeça que me deixaram mais paranóico ainda e tudo que eu consegui pensar é em como estou fodido. - Respiro fundo para recuperar o fôlego e tomo mais um gole.

 

- O que Johanna te disse? - Ele arqueia a sobrancelha.

 

- Que eu deveria acordar pra vida porque enquanto eu continuo fingindo que não sinto nada, tem outros caras por aí que não estão desperdiçando nem um segundo.

 

- Você tem alguém em mente?

 

- É claro que sim! Aquele babaca do Hawthorne, Finn! É óbvio!

 

- Às vezes eu esqueço que ele e Johanna são irmãos.

 

- Acho que até eles esquecem. - Digo e ele assente, bebendo um gole da cerveja.

 

- E você vai fazer o que sobre isso?

 

- O que você acha? - Pergunto e ele dá de ombros. - Nada!

 

- Vai assistir de braços cruzados enquanto a história se repete?

 

- Eu não posso interferir, Finnick. Não posso bater nele, xingá-lo ou pedir para que fique longe dela. A escolha é da Katniss. E além do mais, ela já me disse que tem uma grande dificuldade para fazer amigos. Se ela está conseguindo um novo amigo, fico feliz por ela.

 

- Você sabe que ele não quer só ser amigo dela, Peeta!

 

- É claro que eu sei! Eu já passei por isso, lembra?

 

- Eu lembro. - Diz de forma mais suave, suspirando. - Espero que a história não se repita, irmão. Porque dessa vez você está muito mais envolvido e vai doer muito mais.

 

- Eu vou ficar bem, Finn. - Sorrio para tranquilizá-lo.

 

- Eu jã não tenho tanta certeza quando o assunto sou eu mesmo.

 

- Por quê? - Viro o resto da garrafa na minha boca, tomando devagar. Péssima ideia.

 

- Eu beijei Annie Cresta.

 

Engasgo com a cerveja e começo a tossir, sentindo meu nariz arder assim que o líquido atinge o mesmo, me fazendo lacrimejar enquanto Finnick dá alguns tapinhas nas minhas costas.

 

- O quê diabos você acabou de dizer? - É a primeira coisa que eu digo, com a voz meio falha.

 

- É exatamente isso que você ouviu.

 

- Annie Cresta? A ruiva, irmã da Kat?

 

- E por acaso você conhece alguma outra Annie Cresta? - Ele me olha com escárnio.

 

- Como isso aconteceu?

 

- Vai lá pegar mais cerveja e eu te explico. Ou melhor, coloque-as na caixa térmica com gelo e as traga aqui.

 

Me levanto e faço o que ele pede o mais rápido que consigo, enquanto meu cérebro trabalha em tentar imaginar como diabos isso teria acontecido, não chegando a resposta alguma.

 

- E agora, vai me contar? - Digo assim que me sento no balanço, colocando a caixa térmica no meio de nós dois no chão e pegando uma garrafa pra mim.

 

Ele imita o movimento e abre a sua, tomando um gole enquanto seus olhos permanecem perdidos em algo na nossa frente.

 

- Snow nos deu uma detenção. Alguém filmou o dia em que fui na escola de cueca e o momento em que a Annie ajudou a me esconder e mostrou pro nosso querido diretor.

 

- Cinna me contou. - Ele sorri com deboche.

 

- Coriolanus não ficou muito feliz, devo ressaltar. A brincadeira que a brilhante Annie Cresta achou uma boa ideia nos resultou em duas semanas de detenção. Eu sequer posso ir aos treinos de Lacrosse.

 

- Finnick…

 

- Ele nos mandou da diretoria diretamente para a sala de música. Annie parecia em choque no começo, mas depois voltou ao normal e nós brigamos. Então… eu a beijei. - Ele passa a mão pelos cabelos, tomando metade do conteúdo da sua garrafa.

 

- E o que ela fez?

 

- Correspondeu. - Ele solta uma risada nasal e franze o cenho, mostrando que também estava incrédulo.

 

- E vocês só se beijaram ou…

 

- Meu Deus Peeta, não! Nós estávamos na escola!

 

- Isso nunca te impediu. - Pontuo e ele suspira.

 

- As outras garotas não eram como a Cresta.

 

- Justo. - Ele toma mais um gole. - Nós nos beijamos por algum tempo, eu estava gostando e ela parecia gostar também… quer dizer, ela deixou isso bem claro. Ou escuro. - Finnick faz uma careta mostra o outro lado do seu pescoço me fazendo arquear a sobrancelha ao ver a mancha arroxeada alguns centímetros acima da sua clavícula.

 

- Meu Deus…

 

- Mas do nada ela me empurrou e disse que aquilo não mudaria em nada nossa relação e que nós devíamos fingir que nunca tinha acontecido. - Ele ri sem humor algum, tomando o resto da cerveja e colocando a garrafa vazia ao lado da outra no chão.

 

- Eu não entendo, irmão. Não é isso que você faz de melhor? Ficar com uma garota e depois simplesmente esquecer que ela existe? Qual o problema dessa vez?

 

Ele levanta e pega uma garrafa na caixa ao meu lado, abre a mesma e fica de costas pra mim, enquanto parece divagar.

 

- O problema, capitão, é que como eu disse… as outras garotas não são como a Cresta.

 

- O que você quer dizer com isso? Não diga que…

 

- Que eu me apaixonei? - Ele ri baixinho e nega com a cabeça. - Não. Não sou tão tolo. - Finnick toma um gole da cerveja e vira de frente pra mim.

 

- Então..?

 

- Eu só me senti… diferente. Não foi a mesma sensação que eu sempre sinto quando beijo uma garota. - Finnick volta a sentar ao meu lado no balanço e suspira frustrado. - O que você acha que pode ser?

 

- Eu não sei, Finnick. Quer dizer, você mesmo disse que estavam brigando até você beijá-la. E você queria fazer isso desde o primeiro dia de aula, mesmo que tenha negado a si mesmo ao ponto de acreditar que a vontade tinha passado. Talvez o que você está sentindo é o resultado de todos esses sentimentos que você reprimiu. Talvez eles sejam o resultado dela ter sido a primeira a te dar um fora e no final acabou cedendo de qualquer forma.

 

- Você tem razão. - Ele respira aliviado. - Eu vou fazer como ela e fingir que esse beijo nunca aconteceu.

 

- Ótimo. A parte do beijo está resolvida. Agora vem a pior parte de todas. Sua mãe já sabe? - Pergunto e ele suspira.

 

- Eu imagino que sim. Snow deve ter adorado lhe dar a notícia e com certeza aproveitou para aumentar um pouco a história. Acho que eu feri o ego dele.

 

- Temos que bolar uma boa explicação.

 

- Você pode bolar a melhor explicação do mundo e ainda sim eu vou estar com uma bela de uma detenção.

 

- Mas nós podemos amenizar com a sua mãe! Só precisamos usar a cabeça pra… - Minha fala é interrompida pelo barulho do portão se abrindo e eu sinto meus ombros desabarem.

 

- Tarde demais. - Ele bebe um generoso gole da cerveja e suspira. - Obrigado pela sua amizade durante toda a minha vida. Você é o meu irmão e a melhor pessoa que eu conheço. Eu te amo, capitão. Diga para as meninas não chorarem muito quando eu partir. - Finnick dá dois tapinhas nas minhas costas e se levanta.

 

- Finnick Odair, venha aqui agora! - Escuto tia Olívia chamando e me levanto prontamente.

 

- Eu vou com você. - Declaro.

 

- E não adianta achar que ter o Peeta vai amenizar sua bronca! - Grita e ele coloca a mão sobre o meu ombro.

 

- Obrigado por tentar, irmão. - Caminhamos juntos para dentro de casa, encontrando uma tia Olívia com uma cara nada boa parada na cozinha.

 

- Você pode me explicar por que o seu diretor me ligou no meio do expediente avisando que você tinha pego DUAS SEMANAS de detenção, Finnick? - Pergunta cruzando os braços e meu melhor amigo abaixa a cabeça.

 

Eu sabia o quanto Finnick odiava decepcionar os pais, principalmente dona Olívia. Então, fiz o que eu achava que era certo.

 

- A culpa é minha. - Minha fala atrai os olhares dos dois sobre mim. - Eu sei que você não vai acreditar em mim dona Olívia, mas a culpa é minha.

 

- Você obrigou Finnick a fazer tudo isso?

 

- Teoricamente sim. Nós apostamos que quem perdesse no videogame sairia de cueca pela escola. Eu empurrei Finnick no meio do jogo e ele perdeu, mas não tínhamos mencionado nada sobre “proibido roubar”, então ele não podia fazer nada além de cumprir a aposta.

 

- Meninos…

 

- Eu sinto muito de verdade, tia. Estou profundamente arrependido e prometo que isso não vai mais acontecer.

 

- Eu acho bom, porque caso contrário o próximo castigo será muito pior.

 

- Próximo? Castigo? - Finnick pergunta com os olhos levemente arregalados.

 

- É claro! Ou você achou que essa detenção passaria despercebida? - Olívia cruza os braços e arqueia a sobrancelha. - Serão dois meses sem videogame.

 

- Mãe!

 

- Mãe nada, Finnick Odair. Vocês dois estão proibidos de jogarem juntos e se eu sequer desconfiar que vocês estão jogando pelas minhas costas, eu dobro o castigo. - Ela aponta o dedo para nós dois. - Estamos entendidos, senhores?

 

- Sim senhora. - Respondemos juntos e ela sorri fraco.

 

- Agora venham aqui e me dêem um abraço. - Ela abre os braços e nós aceitamos seu pedido, nos aconchegando um de cada lado do seu rosto. - Meus meninos… vocês crescem e os problemas ficam maiores. - Diz e eu sorrio um pouco. - Nunca mais me assustem desse jeito, está bem? - Ela beija a minha cabeça e depois a de Finnick, finalizando o abraço. - Quando quiserem me contar o real motivo dessa detenção, eu prometo que vou tentar não ser muito dura. Até lá, juízo. - Olívia para na porta da cozinha e pisca pra nós, sorrindo de lado. - Me mande o vídeo dele de cueca, sim? - Eu assinto com um sorriso e ela some pelo corredor.

 

Olho para Finnick e ele esbarra seu ombro no meu, sorrindo de lado.

 

- Você não precisava ter feito isso.

 

- É claro que eu precisava. Teoricamente, a culpa foi minha mesmo. Fui eu quem fiz você ir comigo no parque naquele dia.

 

- Não precisa se desculpar por nada. Você acabou de salvar minha pele.

 

- Na verdade não deu muito certo.

 

- Pare de se desmerecer, capitão. - Ele bate no meu ombro mais forte dessa vez, me empurrando. - E aceite a minha gratidão.

 

- Da mesma forma que eu não preciso me culpar, você não precisa me agradecer. Sempre seremos nós dois contra o mundo, lembra?

 

- Com certeza, irmão. Com certeza.

 

 

Point Of View Katniss Everdeen

 

 

Sigo para as piscinas e antes mesmo de vê-lo, consigo ouvir o barulho dos seus braços se chocando ferozmente contra a água. Observar seu corpo se movimentando era ainda mais impressionante: Peeta se movia como se ele fosse parte da água e ela dele; era quase como se fossem um só.

 

- Você faz parecer tão fácil. - Digo assim que ele emerge e imediatamente ele vira na minha direção.

 

- Kat? - Ele levanta os óculos de natação e tenho um sobressalto ao notar o belo contraste que seus olhos faziam com a piscina. - Caramba, que horas são?

 

Então, ele simplesmente apoia os braços fortes na beira da piscina e ergue seu corpo, saindo da mesma enquanto a água escorre pelo seu peito nu e desce pela... desvio os olhos evitando meus pensamentos e finjo olhar a hora no meu celular.

 

- Já passou das quatro da tarde.

 

- Nossa, me desculpe! Eu saí da casa do Finnick e vim pra cá pra relaxar até a hora da nossa aula, mas acabei não me aguentando e estava treinando um pouco. - Ele sorri sem graça e coça a nuca.

 

- Relaxar? Aconteceu alguma coisa? - Pergunto e ele parece congelar por alguns segundos, piscando repetidas vezes em seguida.

 

- O Finnick vai ficar de castigo por dois meses. - Diz e eu arqueio a sobrancelha. - E seus pais? O que eles farão com a Annie?

 

- Não tenho ideia. Eu não consegui encontrá-la hoje de manhã, mas ela disse que daria um jeito de sair mais cedo e que assim que eu chegasse em casa nós iríamos conversar.

 

- Eles vão ficar muito bravos?

 

- Acho que não, desde que eles não saibam que quem apostou foi ela. Para todos os efeitos, Annie só ajudou um amigo em apuros.

 

- Certo… então Annie não te contou nada?

- O que ela teria pra me contar? - Pergunto e ele coça a nuca, forçando um sorriso em seguida.

 

- Nada. Quer ir se trocar? - Muda de assunto e eu assinto ainda meio desconfiada, mas decido deixar pra lá e faço o que ele pede.

 

Assim que volto do vestiário encontro Peeta dentro da piscina boiando tranquilamente.

 

- Como você não afunda? - Pergunto e ele sorri sem abrir os olhos.

 

- É tudo questão de prática, Kat. - Ele enfim abre os olhos e ainda sorrindo, nada de costas até o raso. - Acha que consegue vir até aqui sozinha?

 

- Eu posso tentar.

 

Caminho lentamente sentindo o olhar atento dele sobre mim a cada passo que dou, esperando qualquer sinal que indicasse que eu precisava dele.

 

A água bate nos meus joelhos e eu trinco o maxilar, continuando a caminhar enquanto observo meus próprios pés. Quando a água está quase batendo na altura do meu peito, suas mãos em meus braços me fazem levantar os olhos até os seus de forma assustada.

 

- Eu cheguei?

 

- Sim, Kat. E você foi muito bem. Estou muito orgulhoso. - Diz com um sorriso sincero que é impossível não retribuir.

 

- Eu devo os créditos ao meu excelente professor. - Pisco para ele e Peeta me encara por alguns segundos com uma expressão que não sei identificar, piscando algumas vezes e negando com a cabeça. - O que faremos hoje?

 

- Eu pensei em te ensinar um pouco de prática.

 

- Como assim?

 

- O que acha de aprender a boiar, senhorita Everdeen? - Diz e eu arqueio a sobrancelha.

 

- Peeta, eu não sei...

 

- Confia em mim? - Ele segura minha mão e eu prontamente assinto. - Então, primeiro, você segura isso aqui. - Peeta alcança dois tubos flutuantes que eu sequer havia notado atrás dele e os estende pra mim.

 

- O que eu faço com isso?

 

- Segure a ponta de cada um. - Ele me ajuda a fazê-lo, de modo que cada ponta fique na minha mão e o resto do tubo passe por baixo das minhas axilas. - Isso, perfeito. Agora, eu preciso que você respire fundo. Consegue fazer isso?

 

Peeta puxa o ar devagar e eu imito seu gesto, expirando alguns segundos depois. Depois de alguns minutos ele assente como se estivesse satisfeito.

 

- Mantenha essa respiração. Agora, eu vou apoiar minha mão nas suas costas e nas suas pernas e você vai se deitar. - Diz e eu arregalo levemente os olhos. - Não vou deixar você afundar. Eu prometo.

 

Assinto e tento continuar com a respiração, sentindo suas mãos tocarem as minhas costas e minhas coxas, tirando meus pés do chão enquanto um arrepio percorre minha pele.

 

- Continue focando na sua respiração, Kat. - Faço o que ele manda e sinto-o empurrando meu corpo para cima e me fazendo deitar, enquanto fecho meus olhos com força tentando fazer minha cabeça parar de pensar em coisas que não eram a minha respiração.

 

- Isso, muito bem. Apenas relaxe. - Diz e eu sinto minha respiração trêmula. Peeta também parece perceber, pois suas próximas palavras são: - A água ainda te deixa bastante nervosa, não é?

 

Eu queria dizer pra ele que o problema não era exatamente aquela água, mas sim seus olhos de oceano tentando me passar uma calma que era impossível ter com suas mãos grandes segurando meu corpo com firmeza. Entretanto, faço que sim com a cabeça em resposta a sua pergunta.

 

- Tudo bem. - Ele me faz descer e suas mãos abandonam meu corpo, me deixando com uma sensação estranha. - Tudo no seu tempo, certo?

 

- Certo. - Concordo e ele sorri com carinho.

 

- O que você quer fazer?

 

- Não sei. Você que é o professor. - Arqueio a sobrancelha de forma divertida e ele mostra a língua.

 

Em seguida, Peeta se move tão rápido que não consigo me esquivar da sua jogada, recebendo uma boa quantidade de água no rosto. Encaro seus olhos azuis e balanço a cabeça, virando de costas pra ele e passando as mãos pelo rosto para tirar o excesso de água, ouvindo-o arquejar de forma surpresa.

 

Sua culpa é quase palpável, mas não tenho tempo de me arrepender pela minha encenação porque assim que ele dá um passo pra frente eu me viro rapidamente e jogo uma generosa quantidade de água no seu rosto, fazendo-o arregalar os olhos e abrir levemente a boca.

 

Assim que o líquido atinge seu rosto seus olhos e sua boca se fecham e ele tenta permanecer sério, mas uma sombra de sorriso brinca nos seus lábios. Peeta passa as mãos pelo rosto para tirar o excesso de água e abre os olhos, me encarando com um sorriso maldoso.

 

- Você não deveria ter feito isso, Everdeen. - Diz e eu rio começando a correr na direção da saída da piscina, mas a água retarda meus passos e eu posso escutar Peeta a cada segundo mais perto.

 

Jogo água pra trás e ele começa a rir, jogando de volta enquanto continuamos correndo na piscina. Me viro de frente no exato momento em que ele me alcança, segurando minhas mãos e me impedindo de me mexer.

 

Meus olhos sobem automaticamente até os seus e tenho um leve sobressalto ao perceber que ele já me encara, a expressão divertida sendo substituída por algo que eu não sabia decifrar, apesar de ser um sentimento bastante presente em seus olhos toda vez que ele olhava pra mim.

 

Seus polegares acariciam meus braços quase que automaticamente, enquanto sinto como se algo me atraísse para perto dele exatamente como havia acontecido na noite anterior.

 

Meu coração batia com força contra o peito e meu estômago parecia tentar dar voltas, lutando contra a estranha sensação de que ele estava congelado.

 

A única coisa que passava pela minha cabeça naquele momento era ele. Seus olhos azuis e brilhantes me fitando de perto, seu cabelo molhado grudado na sua testa e sua boca entreaberta por onde o ar escapava. Sua boca fina e rosada... que eu queria desesperadamente beijar.

 

Peeta Mellark era meu melhor amigo, mas eu não era cega. Desde o primeiro dia que o vi eu tive a plena certeza de que ele era um deus grego. Eu era apenas humana, afinal de contas.

 

É claro que eu já havia beijado outros garotos antes, mas aquela bagunça dentro da minha cabeça e principalmente dentro do meu peito era novidade. Uma confusão que passou a existir desde que Peeta Mellark havia entrado na minha vida.

 

Uma confusão que parecia menos confusa naquele exato momento enquando ele se aproximava extremamente devagar, como se esperasse qualquer rejeição minha. Uma rejeição que não aconteceria.

 

Um arrepio atravessa meu corpo e eu mordo o interior da bochecha. Ele também queria me beijar. A confirmação vem segundos depois, quando seus olhos descem até a minha boca e ele prende o lábio inferior levemente entre os dentes, antes de voltar a me olhar com mais intensidade.

 

Uma nova onda de arrepios percorre meu corpo e eu respiro devagar, tentando fazer minha cabeça funcionar.

 

Passo a língua pelos lábios rapidamente e os olhos de Peeta acompanham o movimento, enquanto ele se aproxima mais alguns milimetros.

 

Sinto sua respiração acelerada do meu rosto, ao mesmo tempo que meus olhos descem pelo seu peito desnudo onde algumas gotas de água parecem estar estrategicamente repousadas.

 

Solto minhas mãos das suas e as mesmas se apossam da minha cintura fazendo uma nova onda de arrepios percorrer meu corpo, enquanto as minhas sobem pelo seu peito forte e param na altura do seu coração, onde posso sentí-lo batendo com a mesma força e velocidade que o meu.

 

Levanto meus olhos para os seus devagar e noto uma sombra de sorriso em seus lábios que deixa minhas pernas bambas. Deslizo minhas mãos para seus bíceps e fecho os olhos, esperando ansiosamente para que os seus lábios toquem os meus. 


Notas Finais


O final desse jeito é pra vocês comentarem bastante, ok? (nem que seja pra me xingar. sério.)

e agora, o beijo sai ou não sai?? 🤧🤧


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